O secretário da ABCSINDI (Associação
Brasileira dos Criadores de Sindi) na Bahia, o produtor rural Cezar
Mastrolorenzo, esteve presente no movimento de protesto realizado dia 15 de
abril na cidade de Feira de Santana.
O protesto organizado pelo Sindicato dos
Produtores Rurais de Feira de Santana e a FAEB (Federação da Agricultura do
Estado da Bahia) agregou, além dos sindicatos dos produtores de diversos
municípios, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana e várias entidades ligadas ao setor
agropecuário.
O Secretário da ABCSINDI esteve presente à manifestação. |
Várias entidades e autoridades compareceram ao debate. |
Durante o evento discursaram algumas
autoridades, valendo destacar a presença do Deputado Federal Colbert Martins,
Deputado Estadual Carlos Geilson, o vice-prefeito de Feira de Santana, Luicano
Ribeiro, e Wilson Paes Cardoso, prefeito de Andaraí. Este destacou que
a Bahia está vivendo a pior seca da história, mostrou-se preocupado com as previsões meteorológicas de pouca chuva para o próximo período. O prefeito reclamou ainda da
falta de apoio do Banco do Nordeste que, segundo ele, está movendo ações para
cobrar dos produtores as dívidas rurais.
“Já não tem mais gado na região da Chapada Diamantina. Há mais de um ano que
não chove, e o pior está para acontecer. Estamos em um momento de calamidade
pública em alguns municípios do estado. A seca está trazendo doenças como a
diarréia, além da instabilidade emocional das famílias. Precisamos de ações
emergenciais para evitar óbitos humanos, por que os animais já estão morrendo”,
ressaltou. Logo após o encerramento dos debates, os produtores saíram em
passeata pela rua Conselheiro Franco, principal rua comercial de Feira de
Santana, onde estão localizadas as agências dos Banco do Brasil e Banco do
Nordeste, e na porta deste último foi despejada uma caçamba contendo carcaças
de animais mortos de fome pela trágica seca que assola o sertão nordestino.
Dr. Carlos Henrique, Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana, discursa na rua ao lado dos produtores. |
O Presidente do Sindicato Rural
de Ipirá, o sindirista José Caetano, fez
na porta do Banco do Nordeste um emocionado discurso, onde
protestou contra a histórica negligência dos governantes para com o semi-árido. O município de Ipirá é um dos
municípios que sofrem com a prolongada estiagem, e até o momento não houve
entrega de milho, prorrogação de dívidas, abertura de frentes de trabalho ou
qualquer outra medida com o intuito de amenizar o sofrimento do povo baiano.
O protesto fechou a principal rua de Feira de Santana |
O agrônomo José Caetano, à frente da passeata. |
O secretário da ABCSINDI, Cezar
Mastrolorenzo, diz que “Não posso ver meus amigos e vizinhos neste estado de
calamidade e não tomar alguma atitude”, referindo-se as péssimas condições que
estão as propriedades e o rebanho da região. E completa: ”Levei anos me
preparando para essa seca, meu falecido pai já havia me avisado de uma grande
seca que ocorreria nesta década, me falava isso mostrando um gráfico tirado de
uma revista de nome Agropecuária Tropical, escrita por Rinaldo dos Santos. Da
segunda vez que vi este gráfico foi em uma palestra de Dr. Manelito em Uberaba.
Procurei um capim adaptado como o urucloa, plantei um pouco de palma, construí
vários tanques de pedra, cavei um poço artesiano de 120 metros, preservei a
caatinga com suas riquezas e, por fim, troquei todo o rebanho pelo Sindi”.
Mesmo com todo esse preparo o sindicista diz que ainda não perdeu animais, mas o prejuízo financeiro foi inevitável. “Devemos repensar todo o sistema de produção na caatinga” diz o sindicista, ”não podemos continuar desmatando e destruindo as nossas reservas naturais. Nesta seca o que tem sustentado o meu rebanho, além das pastagens artificiais, são o mandacaru, o xique-xique, folhas de árvores como o Juá, e a palha do Ouricuri”. O pecuarista diz que em sua propriedade no município de Itatim , Bahia, ele conservou mais de sessenta por cento da sua propriedade intocada e, onde foram feitas pastagens artificiais, elas são consorciadas com a vegetação nativa.
Mesmo com todo esse preparo o sindicista diz que ainda não perdeu animais, mas o prejuízo financeiro foi inevitável. “Devemos repensar todo o sistema de produção na caatinga” diz o sindicista, ”não podemos continuar desmatando e destruindo as nossas reservas naturais. Nesta seca o que tem sustentado o meu rebanho, além das pastagens artificiais, são o mandacaru, o xique-xique, folhas de árvores como o Juá, e a palha do Ouricuri”. O pecuarista diz que em sua propriedade no município de Itatim , Bahia, ele conservou mais de sessenta por cento da sua propriedade intocada e, onde foram feitas pastagens artificiais, elas são consorciadas com a vegetação nativa.
Muitos Sindicatos, associações e entidades se fizeram representadas |
Na atual situação não adianta em nada ficar
agora procurando culpados. A seca não é algo fabricado. Ela chega lenta e
silenciosamente. Muitas vezes dá avisos que nós, simples mortais, ignoramos. Caberia
aos órgãos governamentais que possuem a tecnologia dos institutos climáticos
interpretarem melhor esses avisos e direcionar políticas públicas,
utilizando-se para isso dos órgãos de assistência ao campo e dos agentes
financeiros para antecipar-se ao problema, concentrando seus esforços para
amenizar ao máximo a tragédia anunciada. Também cabe ao produtor se preparar tomando todas as providências possíveis para
a sua propriedade não ficar tão vulnerável aos fatores climáticos.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ipirá, discursa para os presentes. |
Preservar as áreas de caatinga, e replantar onde elas já não mais
existem, perfurar poços artesianos, construir tanques de pedra em lagedos,
plantar palma forrageira, construir barragens subterrâneas, fazer silos para
estocagem de grãos na safra, trabalhar com animais adaptados ao
meio-ambiente; enfim, são várias as medidas que podem ser tomadas para se ter o
mínimo de suporte no enfrentamento de uma estiagem.
No momento o que pode ser feito em caráter de urgência é a liberação de
recursos sem burocracia para os produtores adquirirem ração e cavarem poços
artesianos, prorrogação das dívidas por tempo indeterminado, isenção de
impostos para os produtores comprarem máquinas agrícolas e veículos
utilitários. Depois, em uma segunda
etapa, liberação de recursos para preparar o solo para plantio e recuperação de
pastagens. Na terceira etapa, após normalização das chuvas, deve-se liberar
recursos para aquisição de matrizes e reprodutores e, dessa vez, que impere o
bom senso de nossos técnicos para que em
seus projetos coloquem no sertão somente gado de origem zebuína.
Bahia Red Sindhi.
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