André
Luis Alves Neves
Luiz Gustavo Ribeiro Pereira
Luiz Gustavo Ribeiro Pereira
Rafael
Dantas dos Santos
Tadeu
Vinhas Voltolini
Gherman Garcia Leal de Araújo
Gherman Garcia Leal de Araújo
Salete
Alves de Moraes
Alex
Santos Lustosa de Aragão
Cleber
Thiago Ferreira Costa
Introdução
A
bovinocultura leiteira é uma atividade fundamental para o desenvolvimento
social e econômico do semiárido brasileiro. No entanto, essa região passa anualmente
por prolongadas secas com escassez de forragens na maior parte do ano,
comprometendo assim o desempenho dos animais e até mesmo a viabilidade dos
empreendimentos rurais.
Esse
período é caracterizado pela sazonalidade, que afeta diretamente os produtores
pela redução de sua receita na época da entressafra devido à queda do volume de
leite, ao mesmo tempo em que eleva os custos de produção, seja pela necessidade
de oferecer ao gado volumoso suplementar, seja pelo maior uso de concentrados e
o maior gasto com mão-de-obra (ZOCCAL & CARNEIRO, 2008).
Considerando
que a alimentação representa de 40 a 60% das despesas do setor de produção de
leite, uma opção viável para enfrentar estas limitações, seria o uso de alternativas
forrageiras adaptadas às condições semiáridas, como a palma.
Este
recurso alimentar apresenta-se como alternativa estratégica para as regiões
áridas e semiáridas do nordeste brasileiro, já que é uma cultura que apresenta
aspecto fisiológico especial quanto à absorção, aproveitamento e perda de água,
suportando prolongados períodos de estiagem.
O bom
rendimento dessa cultura está climaticamente relacionado a áreas com 400 a 800
mm anuais de chuva, umidade relativa acima de 40% (Viana, 1969) e temperatura
diurna/ noturna de 25 a 15 ºC (Nobel, 1995).
O
objetivo deste comunicado é trazer informações técnicas sobre as principais
cultivares, plantio e uso da palma na alimentação de bovinos leiteiros. No final
do documento serão apresentadas simulações de dimensionamento da área de um
palmal e de dietas formuladas a base de palma forrageira para vacas em
lactação.
As
cultivares de palma forrageira mais difundidas no Nordeste são a Redonda, a
Gigante e a Miúda. Sendo que a Redonda e Gigante (Opuntia ficus-indica) são reconhecidamente
mais resistentes à seca e maisprodutivas
e, por esses motivos, são as mais cultivadas.
A Orelha
de Elefante (Mexicana e Africana), por sua vez, é um clone importado e
encontra-se em fase de testes para avaliação de seu desempenho agronômico.
Apresentam espinhos, o que dificulta seumanejo
como forrageira, no entanto, essa característica, apesar de ser indesejável na
alimentação animal, garante a este material maior resistência à seca, uma vez
que os espinhos servem para reduzir a temperatura do caule durante o dia e sua
presença diminui também a captação de luz pelas raquetes (Nobel, 1983).
A Miúda e
Orelha de Elefante têm resistência à cochonilha-do-carmim Dactylopius
sp., enquanto que a Redonda e Gigante são suscetíveis (Vasconcelos et al.,
2009).
Preparo
de solo e adubação
É
recomendada a aração, passagem de subsolador, gradagem e abertura dos sulcos
semelhante ao preparo de culturas convencionais. A profundidade dos sulcos deve
ser de aproximadamente 20 cm (Albuquerque e Santos, 2005).
A palma
forrageira, por apresentar elevada produção de matéria seca por área, exige
fertilizações no plantio e de manutenção para a reposição dos nutrientes do
solo. A necessidade de calagem, adubação nitrogenada, fosfatada e potássica
devem ser de acordo com a necessidade e produção desejada.
No
plantio adensado e/ou não adensado, recomenda-se a aplicação de 20 toneladas de
esterco curtido nos sulcos, o equivalente a 200 kg de nitrogênio por hectare.
Em
plantios adensados de palma forrageira, os cuidados com os tratos culturais e
adubações devem ser mais rigorosos, pois nesse caso há um aumento considerável
no número de plantas por área, aumentando a extração de nutrientes, e por isso
a necessidade de maior reposição dos mesmos.
As
raquetes para o plantio devem ser grandes e sadias, sem qualquer mancha e que
já tenham atingido seu pleno desenvolvimento. Elas já devem ter emitido ou
devem estar próximas de emitirem seus brotos. As raquetes com dois a três anos
de idade são as mais adequadas para o plantio. A posição da raquete
aparentemente não exerce efeito
na
implantação e produção, entretanto, cuidados devem ser tomados no sentido de
evitar o plantio na direção predominante do vento a fim de reduzir quedas das
raquetes (Albuquerque, 2000).
Deve ser
plantada pelo menos um mês antes do início da estação chuvosa. Antes do
plantio, as raquetes deverão permanecer por 15 dias na sombrapara que
seque a superfície do corte, depois deste período poderão ser enterradas pela
metade ou 2/3, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular (Albuquerque
e Santos, 2005).
Espaçamentos
Na região
Nordeste, o espaçamento predominante no cultivo da palma é o de 1 m
entrelinhas. No espaçamento 2 x 1 m, a densidade de plantio é de 5.000
plantas/ha, ao passo que usando 1 x 0,25 m, a densidade de plantas na área é
oito vezes maior, ou seja, 40.000 plantas/ha. Atualmente tem sido recomendados
espaçamentos de 1,60 m entre linhas e 20 cm entre raquetes (com aproximadamente
31.000 plantas) para facilitar os tratos culturais e colheita no interior do
palmal (Figura 1).
Plantios
mais adensados vêm sendo difundidos no Nordeste (mais de 60.000 plantas/ha).
Este tipo de plantio deve ser evitado nas regiões ondeexiste
incidência da cochonilha do Carmim, pois podem garantir a permanência de
esconderijos para a praga e facilitar a infestação da cultura.
Os
plantios adensados não devem ser implantados em locais de solo raso e de baixa
fertilidade (Figura 1).
Em
regiões onde o plantio adensado se aplica, a distância entre as linhas deve ser
de 1,80m para as variedades de raquetes grandes (gigante, IPA 20, redonda) e de
1,40m para a palma miúda, permitindo o trânsito entre as linhas, possibilitando
o monitoramento de possíveis ocorrências de pragas,
doenças,
facilitando a aplicação de produtos fitossanitários e tratos culturais. Já as
distâncias entre as raquetes podem variar de 9 a 25 cm, dependendo da população
de planta desejada. Os plantios adensados têm maior dependência de insumos
externos (adubos químicos e corretivos) e sempre que este sistema de plantio
for adotado (Figura 1).
A escolha
da forma de plantio deve sempre levar em conta as condições de clima e solo, a
finalidade do plantio, os recursos disponíveis e o custo benefício.
A assessoria de um técnico capacitado é importante para a tomada de decisão
mais acertada.
Uso da
palma forrageira na alimentação de bovinos leiteiros
A palma
forrageira constitui a base da alimentação do gado de leite nas bacias
leiteiras do nordeste brasileiro, sendo excelente fonte de energia, rica em carboidratos
não-fibrosos (61,79%) e nutrientes digestíveis totais (62%). Porém, apresenta
baixos teores de matéria seca (11,7%), proteína bruta (4,8%), fibra em
detergente neutro - FDN (26,87%), fibra em detergente ácido - FDA (18,9%) e
teores consideráveis de matéria mineral (12,04%).
Dessa
forma, recomenda-se sua associação a fontes protéicas e outros volumosos
visando corrigir os baixos teores de proteína bruta e fibra em detergente
neutro, evitando distúrbios metabólicos, como a diminuição da ruminação e
redução nos teores de gordura no leite.
É
possível utilizar até 60% de palma na matéria seca da dieta associada a 25% de
fonte de fibra e 15% de concentrado, desde que sejam respeitados os
limites mínimos de 25-28% de FDN e máximo de 40-44% de carboidratos
não-fibrosos. É importante que na composição das dietas seja utilizada uréia e
forrageiras com elevado teor de proteína bruta. Assim, podem ser alcançadas
relações de kg de concentrado/kg de leite de 1:5, 1:6 e até 1:7.
Em razão
do baixo teor de matéria seca da palma forrageira, dietas para vacas em
lactação com alta proporção desse volumoso possuem elevada concentração de
umidade, o que é vantagem para regiões semiáridas, onde a escassez hídrica é um
fator limitante para os sistemas de produção de leite.
Formas de
fornecimento
Apesar da
necessidade de