Há alguns anos nós
criadores de Sindi já tínhamos conhecimento que o tamanho do gado aqui no
sertão é um fator determinante para um melhor aproveitamento de nosso pequeno
período chuvoso. Ou seja, o Sindi por seu porte médio e sua boa conversão
alimentar tem demonstrado ser o gado ideal para ser criado em climas menos
favorecidos como o sertão nordestino.
Em vários
artigos, e publicações o tamanho do Sindi é ressaltado como fator positivo e
determinante para o seu bom desempenho a campo e o que é mais importante não há
diferenças entre o “Sindi de pista” e o “Sindi de campo”. Para ser mais claro o
tamanho e peso do boi Sindi que nos é apresentado nas exposições e leilões é o
mesmo do boi criado à campo. Além disso, o que é mais importante é que podemos
pegar um Sindi que está em uma baia de uma exposição e colocá-lo diretamente no
campo para criar que não haverá diferença alguma em seu desempenho. No sertão
em que os índices pluviométricos são baixos e concentrados em pequenos períodos
do ano, “encher” uma carcaça grande é praticamente impossível, mas engordar
rapidamente um boi de médio porte é perfeitamente viável.
Na EXPOZEBU , maior
exposição de raças zebuínas do mundo, há alguns anos, a principal crítica que
se faz aos julgamentos se refere à premiação de animais muito grandes. Na raça
Nelore, por exemplo, enquanto o peso médio de uma matriz no campo é de
aproximadamente 550 quilos aos três anos de idade, no animais para julgamento o
peso passa facilmente dos 900 quilos, nos touros a relação ainda é maior. Em
uma entrevista concedida à revista Dinheiro Rural (junho 2012) vejam o que diz
o criador de nelore e brahman Ovídio Carlos de Brito , da fazenda Vale do
Guaporé em Pontes e Lacerda (MT). “
Bovinos grandes são antieconômicos porque precisam de mais pasto para ganhar
peso e demoram mais para ficar no ponto de abate. No caso do nelore, o peso
deveria estar próximo de 500 quilos, entre 24 e 30 meses de idade” ainda
segundo Brito , que já foi presidente da Associação de Criadores de Nelore do Brasil
(ACNB) e é o maior criador de touros do país. “As discussões na Expozebu em
torno do tamanho ideal dos animais nunca chegam de fato ao que precisa ser
feito, ou seja, penalizar quem cria
animais muito grandes.” Como vocês podem observar a preocupação com o
tamanho ideal e a disparidade de tamanho entre animais de pista e os de campo é
uma preocupação de criadores de todas as raças. Na mesma entrevista o
zootecnista William Koury Filho, dono da consultoria Brasilcomz, de Jaboticabal
(SP), e juiz da raça guzerá, peso e tamanho de um animal são temas que não
podem sair da agenda da Expozebu. Diz ele : “A equação entre peso e tamanho é a chave para se obter animais mais
eficientes e produtivos” completa ainda
“ Olhar o que está dando certo no campo deve ser o modelo de escolha do melhor
na pista de julgamento”. Koury Filho
é doutor em produção animal pela Universidade Estadual Paulista e estudou quase oito anos como fazer a
avaliação visual em bovinos e escolher animais equilibrados. Em 2008 sua tese
foi incorporada ao programa de melhoramento genético da ABCZ.
Como podemos
observar, hoje há uma preocupação em transformar os animais grandes expostos a
cocho em animais equilibrados que poderiam também sobreviver a campo. Não
podemos também desconsiderar o melhoramento genético imposto as raças zebuínas
que transformaram o Brasil no maior produtor de carne do mundo porém é hora de
colocar o pé no chão e ver que apenas o tamanho não é fator de melhoramento, e
sim pensar na precocidade, padrão genético e adaptabilidade ao campo.
Resumindo em uma só palavra, equilíbrio.
Resumindo em uma só palavra, equilíbrio.
Cezar Mastrolorenzo
Secretário da ABCSindi