QUAL A VACA IDEAL?
Por LUIZ JOSAHKIA
Há exatos dez anos, Carlos
Henrique Cavallari Machado, incansável batalhador por uma pecuária produtiva,
Nelson Pineda (in memoriam), o professor José Aurélio Garcia
Bergman e eu
fizemos, a nós mesmos, uma pergunta: "Como se parecia uma vaca zebuína
ideal? Qual seria o seu tamanho? Qual seria o seu peso?”.
Luiz Josahkian |
Então nos pusemos a caminho da
busca por uma resposta. A intenção original do nosso projeto, que se revelou
quase infantil ao final, como veremos logo adiante - era traçar o desenho do
biótipo da vaca ideal.
E foi assim que nos lançamos a
pesquisar sobre como seria a vaca "ideal" e, para sabermos a
resposta, fizemos o caminho inverso, ou seja, deixamos que as vacas de ótima performance
nos contassem como elas eram. Identificamos no banco de dados nacional da ABCZ
quais eram as vacas, no país todo, que atendiam aos seguintes critérios:
1)
Criadas, recriadas e reproduzido a campo somente por monta natural ou
inseminação.
2) Com
idade ao primeiro parto menor que 36 meses e intervalo entre partos de no
máximo 15 meses.
3) Com idade entre 2 e 15 anos, que nunca falharam e que desmamaram todas as crias com peso acima da média dos seus contemporâneos.
A pesquisa no banco de dados envolveu 873.884 vacas da raça nelore, a raça mais numerosa e para a qual foi possível desenvolver o trabalho. Destas, 1.010 atenderam aos requisitos, das quais foi possível localizar, pesar, avaliar e medir 334 vacas em um trabalho conduzido no país todo pela competente equipe de campo da ABCZ.
3) Com idade entre 2 e 15 anos, que nunca falharam e que desmamaram todas as crias com peso acima da média dos seus contemporâneos.
A pesquisa no banco de dados envolveu 873.884 vacas da raça nelore, a raça mais numerosa e para a qual foi possível desenvolver o trabalho. Destas, 1.010 atenderam aos requisitos, das quais foi possível localizar, pesar, avaliar e medir 334 vacas em um trabalho conduzido no país todo pela competente equipe de campo da ABCZ.
Os resultados morfométricos
médios encontrados levaram à definição do que o grupo de pesquisa denominou de
a "vaca ética" em uma conceituação lúdica, porém, técnica.
É possível, com um pouco de
esforço, visualizar nossa "vaca ética". Começando pela estrutura, um
parâmetro muito ligado ao tamanho e que foi medido em uma escala de 1 (muito
pequenas) a 6 (muito grandes); as vacas se concentram entre 4 e 5 (68%),
ou seja, aos extremos tiveram frequência mínima (nenhuma ocorrência para
nota 1 e apenas 13% para nota 6). Basicamente, o mesmo aconteceu para
musculosidade, no qual vacas débeis não foram encontradas nem as muito
musculosas, com frequência desprezível.
LUIS TUDE (Portanto porte médio e musculosidade mediana são desejáveis)
Para precocidade, usando a mesma
escala (1 para tardias e 6 para muito precoces), a classificação para 82%
das vacas variou entre 3 e 5. Nenhum biótipo tardio foi encontrado. Outro
indicador interessante foi o ângulo de inclinação da garupa, em que 91% das
vacas apresentaram garupa entre levemente inclinada a inclinada, reforçando
o conceito de facilidade de parto dos zebuínos. Nenhum umbigo penduloso foi
verificado, sendo que 74% ficaram entre reduzido e bom.
LUIS TUDE (Portanto fertilidade estaria relacionada inversamente a umbigos longos)
A altura média de anterior foi de 141 centímetros com 68% das vacas variando entre 135 e 146 centímetros. Na altura de posterior, a média foi de 147, concentrando se entre 141 e 153 centímetros. O comprimento do corpo seguiu padrão semelhante (151 em média), mas com extremos de 128 a 178 centímetros. A média para o perímetro torácico foi de 188, com variações mais significativas de 128 a 229 centímetros. E por fim, o peso médio dessas vacas, um indicador muito expressivo foi de 421 a 570 quilos.
LUIS TUDE (Portanto fertilidade estaria relacionada inversamente a umbigos longos)
A altura média de anterior foi de 141 centímetros com 68% das vacas variando entre 135 e 146 centímetros. Na altura de posterior, a média foi de 147, concentrando se entre 141 e 153 centímetros. O comprimento do corpo seguiu padrão semelhante (151 em média), mas com extremos de 128 a 178 centímetros. A média para o perímetro torácico foi de 188, com variações mais significativas de 128 a 229 centímetros. E por fim, o peso médio dessas vacas, um indicador muito expressivo foi de 421 a 570 quilos.
Clique na imagem acima |
Pois bem, como disse no início, a
busca do biótipo ideal se revelou ilusória. A partir da análise desses dados
morfométrico, percebemos que a vaca ética não é única nem padronizada: ela
pertence a um conjunto com plasticidade fenotípica. Contudo, ficou evidente
também que as nossas vacas funcionais e éticas fugiram dos extremos. Elas
parecem residir naquele espaço onde reinam o bom senso e o equilíbrio entre a
forma e a função.
*Luiz Josahkian, é zootecnista,
especialista em produção de ruminantes e professor de Melhoramento Genético na
Faculdade Associadas de Uberaba - FAZU. É Superintendente Técnico da Associação
Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). Artigo publicado pela Revista
Globo Rural - Ed. Jun. 2016.
O EQUILÍBRIO ENTRE A FORMA E A FUNÇÃO
Por LUIS
TUDE SABACK DE ALMEIDA – 04/07/2016
Luis Tude |
Li detalhadamente o artigo do amigo e colega do colegiado
de jurados da ABCZ Luiz Josahkian, que
redigido de forma bem clara e acessível ao meio rural, destaca que uma a vaca
ideal não tem um padrão morfométrico específico, entretanto ela detém uma espécie
de conjunto, onde o bom senso da biologia animal com sua sabedoria de vida útil
e preservação produtiva da espécie determina o equilíbrio entre a forma e a
função.
Leiam o artigo em: http://www.crpbz.org.br/Home/Conteudo/15500-Qual-e-a-vaca-ideal-Luiz-Josahkian-responde
Referindo-me também ao que compreendi de suas palavras, uma
vaca ideal não possui mensurações morfológicas zootécnicas com medidas extremas!
Portanto buscar o equilíbrio entre forma e função passa pelas vacas de porte médio!
Se for assim qual a lógica de se buscar extremos de ganhos de peso e de
produções leiteiras nas diversas provas zootécnicas em moldes norte americanos? Estaria correto, buscar animais maiores e
mais pesados na idade adulta, sem limites biológicos?
Ao aceitar a s mensurações sem limites biológicos, não seríamos
como cegos conduzindo cegos com destino ao despenhadeiro do prejuízo pela falta
de produtividade?
Ao aceitar a s mensurações sem limites biológicos, não seríamos como cegos conduzindo cegos com destino ao despenhadeiro do prejuízo pela falta de produtividade? |
A moderna Zootecnia nos mostra que
devemos dar maior importância à redução da curva de crescimento buscando
animais mais prontos em menores idades. Claro isto também terá um limite,
também imposto pela biologia animal, pois não podemos conseguir a precocidade
de um suíno em um bovino! O segredo da maior produtividade está na precocidade,
ou seja, na velocidade que um animal atinge sua maturidade sexual e de terminação
e isto não encontraremos nos animais de portes maiores, com grandes pesos adultos,
iremos sim encontrar nos de médio porte!!!!!
A Biologia animal, pela Zootecnia e principalmente pela
Bioclimatologia e Fisiologia Animal, nos mostram que quanto maior o porte,
menor a precocidade, então animais de grande porte são tardios, menos férteis e
além disto, também menos produtivos, não só pelos maiores custos de suas
produções, mas porque “basicamente” se mede produtividade pela produção por área,
e não pela produção individual de cada animal, assim se prima pelo todo e não
pelo individuo de maior porte. Temos que
entender que não estamos a criar elefantes, e sim gado bovino, apesar de muitos
encherem os olhos com o tamanho dos elefantes! Se tudo que apresentasse nas
espécies bovinas que produzimos, características como tamanhos maiores, não
estaríamos em regiões tropicais quentes, mas nas regiões temperadas e mais frias,
como no Canadá, onde portes maiores são desejáveis.
O que nos enche os olhos não deveria ser o tamanho do
animal e seu peso, mas sim sua capacidade de fechar ciclos rapidamente dando
rapidez no retorno do capital investido! Por isto pecuária tem sido conduzida
desde o império de forma equivocada no Brasil! Por isto muitos quando não tem
prejuízo nítido, tem prejuízo oculto, sem fazerem a menor ideia, mas implícito
no sistema produtivo que pratica!
Outro aspecto importante, mas que nos leva a refletir de
forma mais ampla no artigo, é que extremos de produção também não são
desejáveis, portanto se vacas muito musculosas não são as mais produtivas,
dadas às suas altas necessidades de manutenção corporal e de produção de
carcaças mais musculosas e pesadas, também vacas de alta produção leiteira, não
são mais produtivas, dada a sua condição de maiores exigências de produção
aliada a mais frágil condição de saúde.
Toda esta reflexão nos leva à grande necessidade do “equilíbrio
entre a forma e a função” para sistemas pecuários produtivos eficientes e isto
encontramos de forma aperfeiçoado na DUPLA APTIDÃO e em animais de PORTE MÉDIO!
Isto encontramos no SINDI!