4 de nov. de 2013

ADAPTABILIDADE E BEM-ESTAR EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO




por Bonifácio
 Benicio de Souza

Dr. Bonifacio Benicio de Souza: Graduação em Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba (1982), mestrado em Produção Animal pela Universidade Federal da Paraíba (1994) e doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (2000), Pós-Doutorado em Ambiência e Zootecnia de Precisão na Universidade de São Paulo - USP (2008).
1. Introdução

As preocupações com vistas ao suprimento de alimentos e produtos de origem animal em quantidade e qualidade, suficientes para atender a demanda da população humana, sempre em crescimento, tem provocado os diversos setores no sentido de aumentar a produtividade animal. Seja através da seleção de raças mais produtivas, sistemas de produção que permitam uma maior produção por área, melhoria nutricional e de ambiência, visando exclusivamente o aumento da produtividade, muitas vezes sem a preocupação com o bem-estar dos animais. 
Adaptabilidade e bem estar animal.
Atualmente dois aspectos importantes estão em discussão a nível mundial: o aquecimento global, que como consequências está provocando mudanças acentuadas nos climas das diferentes regiões do planeta, assim exigindo um melhor conhecimento das espécies e raças que apresentem potencial genético com maior capacidade de adaptabilidade, sendo capazes de sobreviver, produzir e reproduzir-se em condições adversas de clima, principalmente nos ambientes tropicais e intertropicais; outro, diz respeito ao bem estar-animal.

Determinadas práticas utilizadas no sentido de aumentar a produtividade animal, mas que não correspondem à manutenção do bem-estar para os animais vêm sendo combatidas, principalmente nos países europeus. É necessário que sejam atendidas as exigências previstas nos direitos dos animais, como a liberdade psicológica (de não estar exposto a medo, ansiedade ou estresse), liberdade comportamental (de expressar seu comportamento normal), liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede), liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças, injúrias ou dor) e liberdade ambiental (de viver em ambientes adequados, com conforto) (NÄÄS, 2004).

Não estar exposto a doenças, injúrias ou dor.
A produção animal nos trópicos é limitada principalmente pelo o estresse calórico e há o agravante de que as raças selecionadas para maior produção, no geral, são provenientes de países de clima temperado, o que não permite a estas expressar o máximo da sua capacidade produtiva. Desta forma, torna-se imprescindível o conhecimento da capacidade de adaptação das espécies e raças exploradas no Brasil, bem como a determinação dos sistemas de criação e práticas de manejo que permitam a produção pecuária de forma sustentável, sem prejudicar o bem-estar dos animais.

Este texto procura discutir os aspectos da adaptabilidade e bem-estar dos animais de produção, levando em consideração a importância que estes temas representam na atualidade, para escolha, seleção e preservação de espécies e raças que apresentem maior capacidade genética de adaptabilidade a ambientes de temperatura elevada e outras adversidades climáticas, que poderão surgir com o evidente aquecimento global.

2. Adaptabilidade dos animais de produção ao clima tropical

Tolerância e adaptação dos animais 
são determinados pelas medidas 
fisiológicas da respiração, batimento 
cardíaco e temperatura corporal.
A adaptabilidade pode ser medida ou avaliada pela habilidade que tem o animal em se ajustar às condições médias ambientais de climas adversos, com mínima perda no desempenho e conservando alta taxa reprodutiva, resistência às doenças e baixo índice de mortalidade (HAFEZ, 1973). De acordo com Baeta & Souza (1997) o conceito de adaptação a um determinado ambiente está relacionado com mudanças estruturais, funcionais ou comportamentais observadas no animal, objetivando a sobrevivência, reprodução e produção em condições extremas ou adversas e classificam da seguinte forma:

• Adaptação biológica: refere-se às características morfológicas, anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e de comportamento do animal, que permitem o bem-estar e a sobrevivência em um ambiente específico.

• Adaptação genética: refere-se às características hereditárias do animal, que favorecem a sua sobrevivência em um ambiente específico e podem promover mudanças por muitas gerações (seleção natural) ou favorecer a aquisição de características genéticas específicas (seleção artificial).

• Adaptação fisiológica: é o processo de ajustamento do próprio animal a outro ambiente.

• Aclimatização: refere-se a mudanças adaptativas (normalmente produzidas em câmaras climáticas) em resposta a uma única variável climática.

Mesmo considerando as espécies mais
 tolerantes ao calor, como é o caso dos 
caprinos que é tida como menos susceptível 
ao estresse ambiental, em temperaturas 
críticas reduzem a sua eficiência 
bioenergética prejudicando o 
resultado de sua produtividade.
Para Abi Saab e Sleiman (1995), os critérios de tolerância e adaptação dos animais são determinados pelas medidas fisiológicas da respiração, batimento cardíaco e temperatura corporal. A adaptação fisiológica, dada principalmente por meio das alterações do equilíbrio térmico, e a adaptabilidade de um rendimento, que descreve as modificações desse rendimento quando o animal é submetido à altas temperaturas, são para MacDowell (1989), as duas classes principais de avaliação da adequação a ambientes quentes. A temperatura retal e a freqüência respiratória são para Bianca e Kunz (1978), as melhores referências fisiológicas para estimar a tolerância dos animais ao calor. Hopkins et al. (1978) afirmam que valores de temperatura retal próximos à temperatura normal da espécie podem ser tomados como índice de adaptabilidade. Animais que apresentam menor aumento na temperatura retal e menor freqüência respiratória são considerados mais tolerantes ao calor (BACCARI JR, 1986). De acordo com Siqueira et al. (1993), a temperatura retal, a freqüência respiratória e o nível de sudação cumprem um importante papel na termorregulação dos ovinos. Segundo Baccari Jr. (1990) a maior parte das avaliações de adaptabilidade dos animais aos ambientes quentes estão incluídas em duas classes: (adaptabilidade fisiológica) que descreve a tolerância do animal em um ambiente quente mediante, principalmente modificações no seu equilíbrio térmico, e (adaptabilidade de rendimento) que descreve as modificações da produtividade animal experimentadas em um ambiente quente. De acordo McDowell (1989) a adaptação fisiológica é determinada principalmente por alterações do equilíbrio térmico e da adaptabilidade que descreve determinadas modificações no desempenho quando o animal é submetido a altas temperaturas.
Boer

Mesmo considerando as espécies mais tolerantes ao calor, como é o caso dos caprinos que é tida como menos susceptível ao estresse ambiental, em temperaturas críticas reduzem a sua eficiência bioenergética prejudicando o resultado de sua produtividade (LU, 1989). Por isso, o conhecimento prévio do desempenho de raças exóticas introduzidas em ambientes diferentes ao de sua origem torna-se indispensável. Neiva et al., (2004) ao avaliarem o efeito do estresse climático sobre os parâmetros produtivos e fisiológicos de ovinos Santa Inês, mantidos em confinamento em ambiente de sombra e sol, com diferentes níveis de volumoso e concentrado na dieta, observaram que o consumo de matéria seca foi superior para os animais mantidos à sombra independente da quantidade de concentrado, os quais apresentaram maior ganho de peso. 
Anglo-Nubiana
Com relação aos parâmetros fisiológicos foi observado que a elevação da temperatura ambiente no turno da tarde exerceu influência sobre a temperatura retal e freqüência respiratória. Portanto, mesmo no caso de animais de regiões tropicais as interações entre o tipo de alimento, o consumo, o ambiente e parâmetros fisiológicos devem ser determinados a fim de que o desempenho dos animais não seja prejudicado. Santos et al., (2005) observaram que independente da raça (exótica ou nativa) o turno influenciou sobre os parâmetros fisiológicos. Com relação à temperatura retal

10 de set. de 2013

Sucesso da Bahia Red Sindhi na Expofeira 2013


O stand da BRS foi muito visitado
 por criadores e autoridades.
Em mais um ano de participação na Exposição Agropecuária de Feira de Santana a Bahia Red Sindhi despertou grande interesse dos produtores rurais em relação à raça Sindi. Este ano a BRS participou com tourinhos provenientes de genética paquistanesa nascidos na Bahia.
     O stand da BRS foi muito visitado por produtores que desejavam conhecer a raça e por criadores que já a conheciam e vieram para adquirir animais. Vale destacar também a presença de autoridades  e profissionais ligados à agropecuária  que constataram a qualidade dos animais expostos.
José Caetano, Aurino Soares de Mello 
Junior e João Martins da Silva Junior
     O Sindi também foi notícia nos telejornais e rádios locais que divulgavam o evento, sempre destacando a rusticidade e a dupla aptidão dos animais, apropriados para enfrentar a seca.
    Os tourinhos expostos foram comercializados pela BRS e agora já pintam de vermelho outros municípios baianos, onde sem dúvida vão multiplicar a excelente genética paquistanesa que é a marca registrada do trabalho da BRS.
   A BRS agradece a todos que colaboraram para a qualidade do evento entre eles, a Prefeitura Municipal de Feira de Santana, o Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana, e o Núcleo do Guzerá  através do seu presidente Dr. Benício Cavalcante.

Cezar Mastrolorenzo, secretário 
da ABCSindi, satisfeito com o evento.
Professor Jorge Carlos Dias de 
Souza da UFRJ julgou os animais

Arquiteto Raimundo Pires (centro), um dos 
mais novos e entusiasmados sindiristas baianos.


Consequência do nosso trabalho de divulgação durante a Expofeira.

26 de jul. de 2013

Carta ao povo nordestino.



É com profunda tristeza que acompanho nos últimos anos esta que é a maior seca de todos os tempos.  Por onde andei presenciei desolação, morte, quebradeira, falência, êxodo rural, desespero e sofrimento de um povo que já carrega a cruz do descaso imposta pela falta de conhecimento de sua própria situação enquanto cidadão. Péssimos serviços oferecidos nas áreas de educação, saúde e segurança pública. E um eficiente sistema de cobrança de impostos, que arrecada os mesmos valores em percentuais de outras regiões que são muito mais ricas e favorecidas pelo poder público.
Por onde andei presenciei desolação, 
morte, quebradeira, falência, 
êxodo rural, desespero e sofrimento 
de um povo que já carrega a cruz do 
descaso imposta pela falta de
conhecimento de sua própria 
situação enquanto cidadão.
Esquecidos no descaso da terra do sol, nós nordestinos aprendemos desde cedo quem são os senhores engravatados que, no litoral, sentados em confortáveis poltronas de salas climatizadas, regem nossos destinos. Muitas vezes vendem nossa liberdade nos transformando em farrapos, enquanto engordam suas contas bancárias. Como disse o nosso querido Euclides da  Cunha: “O martírio do homem, ali, é o reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da vida. Nasce do martírio secular da terra”.
Comparo a atual situação dos produtores nordestinos com a situação dos trabalhadores rurais que sofrem com o trabalho escravo. No Trabalho escravo o dono da fazenda utiliza o recurso de manter os trabalhadores sempre endividados, para isso são obrigados a comprar os víveres e ferramentas na fazenda e, como sempre ganham menos do que devem, não conseguem quitar suas dívidas, sendo obrigados, por toda a vida, a trabalhar em troca de comida e mais nada. Os produtores do nordeste vivem na mesma armadilha, contraem empréstimos nos bancos oficiais para comprar as ferramentas de trabalho e, quando vem a seca, são obrigados a trabalhar em troca de comida sob o chicote do feitor pelo medo de terem suas terras leiloadas, sem sequer ter o direito de defesa.
“O martírio do homem, ali, é o reflexo de 
tortura maior, mais ampla, abrangendo a 
economia geral da vida. Nasce 
do martírio secular da terra”.
Esta sórdida política do endividamento e prorrogação é muito utilizada pelos agiotas que preferem não receber o principal da dívida, escravizando, assim ,com os juros, aqueles pobres coitados que tomaram dinheiro em suas mãos. É muito mais conveniente para o governo prorrogar as dívidas do que resolver a questão do endividamento. Se o problema do endividamento dos produtores rurais do nordeste for resolvido, como o governo continuará a controlar as lideranças regionais e a bancada ruralista no congresso? Qual o poder de barganha teria o governo na câmara ou no senado se os produtores rurais nordestinos não lhes devessem obediência? Será que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso   a sua reeleição seria aprovada pelo congresso sem o apoio da endividada classe ruralista? Será que o PT, acostumado a episódios como o mensalão , com um governo de um despotismo sem limites, resolveria por definitivo o histórico endividamento dos produtores nordestinos, sabendo que poderiam perder o antigo e eficiente “beija mãos” ? Lógico que não.  Não há o menor interesse em acabar com o endividamento do setor rural do nordeste, que existe há décadas, porque o governo precisa ter agrilhoadas as principais lideranças políticas da região.
Não há o menor interesse em acabar com 
o endividamento do setor rural do nordeste, 
que existe há décadas, porque o governo 
precisa ter agrilhoadas as principais 
lideranças políticas da região.
O que assusta em todo este plano maquiavélico é que ele envolve seres humanos que são escravizados em pleno século XXI sem o menor pudor. Quantos pais de família já se mataram por não conseguirem pagar suas dívidas rurais? Quantos morreram de enfarto ou derrame ao se verem envoltos nesta satânica teia financeira de propósitos escusos?  Não seria
mais fácil para o governo  criar políticas públicas diferenciadas para o nordeste que  funcionassem? Será que esta triste mancha em nosso país se perpetuará para as próximas gerações? Vamos ficar de braços cruzados esperando as migalhas e esmolas  que nos são dadas, e vendo nossos filhos trilharem os mesmos caminhos?
Irmãos nordestinos! Não devemos conhecer o medo, e sim o respeito. Acredito que um homem ao menos tenha que honrar as calças que o seu pai lhe deu e, em nome de nossos antepassados, não podemos envergonhar os nossos descendentes. Chegou a hora de não aceitarmos mais as sobras oferecidas por nossos algozes! Exigimos uma política agrícola totalmente diferenciada e exclusiva para o sertão! Vamos as ruas, vamos ao congresso nacional dar um basta a esta escravidão financeira que insistem em nos impor. Lembremos de nossos irmãos sertanejos que em Canudos mostraram ao governo  federal de qual material somos feitos. Terra, honra e sangue.
“Canudos não se rendeu. Exemplo único
 em toda a história. Resistiu até o 
esgotamento completo".
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história. Resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.” (Euclides da Cunha)
Cezar Mastrolorenzo
Produtor Rural do Nordeste Brasileiro.
Secretário da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi.

7 de jul. de 2013

Estimada Presidente Dilma



Vi, pela televisão, as reuniões de Vossa Mercê com os governadores nordestinos, desde a de Aracaju a de Fortaleza há poucos dias. Achei-as da maior importância, quase ótimas.

Tereza Maria, minha irmã muito querida e já aposentada, que tratava consigo quando dirigia a banda técnica de Empresas de energia elétrica na Bahia e no Rio Grande do Norte, comentava, com agrado, sua maneira de agir contra os mal- feitos e/ou omissões que encontrava em cada canto desses, como Ministra de Minas, e previu que sua atuação na Presidência do Brasil seria no mesmo estilo, forma e firmeza.

Entendi perfeitamente o que me dizia ela e me encantou como a senhora falou e decidiu sobre as ações de Governo para o Nordeste.

Quando chegava a vez das terras com secas, a alegria de ouvi-la até então, esmaecia-se e vi que não era uma culpa pessoal (nenhum Chefe de Estado pode ser especialista em todos os assuntos e tem que lidar com eles) e sim, pela pobreza da assessoria disponível, via Banco do Nordeste (BNB), que nos 60 anos de criado, no útero de uma Seca, como “Agência de Desenvolvimento do Nordeste”, nunca foi capaz de formular um sistema de financiamentos rurais que incorporasse a racionalidade e as idiossincrasias das secas recorrentes desse meu mundo.

Quando da extinção dos Bancos Públicos Regionais - Sul, Sudeste e Centroeste - o BNB escapuliu da lista mediante artifícios espúrios, eu diria, até amorais, engodando o então Ministro da Fazenda Pedro Malan, pelo cearense que presidia o Banco, seguramente um não abençoado pelo Santo Padre Cícero. Todo conterrâneo mais esclarecido encarou uma úlcerante indignação, como ficou bem claro, na reunião chamada “Grito da Seca”, com a presença de vários Ministros, todas as Federações de Agricultura do Brasil, a bancada parlamentar regional e milhares de produtores vitimados, realizada em Lages- RN, na Grande Seca de 1998.
Essa reunião foi aberta pelo meu primo-irmão Ariano Suassuna, seguida de uma palestra positiva sobre o semiárido feita por mim, uma outra mostrando o nível da inadimplência semeada pelo BNB e uma terceira, propondo um modelo decente de aplicação de FNE. O Nordeste seco, historicamente, era a região de menor taxa de inadimplência no Banco do Brasil.

A Constituição de 1988 criou os Fundos Regionais de Desenvolvimento. A pedido dos então Governadores Miguel Arraes (PE) e Geraldo Melo (RN), participei da elaboração de um Estatuto de Crédito Rural para o FNE que deveria submeter à Sudene cada Plano anual de aplicação, Sudene de onde saíra em 1° de abril de 1964. Os respectivos mandatos estavam no final e o BNB engavetou a proposta feita e malbarata o FNE até hoje.

Àquela época a Sudene, que havia conceituado a 1° abordagem mais ampla da zona seca, além da simplória e intelectualmente cômoda leitura hidraulicista da semiaridez, foi tratada como um foco de comunistas encravado no Recife- tempo em que comunista comia criancinhas - e o seu Departamento de Recursos Humanos, em formação apropriada, foi fechado e eu, também, fui saído de lá.

Logo adiante, por morte súbita do Pai, abandonei, inclusive, a Universidade onde amava ensinar Engenharia Civil e assumi, pelo consenso dos irmãos, a Fazenda herdada nessa região muito seca do Cariri Velho da Paraíba, nunca pesquisada pelas Instituições de Governo e de Ensino, locadas no Litoral chuvoso, que tem sua tecnologia bem definida universalmente.

Sou a 8° geração familiar nessa Fazenda e cuido dela com empenho integral e exclusiva dedicação, há quase meio século.

Abandonei as lotéricas lavouras temporárias da Agronomia oficial, que conflitam com a distribuição das chuvas daqui e fui buscar na Ásia x Norte da África os elementos biológicos (plantas e animais) de seus pré-desertos, compatíveis com a desarrumação de nossa pouca água natural. Produzir grãos numa Zona Seca, é , pelo menos, uma impropriedade.

Incorporamos aos campos dos capins perenes importados, as ovelhas deslanadas de carne enxuta e pele superior, nativas do NE, bem como as desprezadas e altivas cabras nativas, de leite rico e prolificidade acentuada. Ariano foi o ideólogo e eu o “zootecnista” desse processo e passamos a fabricar queijos diferenciados, seja pela raça das cabras, pelas ervas próprias da terra e pela maturação que o clima e as essências vegetais, igualmente nativas, como tempero dos queijos propiciam.

Essa iniciativa nossa, penosamente construída, por falta de bibliografia e informação apropriada, à custa de tentar errando e acertando, está na base da valorização que a Caprinocultura brasileira adquiriu (o NE seco abriga 96% do rebanho nacional) e da gratificação por ter feito, servindo aos produtores do semiárido real, conta e satisfação que eu e Ariano dividimos.

Uma seca braba

29 de mai. de 2013

Rusticidade do Sindi nordestino é destaque na revista O ZEBÚ NO BRASIL


Pompeu Borba e senhora - tradição sindirista 
Uma das mais conceituadas revistas sobre pecuária do Brasil, a revista O ZEBÚ NO BRASIL, apresentou na sua edição 197 de Janeiro\Fevereiro uma excelente matéria destacando a rusticidade do Sindi do Nordeste.

A reportagem destaca que, na atual condição climática nordestina, onde só se acha caatinga seca e mandacaru para alimentar os rebanhos, muitos animais não adaptados pereceram.  

Arthur Targino - feliz 
com a raça
Destaca ainda que criadores tradicionais da Paraíba, como Pompeu Borba e Arthur Targino, foram muito felizes em optar pela rusticidade e dupla aptidão do Sindi.  Na seca o Sindi supera as dificuldades, parindo, criando, e produzindo leite, mesmo alimentado com xique-xique  e mandacaru. “É um animal duro na queda” dizem os sindiristas.

A Bahia Red Sindhi (BRS), sociedade dos criadores José Caetano e Cezar Mastrolorenzo, segundo a revista O ZEBÚ, leva o crédito de introduzir a raça na Bahia, o último estado nordestino a receber a raça. Em 26 de setembro de 2009 foram adquiridas pela BRS as primeiras matrizes da EMEPA (empresa estatal da Paraíba).

Cezar Mastrolorenzo ao lado de Paraguassu BRS 
(Touro de linhagem fechada na importação de 1952)
Ainda na reportagem da revista O ZEBÚ NO BRASIL, os sindiristas baianos produzem carne e leite em Ipirá e Itatim, no sertão baiano, arraçoando o gado Sindi com xique-xique queimado, mandacaru e pastagens naturais. “ Mandacarú é realmente o único recurso. A situação está dramática. Não chove.” Relata o sindirista Cezar Mastrolorenzo.
Xique-xique queimado 

Informa a revista em sua reportagem que atualmente a Bahia Red Sindhi obtém resultados positivos vendendo a genética do Sindi nordestino para os criadores do sudeste que almejam aumentar a rusticidade do rebanho.
Bahia Red Sindhi.
Mandacaru - último recurso

Pensamento do mês