Neste pequeno manuscrito, iniciamos uma discussão que, a
nosso ver, vem sendo realizada de forma equivocada, displicente ou mesmo
irresponsável. O conhecimento, em especial o científico, é fundamental para
todos aqueles que desejam desenvolver uma atividade cuja maior virtude, por
exemplo, é o saber. Ou seja, saber usar a informações, o conhecimento, como
forma de melhor desenvolver seus projetos. Nesse contexto procuramos relatar um
fato que já há algum tempo vem nos incomodando. Não vamos procurar aqui ser
partidários, mas sim justos. Quem nunca presenciou alguém do alto de sua
sabedoria expressar a ideia que 'na teoria é uma coisa, mas na prática é bem
diferente'?
Acreditamos que essa ideia não seja bem acertada, que o
conhecimento científico, aplicado na forma de tecnologias, não seja portador de
condições que lhes capacite a resultar em
melhorias, em incrementos, em aumento
da eficiência dos sistemas nos quais serão usados. É bem verdade que várias
tecnologias disponibilizadas pelos mais variados autores e/ou centros de
produções não sejam capazes de resultar em melhorias em sistemas de produção
aos quais se destinam. Mas acreditamos que os maiores responsáveis por esses
acontecimentos são: os 'inventores dos conhecimentos milagrosos de má índole',
seus repassadores inocentes, ou não, e os incríveis e sábios aplicadores,
conhecedores na prática de tudo.
Ao se permitir e fortalecer esse pensamento, estamos
criando uma falsa ideia de que os resultados gerados nas ciências e em especial
nas agrárias não possuem capacidade de repetição além dos muros dos centros de
desenvolvimento científico. E assim abrimos as portas para a velha afirmativa
acima questionada, abrimos as portas para aqueles que se vangloriam dos
incríveis resultados obtidos por meio das proezas práticas resultantes das
cópias. Se em outras áreas a auto-medicação é um problema, nas agrárias parece
ser a solução, ao menos é o quem vêm sendo revelado pelos atos de muitos
técnicos desinformados ou de 'sábios' produtores. Planejar um negócio, definir
seus objetivos, traçar suas metas, realizar avaliações e tomar decisões são bem
mais que copiar um espaçamento entre aspersores ou linhas de cultivo, em
importar uma nova variedade de planta ou raça milagrosa, em decidir se compra
uma mula preta ou um cavalo alazão.
A falsa ideia de que o conhecimento prático é tudo em um
sistema de produção é no mínimo ingenuidade. O abandono ou negação dos
conhecimentos técnico-científicos em detrimento ao conhecimento prático é o
principal responsável pelo atraso tecnológico verificado na grande maioria das
unidades de produção, melhor, de extração ou de coleta de produtos oriundos da
terra. As
verdadeiras unidades de produção, com perfil de empresa moderna, que
busca eficiência no processo produtivo objetivando aumentos nos seus lucros,
acompanham de perto o desenvolvimento científico, utilizando as recém
desenvolvidas tecnologias, conseguindo incrementos significativos nos seus
lucros, permanecendo competitivas num ambiente de mercado aberto, onde os
eficientes permanecerão.
"Se em outras áreas a auto-medicação é um problema, nas agrárias parece ser a solução, ao menos é o quem vêm sendo revelado pelos atos de muitos técnicos desinformados ou de 'sábios' produtores". |
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