31 de out. de 2011

III Simpósio de Mudanças Climáticas e Desertificação no Semiárido Brasileiro

D. John Kimble - Estratégias
para sequestrar carbono no solo.

Aconteceu na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Campus de Juazeiro-Bahia) entre os dias 25 e 27 de outubro, o III Simpósio de Mudanças
Climáticas e Desertificação no Semiárido Brasileiro – “Experiências para Mitigação e Adaptação”.

Durante os três dias do simpósio foram realizadas conferências, mesas redondas e apresentação de posters. Foram discutidos temas como: Políticas públicas para redução da emissão de CO2; Ações de combate à desertificação; Potencialidades do bioma
Bruce E. Rittnann - Produção de combustivel
a partir de fotossíntese das bactérias.
Caatinga frente às mudanças climáticas; Manejo, Estoque e dinâmica no fluxo de carbono no Bioma Caatinga; Agricultura de baixo carbono e Tecnologias de adaptação às Mudanças Climáticas.
Uma das palestras mais interessantes do evento ficou por conta do Professor Carlos E. Lascano – Universidad Nacional de Colombia: Estratégias para redução da emissão de metano em ruminantes.
D. Carlo E. Lascano
Professor Carlos Lascano lembrou que os gases de efeito estufa mais importantes são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Estima-se que 18% das emissões anuais de GEE são provenientes de diferentes tipos de animais e que 37% do CH4, com maior potencial de aquecimento global (23 vezes) em relação ao CO2,
decorrem dos processos fermentativos dos ruminantes. Possivelmente, no futuro, os países produtores de carne e leite estarão sujeitos a proibições, caso os sistemas de bovinocultura não cumpram as medidas de redução de gases de efeito estufa. 
O especialista
em ecofisiologia vegetal Saulo Aidar (D)
prometeu trabalhar o Icó
(recurso forrageiro nativo do semiárido
baiano) em suas pesquisas.
D. Adriano (Ministério do
Meio Ambiente) divulgou o
Programa ABC. Programa do
Governo Federal que pretende
incentivar a Agricultura de
Baixo Carbono.
Há diversas alternativas disponíveis e em estudo para reduzir as emissões de CH4 entérica de bovinos, que vão desde a manipulação da composição da dieta, suplementação com aditivos (ionóforos, ácidos orgânicos, compostos halogênios, óleos) e seleção de plantas forrageiras de alta qualidade contendo metabólitos secundários (taninos e saponinas) ao melhoramento animal,
imunização e transformação genética dos microrganismos ruminais. Os resultados mostram que é possível a inibição da emissão entérica de CH4 utilizando-se ionóforos, ácidos orgânicos e óleos.
D. Patricia Menezes tratou dos
recursos forrageiros.
Ao concluir sua palestra o professor destacou que, na prática, a redução de emissões de GEE pelo rebanho depende principalmente da eficiência deste em converter forrageiras em produtos úteis ao homem.  Quanto mais eficiente o rebanho, menor será a quantidade de GEE emitidos por quilo de carne, leite, etc.
No contexto das estratégias de redução das emissões dos gases a efeito estufa, dois tipos de ações podem ser consideradas: a diminuição do nível de emissões e/ou
D. Salete Moraes defendeu os
sistemas agro-silvi-pastoris.
a transferência e estocagem dos GEE em outros compartimentos terrestres, tais como, o solo. Neste caso, os gases ficariam estabilizados na forma de biomassa, matéria orgânica do solo, etc. Esta segunda foi o tema da palestra do D. John Kimble
(Develop agricultural strategies to increase soil carbono sequestration and reducing greenhouse gases). Kimble salientou o potencial de sequestro de carbono da pastagem, que a depender de sua composição, solo, manejo e clima, podem representar uma alternativa viável para mitigar a acumulação de CO2 na atmosfera.

23 de out. de 2011

UNIDADES ANIMAL TROPICAIS (UAT)

 Fonte: http://www.fao.org/ag/againfo/programmes/pt/lead/toolbox/Mixed1/TLU.htm

O conceito de Unidade Animal Tropical (UAT) constitui um método conveniente para quantificar uma grande variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos de uma forma padronizada. 

Variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos
O que são as UATs ?
Para um certo número de utilizações há a necessidade de usar uma unidade comum para descrever os efetivo de diferentes espécies com um único número que expresse a quantidade total de gado presente - independentemente da composição em espécies.
 Para fazer isto, desenvolveu-se o conceito de "Quociente de Troca", com o qual diferentes espécies de diferentes tamanhos médios podem ser comparadas e descritas em relação a uma unidade comum. Esta unidade é 1 Unidade Animal Tropical (UAT).
Têm sido usados vários métodos para obter os quocientes de troca entre espécies, mas nenhum satisfaz completamente.
Diferentes fórmulas para calcular UATs têm sido usadas em diferentes partes do mundo, dependendo das variedades de gado mais comuns (p.ex. 1 UAT = 1,0 camelos; Bovinos 0,7; Ovinos/Caprinos 0,1). 
Contudo uma só fórmula para calcular UATs desta maneira é incapaz de servir para diferentes variedades de gado - que podem variar consideravelmente em tamanho - e é, portanto necessária uma abordagem diferente.
Se o alimento consumido é razoavelmente semelhante para as duas espécies que estamos a comparar, o quociente de pesos metabólicos proporciona o melhor meio de comparação. Esta relação expressa o fato de que as espécies menores produzem mais calor e consomem mais alimento por unidade de tamanho corporal do que os animais maiores (Heady, 1975).

Em condições de pastoreio dependentes dos recursos, o consumo voluntário médio de alimento entre as espécies é notoriamente semelhante, cerca de 1,25 vezes as necessidades de manutenção (1 para manutenção, 0,25 para produção = crescimento, reprodução, leite, etc.). O peso metabólico é portanto considerado como a melhor unidade para agregação de animais de diferentes espécies, quer seja para calcular o alimento total consumido, o estrume produzido, ou a produção de produtos finais. 
UATs e Quocientes de Troca
O padrão utilizado para uma Unidade Animal Tropical é um bovino com 250 kg de peso corporal.
As caixas 1 a 3 apresentam os quocientes de troca para animais com diferentes pesos corporais em Unidades Animal Tropicais com base no peso metabólico. Mostram que 5 ovinos ou caprinos de 30 kg consumirão tanto como 1 vaca de 250 kg. Da mesma maneira, dois búfalos com cerca de 425 kg consumirão tanto como 3 bovino de 250 kg. No entanto, falando de forma estrita, estes só podem ser comparados quando as diferentes espécies consomem o mesmo alimento, o que não se verifica com frequência.
Quocientes de Troca para espécies pecuárias 
em Unidades Animal Tropicais com base no
Peso Metabólico Corporal
caixa 1

17 de out. de 2011

LEILÃO SINDI ESTRELAS 2011 - NOVO RECORDE DA RAÇA.

Em uma noite histórica para o Sindi durante o leilão Sindi Estrelas realizado no Tatterssal Sen.José Bezerra (Festa do Boi - Parnamirim - RN), a campeã do torneio leiteiro com 26kg,  Esperta do Guaporé, do criador Alexandre Maciel Oberlaender , atingiu o maior valor pago em uma fêmea Sindi até hoje em leilões. A campeã foi arrematada pelo criador Manoel Dantas Villar (Dr. Manelito) por um valor superior aos cem mil reais, conforme foto acima com  o último lance (R$ 5.200,00 em 20 parcelas).  Durante o evento houve grande procura por animais “fechados nordeste”, principalmente os que caregavam a marca EMEPA ou DANTAS VILLAR. Não temos números oficiais ainda do leilão mas, ficou claro que o Sindi cresce cada vez mais, mostrando força no nordeste brasileiro.



10 de out. de 2011

ANIMAIS E TRÓPICOS


A Bahia Red Sindhi agradece ao amigo e colaborador Sérgio Augusto Villas Bôas de Menezes que, gentilmente, nos cedeu este material.


Trechos extraídos do Relatório da Missão de Estudos a Espanha, Itália, Índia e Paquistão editado em novembro de 1968 pelos Professores: José Maria Couto Sampaio (′), Osvaldo Bastos de Menezes (″) e Fúlvio José Alice (‴).


Razões e motivos da missão de estudos


Por efeito mesmo dos ciclos sucessivos de civilização, grandes partes dos países localizados nos trópicos foram descobertos e colonizados por povos de climas temperados, que procuraram trasladar para novas colônias, como o Brasil, suas experiências. Nada mais natural ou lógico.

No caso de introdução de animais e plantas, aqui como alhures, a iniciativa só vingava ou só vingou, quando ela se adaptava ao clima. Especialmente, no caso dos animais domésticos, a experiência brasileira é mais do que afirmativa, pois prova dos dois lados o “fracasso” do gado europeu e o sucesso do indiano nos trópicos.

Alias, nesse episódio deve-se realçar que o Governo tem sido negligente, jamais importando diretamente animais para seus centros de pesquisa, e a vez que o realizou, na época da introdução do Red Sindhi, se deveu única e exclusivamente à obstinação de um homem, o Dr. Felisberto de Camargo que , já na índia, foi chamado de volta ao Brasil, e ameaçado até de demissão do serviço público. É certo que estes animais ai estão pelo Brasil a fora, e não trouxeram ou introduziram qualquer doença maior, como não trouxeram, também, as varias outras introduções dos particulares, que se somam, talvez em numero, superiores a trinta.

O que vimos nesses países é grande demais para ser diminuído, ou desprezado, e em nome do bem nacional, se reticências, por cima de ou dos grupos brasileiros, ou outros, é que vamos dizendo desde logo, nos umbrais deste documento, que o País se prepare, se organize, governos e particulares, para a importação correta de búfalos e zebus, já que essa é a grande controvérsia, que, de inicio , é preciso definir, e o fazemos já aqui, sem cerimônia, para darmos a tônica da nossa opinião.

A índia, por exemplo, e só para situar um aspecto que muita gente desconhece, possui um primoroso serviço de veterinária, com mais de 35.000 ajudantes veterinários diplomados em cursos objetivos de um ano, e um corpo técnico de mais de 12.000 médicos veterinários, milhares dos quais portadores de diplomas de pós-graduação em “Master od Science” e “Philosophy Doctor” conquistados na Europa, nos Estados Unidos, ou no País em suas 20 Faculdades de Veterinária (que diplomam mais de 1.000 médicos-veterinários por ano) ou nos Institutos Especializados, muitos estabelecidos nestes últimos anos.


 Zebuínos

Apreciação sobre o criatório oficial

Para a apreciação do zebu da índia e do Paquistão, tivemos oportunidade de conhecer não só o criatório particular, como também as mais importantes fazendas oficiais.

LIVESTOCK EXPERIMENT STATION MALIR – KARACHI – PAKISTAN

Está localizada a 12 milhas da cidade de Karachi, em zona árida e quente com apenas 7,85 polegadas de chuvas anuais. Foi fundada em 1921 pelo governo da Província de Sindicom com a finalidade de selecionar e preservar a raça Red-Sindhi. Em 1932 por deficiência de recursos financeiros foi fechada, sendo que parte do gado foi passado para Mirpurkhas Fruit Farm. Contudo o trabalho foi reiniciado ainda pelo governo de Sind em 1938, e no ano de 1950 foi definitivamente transferida para o governo do Paquistão. Em resumo, são perseguidos no momento os objetivos seguintes na seleção de raça:

a) Preservar a pureza racial;
b) Sentir a potencialidade como produtora de leite, eliminando inclusive a presença da cria durante a ordenha;
c) Eliminar defeitos, e como mais importantes, os úberes, conformação, patas e aprumos;
d) Reduzir a idade do 1º parto e o período seco;

c) Produzir touros superiores para melhoramento do gado local.

O rebanho de Malir tem 360 animais no seu total incluindo machos e fêmeas de diferentes idades, dos quais 120 vacas em lactação. A média de produção de leite por lactação é de 4.443 libras (2.039 quilos) com 4,5% de gordura em 274 dias. O dado mencionado é conseqüência do estudo de 305 lactações, que mostra as seguintes freqüências de acordo com as produções obtidas.

O período seco é de 160 dias em média, e o intervalo entre partos é de 434 dias. A idade para o 1º parto é de 40 (quarenta) meses. O Sind é gado de pequeno porte, pesando touros e vacas adultas em média 500 e 300 quilos vivos, respectivamente. São animais lindos na sua cor vermelha e embora de porte reduzido, são de uma robustez impressionante. Foi das raças vistas uma das que mais nos impressionam. Pelo seu porte reduzido e alta produção de leite, acreditamos ser bem econômica para áreas com menos disponibilidades de forragens. No rebanho de Malir, atualmente, a ordenha é feita sem bezerro,

3 de out. de 2011

RAÇA SINDI: UMA OPÇÃO NA PRODUÇÃO DE LEITE PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO


Por: Roberto Luiz Teodoro, Rui da Silva Verneque e Mário Luiz Martinez
Pesquisadores da Embrapa Gado de leite


Felisberto de Camargo e uma das vacas da importação de 1952.
     A raça Sindi, originária dos trópicos paquistaneses, historicamente foi introduzida no Brasil nos anos 30 do século passado, mas foi em 1952 que ocorreu a mais significativa introdução de animais desta raça por meio da importação de 31 fêmeas e machos pelo abnegado Dr. Felisberto de Camargo, naquela época diretor do Instituto Agronômico do Norte, situado em Belém do Pará.
Vênus E com Guerreira BRS ao pé. Ipirá-Ba
    Estes animais importados foram selecionados na sua origem, baseado principalmente em critérios produtivos, sendo considerado a base do nosso rebanho Sindi atual, que se encontra predominantemente nas regiões Nordeste e Norte do país, com pequenos núcleos na região Sudeste.
     A raça apresenta como características principais pelagem de cor avermelhada, ideal para as regiões tropicais e sub-tropicais, o seu pequeno porte, também considerado ideal pelo melhor aproveitamento por área, além do menor consumo absoluto de alimentos, a boa eficiência reprodutiva e principalmente a boa capacidade de produção de leite, tanto em quantidade como em qualidade. Além destas vantagens sobressai a sua excelente adaptabilidade às condições adversas de clima e de manejo, principalmente alimentar, nas condições de semi-árido nordestino.
Sindi na caatinga - Ipirá - Ba
     

Dado a estes atributos e ao desempenho destes animais, torna-se importante a sua difusão e multiplicação como raça pura e em cruzamento com raças taurinas, principalmente a Jersey, obtendo-se animais produtivos, resistentes e de pequeno porte, recomendados principalmente para pequenas explorações leiteiras típicos da Agricultura familiar.
     A Embrapa Gado de Leite vem apoiando os poucos criadores da raça na divulgação e conhecimento do potencial destes animais para a pecuária nacional, considerando-a uma excelente opção principalmente para as regiões adversas de manejo do Nordeste brasileiro. 
     

     Atualmente dois núcleos de criação situados no estado da Paraíba, um da EMEPA em Alagoinha e outro do Dr. Manuel Dantas Vilar Filho em Taperoá, ambos de importância histórica e técnico pelo trabalho de seleção, são acompanhados rotineiramente quanto à reprodução, produção e composição do leite, assim como as principais características morfológicas relacionadas às características produtivas, como tamanho corporal, conformação de úbere, temperamento, etc. Estes animais são mantidos em regime de pasto, próprios da região, sendo suplementados principalmente com alimentação alternativa sempre que se torna necessário devido à seca.
Sindi da Embrapa Semi-Árido - CPATSA
     
     Anualmente faz-se a avaliação genética de vacas e touros destes rebanhos, para a produção de leite, cujos resultados são repassados aos respectivos criadores auxiliando-os nos acasalamentos e descartes, promovendo com isto o seu melhoramento genético.
     Baseando-se nas informações disponíveis no banco de dados da Embrapa Gado de Leite, a média da produção de leite de 256 animais avaliados foi de 2.214 kg, com duração média de 274 dias de lactação, enquanto que a idade média ao primeiro

Pensamento do mês