Cristina Cavalcante Félix da Silva1 e Luciana Carvalho
Santos2
1Mestre em Zootecnia, UESB – Itapetinga, BA. cristina.zte@pop.com.br
2Mestranda em Zootecnia, UESB – Itapetinga, BA. llcarvalhos@yahoo.com.br
Fonte: Revista Electrónica de Veterinaria REDVET ISSN
1695-7504 http://www.veterinaria.org/revistas/redvet
Resumo
A exploração pecuária na
região Nordeste é prejudicada pelas constantes secas e irregularidade das
chuvas, causando assim, uma baixa produtividade de seu rebanho. Considerando
essa má distribuição de chuvas, é necessária a busca de alimentos alternativos
e mais baratos, como a palma forrageira. A palma forrageira sem espinho não é
nativa do Brasil. No Nordeste do Brasil são encontrados três tipos distintos de
palma: gigante, redonda e miúda. Essa forrageira apresenta alta produção de
matéria seca por unidades de área, é uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos
não fibrosos e nutrientes digestíveis totais. Porém, a palma apresenta baixo
teor de fibra em detergente neutro, necessitando sua associação a uma fonte de fibra
que apresente alta efetividade. Assim, torna-se possível a associação da palma
com alimentos de baixo custo, permitindo produção de leite e manutenção em
níveis bastante próximos aos obtidos com alimentos de maior valor comercial.
Com isso, esta revisão tem por objetivo demonstrar a eficiência da utilização
da palma forrageira na alimentação de ruminantes.
Introdução
Devido à influência da irregularidade de distribuição das
chuvas sobre a alimentação de ruminantes nas regiões semi-áridas é necessário
buscar alternativas para a alimentação do rebanho. Segundo o IBGE (2001) a
região nordeste do Brasil apresenta um rebanho bovino de 21.875.110 cabeças,
7.336.985 ovinos e 8.032.529 caprinos, representando, respectivamente, 13,2%,
51% e 93% do rebanho brasileiro.
A maioria dessa população tem como base alimentar
a utilização de pastagens nativas ou cultivadas, no entanto, com a
estacionalidade de produção das forrageiras é necessária a busca de alimentos
alternativos. Na época das chuvas a disponibilidade de forragens é
quantitativamente e qualitativamente satisfatória, todavia nas épocas críticas
do ano, além da escassez de forragens o valor nutritivo se apresenta em níveis
bastante baixos o que acarreta queda de produtividade e compromete a produção
de leite e carne (Lima et al., 2004). Tradicionalmente, utiliza-se como
concentrado energético o fubá de milho, numa relação de sete partes de milho e
uma de uréia, substituindo a mesma quantidade de farelo de soja. Mas a
utilização de fubá de milho como fonte energética, também pode comprometer
custos de produção, por não ser produzido em larga escala no Semi-Árido
Pernambucano. Assim, uma alternativa seria a utilização de uma fonte energética
de menor custo e disponível na região (Melo et al., 2003). Neste caso, poderia
ter como alternativa para as regiões semi-áridas do Brasil a utilização da
palma forrageira. A palma forrageira sem espinho não é nativa do Brasil, foi
introduzida por volta de 1880, em Pernambuco, através de sementes importadas do
Texas-
Estados Unidos. No Nordeste do Brasil são encontrados três tipos
distintos de palma: a) gigante - da espécie Opuntia fícus indica; b) redonda –
(Opuntia sp); e miúda - (Nopalea cochenilifera). A palma forrageira, em regiões
do semi-árido, é a base da alimentação dos ruminantes, pois é uma cultura
adaptada às condições edafoclimáticas e além de apresentar altas produções de
matéria seca por unidades de área. É uma excelente fonte de energia, rica em
carboidratos não fibrosos, 61,79% (Wanderley et al., 2002) e nutrientes
digestíveis totais, 62% (Melo et al., 2003). Porém a palma apresenta baixos
teores de fibra em detergente neutro, em torno de 26% (FDN), necessitando sua
associação a uma fonte de fibra que apresente alta efetividade (Mattos et al.,
2000). Com isso, esta revisão tem por objetivo demonstrar a eficiência da
utilização da palma forrageira na alimentação de ruminantes.
Revisão de Literatura
1. A palma forrageira A palma forrageira pertence à
Divisão: Embryophyta, Sub-divisão: Angiospermea, Classe: Dicotyledoneae,
Sub-classe: Archiclamideae, Ordem: Opuntiales e família das cactáceas. Nessa
família, existem 178 gêneros com cerca de 2.000 espécies
conhecidas. Todavia
nos gêneros Opuntia e Nopalea, estão presentes às espécies de palma mais
utilizadas como forrageiras. Existem três espécies de palma encontradas no
Nordeste do Brasil, a palma gigante, palma redonda e palma miúda. a) Palma
gigante- chamada também de graúda, azeda ou santa. Pertence à espécie Opuntia
fícus indica; são plantas de porte bem desenvolvido e caule menos ramificado, o
que lhes transmite um aspecto mais ereto e crescimento vertical pouco frondoso.
Sua raquete pesa cerca de 1 kg, apresentando até 50 cm de comprimento, forma
oval-elíptica ou sub-ovalada, coloração verde-fosco. As flores são
hermafroditas, de tamanho médio, coloração amarelobrilhante e cuja corola fica
aberta na antese. O fruto é uma baga ovóide, grande, de cor amarela, passando à
roxa quando madura. Essa palma é considerada a mais produtiva e mais resistente
às regiões secas, no entanto é menos palatável e de menor valor nutricional. b)
Palma redonda (Opuntia sp.)- é originada da palma gigante, são plantas de porte
médio e caule muito ramificado lateralmente, prejudicando assim o crescimento
vertical. Sua
raquete pesa cerca de 1,8 kg, possuindo quase 40 cm de
comprimento, de forma arredondada e ovóide. Apresenta grandes rendimentos de um
material mais tenro e palatável que a palma gigante. c) Palma doce ou miúda- da
espécie Nopalea cochenilifera, são plantas de porte pequeno e caule bastante
ramificado. Sua raquete pesa cerca de 350 g, possuem quase 25 cm de
comprimento, forma acentuadamente obovada (ápice mais largo que a base) e
coloração verde intenso brilhante. As flores são vermelhas e sua corola
permanece meio fechada durante o ciclo. O fruto é uma baga de coloração roxa.
Comparando com as duas anteriores esta é a mais nutritiva e apreciada pelo gado
(palatável), porém apresenta uma menor resistência à seca. Nos três tipos, as
raquetes são cobertas por uma cutícula que controla a evaporação, permitindo o
armazenamento de água (90-93% de água). As três espécies mencionadas não
possuem espinhos (são inermes) e foram obtidas pelo geneticista Burbanks, a
partir de espécies com espinhos. Foram introduzidas no Brasil por volta de
1880, em Pernambuco, através de sementes vindas do Texas, nos Estados Unidos,
onde demonstraram grande utilidade. Não toleram umidade excessiva e em solos
profundos apresentam extraordinária capacidade de
extração de água do solo, a
ponto de possuir cerca de 90-93% de umidade, o que torna importantíssima para a
região do polígono das secas. (Pupo, 1979). Atualmente, estima-se que, pela
ocorrência de severas estiagens nos últimos anos, área superior a 400.000 ha
esteja sendo utilizada com o cultivo das palmas forrageiras, constituindo-se em
uma das principais fontes de alimento para o gado leiteiro na época seca do ano
(Mattos et al., 2000). A palma apresenta-se como uma alternativa para as
regiões áridas e semi-áridas do nordeste brasileiro, visto que é uma cultura
que apresenta aspecto fisiológico especial quanto à absorção, aproveitamento e
perda de água, sendo bem adaptada às condições adversas do semi-árido,
suportando prolongados períodos de estiagem. A presença da palma da dieta dos
ruminantes nesse período de seca ajuda aos animais a suprir grande parte da
água necessária do corpo. Segundo Silva et al. (1997) um fator importante da
palma, é que diferentemente de outras forragens, apresenta alta taxa de
digestão ruminal, sendo a matéria seca degradada extensa e rapidamente,
favorecendo maior taxa de passagem e,
consequentemente, consumo semelhante ao
dos concentrados. A palma frequentemente representa a maior parte do alimento
fornecido aos animais durante o período de estiagem nas regiões dos semi-árido
nordestino, o que é justificado pelas seguintes qualidades: a) bastante rica em
água, mucilagem e resíduo mineral; b) apresentam alto coeficiente de
digestibilidade da matéria seca e c) tem alta produtividade. Como qualquer
outra planta, a palma necessita de
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