Poliana Aguilar, Aureliano José Vieira Pires, Maxwelder
Santos Soares, Leonardo Guimarães Silva, Joanderson Oliveira Guimarães,
Leone Campos Rocha, Thaiane Costa Machado, Olivaneide da Silva Frazão
INTRODUÇÃO
A necessidade de suplementação alimentar de ruminantes
durante o período de escassez de alimentos torna os métodos de conservação
bastante recomendados e por isto, tem-se pesquisado alternativas que reflitam
em diminuição dos custos e aumentem o valor nutritivo de alimentos considerados
de baixa qualidade ou baixo valor nutritivo (Pinheiro et al., 2009).
por ser uma cultura adaptada às condições edafoclimáticas da região,
apresentando altas produções de matéria seca por unidade de área,
constituindo-se em excelente fonte de energia, rica em carboidratos não
fibrosos e nutrientes digestíveis totais. Porém, apresenta teores reduzidos de
fibra em detergente neutro e proteína bruta. É de caráter imperativo a sua
associação a volumosos com teores consideráveis de fibra efetiva, priorizando o
equilíbrio entre carboidratos fibrosos e não fibrosos na dieta, e fontes de
nitrogênio (Pessoa et al., 2008). O bagaço de cana-de-açúcar é um alimento que
apresenta como principais características elevado conteúdo em constituintes da
parede celular, baixa digestibilidade e baixo teor de proteína bruta. Apesar de
suas limitações nutricionais, trata-se de uma fonte de fibra importante para
manter a saúde ruminal. Seu baixo teor em proteína leva à necessidade de
correções nutricionais em dietas à base de bagaço de
cana-de-açúcar (Pinto et
al., 2003). Diversos estudos demonstram a importância dos tratamentos químicos
na melhoria do valor nutricional dos volumosos, dentre os quais, a amonização,
com ureia ou amônia anidra, é a mais utilizada, tendo com principal vantagem a
elevação dos conteúdos de nitrogênio aumentando a disponibilidade para os
micro-organismos ruminais, e a redução da fibra em detergente neutro melhorando
a digestibilidade. Quanto ao tratamento de volumosos de baixa qualidade por
amonização se tem verificado elevação na degradação da celulose e hemicelulose,
em razão da expansão de suas moléculas, com rompimento de pontes de hidrogênio
e aumento da hidratação da fibra (Zanine et al., 2007). O teor de proteína
bruta da palma forrageira é insuficiente para o adequado desempenho animal, quando
fornecida como volumoso exclusivo (Ferreira, 2005), necessitando sua associação
a suplementos nitrogenados. De forma análoga o bagaço cana-de-açúcar e a palma
forrageira também podem ser associados à ureia ou a fontes de proteína
verdadeira com o intuito de elevar seu teor proteico. A associação de uma única
fonte suplementar à dieta, em oposição a um concentrado balanceado, facilitaria
o manejo e possibilitaria a redução de custos (Pessoa et al., 2010). Portanto,
objetivou-se avaliar a palma forrageira e bagaço de cana-de-açucar tratado com
ureia e amônia na dieta de ruminantes.
A palma forrageira tem sido utilizada como base da alimentação em rebanhos do Nordeste |
O bagaço de cana-de-açúcar é um alimento que apresenta como principais características elevado conteúdo em constituintes da parede celular |
PALMA FORRAGEIRA
A palma forrageira sem espinho não é nativa do Brasil,
foi introduzida por volta de 1880, em Pernambuco, através de sementes
importadas do Texas-Estados Unidos (Silva & Santos, 2007). Inicialmente, o
valor forrageiro da palma no Nordeste não foi reconhecido, só despertando o
interesse para este fim em Pernambuco e Alagoas em 1902 (Lira et al., 2006). A
palma forrageira pertence à Divisão: Embryophyta, Sub-divisão: Angiospermea,
Classe: Dicotyledoneae, Subclasse: Archiclamideae, Ordem: Opuntiales e Família:
palma do mundo, sendo a
maioria cultivada com a espécie Opuntia fícus-indica, mais conhecida como
“Palma Gigante”, porém, sua produtividade é baixa, próximo de 40 t ha-1 . No
México, local de origem da espécie, os agricultores produzem até 400 t ha -1 .
Essa diferença se deve provavelmente à falta de informações e/ou de acesso a
recursos para investimentos; ainda são relativamente poucos os produtores que
cultivam a palma forrageira nos moldes tecnológicos de forma a obter um melhor
rendimento e qualidade. De composição química variável segundo a espécie,
idade, época do ano e tratos culturais, a palma forrageira é um alimento rico
em água, carboidratos, principalmente carboidratos não fibrosos e matéria
mineral, no entanto, apresenta baixos teores de matéria seca, proteína bruta,
fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido comparada a outros
alimentos volumosos (Tabela 1). Estes aspectos deverão ser levados em
consideração quando for utilizada na alimentação dos animais, pois estes
nutrientes poderão interferir no trato digestível, através da taxa de passagem,
digestibilidade, fermentação, produtos finais, absorção e consequentemente no
desempenho e na saúde, mediante isto deve ser sempre fornecida associada a
fontes de fibra e de proteínas (Lira et al., 2005).
Opuntia fícus-indica Mill |
A palma é uma forragem muito palatável, que em geral,
propicia altas ingestões de matéria seca. Entretanto, devido a diferenças na
composição química ou anatômicas, pode haver diferença entre espécies no efeito
sobre a ingestão da ração (Batista et al., 2013). A estratégia alimentar de
misturar a palma aos demais ingredientes da dieta melhora o consumo de fibra,
aumentando o consumo efetivo dos nutrientes (Souza et al., 2010).
O consumo voluntário refere-se à quantidade máxima de
matéria seca que o animal ingere espontaneamente. É considerada a variável mais
importante a influir no desempenho animal, pois possibilita determinar a
quantidade de nutrientes ingerida e obter estimativas da quantidade de produto
animal elaborado (Torres et al., 2009). Aguiar (2013) avaliou a influência dos
teores de 0, 200, 400 e 600 g/kg-1 da palma forrageira cv. Gigante (base da
matéria seca) na dieta de novilhas mestiças 3/4 Holandês-Zebu utilizou-se
silagem de sorgo como volumoso e, como concentrado, milho, farelo de soja,
ureia, sal de recria, calcário, fosfato bicálcio, e relatou que os consumos de
matéria seca (MS), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF) e
nutrientes digestivos totais (NDT) foram influenciados de forma linear
decrescente pelos teores de palma forrageira na dieta, esse comportamento pode
ser justificado pelo decréscimo do teor de MS nas dietas com o aumento do teor
de palma forrageira. Quanto ao peso corporal final (PCF) e ao