RESUMO
O clima é considerado, fator regulador ou mesmo limitador
da exploração animal para fins econômicos, o estresse é acompanhado por um
acréscimo na atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA) e por um
decréscimo na função reprodutiva, ocorrendo uma possível relação com os
hormônios do eixo hipotalâmico-hipofisáriogonadal (HHG). Os hormônios
relacionados ao estresse podem influenciar a função sexual em três níveis do
eixo HHG: no hipotálamo, por meio do CRH (hormônio liberador de
corticotrofina), onde este inibe a secreção de GnRH (hormônio liberador de
gonadotrofinas) e, consequentemente, na hipófise anterior, diminui a liberação
de LH (hormônio luteinizante) e de FSH (hormônio folículo estimulante), assim,
prejudicando a reprodução animal. Dessa forma autores citam que encontraram uma
variação de 20 e 30% na taxa de concepção quando compararam as estações quente
e fria. Pesquisadores verificaram, ainda, um maior percentual de prenhez
(55,5%) no período frio se comparado com o período quente (44,5%), consequentemente
as perdas gestacionais no período frio foram menores (2,1%) quando comparadas
com o período mais quente (12,3%). A elevada temperatura a que um embrião está
exposto leva-o a tornar-se hipertérmico, podendo levá-lo à morte. Nos machos
também foi observado que a temperatura ambiente é o fator de maior importância
na espermatogênese dos machos de qualquer espécie e, quando muito elevada (da
ordem de 34,5ºC), é prejudicial tanto às etapas de formação dos espermatozoides
como àqueles elementos já formados e em trânsito pelo epidídimo.
1. INTRODUÇÃO
O clima na região semiárida é o elemento da natureza que
exerce efeito mais pronunciado sobre o bem-estar animal, produção e
produtividade. É considerado, portanto, fator regulador ou mesmo limitador da
exploração animal para fins econômicos (PEREIRA, 2005). Para Nóbrega (2011) os
parâmetros climáticos ou ambientais são analisados através da coleta de dados,
como: temperatura máxima e mínima, temperatura do bulbo seco e de bulbo úmido,
temperatura do globo negro, umidade realtiva do ar, além do índice de
temperatura (THI) e índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU),
ambos obtidos através de equações. Segundo Silva (2000) na região tropical,
durante boa parte do ano a temperatura do ar, juntamente com outros parâmetros
ambientais, pode provocar estresse nos animais, que buscam se ajustar,
aumentando a dissipação de calor por meio principalmente da termólise cutânea e
da respiratória. Segundo Bacari Júnior (1990), as avaliações de adaptabilidade
dos animais aos ambientes quentes podem ser realizadas por meio de testes de
adaptabilidade fisiológica ou de tolerância ao calor. A temperatura retal e a
frequência respiratória são consideradas as melhores variáveis fisiológicas
para estimar a tolerância de animais ao calor, além da temperatura superficial.
Para REECE (1996), a temperatura retal normal em caprinos oscila de 38,5 a 39,7°C,
enquanto, segundo MEDEIROS et al. (2007), a temperatura corporal média em
caprinos dita normal é de 39°C, observada comumente em zona de
termoneutralidade. Silanikove (2000) cita que a taxa de respiração pode medir a
severidade do estresse pelo calor, em que uma frequência de 40-60, 60- 80,
80-120 mov/min-1 caracteriza um estresse baixo, médio-alto e alto para
os
ruminantes, respectivamente; e acima de 150 para bovinos e 200 para ovinos, o
estresse é classificado como severo. Silanikove (2000) cita que a ativação do
eixo hipotálamo-hipófise adrenal com consequente aumento das concentrações
plasmáticas de cortisol é a resposta mais proeminente do animal a condições
estressantes. Entre as mudanças endócrinas importantes por ocasião do estresse,
pode-se destacar também, a diminuição na atividade do eixo
hipotálamo-hipófisetireóide, com redução das concentrações de hormônios
tireoideanos, tetraiodotironina ou tiroxina (T4) e 3-3, 5- triiodotironina (T3)
(REECE, 1996). Desta forma, se faz necessário o conhecimento da tolerância e da
capacidade das diversas espécies e raças como forma de suporte técnico para
exploração animal na região semiárida, o objetivo desta revisão foi avaliar por
meio de trabalhos de pesquisa encontrados na literatura vigente, a influência
do ambiente sobre a reprodução animal no semiárido.
2. METODOLOGIA
O Trabalho constou do processo de revisão bibliográfica,
buscando pelas principais fontes de pesquisas e autores que fizessem menção ao
efeito do clima sob a reprodução e adaptação dos animais no semiárido.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A influência do clima na Reprodução Animal 3.1.1
Efeitos sobre as Fêmeas Segundo Selye (1936) o estresse é acompanhado por um
acréscimo na atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA) e por um
decréscimo na função reprodutiva, ocorrendo uma possível relação com os
hormônios do eixo hipotalâmicohipofisário-gonadal (HHG). Os hormônios
relacionados ao estresse podem influenciar a função sexual em três níveis do
eixo HHG: no hipotálamo, por meio do CRH (hormônio liberador de
corticotrofina), onde este inibe a secreção de GnRH (hormônio liberador de
gonadotrofinas) e, consequentemente, na hipófise anterior, diminui a liberação
de LH (hormônio luteinizante) e de FSH (hormônio folículo estimulante), assim,
prejudicando a reprodução animal. SILVA, et al. (2010), avaliando os efeitos
das condições reprodutivas (pluríparas ou nulíparas) e
climáticas (período seco
ou chuvoso) sobre o número e qualidade de embriões colhidos de cabras da raça
Boer super ovuladas, verificaram que o número médio de estruturas e de embriões
viáveis, classificados como G1, recuperados de doadoras nulíparas foi maior no
período chuvoso que no período seco, não sendo observada diferença nas doadoras
pluríparas. O fato observado com as pluríparas, segundo os autores, deve-se à
adaptabilidade ao clima adquirida pelas fêmeas mais velhas. Segundo Rensis e
Scaramuzzi, (2003) encontraram uma variação de 20 e 30% na taxa de concepção
quando compararam as estações quente e fria. Os autores citam que no período
quente, ocorre uma redução no apetite e no consumo de matéria seca, desta
maneira, prolonga-se o período pós-parto de balanço energético negativo,
diminuindo a taxa de concepção das matrizes. López-Gatius (2003), também
encontrou um menor percentual de vacas cíclicas (73,6%) no período quente do
ano quando comparado com 93,5% no período frio. Os percentuais de ovários
inativos e císticos foram, respectivamente, de 1,2 e 2,4% para o período frio e
de 12,9 e 12,3% para o período quente. García-Ispierto et al., (2006)
correlacionando perdas gestacionais de fêmeas Holandesas com o índice de
temperatura e umidade (ITU) observaram que, com o aumento do ITU a partir de
65, já ocorre um aumento também significativo de perdas de prenhez de 8%, passando
para 12% quando este índice ultrapassa o valor de 69. Os autores verificaram,
ainda, um maior percentual de prenhez (55,5%) no
período frio se comparado com
o período quente (44,5%), consequentemente as perdas gestacionais no período
frio foram menores (2,1%) quando comparadas com o período mais quente (12,3%).
A elevada temperatura a que um embrião está exposto leva-o a tornarse
hipertérmico, podendo levá-lo à morte. O efeito deletério no desenvolvimento
embrionário depende do dia relativo à ovulação em que as vacas são submetidas
ao estresse térmico (HANSEN, 2005). 3.1.2 Efeitos nos machos A temperatura
ambiente é o fator de maior importância na espermatogênese dos machos de
qualquer espécie e, quando muito elevada (da ordem de 34,5ºC), é prejudicial
tanto às etapas de formação dos espermatozoides como àqueles elementos já
formados e em trânsito pelo epidídimo (MIES FILHO, 1987). A testosterona é o
hormônio que regula a espermatogênese, a expressão dos caracteres sexuais
secundários e o comportamento sexual (TODINI et al., 2007). SALLES (2010)
relatou aumento nos níveis de testosterona no período do ano de maior
desconforto térmico. Porém, COELHO et al. (2008) mostraram que bodes submetidos
ao estresse térmico não tiveram variação na concentração de testosterona.
Portanto ainda há poucas informações sobre alterações na testosterona
provenientes de estresse térmico. Salles (2010) mostrou que os elementos
climáticos tiveram influência sobre os parâmetros reprodutivos de machos
caprinos, principalmente no período seco, no qual a temperatura ambiente mais
elevada diminuiu a qualidade seminal, decorrente de uma redução da porcentagem
de espermatozoides móveis e do aumento das patologias espermáticas. As
características do sêmen não são imediatamente alteradas por mudanças na
temperatura testicular porque as células espermatogênicas danificadas só entram
no ejaculado algum tempo após o estresse. No touro, por exemplo, em que a
espermatogênese leva cerca de 60 dias, as alterações no sêmen ocorrem, aproximadamente,
duas semanas após o estresse térmico e não voltar ao normal até oito semanas
após o final do estresse (MULLER, 1983). A bipartição do