5 de fev. de 2012

ATÉ QUANDO ?

 
Bilhões de bocas
estão ávidas por proteína.
          Nas minhas andanças pelo sertão, procuro fazer uma avaliação do que vejo. Não de maneira sistemática e distante de de observador ou técnico  mas sim, tentando viver o dia a dia daquele local.  Visito fazendas de diferentes modelos. Algumas super equipadas  com utilização de tecnologia de ponta, e outras, a grande maioria,  mantem ainda um manejo natural, até primitivo.


        Quando me refiro a manejo natural, entenda-se  àquele manejo das propriedades que têm os  seu dia a dia regido pela natureza. Bezerros desmamam ao pé da vaca, não há controle de monta, pastagens são nativas , não se utilizam vermífugos , defensivos, e muitas vezes nem vacinas. Sempre me pergunto como podem as coisas funcionarem dentro destes parâmetros de manejo. E pasmem, funcionam.


Será que esta criança quer saber se o alimento que
lhe falta é organico ou não?
          No novo mundo globalizado as propriedades com falta de manejo estão caminhando para o abismo. A utilização da tecnologia e da informação está estreitamente ligada ao aumento de produção e renda. Não há problema nenhum em utilizar um produto agroquímico desde que na dose indicada e na forma adequada. Os Estados Unidos usam duas vezes mais defensivos que o Brasil. A Europa consome três vezes mais, e o Japão consome dez vezes mais agroquímicos em uma cultura de arroz que o Brasil! 


        De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) , caso não existissem esses produtos, haveria uma perda de até 40% da produção agrícola mundial. Começaria a faltar alimentos nas prateleiras dos supermercados. No caso Europeu, a neve proporciona um descanso para o solo e mesmo assim consomem três vezes mais defensivos agrícolas que o Brasil.


Vamos condenar a morte estas crianças?
          Como vemos seria impossível produzir alimentos no mundo moderno sem o uso dos agroquímicos porém, é preciso investimento público e privado para dar treinamento aos produtores para que fossem disseminados os procedimentos corretos nas aplicações dos defensivos agrícolas.


         Com um bilhão de famintos no mundo, os produtores brasileiros serão responsáveis em ser os maiores fornecedores de alimentos, fibras e energia do mundo até 2030 e, para que isso ocorra se faz necessário ampliar o acesso a tecnologia, ao crédito e ao mercado. Sabemos que a pecuária atualmente concorre com a agricultura e que as melhores terras serão reservadas para culturas nobres . O semi-árido então poderá despontar como uma boa alternativa para produção de carne e leite, suprindo os mercados regionais e exportando o excedente.


Será que o que vai fazer mal a estas crianças
foi a utilização de defensivos agrícolas?
          Eu poderia aqui fazer mais um discurso bonito sobre a pecuária ecológica, boi orgânico e outros modismos que agradam aos ouvidos mas, na verdade é que seria muito difícil sustentar as bilhões de bocas que estão ávidas por proteína animal sem a utilização correta de defensivos agrícolas aliadas as novas técnicas de manejo e a utilização de uma sofisticada mecanização.


        Precisamos não ter medo do avanço da tecnologia. A opinião pública, muitas vezes manipulada por ONGs  mal intencionadas e por algumas reportagens de
cunho sensacionalistas, costuma a considerar que defensivo agrícola age como veneno e não como remédio. Muitos levantam essa bandeira de maneira irresponsável, e se utilizam disso para inflar o ego ecológico afinal, sobrevivem disso. Esquecem que se o mundo suspendesse a utilização de agroquímicos, se espalharia o caos e o terror por toda a humanidade. Bilhões de crianças não chegariam sequer a ter a chance de sobreviver e morreriam de fome.

         Cezar Mastrolorenzo
é criador de Sindi no sertão baiano 
e Secretário da ABCSINDI

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