1 de jul. de 2019

CERCA ELÉTRICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA - ENG 460 - ELETRIFICAÇÃO RURAL
Júlio César Ferreira de Melo Júnior
Matr.: 33637
1.      Introdução

 VISITE NOSSO SITE DE VENDAS
VISITE NOSSO SITE DE VENDAS
Em tempos bastante remotos o homem já se defrontava com o problema de "pastorear" os animais. Nos primórdios da civilização o próprio homem conduzia seu rebanho nas pastagens naturais, sendo depois auxiliado por cães amestrados. Através dos tempos, o conceito da cerca surgiu a partir da existência natural de barreiras físicas como valas, rios, córregos e marcos de pedra. Com o conseqüente crescimento populacional e aumento dos rebanhos surgiu a necessidade de limitar o espaço através da demarcação de terras e sua posterior divisão em áreas de cultura e pastagens. Passou-se, então, a utilizar de forma mais racional os recursos naturais existentes como cercas de pedras, cercas vivas, cercas de madeira e valos. Com o aparecimento do fio metálico, Joseph Glidden inventou e patenteou, em 1867, nos Estados Unidos, o arame farpado, que, produzido em larga escala, permitiu ao homem dividir de forma racional as pastagens, contribuindo desta maneira para facilitar o manejo dos rebanhos. Para as propriedades de menor porte, o surgimento da cerca eletrificada, nos últimos anos, trouxe um novo conceito de cerca, seja pelo seu menor custo como pela sua praticidade de manejo, com a vantagem de não provocar danos físicos aos animais com ela manejados, ao contrário da cerca de arame farpado (AGGELER, K. E.).As primeiras cercas eletrificadas surgiram em 1920. Entretanto, foi a Partir de 1930 que realmente foram fabricados os primeiros aparelhos eletrificadores de cercas eficientes, tanto no choque como na segurança em relação a vida humana. A cerca elétrica é uma solução totalmente eficaz e de baixo custo para realizar subdivisões em campo nativo ou pastagens cultivadas. Sua utilização é maior como: piquetes temporários, cercar fazendas, utilizada para coroar culturas, bastante prática em regiões acidentadas e em planas. Também servem como reforço de cercas velhas pela sua fácil instalação em qualquer parte da fazenda (MACIEL; MARTINS).

1.      Objetivos
INSCREVA-SE EM NOSSO CANAL
O objetivo deste trabalho é mostrar aos estudantes de eletrificação rural, a importância da cerca elétrica para o produtor rural; mostrar o princípio de funcionamento da cerca, bem como os princípios que são utilizados na construção dos eletrificadores; comparar pelo estudo da análise econômica se há vantagem econômica em relação às cercas convencionais; mostrar as vantagens e desvantagens da cerca elétrica em relação às cercas convencionais; e mostrar as partes constituintes, sua construção, sua manutenção e cuidados que devem ser tomados com o sistema.
2.      Princípios utilizados na construção dos eletrificadores, utilizado no funcionamento da cerca elétrica e do sistema3.1 Princípios utilizados na construção dos eletrificadores.
Na construção destes eletrificadores são utilizados vários princípios que variam com a marca do
aparelho, neste trabalho mencionaremos dois destes princípios:Quando dá-se o contato em (C), passa uma corrente gerada pelo acumulador (B) para (T1), imantando o núcleo de ferro (N), que atrai a armadura (A), com isto se abre o circuito em (C) e então é interrompido a passagem de corrente. O pêndulo (P), preso a armadura faz retornar o contato repetindo a operação anterior. O pêndulo é regulado de tal modo que só produz uma interrupção por segundo. Estando fechado o circuito durante a décima parte do tempo.
As correntes induzidas no secundário alcançam uma tensão de 5.000 Volts (MACIEL; MARTINS). As lâmpadas de neon (G), se acendem com a tensão da linha, fechando o circuito e passando uma corrente pelo primário do transformador (T). A resistência (R) origina em seguida uma queda de tensão suficiente para impedir o funcionamento das lâmpadas de Neon (G), que ao se apagarem interrompem o circuito, novamente volta a tensão normal, acendem as lâmpadas e assim sucessivamente. O circuito está ligado ao primário do transformador, o terminal do secundário é
ligado na cerca e o terceiro à terra. O condensador (C) contribui com sua carga para o acendimento das lâmpadas. O Condensador e a resistência são variáveis para adaptar o aparelho às distintas condições: comprimento da cerca, sensibilidade maior ou menor das espécies de animais a que se destina, condutividade do terreno, etc (MACIEL; MARTINS). 
3.2. Princípio de Funcionamento 
Por meio de uma fonte de energia (pilhas, bateria 12V, corrente elétrica ou energia solar), os eletrificadores geram impulsos de curta duração de corrente (milésimos de segundo) e de alta voltagem, mas de muito baixa amperagem.Isto assegura que não exista perigo nem para o homem, nem para o animal. A freqüência de golpes por minuto é regulada de acordo com cada fabricante, no entanto, as normas internacionais estabelecem um máximo de 2 pulsos por segundo.Como toda corrente elétrica, esses pulsos necessitam de dois condutores para circular: um é o arame da cerca e o outro é o "terra"; ambos unidos ao eletrificador, o primeiro diretamente, o segundo através de
aterramento. Como vemos, trata-se de um circuito aberto que se fecha ao se produzir o contato entre o arame e a terra, por intermédio do animal. No momento de se produzir este contato, o pulso gerado
pelo eletrificador sai pelo arame; atravessa o animal chegando a terra através de seu corpo; dirige-se através da mesma até o aterramento e ai novamente ao aparelho, completando o circuito e provocando o choque elétrico (figura 01).As plantas que tocam o arame eletrificado (vivo) produzem o mesmo efeito, provocando uma perda de energia que afeta a todo o sistema (curto-circuito) (figura 02). Para realizar a subdivisões de potreiros grandes utilizando cercas elétricas permanentes e para superar os curto circuitos ocasionados por plantas ou por outros fatores, surgiram os eletrificadores de ALTO PODER. O eletrificador de cercas de alto poder, envia pulsos ao arame com grande quantidade de energia, mas de muito breve duração (milésimos de segundo). Isto permite eletrificar com eficiência grandes extensões, superando os curtos-circuitos que, com a tecnologia tradicional, ocasionavam uma grande diminuição do pulso (TERKO). 
3.3 Princípio do Sistema 
O conceito de cerca elétrica é totalmente oposto ao conceito de cerca
convencional. Trata-se de
construir um sistema que não permita a passagem dos animais, não por resistência mecânica, mas sim por temor. Trata-se de uma barreira psicológica ou mental onde o animal não passa porque tem gravado na memória a recordação de um sensação dolorosa. É conveniente que, ao se iniciar o uso de cercas elétricas, trabalha-se em condições de mínimo "stress" e com espaço suficiente para os animais (TERKO).
4.      Vantagens e desvantagens da cerca elétrica em relação às cercas convencionais.
4.1 Vantagens de Cerca Elétrica Comparada com a Convencional
A cerca eletrificada apresenta vantagens quando comparada com a cerca convencional. Dentre elas, destacam-se as seguintes:
ü  seu custo é inferior ao das cercas convencionais feitas de arame farpado ou liso;
ü  o gasto com mão-de-obra é menor: em torno de 1 h para a instalação em 1 ha;
ü sua manutenção é muito fácil e econômica, pois gasta-se menor quantidade de material (varas de suporte, fio condutor, etc.) na sua instalação;
ü  pode ser facilmente modificada, deslocada, removida ou guardada, o que não ocorre com as cercas convencionais, que são permanentes;
ü  sua instalação é possível em locais acidentados, pois ela acompanha os desníveis do terreno;
ü torna possível a montagem rápida (em questão de minutos) de piquetes provisórios, sem custo adicional;
ü  permite a um baixo custo o manejo intensivo das pastagens, apenas deslocando-se a cerca;
ü Contém animais que não são dóceis (bovinos, bubalinos) que as cercas convencionais não o conseguem. O condicionamento dos animais nos piquetes divididos com cerca eletrificada possibilita a contenção dos animais da fazenda, sem qualquer problema posterior;
ü Com a cerca eletrificada, o número de acidentes será reduzido. Os animais, por respeitarem este tipo de cerca, guardam dela uma certa distância, não tentando forca-la ou puxa-la, o que evita úberes dilacerados, pernas quebradas e couro danificado;
ü Entretanto, como qualquer outro tipo de cerca, a elétrica está sujeita a descargas atmosféricas; como os animais ficam afastados dela, o perigo de serem fulminados é menor;
ü Rapidamente podem-se isolar áreas que se tornaram fisicamente perigosas, ou que estão ocupadas por animais doentes, etc.
4.2 Desvantagens de Cerca Elétrica Comparada com a Convencional
A cerca eletrificada apresenta desvantagens quando comparada com a cerca convencional. Dentre elas, destacam-se as seguintes:
ü  não pode ser instaladas nas divisas com vizinhos a não ser que haja acordo assinado entre ambas as partes;
ü  os cavalos que já levaram um choque nas cercas, ficam medrosos e dificilmente serão guiados perto ou ao longo delas; e
ü  a sua instalação não é recomendável nos locais públicos, onde houver a possibilidade de seres humanos tocarem nestas cercas elétricas, será necessário a instalação de quadros de aviso, de maneira bem visíveis.
5.      Componentes do Sistema
A realização de uma correta instalação de cerca elétrica depende de vários elementos.
ü  Eletrificador;
ü  Arame condutor;
ü  Isoladores;
ü  Aterramento;
ü  Estacas e Esticadores;
ü  Arames e Fios flexíveis.
Se caso ocorrer a falta de algum destes componentes, a eficiência do sistema diminui parcial ou totalmente. Por isso é importante enfatizar todos os componentes do sistema anteriormente mencionados A seguir comentaremos cada um deles:
5.1 Eletrificador
É o componente principal; tem como função transformar a energia de alimentação, de modo que ao tocar o fio eletrificado da cerca o animal ou o ser humano receba uma descarga (choque ) que não lhe faça mal. O fio da cerca nunca deve ser ligado diretamente a rede elétrica da propriedade, seja esta de 110 ou 220 V. Se isto for feito o choque poderá ser mortal. Os aparelhos eletrificadores devem ser de qualidade comprovada, fabricados de acordo com as normas de segurança internacionais. Não se
deve utilizar aparelhos de fabricação caseira ou improvisados. A escolha do modelo do aparelho a ser utilizado será em função da fonte de energia e do comprimento do fio a ser eletrificado. O alcance dos aparelhos mais recentes, variam entre 3 a 120 km, porém isso depende da condutibilidade do solo. Os aparelhos à bateria tem uma restrição quanto ao seu alcance, devido ao consumo de energia que deve ser pequeno, mas ultimamente os aparelhos já estão sendo fabricados com o mesmo alcance. Todos os fabricantes informam que nunca devem ser ligados dois eletrificadores a uma
mesma cerca (AGUIRRE).
5.1.1. Tipos de fontes alimentadoras
ü  Rede elétrica: para as tensões de 110 e 220 V e com potência de O,5, 2, 6 e 7 W.
ü  Bateria: existem baterias de 6 e 12 V, com potência de O,O85, O,5 e O,6 W.
Estes eletrificadores são úteis em locais onde não existe energia elétrica e principalmente como aparelho de reserva no caso de falta de energia na rede elétrica, e também quando for possível o reparo do eletrificador ligado à rede.
Para evitar a remoção periódica da bateria é possível instalar junto com o conjunto eletrificador/bateria, um carregador solar (Painel Fotovoltáico) que se encarregará de manter a bateria carregada permanentemente. Neste caso a manutenção consistirá apenas em manter o nível do eletrólito da bateria.
ü  Pilha: utiliza-se 12 pilhas de 1,5 V = 18 V com uma autonomia de 2,5 meses.
     Consumo de O,O65 W/h.
As maneiras de ligação do aparelho a fonte de energia são as seguintes:
ü  modelo de rede elétrica: em tomada convencional (110/220 V);
ü  modelo de bateria: dois jacarés, um vermelho( positivo ) e outro preto (negativo); e
ü  modelo híbrido: dois cabos, um com a tomada e outro com os jacarés.
A corrente de saída não é contínua e sim, flui pôr impulsos de 1/1000 a 1/10 de segundos a cada 1/10
a 1 segundo. Esta característica é importante pois, no intervalo de um impulso e outro, a tempo do animal ou pessoa reagir e afastar, evitando a possibilidade muito remota, de ficar grudado a cerca. Esta possibilidade pode existir somente nas cercas eletrificadas com aparelhos de fabricação duvidosa (MACIEL; MARTINS). Muitos eletrificadores eletrônicos vêm montados em caixas de polipropileno teflon de alto impacto ao tempo ou em caixas metálicas à prova de tempo. Outros
apenas em caixas sem proteção ao tempo, umidade e poeira. Internamente, a disposição interna está representada conforme a (figura 04). No diagrama abaixo está representado os componentes básicos de uma eletrificador.
5.2. Isoladores
É necessário e imprescindível utilizar isoladores de primeira qualidade, descartando o uso de certos materiais como: ossos, mangueiras, borrachas de procedência desconhecida, por serem ineficazes em sua função e/ou possuir vida útil curta. Há isoladores para utilizar em diversos casos:
5.2.1. Isolador terminal de arranque
Sua função é isolar os postes de arranque. Deve ser forte e resistente para suportar a tensão do arame.
É feito de polipropileno (TERKO). 
5.2.2. Isolador de linha (ou percurso)
Sua função e isolar e sustentar o fio condutor dos postes de sustentação. Alguns isoladores utilizados (TERKO). 
5.2.3. Isolador para varinha metálica
As varinhas isoladas devem ser usadas somente para o caso de cercas elétricas móveis como por exemplo ao utilizar-se carretel com cabo de aço flexível. As varinhas devem estar perfeitamente isoladas para evitar perdas importantes ocasionadas por curtos-circuitos.
As alternativas são:
ü  Isolador com parafuso e Porca
Evita curtos-circuitos do arame com a varinha, altura regulável, pode-se colocar mais de um em cada varinha (para ovinos, suínos ou terneiros).
ü  Isolador tipo "rabo-de-porco"
Para usar com varinhas de 10 mm, evita curtos-circuitos.
5.3. Aterramento
O aterramento do eletrificador é um dos pontos mais importantes na instalação de um sistema de alta potência, e o menos observado pelo usuário. Ele funciona como se fosse uma antena receptora de impulsos. Deve ser feito com 1 a 3 hastes de 2 m, de material inoxidável (cobre ou ferro galvanizado)
de 1" e firmemente conectadas entre si. A quantidade de hastes dependerá da área operativa e distância da cerca. Para distâncias ou área operativa e distância da cerca. Para distância ou áreas pequenas pode ser utilizada uma haste. Para sistemas maiores deve-se agregar mais hastes. Se o aterramento é suficientemente profundo captar-se-á o máximo possível de energia, aumentando a potência do choque (TERKO).
5.3.1. Tipos de aterramentos recomendados
ü  Retorno do terra pela terra
Em instalações temporárias ou de pequena extensão: é suficiente um só cano galvanizado, enterrado de 0,5 a 1 metro de profundidade. Em instalações centralizadas de amplo raio de ação: recomenda-se
enterrar dois ou três canos galvanizados de 1", a dois metros de profundidade. A separação entre os canos deve ser de dois metros, e as uniões entre eles devem ser por meio de um arame galvanizado firmemente unido por uma braçadeira (TERKO).
ü  Retomo do terra pela cerca
Recomenda-se nos seguintes casos:
ü  regiões com solo bastante seco;
ü  solos superficiais;
ü  instalações em áreas operativas muito extensas.
ü  crescimento de vegetação que toque o fio de arame inferior.
O arame conectado a terra facilita muito o retomo do impulso, evitando assim os problemas de condução através do solo, que podem ser ocasionados pelos casos primeiramente citados. No caso da cerca elétrica para ovinos(2 a 3 fios), pode utilizar-se o fio inferior como "terra"(não é necessário isola-lo), evitando assim que o contato do arame com a vegetação ocasione perdas (TERKO)
ü  Aterramentos Secundários
O sistema consiste em unir mediante um arame extra conectado à tomada de terra, novas tomadas de terra em distintos pontos do campo. Este sistema é aconselhado para grandes superfícies, melhorando o alcance e eficiência dos eletrificadores (MACIEL E MARTINS).
ü  Teste da eficiência do terra
 Após a instalação, deve-se testar a eficiência do "terra". A 100 metros de distância do cano ou haste, faz-se um contato da cerca eletrificada com o solo, usando-se quatro a cinco fios ou estacas de ferro e
fechando-se, desse modo, o circuito.
Com uma das mãos segura-se a extremidade do cano ou haste-terra, e com a outra pressiona-se o solo. Caso exista a sensação de formigamento ou mesmo um leve choque, torna-se necessário instalar mais uma haste, enterrando-a a dois metros de distância da primeira. O teste deve ser repetido até que nenhuma sensação ocorra, comprovando-se assim a eficiência do "terra" (figura 11) (AGUIRRE).
5.4. Esticadores e Estacas
 A cerca eletrificada contém os animais por reflexo condicionado e dai pode ser utilizada uma quantidade muito menor de mourões (lascas, estacas), estes terão a única função de sustentar o arame
suspenso, podendo ser portanto, em dimensões muito inferiores aos habitualmente utilizados nas cercas de arame farpado ou liso.Os esticadores poderão ser colocados a distancias de até 100 m, se o terreno possibilitar. As estacas ou lascas intermediárias serão colocadas a distâncias variando de 2 a 10 m, dependendo da topografia e do tamanho do animal.Os esticadores habitualmente utilizados são os de eucalipto tratado, com 10 cm de diâmetro, e as estacas ou lascas que podem ser de cano, ferro, bambu ou mesmo de eucalipto tratado. Caso haja irregularidade no terreno, para evitar que os animais passem por baixo ou por cima da cerca, proceder conforme as (figura 12). Lembrar que o arame da cerca deve estar preso aos esticadores e as lascas através de isoladores, pare que não haja fuga de
corrente. Para a instalação de cercas móveis, o mais indicado são as varas de fibra de vidro e fio flexível. As varas de fibra de vidro tem como principais vantagens:
ü  seu baixo peso (80 g);
ü  dispensam o uso de isoladores;
ü  sua fácil colocação; existe, inclusive, no mercado um batedor que permite a rápida
colocação das varas (em segundos);
ü  em poucos minutos, pode-se fazer um piquete provisório ou isolar uma plantação.
A sua desvantagem ainda é o seu custo, porém, devido a sua praticabilidade, recomenda-se ter na propriedade algumas varas para os mais diferentes usos (AGUIRRE; HAIM,).
5.5. Arames e Fios Flexíveis 
Nas cercas eletrificadas, pode-se usar qualquer tipo de arame condutor, como, por exemplo, o liso, o farpado, etc. Em termos de condutibilidade elétrica, estes arames são suficientes para solucionar o
problema. Na construção de uma nova cerca, definitiva, recomenda-se o arame liso galvanizado ovalado n.°14. Ao eletrificar ou tornar "nova" uma cerca já existente, recomenda-se remover um dos arames e recoloca-lo com isoladores. A tensão do arame de uma cerca eletrificada é ser inferior a usada nas convencionais, pois a contenção dos animais ocorre de forma condicionada, e não física. Para uso em rotação de pastagens e em piquetes provisórios, recomenda-se o fio flexível, que é um cordonete de polietileno trançado com fios de cobre. Haverá com, ele facilidade na instalação e na remoção da cerca, principalmente quando o suporte for vara de fibra de vidro. As vantagens do fio flexível são a facilidade de manuseio ao enrolar e desenrolá-lo, boa condutibilidade, baixo peso. A única desvantagem é quanto a sua durabilidade, devido ao desgaste provocado pela ação do sol sobre o polietileno (AGUIRRE).
6.      Número de Fios e Alturas Recomendadas 
O número de fios a serem usados e as alturas recomendadas estão em função do tamanho dos animais que serão contidos pela cerca. A regra básica é tomar como base a altura do peito do animal (Quadro 1) (AGUIRRE).
7.      Tipos de Porteiras Utilizadas em Cercas Elétricas 
Existem diversas formas de fazer porteiras com a cerca eletrificada, e, neste aspecto, pode ser
observada uma grande economia em relação as porteiras convencionais.A porteira é basicamente um pedaço de 5 m de fio flexível condutor de energia. Quando a cerca estiver eletrificada, há necessidade de se prender a uma das extremidades do fio um punho isolante, para que a porteira possa ser manuseada. Internamente ao punho ou em outro ponto do fio flexível existe a necessidade de uma mola para permitir o engate junto ao mourão da porteira por meio de um gancho, como na figura 14 e 15. A seguir serão dados exemplos de diversos esquemas de montagem de porteiras, com a análise de suas respectivas vantagens e desvantagens (AGGELER).  
7.1. Porteira Simples É basicamente a continuação da cerca, conforme a figura 14. A sua desvantagem aparece quando ela é aberta, pois um setor da cerca fica desligado e, se colocada no chão, haverá fuga de energia para a terra (AGGELER).
7.2. Porteira ideal São varias as vantagens de sua utilização:
ü  quando aberta, o restante da cerca permanece ligado;
ü  pode-se colocar a porteira aberta no chão, pois o seu lado oposto não está eletricamente ligado, e portanto não haverá fuga de energia.
ü  é fácil localizá-la visualmente.
Deve-se tomar cuidado de esticar o arame ao longo da porteira, para evitar que esta fique em contato com madeira, o que provocaria a fuga de corrente (AGGELER).
7.3. Porteira com 2 fios condutores
E idêntica a anterior, porem utilizada para cercas com dois arames.
7.4. Passagem subterrânea
Nesse caso, o fio que passa sob o solo deve ser muito bem isolado. Se não houver outra alternativa, utilizar um cabo isolado de 10.000 V (do tipo usados em tubos de televisão), dentro de uma tubulação do tipo PVC. Externamente, as pontas da tubulação deverão ser voltadas para baixo, para evitar a entrada de água (figura. 17) (AGGELER).
8.      Proteção Contra Raios
As cercas convencionais de arame liso ou farpado tendem a atrair raios, e é comum que animais morram, devido às descargas elétricas, quando estão a até 3 a 4 m destas.
Quando se usa a cerca elétrica, este risco é consideravelmente diminuído, pois se tem uma massa metálica menor em razão da menor quantidade de arame utilizado, e pelo fato dos animais
permanecerem afastados dela. Quando a cerca eletrificada é atingida por raio, o aparelho geralmente é danificado. Não existe propriamente uma forma de se evitar o risco da "queima" do aparelho, porém pode-se reduzi-lo consideravelmente de três maneiras:
ü  usando-se pára-raios: o risco é reduzido ou quase eliminado, porém a um custo muito alto, pois ha necessidade de instalar diversos equipamentos ao longo da cerca;
ü  utilizando-se o fio flexível como um fusível, deixando-se aproximadamente 5 m deste entre o aparelho eletrificador e o inicio da cerca propriamente dita; e
ü  usando-se faiscador de descarga que é um dispositivo simples capaz de absorver grande parte da energia de um raio que eventualmente venha cair sobre a cerca. A distância entre os eletrodos deve ser tal que, em condições normais, se for colocada uma chave de fenda com cabo plástico entre as pontas, sem tocá-las, não haverá faísca. Muitas literaturas recomendam uma distância entre eletrodos de 1 cm (figura 18). Com a energia de um raio, no entanto, haverá uma faísca que se descarregará parcialmente a terra (AGGELER).Recomenda-se a colocação de um faiscador de descarga próximo ao aparelho eletrificador, e outros a cada 2 km de cerca.
A montagem do pára-raios deve ser em local próximo ao eletrificador. Uma extremidade do faiscador é aterrada e outra ligada a cerca e esta a uma bobina passa-baixa. A função da bobina é impedir que passe correntes em alta freqüência, com isso os pulsos do eletrificador fluem naturalmente para a cerca, mas a corrente proveniente do raio não passa (AGGELER) (figura 19).
9.      Manutenção da Cerca Elétrica
Como todo aparelho eletrônico, os eletrificadores de cerca podem apresentar defeitos. Quando isto ocorrer, nunca levar o aparelho para ser revisado por "técnicos de televisão", mas sim, pelo próprio fabricante, pois este, além dos conhecimentos teóricos necessários, possue os equipamentos apropriados ao concerto. Geralmente o aparelho eletrificador de cerca tem uma pequena lâmpada localizada em ponto visível, que pisca a cada pulso do aparelho. Ela serve para demonstrar a entrada de energia, bem como o perfeito funcionamento do aparelho. Outro método simples e prático para verificar o funcionamento do aparelho, como também a intensidade do choque, é feito da seguinte forma: segurando com a mão uma folha de capim, longa e verde, ao encostá-la ao fio da cerca sente-se um leve choque. Ao se reduzir a distância entre a mão e o fio da cerca, o choque será sentido com maior intensidade. As fugas de corrente diminuem a eficiência de uma cerca elétrica. Estas ocorrem quando, por exemplo, o pasto está alto e o capim encosta na cerca, ou ainda quando um isolador está trincado. Para se diminuir o risco destas fugas de corrente, recomenda-se rebaixar o capim ao longo da cerca com roçadeira, ou ainda utilizando-se herbicidas. As fugas através dos isoladores ocorrem geralmente quando utilizam-se os de plástico; nestes, com o decorrer do tempo, aparecem trincas (microfissuras provocadas por raios ultravioletas). Nestas trincas há o acumulo da matéria orgânica que conduz a corrente elétrica.As fugas de corrente podem ser detectadas pelo estalo (faísca) que elas emitem; a noite, ás vezes, é possível visualizá-las (AGGELER). Hoje no mercado existem vários modelos e tipos testadores eletrônicos de cerca (figura 20). 
10.      Placas de Advertência
Normas de segurança internacionais recomendam o uso de placas indicativas da presença de cerca elétrica, da seguinte forma:
ü  As placas devem ser amarelas com o texto em preto, contendo um raio (símbolo de alta tensão) e os dizeres CERCA ELÉTRICA, com altura mínima das letras de 2,5 cm. A dimensão mínima da placa deve ser de 10 x 20 cm;
ü  Recomenda-se a colocação destas placas a cada 100 m; nas áreas com maior trânsito a cada 50 m, ou de tal forma que sempre uma placa fique visível (AGGELER) (figura 21).
11.      Adestramento dos Animais  Os animais devem ser adestrados perante a cerca elétrica. Este treinamento é feito com um certo número de animais colocados dentro de um cercado reduzido. Debaixo do fio eletrificado da cerca colocar alimentos dos mais apreciados pelos animais a serem ensinados. Os animais se aproximem da comida, tocam o fio e recebem o choque, ficam surpresos, insistem mais uma ou duas vezes e desistem. Este método deve ser aplicado durante dois ou três dias seguidos por duas horas. Após este simples treinamento o
animal respeitará a cerca. Os suínos são mais difíceis de aprenderem, mais se adaptam perfeitamente a este tipo de cercado. Deve-se colocar algumas fitas coloridas no arame eletrificado para que os animais visualizem a cerca e se acostumem a ficar distantes da mesma e, quando forem colocados no local definitivos, se houver necessidade, deve-se colocar também algumas fitas no arame. Algumas vacas tem a tendência de pularem a cerca. Neste caso deixar dependurado em seu pescoço um pedaço de corrente metálica a 50 cm do solo. Aproximando-se para pular, o animal receberá a descarga e aprenderá rapidamente. Outro artifício usado para os
animais respeitarem a cerca é o seguinte: toma-se um pedaço de arame que deve circundar o par de chifres, formando uma haste com a extremidade dobrada. Assim o animal ao tentar passar sob o fio eletrificado receberá o choque e recuará. Após todo este treinamento o uso destes artifícios, o animal poderá ser colocado no pasto definitivo, estando este familiarizado com o sistema (MACIEL; MARTINS).
12.      Análise Econômica
Considerações:
ü  Taxa de juros: 12% a.a.
ü  Manutenção: 2% do custo inicial para as quatro cercas analisadas.
OBS: Os cálculos são para a unidade de km, da cerca instalada.
12.1 Discriminação dos materiais e custos
Nos quadro seguintes são mostrados os custos de implantação de cada cerca:
13.      Conclusão
Conforme o quadro de análise econômica, pode-se concluir que a cerca elétrica tem custo menor que as convencionais e, não sendo possível o cálculo da TIR (Taxa Interna de Retorno), e além disso apresenta outras vantagens em relação as convencionais, como já discutido anteriormente, portanto é mais indicada para contenção de animais.
A utilização generalizada da cerca elétrica depende principalmente do conhecimento do sistema, seu princípio de funcionamento, e pessoas habilitadas para realizar sua implantação. Outro fator é a disponibilidade de materiaia utilizados neste tipo de cerca, mas, com a difusão do conhecimento este não será mais um problema.
Eu como meus colegas engenheiros agrícolas, temos que aproveitar estas tecnologias difundindo aos pecuaristas, mostrando a possibilidade de aumentar sua lucratividade, com menores custos de implantação e também visando o melhor manejo de seu rebalho e com isto criar e espandir o mercado de trabalho. 
14.      Perguntas
ü  Fale sobre o princípio de funcionamento da cerca elétrica.
ü  Esquematize o princípio de Rhumkorff ou o de Ericsson para construção dos eletrificadores, e comente sobre seu funcionamento.
ü  Classifique o eletrificador de acordo com a fonte de energia elétrica.
ü  Cite pelo menos cinco vantagens da utilização da cerca elétrica.
ü  Comente sobre o princípio do Sistema
ü  Esquematize o diagrama básico do eletrificador eletrônico.
ü  Quais são os tipos de cerca elétrica? comente sobre um.
ü  Cite as partes constituintes da cerca elétrica.
ü  Qual a finalidade do aterramento?
ü  Qual o procedimento que se faz para verificar se a cerca está realmente eletrificada, mesmo que a luz pisca de aviso do eletrificador esteja funcionando normalmente?
15.      Bibliografia
AGGELER, K. E. Cerca elétrica - manual de construção e manejo. Florianópolis, EMPASC, 1982, 68p. (EMPASC. Boletim Técnico, 17).
AGUIRRE, J.; HAIM S. L. Cerca eletrificada. Campinas, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 2a impressão 1997, 24p.
MACIEL, N. F.; MARTINS, J. E. - Cerca Elétrica.Viçosa, M.G. 1992, 44 p.
TERKO ‑ Sistemas de Cercas Elétricas. Manual Técnico, 1989, 22 p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pensamento do mês