Por: Jose A. Marengo, Ana P. Cunha e Lincoln M. Alves
Resumo
Episódios de secas na região têm sido relatados desde o
século 16, sendo recorrentes na região. Enquanto algumas medidas foram tomadas
pelos governos para atenuar os impactos, ainda há uma percepção de que os
moradores, principalmente em áreas rurais no semiárido, ainda não estão
adaptados a estes perigos. A seca que assola o semiárido do Nordeste desde 2012
a 2015, teve uma intensidade e impacto não vistos em várias décadas e já
destruiu grandes áreas de terras agrícolas, afetando centenas de cidades e vilas
em toda a região, e deixando pequenos agricultores que lutam para obter água.
Alterações na circulação atmosférica e precipitação detectadas desde o verão de
2012 sugerem um papel ativo das águas superficiais mais frias do que o normal
no Pacífico equatorial, e uma zona de convergência intertropical deslocada
anomalamente para o norte de sua posição normal, com aumento da subsidência
sobre o Nordeste Brasil. No Nordeste do Brasil sinais de seca começaram a
aparecer em dezembro de 2011 e se intensificaram durante o verão e outono de
2012, gerando deficiência hídrica em quase todo o semiárido desde o centro-sul
da Bahia até o Rio Grande do Norte e Ceara em 2011-14. Desde 2013até 2015 a
maior concentração de déficit hídrico incluiu particularmente o norte da Bahia,
oeste do Pernambuco e o leste do Piauí, onde a situação de seca ainda persiste.
O evento El Niño em 2015 agravou a situação de seca iniciada em 2012.
1. Introdução: A região semiárida do Nordeste do Brasil
(NEB) situa-se entre 2,5 ° S e 16,1 ° S e 34,8 ° W e 46 ° W,com uma área de
cerca de 1.542.000 km2, ou cerca de 18,26% da área do Brasil (Magalhães et al.,
1988), e é a mais densamente populosa entre as terras secas do mundo,com mais
de 53 milhões de habitantes, ou aproximadamente 34 habitantes por km2. O NEB é
vulnerável aos extremos observados da variabilidade climática, e cenários
globais e regionais de mudanças climáticas no futuro indicam que a região
poderia ser afetada pelo déficit de chuvas e aumento da aridez no próximo
século (Marengo et al. 2016, Vieira et al. 2015). As secas são um fenômeno
natural, uma alteração do regime hidro meteorológico, e no NEB elas afetam os moradores,
principalmente os mais vulneráveis da região semiárida, criando situações de
deficiência hídrica e riscos para a segurança alimentar, energética e hídrica
na região (Eakin et al. 2014). As secas fazem parte da variabilidade natural do
clima na região, e ocorreram no passado, estão ocorrendo no presente e de
acordo com as projeções de mudanças climáticas, é provável que continuem e
intensifiquem no futuro (Marengo et al. 2016). A seca não atinge todo o NEB,
ela se concentra numa área conhecida como Polígono das Secas, que envolve as
regiões semiáridas de parte de oito estados nordestinos (AL, BA, CE, CE, PB,
PE, PI, RN e SE) e parte do norte de MG. Eventos de seca no passado nos estados
NEB, geraram perdas massivas de produção agrícola e pecuária, perda de vidas
humanas pela fome, desnutrição e doenças, e deslocamentos de pessoas, bem como
impactos sobre as economias regionais e nacionais. A inclemência das secas há
tempo arrasa a terra e a vida do sertanejo. Ainda assim, “apesar das dolorosas tradições
que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, ele alimenta a
todo transe esperanças de uma resistência impossível”, narrou Euclides da Cunha
(1866-1909) em Os sertões. Esse texto é de 1902. No presente, a migração devido
à seca não ocorre mais nas proporções dramáticas. A seca que se intensificou em
2012 e ampliou em 2015 é considerada a mais grave das últimas décadas e tem
tido um impacto em muitos distritos das regiões semiáridas nos estados do NEB,
afetando quase 9 milhões de pessoas (Marengo et al. 2016). Políticas públicas
para mitigar os impactos da seca, tais como linhas de crédito disponíveis aos pequenos
agricultores e a distribuição de água por meio de carros pipa) fez diminuir um
pouco os impactos, mas,as políticas de gestão de crises, podem ter sido
insuficientes para suportar a seca plurianual excepcional de
2012-2015. A
sobreposição de secas às tensões sócio-econômico-políticas pré-existentes
coloca uma intensa pressão sobre a disponibilidade de água doce e de qualidade
na região e ameaça a água, energia e segurança alimentar (por exemplo,
Gutiérrez et al. 2014). A perspectiva de aumentos na frequência e duração dos
períodos secos e secas em climas futuros no NEBtem gerado preocupação entre os
gestores de recursos naturais, agricultores, especialistas em desenvolvimento,pesquisadores e formuladores de políticas, os quais tentam entender a extensão
em que essas mudanças vão afetar os recursos hídricos , produção de alimentos,
renda e subsistência. A longo prazo, os déficits projetados de chuvas na
região, juntamente com o aumento da temperatura e secas mais frequentes e
períodos de seca podem exacerbar a degradação ambiental. Portanto, neste artigo
apresentamos um histórico de secas passadas e presente se discutimos algumas
das causas físicas envolvidas, incluindo o papel de El Niño e o Oceano
Atlântico tropical na seca de 2012-15.
2. Secas: aspectos históricos, variabilidade interanual e
causas físicas no NEB De acordo com a Universidade do Nebraska
(drought.unl.edu), no sentido mais geral, uma seca origina-se a partir de uma
deficiência de precipitaçãodurante um período prolongado de tempo - geralmente
uma estação ou mais - resultando em uma escassez de água para alguma atividade,
grupo ou setor ambiental. Seus impactos resultam da interação entre o evento
natural (menosprecipitação do que o esperado) e a demanda de pessoas para uso
de água, no abastecimento de água para a população, agricultura e pecuária.
Assim, as atividades humanas podem exacerbar os impactos da seca. Em termos
físicos, mudanças na temperatura da superfície do mar (TSM) no Pacífico
tropical que se manifestam com os extremos em casos de El Niño-Oscilação Sul
(ENOS) podem afetar precipitação sobre oNEB através de mudanças na circulação
Walker orientada zonalmente (Ambrizzi et al., 2004). No entanto,ENOS explica
apenas uma parte da variabilidade da precipitação na região. Kane (1997) mostra
que de 46 eventos de El Niño (fortes e moderados), durante 1849-1992, apenas 21
foram associados com as secas no norte do Nordeste do Brasil. A partir das mais
recentes secas de 1992, 1998, 2002, 2010 e agora 2012-2015, apenas os de 1998,
2002 e, recentemente, em 2015 as secas aconteceram durante um evento El Nino.
Em 2015 a situação foi agravadapela deficiência que já existia pelo menos há 3
anos (Figura 1). Na verdade, a chuva no NEB é marcada por uma forte
variabilidade interanual, parte da qual tem sido atribuída ao ENOS, enquanto
outros eventos de seca são devidos a uma posição anormalmente mais ao norte
daZona de Convergência Intertropical (ZCIT)
sobre o setor do Atlântico, devido
a um Oceano Atlântico Tropical Norte mais quente (Moura e Shukla 1981;
Hastenrath 1990, 2012, Andreoli et al. 2012, Nobre e Shukla 1996,
Marengo et al. 2013, 2016). As secas têm sido relatadas no NEB desde o século
16. A história das secas na região, como coletados de várias fontes (Araújo
1982, Magalhães et al., 1988,Gutierrez et al. 2014, Wilhite et al. 2014) e
atualizada neste estudo pode ser resumida nesta lista: 1583, 1603, 1624, 1692,
1711, 1720, 1723-1724, 1744-1746, 1754, 1760, 1772, 1766-1767, 1777-1780, 1784,
1790-1794, 1804, 1809, 1810, 1816- 1817, 1824-1825, 1827, 1830-1833,1845,
1877-1879, 1888-1889, 1891, 1898, 1900, 1902-1903, 1907, 1915, 1919, 1932-1933,
1936, 1941-1944,1951- 53, 1958, 1966, 1970, 1976, 1979-1981, 1982-1983,
1992-1993, 1997-1998, 2001-2002, 2005, 2007, 2010 e 2012-2015. Desde a década
de 1950 o governo começou a tomar medidas contra as secas, incluindo a
construção de cisternas e canais e criação de programas sociais para as pessoas
afetadas. Desde 1970 não há mais registro de mortes devido à seca, embora o
êxodo do semiárido durante as secas continua ainda que em grau muito menor.
Talvez a seca mais cara durante o século 20 foi em 1979-1983, quando as
despesas do governo atingiram cerca de US $ US 7,8 bilhões.
3. A Seca de 2012-2015: características, causas e
impactos A Figura 1 mostra que 2010 já foi um ano seco, e que no período
2010-15, somente 2011 teve chuvas acima da média, mas este foi seguido pelos
déficits de precipitação mais graves em 2012. Isto sugere uma natureza
multianual da atual seca, dos quais os primeiros sinais começaram em 2010.
Segundo Marengo et al. (2013, 2016), as estações chuvosas de fevereiro a maio
no NEB em 1998 e 2012 foram as mais secas entre 1961 e 2012, caracterizadas
pelo percentil muito seco. Vários estudos têm indicado que a maior parte do NEB
tende areceber mais precipitação durante episódios La Niña, mas o ano de 2012
não seguiu o padrão. Durante o evento La Niña de 2012, o mesmo ano em que houve
inundações recorde no leste da Amazônia, o NEB declarou estado de emergência na
maioria dos distritos na região devido a uma seca considerada a mais grave nas
recentes décadas.
As causas meteorológicas do inicio da seca de 2012são
apresentadas por Marengo et al. (2013). Em 2012 e 2013, mudanças na circulação
atmosférica e precipitação são consistentes com a atuação de águas superficiais
mais frias que o normal no Pacífico equatorial, commovimento ascendente acima
do normal e precipitação no leste da Amazônia a uma resposta típica de
convecção atmosférica à SST fria no Pacífico tropical. Na alta atmosfera, a
circulação apresentou maior divergência sobre a Amazônia e uma maior
convergência na região Nordeste do Brasil, com um movimento ascendente intenso
no leste da Amazônia durante o verão austral esubsidência anômala sobre NEB
durante o outono austral de 2012. Sobre o Atlântico Sul, águas anormalmente
mais frias durante Setembro de 2011 e, mais tarde, durante Março-Maio 2012
induziram uma intensificação da pressão no Atlântico Sul, e quando as águas
anomalamente frias no Atlântico Sul migraram para o norte (10-200S).
Subsequentemente, esta alta pressão interagiu com a subsidência induzida pelo
forte movimento ascendente na Amazônia, determinar condições de menos chuva no
NEB. As condições de menos chuva começaram a aparecer em dezembro de 2011 no
setor norte e depois se estenderam a todo o NEB durante a quadra chuvosa FM AM
2012. Devido a um papel ativo da alta pressão subtropical do Atlântico, a qual
esteve mais interna e mais perto do continente, isso determinou subsidência de
baixo nível que afeito negativamente o regime das chuvas NEB. As Figuras 2 e 3
apresentam a evolução temporal e o padrão espacial da seca considerando o
número dedias com déficit hídrico (NDDH, Fig. 2) e o percentual de anomalia do
índice de suprimento de água para vegetação (VSWI, Fig. 3) entre os anos
hidrológicos (outubro-setembro) de 2011 até 2016. O NDDH é calculado a partir do
modelo de balanço hídrico (Souza et al., 2001; Rossato et al., 2005)
desenvolvido pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC/INPE). O NDDH estima o número de dias em que o crescimento da vegetação
é restrito em razão da insuficiência de água no solo (umidade do solo abaixo de
um valor crítico). De modo geral, quando as chuvas no trimestre chuvoso são bem
distribuídas e suficientes, o número de diascom déficit tende a ser pequeno, e
contrário ocorre quando as chuvas são escassas ou mal distribuídas no tempo
(veranicos), em que o
número de dias com déficit é maior. O VSWI relaciona o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) com a temperatura da superfície em forma de razão. O índice indica condição de secaquando o valor do NDVI é baixo (baixa atividade fotossintética) e a temperatura da vegetação é alta (estressehídrico). Portanto, o índice é inversamente proporcional ao conteúdo de umidade do solo e fornece uma indicação indireta do suprimento de água para a vegetação (Cunha et al., 2015). O índice VSWI é calculado utilizando imagens de NDVI e temperatura do sensor MODIS a bordo dos satélites AQUA e TERRA (NASA EOS). A resolução espacialdo produto final é de 1 km e a resolução temporal éde 8 dias (composição Terra/Aqua). Pode-se observar que nos períodos desde 2011 até 2014 o semiárido apresenta uma grande área com deficiência hídrica, áreas onde o balanço hídrico énegativo em razão da falta de chuva, temperatura elevadas e secura do ar. No ano hidrológico de 2011-2012, a região com deficiência hídrica compreende quase todaa região semiárida desde o centro-sul da BA até o RN, CE e PI (Figura 2a). Nesse período, o acumulado de precipitação na região, não ultrapassou os 500 mm, resultando no estresse hídrico vegetativo e consequentemente na baixa produtividade vegetal (anomalia positiva de VSWI, Figura 3a). Já em 2012-13 a 2014-15 a maior concentração de dias com déficit hídrico é identificada em parte dos Estados localizados na região central do semiárido, os quais incluem o norte da BA, oeste do PB, leste do PI e oeste do CE (Figuras 2b,c,d).
número de dias com déficit é maior. O VSWI relaciona o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) com a temperatura da superfície em forma de razão. O índice indica condição de secaquando o valor do NDVI é baixo (baixa atividade fotossintética) e a temperatura da vegetação é alta (estressehídrico). Portanto, o índice é inversamente proporcional ao conteúdo de umidade do solo e fornece uma indicação indireta do suprimento de água para a vegetação (Cunha et al., 2015). O índice VSWI é calculado utilizando imagens de NDVI e temperatura do sensor MODIS a bordo dos satélites AQUA e TERRA (NASA EOS). A resolução espacialdo produto final é de 1 km e a resolução temporal éde 8 dias (composição Terra/Aqua). Pode-se observar que nos períodos desde 2011 até 2014 o semiárido apresenta uma grande área com deficiência hídrica, áreas onde o balanço hídrico énegativo em razão da falta de chuva, temperatura elevadas e secura do ar. No ano hidrológico de 2011-2012, a região com deficiência hídrica compreende quase todaa região semiárida desde o centro-sul da BA até o RN, CE e PI (Figura 2a). Nesse período, o acumulado de precipitação na região, não ultrapassou os 500 mm, resultando no estresse hídrico vegetativo e consequentemente na baixa produtividade vegetal (anomalia positiva de VSWI, Figura 3a). Já em 2012-13 a 2014-15 a maior concentração de dias com déficit hídrico é identificada em parte dos Estados localizados na região central do semiárido, os quais incluem o norte da BA, oeste do PB, leste do PI e oeste do CE (Figuras 2b,c,d).
Ainda sob o enfoque nos impactos da seca na produtividade
vegetal, de acordo com as anomalias de VSWI, no ano 2012-2013, a maior parte da
região semiáridafoi submetida a uma extensiva e intensiva seca vegetativa
(aproximadamente 85% da área), principalmente nas porções norte e central da
região. No ano hidrológico de 2013-2014, o acumulado de precipitação na região
semiárida foi maior do que nos anos anteriores (700 mm, ainda abaixo da média
climatológica). Com isso, os impactos da seca também foram menos intensos
(Figuras 2c e 3c), principalmente na porção norte da região semiárida.Nesse
período, o total de áreas impactadas foi reduzida para 40 %.
Conforme destacado acima, o impacto da seca atingiu a sua
máxima intensidade durante o ano hidrológico de 2012-2013, continuando em menor
grau nos anos de 2013-2014 e 2014-2015. No entanto, no ano
hidrológico2015-2016, em razão do déficit pluviométrico observado (Tabela 1), a
seca voltou a impactar a produtividade vegetal. A longa duração bem como a
recorrência desses episódios de seca, tem afetado a economia do semiárido do
NEB em mais de 1.100 municípios, provocando agitação social no meio rural. Uma
vez que nessa região predomina a pecuária extensiva e áreas de atividade de
agricultura familiar de sequeiro, a ocorrência da seca em intensidade e
extensão, como a ocorrida, teve implicações na produção agropecuária. A região
mais afetada foi o semiárido nordestino, principalmente a porção nortedo estado
da BA, onde houve muito prejuízo para as principais fontes de renda da região:
pecuária e agricultura de milho e feijão. Diante de tal cenário, o Governo
Federal declarou estado de emergência em 997 dos 1794 municípios da região
devido à seca severa. A seca de 2012- 2015 é considerada a pior nas últimas
décadas, e tem se mostrado devastadora para os setores agrícola, pecuária,
produtores industriais, e de acordo com o Ministério da Integração, estima-se
perdas da ordem de 6 bilhões de dólares devido aos impactos da seca no setor
agrícola até 2015.
A seca que afeta o NEB desde 2012 provocou uma nova série
de discussões sobre a melhoria da política sobre seca e mitigação da seca, com
uma melhor gestão nos níveis federais e estaduais da região. Embora haja uma
rica história de gestão das secas em todo o NEB e outras regiões, existem, a
curto prazo e longo prazo, lacunas e oportunidades que os tomadores de decisão
podem considerar focando na redução da vulnerabilidade, na construção de
resiliência. Além disso, podem melhorar o monitoramento e sistemas de previsão
e alerta precoce de secas, assim como realizar análises de impacto e promover
medidas de mitigação e de planejamento.
4. Conclusões
Este artigo apresenta uma visão geral histórica da
situação de seca no NEB, e fornece alguma informação que poderia ser útil para
o desenvolvimento de políticas e planos para melhorar o nível de preparação
para a ocorrência de secas no curto, médio e longo prazo. A seca que afeta
atualmente o Nordeste, teve uma intensidade e impacto, não vistos em várias
décadas, afetando centenas de cidades e vilas em toda a região, e deixando
pequenos agricultores lutando para alimentar gado e cultivar a terra.. Grandes
cidades da região semiárida no NEB estão sofrendo escassez de água potável para
a população e fornecimento de energia em áreas urbanas. As secas são recorrentes
na região e enquanto algumas medidas foram tomadas pelos governos para atenuar
os impactos, ainda há uma percepção de que os moradores, principalmente em
áreas rurais, ainda não estão adaptados a estes perigos. Considerando as
dimensões humanas da seca no NEB, notamos que há uma necessidade de desenvolver
e institucionalizar as abordagens proativas de longo prazo para a gestão da
seca e tomada de decisão em processos, voltada para a adaptação da população
local, e para lidar com o risco de futuras secas na região. Além da necessidade
de melhorar a coleta de dados e organização da informação, uma articulação da
preparação para as secas no contexto das áreas de gestão de bacias
hidrográficas, a nível estadual e federal é necessária. Vários estados do NEB
têm feito grandes avanços na expansão da infraestrutura hidráulica que têm aumentado
muito a sua segurança de água e resistência contra a seca. Com mais medidas como
estas, estaríamos em uma posição melhor para desenvolver avaliações de
vulnerabilidade nos níveis médio e longo prazo sazonal e no longo prazo. Outras
opções seriam adaptação de sistemas de cultivo e criação de gado, adaptação
baseada nos ecossistemas, gestão sustentável dos solos e medidas de
diversificação de renda. A previsão sazonal de clima representa uma melhor
maneira de avaliar a intensidade e extensão da seca, que são necessárias para
depois conhecer os impactos da variabilidade climática e da mudança,
identificando vulnerabilidades e permitindo uma melhor tomada de decisões em
termos de medidas de adaptação à seca. Os governos federal e estaduais no NEB
muitas vezes tentaram combater os efeitos das secas incentivando e construindo
grandes açudes, a perfuração de poços tubulares, distribuição de cisternas e a
criação das chamadas frentes de trabalho. Estas atitudes têm sido paliativas,
pois movimentam capital, geram subempregos e evitam, de certa forma, a migração
e o êxodo rural. Assim, apesar desta história institucional longa e detalhada
na gestão e adaptação às secas no Brasil, a extensão dos impactos das secas de
2012-2015, no Nordeste, indica que ainda existe uma necessidade de melhoraras
medidas de preparação e de resposta ao risco de seca, sugerindo que a região
NEB ainda não está adaptada à seca.
5. Referências
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