Introdução
As decisões que os pecuaristas devem tomar em relação aos
investimentos em instalações e equipamentos para o confinamento devem ser
embasados em informações técnico-econômicas provenientes de fontes seguras, de
forma que o investimento seja realizado racionalmente, e não venha comprometer
a viabilidade do projeto. As instalações e os equipamentos vão ter os custos
diluídos no tempo, e deverão ser depreciados de acordo com as características
de cada componente do investimento. Além disso, destaca-se que como são
realizados como investimentos iniciais acabam tendo grande participação no
custo de implantação do confinamento. Dessa forma, uma opção que deve ser
adotada é a adaptação das instalações já existentes desde que atendam às
necessidades técnicas do projeto.
As instalações devem ser construídas de forma a
proporcionar conforto aos animais, para que possam expressar todo o potencial
dado pelo patrimônio genético para ganho de peso, além de facilitar o manejo, e
ainda serem econômicas. A literatura brasileira traz poucas informações a
respeito desse assunto e, a maior parte das recomendações é proveniente da
experiência de técnicos e criadores, bem como, da observação de resultados
práticos com diferentes tipos de instalações. Na Figura 1 vemos um grande
confinamento nos Estados Unidos com excelente distribuição de áreas e
instalações.
A literatura destaca que o estresse ambiental pode produzir
prejuízos significativos sobre o desempenho animal, com redução no ganho em
peso e piorando a conversão alimentar. O Brasil é um país de extensão
continental, apresentando regiões com as mais variadas condições climáticas e,
portanto, a observância dessas particularidades deve fazer parte do rol de
prioridades durante as decisões. No Brasil, em função da engorda intensiva de
bovinos ainda ser predominantemente uma atividade estacional, deve-se optar
sempre por instalações rústicas, simples, práticas e em número reduzido, de
forma a atender racionalmente as necessidades das operações. A propriedade onde
se pretende implantar o projeto deve apresentar infraestrutura básica que
contemple boas vias de acesso, instalações elétricas e disponibilidade de água,
inclusive com reservatório que possa abastecer o confinamento por período de
quatro a cinco dias no mínimo.
Informações importantes para o planejamento e instalação
de confinamentos
A. Fotos aéreas.
B. Mapas topográficos.
C. Mapas de solos e plano de conservação de solo e água.
D. Mapas geológicos.
E. Dados climáticos e hidrológicos.
F. Regulamentação e legislação sobre o tipo de
empreendimento, e principalmente aquelas relacionadas às áreas de preservação
permanentes e licenciamento ambiental.
Setores de um confinamento
A. Setor de armazenamento de alimentos e preparo de
rações.
B. Sistema de abastecimento de água.
C. Setores de manejo do gado na terminação ou engorda.
D. Sistema de manejo de efluentes líquidos.
E. Sistema de manejo de dejetos sólidos.
F. Setor administrativo.
Áreas do confinamento
Um projeto de confinamento requer no mínimo três áreas
especiais, no sentido de atender à rotina da atividade, quais sejam: área de
manejo, área de alimentação e área de terminação ou engorda.
Área de Manejo
O preparo dos diferentes lotes de animais para o período
de terminação é fundamental. Para que o máximo desempenho possa ser alcançado
devemos destacar que a condição de saúde física,
a adaptação e a homogeneidade dos lotes devem ser
prioridades. Levantamos este aspecto, porque nem sempre os animais tem como
origem a propriedade onde está localizado o confinamento. É muito comum os
animais serem adquiridos de fazendas e regiões muito diferentes e distantes.
Esse fato nos obriga a observar detalhes, de condicionamento, no sentido de
evitarmos ao máximo o estresse produzido pelo ambiente. Lotes e confinamentos
onde esse cuidado não é observado apresentam alto índice de morbidade nos
animais. As perdas econômicas decorrentes de mortes e descartes de animais, em
função da transferência das condições extensivas da pastagem, para a condição
intensiva do confinamento podem ser bastante significativas (Preston e Willis,
1974). Estes problemas são mais significativos quanto mais jovens forem os
animais a serem confinados.
Os fatos explorados acima deixam claro que a área de
manejo tem participação destacada na eficiência da atividade, e deve atender de
forma adequada ao manejo geral dos lotes como:
recepção, embarque, seleção, marcação, aplicação de
medicamentos, pesagem, entre outras práticas. Nessa área devemos ter mangueira
com embarcadouro, seringa, brete, tronco de contenção, balança, currais de
apartação, enfermaria, bebedouros, cochos, além de uma área destinada ao
quarentenário. As especificações técnicas para construção de cada uma dessas
instalações são variadas e devem ser adaptadas à realidade de cada fazenda ou
mesmo regiões. No entanto, para consulta a respeito de normas e opções recomendamos
Carneiro (1961) e Micheletti e Cruz (1985).
Área de Alimentação
A área de alimentação compreende todas as instalações e
os equipamentos utilizados para armazenamento, preparo e distribuição dos
alimentos, bem como, as áreas destinadas ao plantio de forrageiras, como milho,
sorgo, milheto, cana ou capim
elefante, entre outras forrageiras, e que podem ser
utilizados para confecção de silagem ou fornecimento verde. A infraestrutura
mínima para que possamos ter condições adequadas para alimentação dos animais
deve conter:
• Silos.
• Galpão para armazenamento de alimentos, suplementos e
preparo de rações, com balança, triturador, misturadores e carretas.
• Galpão para máquinas e equipamentos, com depósito de
ferramentas e utensílios.
• Trator, colhedeira de forragem, carretas, vagão
forrageiro, arado, grades, plantadeiras e outros implementos e máquinas.
• Farmácia veterinária.
• Escritório.
Área de Terminação ou Engorda
A área de terminação ou engorda é aquela na qual os
animais confinados permanecerão a maior parte do tempo, e nela estão incluídos
os currais de engorda, cochos, bebedouros, cercas, corredores de alimentação e
de serviço, e abrigos.
Tipos de confinamento
Em função de estarmos num país de grande área territorial
e, portanto de muitas realidades quanto a
Figura 1 – Confinamento nos Estados Unidos da América. |
clima, solo, raças criadas, bem como,
nível de adoção de tecnologia e sócio econômico do pecuarista, observamos uma
grande diversidade de instalações, principalmente quanto à área de terminação,
o que dificulta estabelecermos padrões rígidos. Quanto à área de terminação, os
tipos mais comuns e recomendados são:
• Piquetes com áreas de alimentação e descanso
descobertas.
• Piquetes com área de alimentação coberta e área de
descanso descoberta.
Esses dois sistemas apresentam menor custo dos
investimentos e maior facilidade para construção. Normalmente, na maior parte
dos confinamentos, as instalações se restringem a um conjunto formado por
cercas, cochos, bebedouros e saleiros, em piso de chão batido e declividade
adequada. O manual número 6 do Midwest Plan Service (1975), dos Estados Unidos,
traz informações sobre alojamentos e equipamentos para gado de corte, e
recomenda o seguinte:
A. Analisar os tipos de instalações já existentes e qual
a possibilidade de aproveitamento no projeto de confinamento em questão.
B. Fazer um levantamento detalhado da área física
disponível, bem como, das condições de topografia, de drenagem e de alagamento.
Em geral, estima-se que para a instalação de
um confinamento, uma área de um hectare é suficiente para
abrigar entre 200 e 250 cabeças (Thompson e Alle, 1974). Essa área inclui não
apenas os currais de terminação, mas também, todas as instalações
complementares dos setores de condicionamento, de alimentação e de manejo de
dejetos.
C. Observar a influência da temperatura, dos ventos, das
chuvas, da umidade relativa do ar e de outros fatores climáticos sobre as
operações de rotina e sobre o desempenho dos animais, especialmente em relação
ao consumo de matéria seca, o ganho em peso e a conversão alimentar.
D. Adequar as instalações no sentido de atender às
exigências legais e regulamentações vigentes na região quanto à poluição
ambiental.
E. Analisar a disponibilidade de investimentos em capital
e mão de obra para as construções.
F. Avaliar a habilidade gerencial do empreendedor que
fará o investimento.
Localização do confinamento
A escolha do local onde serão instalados os currais de
engorda é crucial para o sucesso do empreendimento e deve-se observar:
A. As facilidades de acesso.
B. As facilidades de captação e de distribuição de água.
C. O controle da poluição ambiental, observando a posição
dos currais em relação aos cursos de água.
D. A proximidade das outras áreas que fazem parte do
projeto.
E. O conforto aos animais.
F. Os currais de engorda devem ser construídos em áreas
onde o solo apresente boa drenagem, observando uma declividade entre 3 e 5%,
principalmente se o piso não for revestido. A utilização de quebra ventos é importante e
pode refletir em considerável melhoria das condições ambientais e de conforto.
Á área onde estão situados os currais de engorda deve permitir facilidades no
manejo dos resíduos e sua reciclagem. Os currais de engorda devem ser
construídos à montante da área destinada à construção de esterqueiras ou lagoas
de sedimentação, observando que devem apresentar declividade a partir dos
cochos, facilitando a captação da água e dificultando a formação de lama.
O posicionamento dos currais de engorda em relação à área
de alimentação e áreas de manejo é fundamental para a logística das operações.
Esses currais devem ser construídos à jusante da área de alimentação e, no
mesmo nível da área de manejo. A construção planejada dessas três áreas
(currais de engorda, alimentação, e manejo) trará facilidades de manejo dos
animais, distribuição dos alimentos, remoção dos resíduos e economia de
energia ao sistema. O local deve permitir facilidades no
manejo dos resíduos e sua reciclagem. Outro aspecto de importância capital para
o sucesso do empreendimento é o suprimento adequado de água de boa qualidade,
considerando que seu consumo varia em função de diversos fatores, tais como:
peso dos animais, ingestão de matéria seca e clima (temperatura e umidade
relativa do ar). Na Tabela 1 podemos verificar uma referência para ingestão de
água que pode ser utilizada com segurança na elaboração de projetos para
confinamento.
Especificações técnicas dos currais de engorda
Neste item procuraremos abordar os detalhes referentes
aos currais de engorda, pois é com relação aos mesmos, que normalmente se
levantam os maiores questionamentos e, onde verificamos maiores
variações.
Disposição dos currais no confinamento
A forma mais prática e viável é aquela que adota os
currais retangulares com o cocho na parte superior e o fundo do curral na parte
inferior do terreno, com o dreno de captação de efluentes líquidos externamente
ao curral. Vamos apresentar nesse texto duas variações que podem ser adotadas
dependendo da topografia e declividade do terreno onde serão construídos os
currais. Os dois tipos podem ser vistos nas Figuras 2, 3 e 4. Nas Figuras 2 e 3
vemos currais retangulares do tipo cocho com cocho, ou seja, em um mesmo
corredor temos linha de cocho dos dois lados, ou duas linhas de alimentação.
Nessas figuras são mostrados vários detalhes dos corredores de alimentação e de
manejo, das declividades a serem adotadas, do sistema de drenagem e do
posicionamento de bebedouros. O mais importante é que o formato dos currais de
engorda facilite a alimentação, o abastecimento de água, a drenagem, a retirada
de dejetos sólidos, o manejo do gado, o acesso aos currais enfermaria, a ao
setor administrativo.
Piso
Como já dissemos anteriormente, em função das
peculiaridades da pecuária de corte, o confinamento assume caráter de atividade
sazonal e, portanto, os investimentos fixos devem ser realizados dentro da
realidade. Dessa forma, o piso de chão batido com o uso de cascalho com pelo
menos 15 metros de largura ao longo dos cochos, observando declividade de
aproximadamente 5% (não menos de 3%), a partir dos cochos, facilitará o
escoamento da água de chuvas, dificultando a formação de lama. Uma recomendação
importante, é que seja construída uma calçada de concreto, interna, ao longo do
cocho, com largura variável em função da precipitação pluviométrica, mas que
não deve ser inferior a 3 metros. Detalhes da construção do pavimento ao longo
do cocho, no confinamento, são mostrados na Figura 6.
Morrison et al. citados por Souza (1974), conduziram
estudos durante três anos na Califórnia (EUA) e observaram que dentre os
fatores, chuva, vento e lama, este último foi o que mais influenciou o ganho de peso e a conversão alimentar de novilhos confinados, piorando a desempenho dos animais. Em terrenos onde a topografia apresenta declividade inferior a 2% devemos construir as áreas de descanso para os animais, e dessa forma, será necessária a movimentação de terra e preparo do terreno. Na Figura 7 pode-se observar como a lama influencia o posicionamento da cabeça do animal em relação ao cocho, fato que tem grande influência no consumo.
Dimensões
Em geral, os currais são construídos para abrigar entre
50 e 200 cabeças, e como recomendação prática utiliza-se os currais com menor
número de animais para as categorias mais pesadas, e os currais maiores para
animais mais jovens (leves). A prática nos diz que devemos procurar definir
lotes com número de animais múltiplos da capacidade de transporte dos caminhões
boiadeiros. Outro detalhe de muita importância é a profundidade dos currais que
não deve exceder 65 metros. Profundidades maiores dificultam as vistorias em
relação aos animais presentes nos currais.
Densidade animal nos currais de engorda
As recomendações variam em função do tipo de piso dos
currais, se é revestido ou não, e principalmente em função da precipitação
pluviométrica da região onde será implantado o confinamento. É óbvio que à
medida que melhoramos as condições de conforto dos animais podemos aumentar a
densidade populacional.
Considerando os vários detalhes comentados anteriormente,
as densidades devem ser de 4 m2/animal em currais totalmente cobertos, 5–10 m2/animal
para currais com piso revestido, 20–50 m2/animal com piso de chão batido, 100 m2/animal
com piso de chão batido e em regiões de alta precipitação. Alguns códigos de
prática e bem estar animal recomendam no mínimo 9 m2/cabeça, e esta densidade
deve considerar o regime de chuvas no local. Na Tabela 2, mostrada na sequência
temos mais detalhes sobre essas orientações técnicas.
Cochos
Os cochos ou comedouros podem ser construídos com vários
materiais e também de vários modelos, mas a escolha deve recair sobre aqueles
materiais e modelos que facilitem a distribuição e o consumo de alimentos pelos
animais, que não tragam riscos de acidentes e que minimizem o desperdício.
Atualmente os materiais que têm se apresentando como mais econômicos e
tecnicamente mais adequados são os sintéticos derivados de petróleo, madeira e
aqueles de concreto. As características mais importantes a serem observadas na
construção das linhas de cocho ou comedouro são mostradas na Figura 8.
Quanto à proteção da chuva, os cochos podem ser
descobertos ou cobertos, sendo que a adoção de um ou de outro, dependerá
principalmente das condições climáticas prevalecentes na região e da freqüência
de uso das instalações.
Em regiões onde ocorrem baixas precipitações durante a
época seca do ano, e as instalações são usadas somente nesta época, deve-se
optar pelo cocho descoberto. Entretanto, face ao percentual que a alimentação
representa no custo total do confinamento, e dos reflexos que problemas de
manejo com a alimentação podem trazer quanto ao ganho e conversão alimentar, a
cobertura do cocho não deve ser descartada, principalmente se houver uso mais
intenso das instalações, eliminando assim os riscos de alterações climáticas
imprevisíveis que prejudicam o manejo alimentar. No entanto, qualquer decisão
deve passar por uma criteriosa análise técnica e econômica, sempre buscando
alternativas que possibilitem tornar o sistema mais eficiente. O
dimensionamento dos cochos deve atender a alguns quesitos, tais como:
A. Volume de alimentos a ser distribuído.
B. Forma de distribuição dos alimentos.
C. Conforto dos animais, no sentido de facilitar o
consumo e, portanto, devem ser construídos sem cantos nas partes internas.
As medidas mostradas aqui podem servir de base para a
construção dos cochos (Figura 9), a largura no topo deve ficar entre 70 e 80
cm; a largura na base entre 45 e 60 cm; a profundidade deve ser de 50 cm e a
borda superior deve estar a 70 cm do solo. A medida linear (comprimento) por
animal depende da categoria, e para que todos os animais dos diferentes currais
sejam alimentados ao mesmo tempo, deve ser de 70 cm/animal (para animais mais pesados),
e de 40 a 60 cm/animal para lotes mais jovens. O espaço de cocho por animal
deve levar em conta a hierarquia social e o acesso físico ao mesmo.
Para evitar a entrada de animais nos cochos, recomenda-se a
colocação de três fios de arame ou cabo de aço, a altura conveniente, o
primeiro a 0,6 m e os outros a 0,15m um do outro, acima da borda interna do
comedouro (Fraga e Pires, 1980).
Cercas e Porteiras
Os detalhes de construção das cercas praticamente não
diferem daqueles já conhecidos para os currais clássicos (Peixoto, 1987). As
porteiras localizadas na cabeceira dos currais (face dos cochos) são importantes
para a limpeza dos dejetos sólidos, e aqueles localizados no fundo dos currais
para manejo do gado. É fundamental as porteiras de fundo de curral sejam
construídas de forma a facilitar o trabalho dos peões.
Iluminação
A iluminação do confinamento é importante para facilitar
a inspeção e o manejo dos animais. As linhas de iluminação devem ser
localizadas próximas ou externamente ao fundo do curral.
Bebedouros
Uma pergunta que sempre vem à tona quando falamos sobre a
construção de confinamentos é “Onde devem ser localizados os
bebedouros?” O bebedouro deve ficar próximo do cocho ou comedouro
ou próximo ao fundo do curral? Devem ser compartilhados para dois currais ou
não? Respondendo a essas perguntas dizemos que os bebedouros não devem ser
construídos próximos aos cochos, pois a contaminação com alimento será grande.
Se o bebedouro for localizado mais distante do cocho isto será minimizado, e
uma distância adequada é de 10 metros dos cochos (Figura 10). Se os bebedouros
são localizados mais próximos ao fundo do curral será mais fácil manter as
condições do curral em caso de vazamentos e manutenção dos bebedouros.
Qualquer que seja a localização dos bebedouros há
necessidade de um calçamento ao redor do mesmo, que deve ser de pelo menos 3 x
3 metros. Os bebedouros podem ser construídos de forma a atender um ou dois
lotes, sendo essa escolha dependente da intensidade de uso e tamanho do
projeto, mas a melhor opção é de um bebedouro por curral. Estes itens também
definem o tipo de material a ser utilizado, mas independente de qual o seja,
recomenda-se 5o cm de profundidade e 3 cm lineares para cada animal, com uma
vazão mínima de 0,3%/minuto do volume estimado para consumo diário.
Solário
Apesar de não ser adotado regularmente no Brasil o uso do
solário nos currais de engorda é uma prática adotada em grande parte dos
confinamentos em países que tem grande tradição nessa atividade, como os
Estados Unidos e a Austrália. O solário nos ajuda a manter os animais mais
limpos e secos, e devem ser construídos de forma a não prejudicar a drenagem
dos currais. Ao
construir os solários deve-se optar pela forma retangular,
devem ser muito bem compactados, devem ter uma altura de 1,5 metros no centro,
devem ter no máximo 25% de inclinação nas laterais, que também devem ser
planas. Todos esses detalhes podem ser vistos nas Figuras 11 e 12.
Corredores
O correto manejo dos animais no confinamento depende
muito das facilidades de acesso aos diferentes setores. Por este motivo,
os corredores de serviço (condução de animais, limpeza
dos cochos e bebedouros, retirada de esterco, etc) devem ser separados dos de
alimentação. Na Figura 13 pode-se ver no detalhe a boa disposição e medidas de
corredores de manejo. Em geral, recomenda-se que o corredor de alimentação deve
facear os cochos pelo seu lado externo, enquanto o corredor de serviço fica
junto e externamente à cerca do fundo do curral.
Os corredores de alimentação devem ter largura de 4 a 12
m, dependendo do tamanho do confinamento. A largura de pelo menos 8 m garante a
passagem de 2 veículos ao mesmo tempo e, em grandes confinamentos isso permite
o uso mais racional do tempo. Embora não necessariamente, nas regiões de grande
precipitação, deve-se dar preferência ao corredor de alimentação pavimentado.
Nestas regiões, a recomendação mínima é que ao longo dos cochos de alimentação,
seja construída uma calçada de concreto ou mesmo que seja feito um
cascalhamento cobrindo a área onde a roda do
Figura 13 – Corredores de manejo. |
Os corredores de serviço apresentam dimensões variáveis,
semelhantes às dos corredores de alimentação. Como as porteiras dos currais
geralmente se abrem sobre o corredor de serviço, é costume fazer coincidir a
largura desses corredores com o comprimento dessas, facilitando a lida com o
gado. Nos grandes confinamentos recomenda-se que os diversos corredores de
serviço confluam para um corredor central, que conduz ao centro de manejo.
Manejo de resíduos
Segundo dados da EPA (1972) dos Estados Unidos, admite-se
que um confinamento de 1000 cabeças de gado adulto, mantido em 4 hectares,
represente uma fonte potencial de poluição ambiental semelhante a uma cidade de
6000 habitantes, em termos de resíduos produzidos. Além disso, dependendo da
velocidade do vento, um confinamento com 10.000 a 15.000 cabeças pode levar
odor a distâncias de 13-15 km, e se considerarmos as condições tropicais de
nosso país, a proliferação de microrganismos anaeróbios tornará este problema
ainda maior.
Segundo Peixoto (1987), o planejamento das instalações
deve contemplar medidas para controlar e evitar os efeitos prejudiciais da
produção de dejetos sólidos e líquidos. No sistema de despoluição, as seguintes
normas gerais devem ser observadas:
A. Evitar que a precipitação pluvial ocorrendo fora da
área do confinamento venha a confluir sobre ele.
B. Todos os confinamentos devem possuir, em terreno
adjacente, tanques ou lagoas de retenção e sedimentação para captação das águas
servidas.
C. Todos os currais, pavimentados ou não, devem
apresentar uma declividade a partir da área de alimentação (cochos) que
possibilite o escoamento e a coleta das águas servidas.
Canais coletores para drenagem devem ser construídos
externamente às cercas dos fundos dos currais visando captar as águas servidas
para os tanques de retenção. Tais canais devem ser projetados para conduzir
sólidos em suspensão;
A. Após tempo suficiente de sedimentação, o conteúdo
residual líquido dos tanques ou lagoas deve ser retirado e espalhado em outro
local.
B. O esterco acumulado nos currais deve ser raspado e
amontoado, reservando-se áreas secas para o descanso dos animais.
C. Terminada a operação, todo o esterco acumulado deverá
ser transportado para as esterqueiras ou para as áreas de cultura.
Os drenos para captação de efluentes líquidos devem ser
localizados fora do curral no sentido oposto aos cochos, e a drenagem é
fundamental para manter as boas condições dos currais.
Referências bibliográficas
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Brasileira, 6a ed., São Paulo. EAP-ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY. 1972. Cattle feedlots and the environment (Control
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Instalações e equipamentos para o confinamento do gado de corte. In:
Confinamento de bovinos de corte. FEALQ, Piracicaba. p. 61-79.
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