23 de out. de 2011

UNIDADES ANIMAL TROPICAIS (UAT)

 Fonte: http://www.fao.org/ag/againfo/programmes/pt/lead/toolbox/Mixed1/TLU.htm

O conceito de Unidade Animal Tropical (UAT) constitui um método conveniente para quantificar uma grande variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos de uma forma padronizada. 

Variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos
O que são as UATs ?
Para um certo número de utilizações há a necessidade de usar uma unidade comum para descrever os efetivo de diferentes espécies com um único número que expresse a quantidade total de gado presente - independentemente da composição em espécies.
 Para fazer isto, desenvolveu-se o conceito de "Quociente de Troca", com o qual diferentes espécies de diferentes tamanhos médios podem ser comparadas e descritas em relação a uma unidade comum. Esta unidade é 1 Unidade Animal Tropical (UAT).
Têm sido usados vários métodos para obter os quocientes de troca entre espécies, mas nenhum satisfaz completamente.
Diferentes fórmulas para calcular UATs têm sido usadas em diferentes partes do mundo, dependendo das variedades de gado mais comuns (p.ex. 1 UAT = 1,0 camelos; Bovinos 0,7; Ovinos/Caprinos 0,1). 
Contudo uma só fórmula para calcular UATs desta maneira é incapaz de servir para diferentes variedades de gado - que podem variar consideravelmente em tamanho - e é, portanto necessária uma abordagem diferente.
Se o alimento consumido é razoavelmente semelhante para as duas espécies que estamos a comparar, o quociente de pesos metabólicos proporciona o melhor meio de comparação. Esta relação expressa o fato de que as espécies menores produzem mais calor e consomem mais alimento por unidade de tamanho corporal do que os animais maiores (Heady, 1975).

Em condições de pastoreio dependentes dos recursos, o consumo voluntário médio de alimento entre as espécies é notoriamente semelhante, cerca de 1,25 vezes as necessidades de manutenção (1 para manutenção, 0,25 para produção = crescimento, reprodução, leite, etc.). O peso metabólico é portanto considerado como a melhor unidade para agregação de animais de diferentes espécies, quer seja para calcular o alimento total consumido, o estrume produzido, ou a produção de produtos finais. 
UATs e Quocientes de Troca
O padrão utilizado para uma Unidade Animal Tropical é um bovino com 250 kg de peso corporal.
As caixas 1 a 3 apresentam os quocientes de troca para animais com diferentes pesos corporais em Unidades Animal Tropicais com base no peso metabólico. Mostram que 5 ovinos ou caprinos de 30 kg consumirão tanto como 1 vaca de 250 kg. Da mesma maneira, dois búfalos com cerca de 425 kg consumirão tanto como 3 bovino de 250 kg. No entanto, falando de forma estrita, estes só podem ser comparados quando as diferentes espécies consomem o mesmo alimento, o que não se verifica com frequência.
Quocientes de Troca para espécies pecuárias 
em Unidades Animal Tropicais com base no
Peso Metabólico Corporal
caixa 1
caixa 2
caixa 3

Utilização das Unidades Animal Tropicais
Alguns pontos devem ser tidos em atenção quando usamos as UATs:
No que respeita à pressão de pastoreio existem diferenças entre as espécies quanto ao seu comportamento pastar/tosar e na forma de preensão dos alimentos que irão alterar os quocientes de troca. O número óptimo de animais de cada espécie numa pastagem depende da quantidade de erva e de material para tosa disponíveis, não do número total de UATs e da biomassa total
Por exemplo, existe pouca competição entre os que pastam e os que tosam e existe portanto pouca base para trocas. Em consequência, 0,4 por hectare referentes a bovinos apenas pode constituir sobrepastoreio enquanto que 0,5 UAT por hectare de bovinos, ovinos e caprinos pode ser sustentável. As espécies diferem em comportamento de pastoreio e forma de preensão do pasto - produzindo diferentes oportunidades de aproveitamento da vegetação. Por exemplo, quando a densidade de alimento é baixa (início da estação das chuvas, pouca vegetação nos pousios, início da renovação das gramíneas perenes, etc.) os ovinos podem encontrar alimento suficiente para crescimento. Para bovinos a densidade equivalente será ainda demasiado baixa mesmo para a manutenção. Os camelos podem tosar em níveis mais elevados do que as cabras, enquanto que as cabras podem tosar entre as rochas e nos declives acentuados, sendo os camelos incapazes de alcançar alimento nestes locais.
O impacto do pastoreio e tosa na composição da vegetação é diferente. O pastoreio repetido dá origem a mais tosa e a tosa repetida dá origem a mais pastagem (Staples e col., 1942). O pastoreio precoce pelos ovinos pode reduzir a produção de erva - principalmente quando a época de crescimento é curta. Isto pode reduzir a disponibilidade de alimento para os bovinos, mais do que o equivalente de alimento consumido pelos ovinos.
Na situação de pastagens comunais, os camponeses geralmente ajustam a composição da manada e os períodos de pastoreio de acordo com a disponibilidade dos recursos de pastoreio e tosa. Assim, com níveis iguais de UATs por ha mas com uma grande diferença na composição da vegetação, as manadas podem ser compostas por combinações bastante diferentes de espécies pecuárias como se apresenta a seguir de forma esquemática. 

No caso de pastagens comunais sob sistemas de pastoreio de maneio misto as relações das UATS por hectare com a condição da pastagem e a sua capacidade de carga para o gado são muito fracas.
As Unidades Animal Tropicais fornecem contudo uma estimativa fiável da quantidade de alimento consumido e do estrume produzido. Para estas finalidades a avaliação do número total de UATs pode ser útil. 

A taxa metabólica basal (consumo de energia por unidade de peso corporal por unidade de tempo; i.e., kcal calor/peso/dia) varia como uma função de uma potência de expoente fraccionário do peso corporal, que se determina habitualmente como o peso corporal elevado a 0,75. A perda de proteína pelo corpo varia também de acordo com uma potência fraccional semelhante do peso corporal e presume-se que está relacionado pela mesma exponencial do peso corporal.


Leituras Complementares

Heady, H.F. 1975. Rangeland Management. McGraw-Hill Book Company, USA.

Staples, R.R. Hornby, H.E. and Hornby, R.M. 1942. E. Afric. Agric. J. 8, 62.

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