Isaias Vitorino
Batista de Almeida,
José Thyago Aires Souza,
Mateus Costa Batista
Resumo
A precipitação é a principal variável climática para o Semiárido brasileiro,
sendo um fator limitante para produção de vegetais, principalmente em regiões
com histórico de ocorrência de baixas pluviosidades. Por outro lado, a pecuária
é a principal atividade econômica dessa região e a produção de alimento para os
animais, infelizmente, ainda se constitui no maior gargalo. A presente revisão
tem como objetivo principal descrever o melhoramento
genético das principais plantas
forrageiras xerófilas cultivadas no Semiárido brasileiro e das espécies com
potencial de cultivo para as áreas com registro histórico de baixas
precipitações. As espécies discriminadas são: palma forrageira, capim buffel,
algodão mocó, flor-de-seda, mandacarú, feijão-bravo e maniçoba. O programa de
melhoramento genético dessas espécies se inicia com a formação de um banco
ativo de germoplasma (BAG) e compreende a realização de diferentes estratégias,
como a domesticação da espécie, que envolve o cultivo, avaliação,
caracterização agronômica e bromatológica dos acessos, estudo de diversidade
genética, seleção de plantas, hibridação, alteração cromossômica, uso de
ferramentas de biotecnologia, entre outras estratégias. A execução de programas
de melhoramento genético dessas culturas xerófilas torna-se uma ferramenta
necessária para cultivo, domesticação de materiais silvestres e obtenção de
novas variedades, com maior potencial de produção e com a função de elevar a
renda das propriedades rurais do Semiárido brasileiro.
O
termo "xerófita" foi introduzido por Warming em 1895 para
caracterizar plantas que conseguem viver em ambientes áridos, ou seja, que
completam seu ciclo vital em regiões carentes de água. A palavra
"xerófita" é usada para designar "plantas resistentes à
seca", sendo um o termo genérico que caracteriza os diferentes mecanismos
encontrados nas plantas superiores que representam a resposta evolutiva do
vegetal à pressão de seleção exercida pela seca. Existem, basicamente, três
mecanismos: fuga à seca ou plantas efêmeras, tolerância à seca em altos níveis
negativos de potencial hídrico e tolerância à seca em baixos níveis de potencial
hídrico (Prisco, 1986). Para Duque (2004), as plantas xerófilas são aquelas que
toleram a escassez d’água, que fogem aos efeitos da deficiência hídrica ou que
resistem à seca.
O autor define que elas podem ser classificadas em três tipos,
conforme o modo como conseguem sobreviver: efêmeras, suculentas e lenhosas. As
efêmeras são as plantas que aproveitam a estação chuvosa para completar todos
os estádios fenológicos, cujo ciclo não ultrapassa algumas semanas ou meses. As
suculentas são as cactáceas perenes a exemplo da palma forrageira e do
mandacarú. As xerófilas lenhosas são as árvores e os arbustos, as plantas
perenes e caducifólias, incluindo as plantas nativas da Caatinga. A principal
planta xerófila cultivada no Semiárido brasileiro é a palma forrageira, pois a
pecuária é a principal atividade econômica dessa região. Segundo Andrade et al.
(2006), a produção de alimento para os animais, infelizmente, ainda se
constitui no maior problema da pecuária no Semiárido, principalmente em regiões
com baixa precipitação. Para criar bovinos, caprinos ou ovinos, de forma
lucrativa, os agricultores familiares não poderão utilizar apenas as caatingas
ou os pastos nativos, como únicos recursos forrageiros para garantir a
manutenção
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de seus rebanhos. É necessário o cultivo de plantas adaptadas como
forma de aumentar o suporte forrageiro (Lima et al., 2010). Nesse sentido, com
vistas a tentar solucionar o problema alimentar dos rebanhos, sobretudo no
período seco do ano, pesquisadores recomendam o cultivo de plantas forrageiras
xerófilas, como forma de reduzir os riscos de perda da produção decorrentes das
flutuações sazonais da precipitação (Andrade et al., 2010; Andrade et al.,
2006; Duque, 2004).
A
precipitação é a principal variável climática para o Semiárido brasileiro,
sendo um fator limitante para produção de vegetais, em virtude de ser altamente
variável, imprevisível, onde comumente ocorre em eventos descontínuos, em forma
de pulsos de relativa curta duração (Andrade et al., 2010). Historicamente é
conhecida a existência das grandes secas no Nordeste, como também o insucesso
no cultivo de culturas agrícolas. Nos últimos seis anos o Nordeste brasileiro
passou por um dos maiores ciclos de seca da história, com precipitações anuais
inferiores a 200 mm em alguns municípios; sendo o cultivo de plantas
forrageiras xerófilas a principal estratégia de convivência com a seca, como
forma de garantir produção de alimento volumoso nestes anos. O sucesso no
cultivo de uma espécie xerófila depende, primariamente, do material genético
utilizado, principalmente com espécies não domesticadas a exemplo da
flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.) W.T. Aiton), do mandacarú (Cereus jamacaru
P. DC.), do feijão-bravo (Capparis flexuosa L.) e da maniçoba (Manihot ssp.),
sendo, portanto, necessário a condução de um programa de melhoramento genético
da espécie, para a seleção de genótipos com maior potencial forrageiro. Sendo
assim, a presente revisão tem como objetivo principal descrever o melhoramento
genético das principais plantas forrageiras xerófilas cultivadas no Semiárido
brasileiro e das espécies com potencial de cultivo para as áreas com registro
histórico de baixas precipitações.
A
presente revisão traz informações sobre as principais plantas forrageiras
xerófilas cultivadas no Semiárido brasileiro e algumas etapas no programa de
melhoramento genético de cada espécie, a exemplo da palma forrageira (Opuntia
spp.) e do capim buffel (Cenchrus ciliaris L.), como também de espécies com
potencial de serem cultivadas para produção de forragem, a exemplo do algodão
mocó (Gossypium hirsutum L. r. marie galante Hutch), da flor-de-seda
(Calotropis procera (Ait.) W.T. Aiton), do mandacarú (Cereus jamacaru P. DC.),
feijão-bravo (Capparis flexuosa L.) e maniçoba (Manihot ssp.). O melhoramento
genético vegetal é a arte e ciência de aperfeiçoar o padrão genético de plantas
em relação ao seu uso econômico, tendo como objetivos: selecionar e desenvolver
plantas com maior potencial produtivo, para novas áreas agrícolas, para áreas
desfavoráveis, materiais com redução de constituintes tóxicos, com resistência
à pragas e doenças ou mesmo para condições de estresses abióticos, por exemplo, hídrico, salino, entre outras finalidades (Fritsche-Neto & Borém, 2011).
Para iniciar um programa de melhoramento genético de uma espécie de planta é
necessário proceder a um planejamento do programa, ou seja, realizar,
inicialmente, levantamento bibliográfico do que foi feito em programas
semelhantes; levantamento do germoplasma existente no centro de origem da
espécie; verificar o modo de reprodução da espécie; definir os objetivos e
analisar os entraves para execução do programa (Fritsche-Neto & Borém,
2011). Para haver o estabelecimento do programa de melhoramento genético,
inicialmente, deve existir um banco ativo de germoplasma (BAG), que é uma
coleção viva do patrimônio genético de uma espécie vegetal, que detém um número
expressivo de acessos, incluindo materiais silvestres, genótipos crioulos,
linhagens e cultivares (Costa et al., 2012; Fritsche-Neto & Borém, 2011;
Ramos et al., 2007). No caso de plantas não domesticadas, a exemplo da flor-de-seda,
do mandacarú, feijão-bravo e maniçoba a formação do BAG consiste apenas de
plantas silvestres. O objetivo central dos bancos de germoplasma é a
conservação dos recursos genéticos vegetais visando preservar a variabilidade
genética das espécies, podendo ser utilizados nos programas de melhoramento
genético de plantas. Em geral, o programa de melhoramento possui etapas
distintas, que envolve avaliação e caracterização agronômica dos acessos do
BAG, estudo de diversidade genética, seleção de plantas, hibridação, alteração
cromossômica, uso de ferramentas de biotecnologia, entre outras estratégias
(Costa et al., 2012; Fritsche-Neto & Borém, 2011; Ramos et al., 2007). A
execução do programa de melhoramento genético de plantas não é uma tarefa fácil,
demanda tempo, possui custos elevados até atingir a função principal do
programa que é proceder ao registro de cultivares. Dessa forma, recomenda-se o
desenvolvimento de um programa de melhoramento genético com espécies xerófilas
forrageiras domesticadas ou com potencial de domesticação a exemplo da
flor-de-seda, visto ter características agronômicas favoráveis, como potencial
fisiológico de sementes, crescimento e produção de fitomassa.
A
escolha da planta forrageira xerófila para cultivo no Semiárido brasileiro,
principalmente para as áreas com registro histórico de baixas precipitações,
deve ser com base na capacidade do vegetal em resistir à seca, na fenologia da
espécie e por meio das características agronômicas e bromatológicas da espécie.
Com relação à capacidade do vegetal em resistir à seca, esta é uma
característica essencial para o sucesso na atividade pecuária em propriedades
rurais do Semiárido, visto que, historicamente se sabe da ocorrência de secas
no Nordeste. Cultivar plantas com resistência comprovada a esse fenômeno é
uma estratégia de convivência com a seca e uma tentativa de garantir produção de forragem mesmo nos anos com baixas precipitações. As plantas com fenologia perenifólia, ou seja, que permanece verde ao longo de todo o ano, principalmente nos períodos mais secos do ano, torna-se uma opção importante de garantir produção de forragem, mesmo em anos com baixas precipitações, bem como favorece a colheita da fitomassa no período seco, época que o produtor rural tem baixo suporte forrageiro e necessita de forragem para suprir a dieta animal. São exemplos de plantas perenifólias: palma (Opuntia spp.), flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.) W.T. Aiton), algodão mocó (G. hirsutum L, r marie galante Hutch), capim buffel (Cenchrus ciliaris L.), mandacarú (Cereus jamacaru P. DC.) e feijão-bravo (Capparis flexuosa L.). Além dessas, uma espécie que não é perene, mas que possui importância para pecuária do Semiárido brasileiro é a maniçoba (Manihot ssp.), devido, principalmente, a capacidade de rebrota em baixas precipitações e do teor de proteína bruta. Apesar de ser uma planta caducifólia, ou seja, que perde folhas quando o solo se encontra em déficit hídrico, a maniçoba será descrita na presente revisão como única espécie caduca indicada para domesticação, pois pode ser cultivada e fornecida como forragem conservada (feno e/ou silagem) no período de seca. Com relação às características agronômicas, deve-se levar em consideração o potencial produtivo da cultura, o crescimento da espécie, o sistema radicular, o tipo de fotossíntese, o potencial fisiológico das sementes, entre outras características, que estão diretamente relacionadas com a capacidade de resistir às secas e ao tipo de manejo que será utilizado no sistema de produção. Além disso, é importante conhecer as características bromatológicas do vegetal, sobretudo, de uma espécie não domesticada, mas que possui potencial de cultivo.
uma estratégia de convivência com a seca e uma tentativa de garantir produção de forragem mesmo nos anos com baixas precipitações. As plantas com fenologia perenifólia, ou seja, que permanece verde ao longo de todo o ano, principalmente nos períodos mais secos do ano, torna-se uma opção importante de garantir produção de forragem, mesmo em anos com baixas precipitações, bem como favorece a colheita da fitomassa no período seco, época que o produtor rural tem baixo suporte forrageiro e necessita de forragem para suprir a dieta animal. São exemplos de plantas perenifólias: palma (Opuntia spp.), flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.) W.T. Aiton), algodão mocó (G. hirsutum L, r marie galante Hutch), capim buffel (Cenchrus ciliaris L.), mandacarú (Cereus jamacaru P. DC.) e feijão-bravo (Capparis flexuosa L.). Além dessas, uma espécie que não é perene, mas que possui importância para pecuária do Semiárido brasileiro é a maniçoba (Manihot ssp.), devido, principalmente, a capacidade de rebrota em baixas precipitações e do teor de proteína bruta. Apesar de ser uma planta caducifólia, ou seja, que perde folhas quando o solo se encontra em déficit hídrico, a maniçoba será descrita na presente revisão como única espécie caduca indicada para domesticação, pois pode ser cultivada e fornecida como forragem conservada (feno e/ou silagem) no período de seca. Com relação às características agronômicas, deve-se levar em consideração o potencial produtivo da cultura, o crescimento da espécie, o sistema radicular, o tipo de fotossíntese, o potencial fisiológico das sementes, entre outras características, que estão diretamente relacionadas com a capacidade de resistir às secas e ao tipo de manejo que será utilizado no sistema de produção. Além disso, é importante conhecer as características bromatológicas do vegetal, sobretudo, de uma espécie não domesticada, mas que possui potencial de cultivo.
A adaptação das plantas ao déficit hídrico é um mecanismo muito complexo,
envolvendo fatores inerentes ao genoma da espécie, a mecanismos fisiológicos,
bioquímicos e morfológicos do vegetal. Não é apenas um mecanismo que confere a
planta capacidade de resistir à seca é a união de características que garantem
às plantas sobrevivência aos ciclos de seca (Fritsche-Neto & Borém, 2011;
Simova-Stoilova et al., 2016). O processo de evolução das plantas superiores à
pressão de seleção exercida pela seca originou plantas com capacidade de
síntese de moléculas importantes, que estão diretamente relacionadas com a
resistência à seca, a exemplo do ácido abscísico (ABA), um metabólito
secundário produzido em resposta a ocorrência de estresse hídrico. A síntese do
ABA promove o fechamento dos estômatos, principal mecanismo de controle da
transpiração e perda de água nos vegetais. Plantas com eficiência na síntese
desse hormônio possuem maior capacidade de resistir aos efeitos do estresse
hídrico(Kitahata et al., 2006; Seki et al., 2007; Taiz & Zeiger, 2009). O
ABA funciona como molécula sinalizadora do fechamento estomático, que
desencadeia outras respostas nas plantas, relacionadas com mecanismos de
resistência à seca, a exemplo da redução da atividade fotossintética, acúmulo
de solutos no vacúolo (ajustamento osmótico), inibição do crescimento da parte
aérea em detrimento da expansão do sistema radicular,senescência foliar,
alteração na expressão gênica, tendo como consequência a redução da produção e
da produtividade vegetal (Fritsche-Neto & Borém, 2011; Seki et al., 2007;
Taiz & Zeiger, 2009). Com relação ao mecanismo fisiológico é importante
detalhar os tipos de metabolismo existentes em plantas superiores, ou seja, as
plantas C3, C4 e CAM. As C3 são plantas que realizam a fixação de CO2 e
sínteses de carboidratos durante o dia e nesse processo perdem água durante a
transpiração (Taiz & Zeiger, 2009), sendo uma característica desfavorável
em plantas para cultivo em regiões com ocorrência de baixas precipitações.
Melhoramento genético de plantas forrageiras xerófilas. As plantas C4 possuem
maior tolerância ao déficit hídrico, pois conseguem armazenar CO2 nas células
do mesófilo e com isso reduzem a perda de água, quando comparado com as C3,
devido à redução da abertura dos estômatos. Por fim, as plantas com
fotossíntese do tipo CAM (crassulacean acid metabolism) realizam abertura dos
estômatos e fixação de CO2 durante a noite, não ocorre transpiração de dia e
com isso evitam à perda de água excessiva, a palma forrageira é um exemplo de
planta CAM (Santos et al., 2017; Taiz & Zeiger, 2009). Além disso, é
importante destacar que existem plantas com fotossíntese intermediaria,
realizam dois tipos de fotossíntese. Por exemplo, uma espécie pode ser do tipo
C3 ou CAM, ou seja, em épocas sem ocorrência de déficit hídrico a planta possui
metabolismo C3 e em períodos de seca passa a ser uma planta CAM, sendo outro
mecanismo de resistir os efeitos do déficit hídrico. Outra característica
fisiológica relacionada com a tolerância à seca é a magnitude do sistema
antioxidante. Genótipos que apresentam maior capacidade antioxidante, tanto
enzimática (maior atividade de enzimas, por exemplo, dismutase do superóxido,
catalase, peroxidase do ascorbato e redutase da glutationa) como não enzimática
(glutationa e ascorbato), tendem a ser mais tolerantes à seca. Essa alta
capacidade antioxidante confere maior proteção celular, principalmente da
maquinaria fotossintética e manutenção da área foliar, que resulta, consequentemente,
em maior produção, mesmo em condições de deficiência hídrica mais severa
(Fritsche-Neto & Borém, 2011). Em âmbito celular, a resposta adaptativa
mais marcante das plantas submetidas ao déficit hídrico é o ajustamento osmótico,
que se caracterizam pelo aumento líquido de solutos nas células, os chamados
osmólitos estáveis, que compreende a prolina, os álcoois de açúcar, por
exemplo, o sorbitol e manitol, dentre outros. O ajuste osmótico promove a
manutenção da turgidez celular em potenciais hídricos muitos negativos, o que
permite a manutenção do processo de alongamento celular, além de maior
condutância estomática, possibilitando maximização do processo fotossintético,
acarretando maior acúmulo de biomassa (Fritsche-Neto & Borém, 2011).
Existem outros mecanismos que conferem à planta capacidade de resistir à seca,
a exemplo do crescimento e expansão do sistema radicular, mecanismo de reservas
nutritivas da planta ou mesmo através de mecanismos morfológicos da espécie que
reduz a perda de água (Fritsche-Neto & Borém, 2011; Simova-Stoilova et al.,
2016; Taiz & Zeiger, 2009). Uma característica que confere a planta
habilidade de resistir à seca é a alocação de fotoassimilados para crescimento
e expansão do sistema radicular em detrimento da parte aérea, como forma de
absorver água das camadas profundas do solo (Fritsche-Neto & Borém, 2011).
Essa estratégia ocorre, principalmente, no início do crescimento de plantas
xerófilas, sobretudo na fase de plântula. Outro exemplo de importância é o
sistema radicular da palma forrageira, que possui raízes absorventes que são
produzidas continuamente pela planta na tentativa de absorver umidade
superficial do solo, principalmente nas camadas sub superficiais, de 20 a 30 cm
(Edvan et al., 2013; Santos et al., 2017). Sobre mecanismos de reservas
nutritivas, existem plantas que armazenam substâncias nutritivas em rizomas, a
exemplo do capim buffel e outras em xilopódios, a exemplo do umbuzeiro (Duque,
2004). Além disso, existem plantas lactíferas, a exemplo de C. procera, que
possui em sua seiva compostos provenientes do metabolismo primário (por
exemplo, carboidratos e lipídios) (Almeida et al., 2018), que funcionam como
substâncias de reserva e que são degradadas durante o período de seca, para
permitir o crescimento e sobrevivência da planta. Dentre os mecanismos
morfológicos que reduz a perda de água em plantas, destaca-se a presença de
folhas com cutícula espessa, com presença de cerosidade e que se movimentam de
modo a diminuir a superfície exposta à radiação (Simova-Stoilova et al., 2016;
Taiz & Zeiger, 2009), C. procera é um exemplo de planta com essas
características. Além disso, existem plantas que reduzem a perda de água
durante a transpiração, em função da menor área foliar, do número de estômatos,
do tamanho do poro estomático ou devido ao controle da condutância estomática
(FritscheNeto & Borém, 2011; Simova-Stoilova et al., 2016; Taiz &
Zeiger, 2009). Portanto, é necessário conhecer as estruturas da planta, as
características agronômicas do vegetal para compreender os mecanismos de
resistência à seca e para nortear e subsidiar o melhorista de plantas na tomada
de decisão no programa de melhoramento genético. Em função disso, programas de
melhoramento genético de plantas podem atuar na seleção de plantas por meio da
avaliação de caracteres que estão relacionados com os mecanismos de tolerância
e resistência à seca, a exemplo da avaliação da fotossíntese, por meio da
leitura de trocas gasosas e fluorescência de clorofila (Graciano et al., 2016),
através de características morfológicas, do sistema radicular, da eficiência no
uso da água e de variáveis bioquímicas, para avaliar a atividade do sistema
antioxidante e o ajustamento osmótico de genótipos (Fritsche-Neto & Borém,
2011), ou por meio de técnicas modernas, como análise proteômica, que permitem
uma visão mais profunda dos genótipos com resistencia à seca (Simova-Stoilova
et al., 2016).
A
palma forrageira (Opuntia spp.) é a principal planta xerófila cultivada no
Nordeste brasileiro e o programa de melhoramento genético dessa cultura é uma
ferramenta necessária para obtenção de novas variedades, com maior potencial de
produção, visando atender as necessidades dos pecuaristas do Semiárido
brasileiro. Programas de melhoramento genético da palma têm sido desenvolvidos
em países como Itália, México, Brasil e Estados Unidos. No Brasil o Instituto
Agronômico de Pernambuco (IPA) é a instituição pioneira nas pesquisas com
melhoramento de palma voltada para a produção de forragem e possui um BAG da
cultura na Estação Experimental de Arcoverde-PE, com 1417 acessos, sendo 1061
clones gerados da palma gigante, com polinização não controlada; 171 clones
gerados da palma miúda, com polinização não controlada; 159 clones oriundos da
Universidade de Chapingo no México; 17 clones cedidos pelo CPATSA, oriundos de
vários países; cinco clones provenientes do Rio Grande do Norte; quatro clones
introduzidos de Petrolina (Inglese et al., 2017). Em geral, o programa de
melhoramento possui etapas distintas, que envolve o cultivo, avaliação e
caracterização agronômica de acessos do BAG, para subsidiar os estudos de
diversidade genética e otimizar o processo de seleção clonal. Os genótipos
selecionados podem participar de ensaios de competição, podendo atingir a
função principal do programa que é proceder o registro de cultivares no
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) com base na
regulamentação específica. Também é possível fazer uso de outras estratégias no
programa de melhoramento da cultura, como por exemplo: introdução de
germoplasma; teste de progênie; técnicas de biotecnologia (uso de marcador
molecular, estudos de expressão gênica, cultura de tecidos); indução de
mutação; indução a poliploidia in vitro; hibridação, entre outras, como forma
de ampliar a base genética da cultura e obter novos genótipos para serem
utilizados como opção dentro do programa de melhoramento genético da cultura (Fritsche-Neto
& Borém, 2011).
Melhoramento
genético do capim buffel
As
gramíneas nativas da Caatinga, em geral, são plantas xerófilas, classificadas
como efêmeras, pois são plantas cujo ciclo vegetativo não ultrapassa algumas
semanas ou meses, que aproveitam a estação chuvosa para completar seu ciclo
fenológico, ou seja, germinam, crescem, florescem e
produzem sementes
rapidamente, de modo que conseguem completar todo o seu desenvolvimento
fenológico antes que o teor de umidade do solo caia a níveis que possam
causar-lhes dano (Duque, 2004; Prisco, 1986). Portanto, são plantas que possuem
habilidade de fugir da seca, onde completam todo o ciclo fenológico no período
chuvoso e desaparecem, posteriormente, com a chegada da seca. Como exemplo de
gramíneas nativas da Caatinga, destaca-se o capim panasco (Aristida
adscensionis, Linn.) e o capim mimoso (Anthephora hermaphrodita, Kuntze)
(Duque, 2004). Apesar do potencial forrageiro das gramíneas nativas da
Caatinga, o capim buffel (Cenchrus ciliaris L.), gramínea originária da África,
Índia e Indonésia, amplamente cultivada em regiões tropicais e subtropicais em
todo o mundo é uma planta perene, tolerante à seca, que apresenta alta
resistência ao déficit hídrico, sendo uma das gramíneas forrageira mais
adequada para o Semiárido brasileiro (Bruno et al., 2017; Moreira et al.,
2015). Portanto, explorar seu germoplasma, ou de espécies do mesmo gênero, pode
contribuir para a seleção de genótipos com potencial forrageiro, adaptados as
condições climáticas regionais (Bruno et al., 2017). Dentre as pesquisas
realizadas no programa de melhoramento da cultura, destaca-se a caracterização
agronômica de acessos (Bruno et al., 2017; Jorge et al., 2008; Moreira et al.,
2015), com base na altura (Silva et al., 1987) e em análise bromatológica
(Silva et al., 1987), além de estudos de diversidade genética (Burson et al.,
2015), obtenção de genótipos sexuais para reprodução (Quiroga et al., 2013),
determinação da ploidia de acessos por citometria de fluxo (Burson et al.,
2012) e estudos de variabilidade morfogenética e ecotípica para resistência à
seca no deserto de Cholistan, Paquistão (Arshad et al., 2007; Mansoor et al.,
2002). No Brasil a Embrapa Semiárido possui um BAG de Cenchrus Melhoramento
genético de plantas forrageiras xerófilas e conta com 117 acessos oriundos de
diferentes Unidades da Embrapa (Gado de Corte, Recursos genéticos e
Biotecnologia), de instituições estrangeiras (Commonwealth Scientific and
Industrial Research Organisation – CSIRO, Indian Agricultural Research
Institute – IARI, National Agricultural Research System – NARS, Texas A & M
University, USA) e de coletas feitas na Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e
São Paulo. Um dos fatores limitantes no programa de melhoramento da cultura é a
reprodução da espécie, conhecida genericamente como apomixia. Neste tipo de
reprodução, o embrião se desenvolve no ovário a partir de uma célula somática
do óvulo, ocorrendo à formação de sementes férteis, sem haver a união do gameta
feminino com o masculino, como ocorre na reprodução sexual (Gauer &
Cavalli-Molina, 2000). Dessa forma, as plantas oriundas de sementes apomíticas
são geneticamente idênticas à planta mãe, impedindo assim a segregação de
genes, dificultando a prática de seleção e a realização da hibridação. Apesar
dessa característica que dificulta o melhoramento da cultura, Ayerza (1995)
destaca que a apomixia do capim buffel é do tipo facultativa e é controlada por
apenas dois genes e que se pode efetuar o cruzamento entre tipos sexuais.
Portanto, a seleção de genótipos sexuais no programa de melhoramento da
cultura, torna-se uma estratégia importante de ampliar a base genética da
cultura, na tentativa de desenvolver novos genótipos via hibridação para o
Semiárido brasileiro. O capim buffel possui características que poderiam ser
melhoradas, com ganhos genéticos expressivos de produção. Destas, destaca-se a
ocorrência de dormência em sementes, onde o programa de melhoramento da cultura
pode atuar na obtenção e seleção de genótipos com maior potencial fisiológico
de sementes, ou seja, com maior vigor e percentagem de germinação. Além disso,
Moreira et al. (2015) destacam que as próximas ações desenvolvidas no BAG de
Cenchrus da Embrapa Semiárido são: ampliar a variabilidade existente e buscar
fontes sexuais para obtenção de novas cultivares com tolerância a fatores
bióticos e abióticos. Além do melhoramento tradicional, outras ferramentas
podem ser utilizadas no programa de melhoramento da cultura, a exemplo de
técnicas de biotecnologia (uso de marcador molecular, estudos de expressão
gênica, cultura de tecidos); indução de mutação; indução a poliploidia in
vitro, entre outras (Fritsche-Neto & Borém, 2011), como forma de ampliar a
base genética da cultura e obter novos genótipos com maior potencial forrageiro
ou com maior tolerância a estresse hídrico e salino, visando atender o perfil
das diferentes propriedades rurais do Semiárido brasileiro, principalmente, no
tocante as baixas precipitações.
Melhoramento
genético do algodão mocó
O
algodão mocó (Gossypium hirsutum L. r. marie galante Hutch) é outra espécie de
planta que possui potencial para produção de forragem no Semiárido brasileiro,
principalmente, em função de ser uma planta xerófila perene, permanece verde
nos períodos de seca, como também por ser uma planta domesticada. É conhecido o
potencial forrageiro da cultura, pois durante décadas o algodão mocó foi a
principal cultura geradora de renda dos produtores rurais do Nordeste,
principalmente, nas áreas mais secas do sertão, a exemplo da região do Seridó
do Rio Grande do Norte. O mocó era a principal planta forrageira do Semiárido,
em virtude de sua produção de fitomassa e por ser a reserva alimentar nos
períodos de seca (Duque, 2004; Moreira et al., 1989). Por sua vez, Moreira et
al. (1989) destacam que a pecuária bovina era viabilizada na região Nordeste,
devido o cultivo do algodoeiro mocó, pois na época seca do ano a sua rama era
utilizada como alimento para o gado. Apesar dessas informações, não foi
encontrado na literatura estudos do potencial de produção e da composição
bromatológica do algodão mocó, talvez devido à extinção do cultivo da espécie
no Nordeste, sendo necessárias pesquisas nesse sentido. A cultura tem sito
utilizada em pesquisas científicas voltadas para o cultivo do algodão herbáceo,
visando à produção de algodão. Dessa forma, levando em consideração a
adaptabilidade da cultura ao Semiárido brasileiro e devido à contribuição da
espécie a pecuária dessa região durante décadas, torna-se importante o desenvolvimento
de um programa de melhoramento genético da cultura visando à produção de
forragem. A primeira etapa do programa seria a implantação de um BAG da
cultura, que envolve o cultivo de acessos oriundos de diferentes regiões do
Semiárido brasileiro, seguido da avaliação e caracterização agronômica, estudo
de diversidade genética, para subsidiar a seleção de genótipos com maior
potencial forrageiro. Existem outras estratégias a serem desenvolvida no
programa de melhoramento genético da cultura, porém, o cultivo e seleção de
acessos com maior potencial produtivo seria um avanço para a pecuária do
Semiárido brasileiro.
Melhoramento
genético da flor-de-seda
Conhecida
popularmente no Brasil como flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.) W.T.
Aiton), possui características importantes que subsidiam seu cultivo para
produção de forragem no Semiárido brasileiro. Por conta de sua capacidade de
resistir à seca, por ser uma planta perenifólia e devido à suas características
agronômicas e bromatológicas (Almeida et al., 2017a; Almeida et al., 2018). É
uma espécie que sobrevive aos extremos de aridez em países áridos e semiáridos.
O fato de ser uma planta perenifólia, ou seja, permanece verde nos períodos
mais secos do ano, torna-se uma opção importante de garantir produção de
forragem mesmo em anos com baixas precipitações, bem como favorece a colheita
da fitomassa no período seco, época que o produtor rural tem baixo suporte
forrageiro e necessita de forragem para suprir a dieta animal (Almeida et al.,
2017a; Hassan et al., 2015). C. procera é uma espécie de fácil domesticação,
visto ter características agronômicas favoráveis para seu cultivo, a exemplo do
potencial fisiológico de sementes e de seu crescimento (Almeida et al., 2017b;
OliveiraBento et al., 2015). O potencial forrageiro de C. procera tem sido
constatado em pesquisas científicas, por conta da produtividade da matéria
seca, da produção de biomassa e da composição química, sendo recomendada na
alimentação de caprinos, ovinos e bovinos na forma de feno, pois na forma in
natura possui toxidez, devido ser uma planta lactífera (Costa et al., 2009). O
látex de C. procera possui alto teor de compostos ativos, incluindo glicosídeos
cardiotônicos, alcalóides, terpenos, resinas, lípidos, flavonóides, taninos e
esteróides (Mohamed et al., 2015). Pesquisadores detectaram a presença de
diversos metabólitos secundários em C. procera (Kakkar et al., 2012; Mohamed et
al., 2015; Shaker et al., 2010), a exemplo de Melo et al. (2005), em que
detectaram a presença das seguintes substâncias ativas em folhas e ramos
(glicosídeos flavônicos, glicosídeos cardiotônicos, esteroides, triterpenos e
polifenóis). Dentre esses metabólitos secundários, os glicosídeos cardiotônicos
são os mais importantes, tendo em vista sua ação tóxica em humanos e animais.
São definidos como triterpenos ativos contra herbívoros vertebrados e
apresentam um gosto amargo, sendo extremamente tóxicos (Taiz & Zeiger,
2009). Por sua vez, são divididos em dois grupos, os cardenolídeos e os
bufadienolídeos. Os cardenolídeos são encontrados em várias famílias vegetais,
especialmente em Apocynaceae. Em C. procera pesquisas descrevem diferentes
tipos de cardenolídeos, a exemplo do proceragenin (Akhtar et al., 2015), bem
como de outros tipos de cardenolídeos (Mohamed et al., 2015). Sabendo que a
variação na constituição química dos metabólitos secundários é controlada
geneticamente e levando em consideração que muitas plantas cultivadas
importantes têm sido selecionadas por produzir níveis relativamente baixos
destes compostos, com a função de torná-las desejáveis como alimento para
humanos (Taiz & Zeiger, 2009), o programa de melhoramento genético de C.
procera pode atuar com o objetivo de selecionar e desenvolver genótipos com
redução da síntese de metabolitos secundários, sobretudo do teor de glicosídeos
cardiotônicos, visando a produção de forragem. Dentre as pesquisas realizadas
no programa de melhoramento da cultura, destaca-se a caracterização e seleção
precoce de acessos (Almeida et al., 2017a), estudo de diversidade genética com
base no potencial fisiológico de sementes (Almeida et al., 2017b) e por meio de
características agronômicas (Almeida et al., 2018). Neste sentido, outras
estratégias no programa de melhoramento genético da espécie podem ser
conduzidas, como por exemplo, avaliação do teor de glicosídeo cardiotônico nos
acessos de C. procera seguido de seleção, hibridação de genitores promissores,
uso de ferramentas de biotecnologia, entre outras estratégias.
Melhoramento
genético de plantas nativas da Caatinga (mandacarú, feijão-bravo e maniçoba)
Dentre
as principais plantas nativas do bioma Caatinga, o mandacarú (Cereus jamacaru
P. DC.) é a espécie largamente utilizada para alimentação animal no Semiárido
brasileiro, em períodos de seca. Outra espécie importante para pecuária dessa
região e bastante procurada pelos animais nas épocas de escassez de alimentos é
o feijão-bravo (Capparis flexuosa L.), em virtude de sua fenologia perenifólia,
pois permanece verde nas secas (Almeida Neto et al., 2004; Santana Neto et al.,
2015). A maniçoba (Manihot ssp.) é outra espécie de importância para o
Semiárido e que possui potencial de cultivo, principalmente, no período
chuvoso, devido sua capacidade de rebrota em baixas precipitações e por ser
utilizada como forragem conservada na forma de feno e ensilagem (Dantas et al.,
2008; Ferreira et al., 2009). O cultivo do mandacarú, do feijão-bravo e da
maniçoba seria uma grande opção de produzir forragem em propriedades rurais do
Nordeste, sendo uma estratégia de convivência com à seca, principalmente para
regiões com histórico de ocorrência de baixas precipitações. Apesar da importância
e do potencial forrageiro dessas espécies, a exploração desses recursos
genéticos ocorre de forma extrativista, ou seja, em plantas com ocorrência
natural na Caatinga, sendo necessário, portanto, a domesticação de genótipos
dessas espécies. O fato de não existir uma variedade de mandacarú, feijão-bravo
e maniçoba domesticada, ou seja, que tenha características agronômicas
reconhecidas, principalmente as de produção, torna-se arriscado o cultivo
dessas culturas em grande escala, em função dos custos de produção e da
resposta de crescimento do genótipo propagado. Sendo assim, torna-se necessário
o início do programa de melhoramento genético dessas culturas, com objetivo
central de catalogar os materiais promissores, sendo a forma inicial de se
desenvolver o cultivo dessas espécies. É notável a existência de variabilidade
genética nas espécies, principalmente quando se observa as características
morfológicas existentes, com plantas de coloração distinta, com variações no
tamanho e divergências na forma de crescimento. Existem plantas de rápida
brotação, outras com crescimento mais lento, sendo, portanto, fundamental a
caracterização e seleção de genótipos promissores para produção de forragem.
Dessa forma, a primeira etapa seria a implantação de um BAG dessas espécies,
que envolve o cultivo de acessos oriundos de diferentes regiões do Semiárido
brasileiro, seguido da avaliação, caracterização agronômica, bromatológica,
estudo de diversidade genética, para subsidiar a seleção de genótipos com maior
potencial forrageiro. Existem outras estratégias a serem desenvolvidas no
programa de melhoramento genético dessas espécies, porém, o cultivo e seleção
de genótipos com maior potencial produtivo seria um avanço para domesticação
dessas culturas no Semiárido brasileiro.
Conclusões
As
principais plantas forrageiras xerófilas indicadas para cultivo em áreas com
registro histórico de baixas precipitações no Semiárido brasileiro são palma
forrageira (Opuntia spp.) e capim buffel (Cenchrus ciliaris L.), além do
algodão mocó (Gossypium hirsutum L. r. marie galante Hutch), flor-deseda
(Calotropis procera (Ait.) W.T. Aiton), mandacarú (Cereus jamacaru P. DC.),
feijão-bravo (Capparis flexuosa L.) e maniçoba (Manihot ssp.), que possuem
potencial de serem cultivadas para produção de forragem. A execução de
programas de melhoramento genético dessas culturas xerófilas torna-se uma
ferramenta necessária para cultivo, domesticação de materiais silvestres e
obtenção de novas variedades, com maior potencial de produção e com a função de
elevar a renda das propriedades rurais do Semiárido brasileiro.
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Porto Alegre, Brasil: Artmed. Recebido: 14 de maio, 2019. Aprovado: 13 de
junho, 2019. Publicado: 14 de agosto, 2019. Licenciamento: Este artigo é
publicado na modalidade Acesso Aberto sob a licença Creative Commons Atribuição
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