27 de nov. de 2019

SUPLEMENTAÇÃO NA SECA

O maior problema no período da seca é o baixo desempenho dos bovinos em pastejo, resultado de uma pastagem de baixo valor nutricional. As vacas de cria não recuperam a condição corporal necessária para manter o ciclo reprodutivo e as demais categorias animais apresentam baixas taxas de ganho de peso. 
O baixo teor de proteína é o fator limitante das pastagens nessa época do ano, e sua correção, normalmente, resulta em aumento no consumo e digestibilidade da pastagem (Cochran et al., 1998). Isto porque as bactérias celulolíticas, responsáveis pela digestão da fibra, necessitam para o seu crescimento, de amônia (que pode ser fornecida pela uréia), mas também de esqueletos carbônicos (fornecido pelo carboidratos e proteína verdadeira). 
A fração protéica utilizada no rúmen é denominada de Proteína Degradada no Rúmen (PDR) e sua exigência está relacionada diretamente com os microorganismos do rúmen e não com o animal. 
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Essa exigência aumenta proporcionalmente à oferta de energia (NDT) ao animal, e pode ser estimada usando-se a equação: PDR, g/animal/dia = NDT, kg/animal/dia x 0,13 (NRC, 1996) 12 Suplementação de bovinos em pastejo É aconselhável que no suplemento protéico, a proporção de PDR com origem na uréia, não ultrapasse 30% do PDR total. 

Suplementação na seca – vacas de cria 
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal, melhorando a utilização da pastagem disponível. 
Meta - aumentar a taxa de natalidade de vacas de cria e a taxa de reconcepção de primíparas. 
Estratégiafornecer uma pequena quantidade de nutrientes que favoreçam os microorganismos do rúmen, e conseqüente aumento no consumo e digestibilidade do pasto. 
Tipo de suplementoque contenha teores de proteína bruta acima de 40%. 
Além da fonte protéica e mineral, a adição de uma fonte energética pode contribuir para melhorar o consumo do suplemento e contribuir para aumentar a oferta no rúmen de esqueletos carbônicos. Nessa situação, o uso da uréia acima de 30% do PDR total é aceitável. 
Entretanto, suplementos protéicos apenas com uréia e mistura mineral não têm resultado em desempenhos consistentes. O esperado, em termos de desempenho animal, seria reduzir perdas do peso vivo (casos extremos em locais de longa estiagem) ou alcançar a mantença ou leve ganho de peso.
Nível de fornecimento - mistura mineral/uréia, com ou sem palatabilizante - à vontade; sal protéico - aproximadamente 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. 
Mistura mineral/uréia – baixo consumo resulta em desempenhos aquém do desejado. Uso específico para regiões de seca bem caracterizada onde haja disponibilidade de macega de baixa qualidade. Pode reverter uma situação de perda de peso vivo acentuada para moderada ou até mantença, dependendo da oferta de pasto e taxa de lotação animal. 
Mistura mineral/uréia + palatabilizante – o consumo mais constante pode resultar em desempenhos mais consistentes, como citados na situação anterior. 

Sal protéico ou proteinado – consumo controlado com o uso do sal branco, dentro de valores próximos a 1 g/kg de peso vivo (vaca de 400 kg deveria consumir 400 g de sal protéico/dia). O controle do consumo do suplemento com o sal branco não é absoluto, havendo necessidade de se fazerem avaliações frequentes do mesmo, na fase inicial de sua oferta. Alterações na quantidade do sal branco para mais ou para menos, compensando com a substituição do milho, talvez sejam necessárias. Uma vez estabilizado o consumo, o abastecimento do cocho com o sal protéico deveria ser por períodos intercalados de três a quatro dias. Respeitar um espaço linear de cocho de 20 cm/vaca. É uma forma econômica de suplementação, com o objetivo de reduzir taxas de perdas de peso vivo, manter peso vivo ou, até mesmo, alcançar ganhos moderados de cerca de 200 g por vaca/dia, dependendo do pasto. Animais recebendo suplementos com sal comum para controlar consumo precisam ter livre acesso à água. 



Suplementação na seca – animais em recria  
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal pelo fornecimento adicional de nutrientes. 
Metareduzir a idade de abate e/ou idade de primeira cria e/ou reduzir taxas de perda de peso vivo. 
Estratégiafornecer um suplemento para aumentar o consumo total de proteína (sal protéico) ou proteína/energia (concentrado). No último caso, dentro de limites capazes de minimizar seu efeito sobre o consumo da pastagem. 
Tipo de suplementoas características do sal protéico são idênticas às já discutidas. O concentrado deve apresentar um teor de proteína bruta acima de 20%, teores médios de energia (entre 70% a 76% de NDT), minerais e ionóforo (Rumensin, Taurotec e outros). A substituição do PDR total pela uréia não deveria ultrapassar 30%. 
Nível de fornecimentosal protéico – 1 g/kg de peso vivo/animal/dia; concentrado - entre 2,5 a 5 g/kg de peso vivo/animal/dia. 
Sal protéico – é uma forma econômica de manter o peso do rebanho ou ganhos moderados de até 200 g/animal/dia, dependendo do pasto. O consumo deveria ficar em, aproximadamente, 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Ajustar o percentual de sal branco no suplemento para alcançar o consumo programado. Animais recebendo suplementos com sal comum para controlar consumo precisam ter livre acesso à água. 
Concentrado – na situação em que o consumo do suplemento pode alcançar até 5 g/kg de peso vivo/animal/dia, é fundamental que o mesmo seja o mais uniforme possível, para se evitarem diferenças no ganho de peso. Para isso, é importante que se respeite espaço de cocho para todos os animais, ficando entre 40 a 50 cm lineares/animal. Uma boa distribuição dos cochos no pasto também
Precocidade e produção na escassez.
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vai contribuir para que haja uma separação natural dos diversos grupos sociais, reduzindo o estresse. A hora de abastecer os cochos não deve interferir no regime natural de pastejo do animal, e isto pode melhorar a eficiência alimentar.  
O fornecimento diário do suplemento entre 11h e 14h seria o mais aconselhado.  Os cálculos do concentrado, na Tabela 2, foram baseados supondo-se o consumo de 1 kg/animal/dia do suplemento, por um animal de 300 kg de peso vivo. 
Suplementação na seca – animais em engorda (semiconfinamento)  
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal pelo fornecimento adicional de nutrientes. 
Metagarantir peso de abate e acabamento até o final da seca. 
Estratégiafornecer um suplemento para aumentar o consumo total de energia, mesmo ocorrendo substituição parcial no consumo do pasto. 
Tipo de suplementoque contenha um teor médio de 20% de proteína bruta e alta densidade energética (valor médio de 80% de NDT). 
Nível de fornecimentode 8 a
12 g/kg de peso vivo/animal/dia. 
Os suplementos sugeridos na Tabela 3 são rações completas, formuladas em função da oferta diária. Para os cálculos, foi considerado um consumo total de matéria seca igual a 2,2% do peso vivo, composição química da pastagem igual a 5% de proteína bruta e 51% de NDT, e necessidade de proteína degradável no rúmen equivalente a 11,814% do NDT consumido. Para reduzir custos com o suplemento, sugere-se iniciar com uma oferta de 8 g/kg de PV, pois as pastagens ainda oferecem um certo grau de qualidade e disponibilidade (junho).  À medida que a seca for avançando e o pasto sendo consumido, 16 Suplementação de bovinos em pastejo aumentar, gradativamente, os níveis de oferta do suplemento, até alcançar o limite máximo de 12 g/kg de PV, em função da necessidade de atender a meta de abate ao final do período de suplementação.  Níveis de suplementação acima de 12 g/kg de peso vivo podem ser usados em casos extremos ou em situações temporárias de oportunidades de mercado, tais como redução no custo do suplemento e/ou aumento no preço do boi gordo.  Para prevenir riscos de distúrbios metabólicos (acidose), adaptar os animais ao concentrado (ofertas intercaladas de três dias para cada nível de 25%, 50% e 75% do total do concentrado a ser oferecido), bem como oferecer o suplemento duas vezes ao dia, quando a oferta diária do concentrado alcançar os 3 kg/animal. Os cálculos dos concentrados, na Tabela 3, foram baseados supondo-se um animal de 400 kg de peso vivo.

CÁLCULO DE UM SUPLEMENTO
Para se calcular um suplemento é necessário o conhecimento prévio de quatro fatores: 
a) Composição nutricional da pastagem
b) Consumo da pastagem
c) Identificação das deficiências nutricionais do animal
d) Composição nutricional dos ingredientes do suplemento
A composição da pastagem é determinada em material coletado de forma a simular pastejo. A representatividade da mesma é fundamental para se alcançar melhores resultados com a suplementação. A compra dos ingredientes a serem utilizados no suplemento, deve ser realizada, em função do custo unitário do nutriente que o mesmo estará fornecendo. Isto se alcança com o seguinte cálculo: 
Custo unitário do nutriente 
(CUN) = A ÷ (B÷100 x C÷100)
sendo: 
A = preço de 1 quilo do ingrediente; 
B = porcentagem de MS do ingrediente; 
C = porcentagem do nutriente na MS do ingrediente
Exemplo: cálculo do custo da proteína bruta do farelo de soja. Preço/kg = R$0,35; Teor de matéria seca do farelo de soja = 89%; Teor de proteína bruta do farelo de soja = 46%. 
Portanto, CUN = [0,35 ÷ (89÷100 x 46÷100)] = R$ 0,85/kg de PB. 
Este valor deveria ser comparado com os valores calculados com outras fontes de PB, tais como, farelo de amendoim, de algodão, de girassol etc. 
A composição nutricional de alguns alimentos mais comuns encontra-se na Tabela 5.

TABELA 5
INGRENDIENTES MS NDT EM Elm Elg PB Degr.PB PDR Ca P
Algodão, caroço 91 0,9 3,258 2,242 1,551 0,21 0,139 0,66 0,17 0,62
Algodão, farelo 91 0,685 2,48 1,589 0,987 0,31 0,174 0,56 0,22 0,76
Amendoim, farelo 89 0,77 2,787 1,854 1,22 0,52 0,338 0,65 0,14 0,79
Arroz, farelo desengordurado 90 0,6 2,172 1,312 0,738 0,18 0,11 0,61 0,12 1,4
Arroz, farelo integral 89 0,67 2,425 1,541 0,945 0,145 0,094 0,65 0,08 1,55
Arroz, grão 89 0,75 2,715 1,792 1,167 0,08 0,052 0,65 0,04 0,25
Aveia, feno 90 0,55 1,991 1,143 0,584 0,1 0,068 0,68 0,32 0,25
Aveia, grão 89 0,75 2,715 1,792 1,167 0,13 0,088 0,68 0,07 0,38
Bagaço cana hidrolizado 45 0,5 1,81 0,97 0,423 0,016 0,003 0,2 0,04 0,03
Bagaço cana in natura 50 0,33 1,195 0,338 -0,181 0,016 0,005 0,31 0,04 0,03
Calcário calcícito 100 0 0 0 0 0 0 0 37,7 0,21
Cana-de-açúcar 26 0,63 2,281 1,411 0,828 0,04 0,026 0,65 0,23 0,06
Capim-elefante, 60 dias 20 0,58 2,1 1,245 0,677 0,085 0,064 0,75 0,6 0,2
Girassol, farelo 90 0,68 2,462 1,573 0,973 0,46 0,322 0,7 0,45 0,96
Levedura seca 89 0,8 2,896 1,945 1,299 0,34 0,18 0,53 0,12 0,83
Levedura úmida 23 0,8 2,896 1,945 1,299 0,34 0,197 0,58 0,12 0,83
Mandioca, raspa 90 0,8 2,896 1,945 1,299 0,04 0,022 0,55 0,15 0,07
Melaço 74 0,75 2,715 1,792 1,167 0,055 0,047 0,85 1 0,11
Melaço em pó 94 0,72 2,606 1,699 1,085 0,1 0,08 0,8 1,1 0,15
Milho, farelo de gérmen 88 0,86 3,113 2,124 1,452 0,6 0,252 0,42 0,07 0,5
Milho, gérmen (Refinazil) 88 0,75 2,715 1,792 1,167 0,23 0,161 0,7 0,3 0,7
Milho, grão 88 0,85 3,077 2,95 1,427 0,095 0,043 0,45 0,03 0,3
Milho, resíduo (quebradinho) 87 0,82 2,968 2,005 1,351 0,1 0,046 0,46 0,03 0,3
Milho, rolão (MDPS) 88 0,77 2,787 1,854 1,22 0,085 0,043 0,5 0,06 0,23
Milho, silagem 33 0,63 2,281 1,411 0,828 0,072 0,054 0,75 0,31 0,22
Mistural mineral (4% de P 100 0 0 0 0 0 0 0 5,1 4
Mistura mineral (6% de P) 100 0 0 0 0 0 0 0 7,7 6
Mistural mineral (8% de P) 100 0 0 0 0 0 0 0 10,2 8
Pastagem boa (nov./dez./jan.) 20 0,63 2,281 1,411 0,828 0,115 0,081 0,7 0,3 0,17
Pastagem média (fev./mar./abr) 30 0,59 2,136 1,279 0,708 0,09 0,063 0,7 0,3 0,15
Pastagem ruim (maio/jun./jul.) 40 0,55 1,991 1,143 0,584 0,065 0,044 0,68 0,3 0,13
Past. muito ruim (ago./set./out.) 50 0,51 1,846 1,005 0,455 0,04 0,026 0,65 0,3 0,11
Polpa cítrica 91 0,79 2,86 1,915 1,273 0,065 0,042 0,65 1,9 0,12
Polpa cítrica úmida 28 0,81 2,932 1,975 1,325 0,07 0,046 0,65 1,9 0,13
Resíduo cervejaria 21 0,66 2,389 1,509 0,916 0,23 0,12 0,52 0,29 0,54
Soja, casca 88 0,78 2,824 1,884 1,247 0,12 0,06 0,5 0,5 0,17
Soja, farelo 90 0,82 2,968 2,005 1,351 0,46 0,299 0,65 0,4 0,71
Soja, grão 89 0,91 3,294 2,271 1,576 0,38 0,266 0,7 0,25 0,55
Sorgo, grão 88 0,82 2,968 2,005 1,351 0,106 0,053 0,5 0,03 0,3
Sorgo, silagem 30 0,6 2,172 1,312 0,738 0,08 0,06 0,75 0,4 0,22
Sulfato de amônio 99 0 0 0 0 1,25 1 0,8 0 0
Trigo, farelo 88 0,71 2,57 1,668 1,057 0,17 0,124 0,73 0,13 1,2
Triguilho 89 0,79 2,86 1,915 1,273 0,17 0,124 0,73 0,07 0,38
Triticale 88 0,84 3,041 2,065 1,402 0,175 0,124 0,71 0,06 0,33
Tyfton, feno médio 87 0,56 2,027 1,178 0,615 0,106 0,074 0,7 0,4 0,18
Tyfton, feno bom 87 0,52 1,882 1,04 0,488 0,078 0,055 0,7 0,4 0,2
Uréia (45% de nitrogênio) 99 0 0 0 0 2,81 2,248 0,8 0 0
Uréia + sulfato de amônio 99 0 0 0 0 2,6 2,08 0,8 0 0

          1Mistura de 85% de uréia + 15% de sulfato de amônio

MS = matéria seca
PB = proteína bruta
NDT = nutrientes digestíveis totais
Degr. PB = degradação de proteína bruta
EM = energia metabolizável
PDR = proteína degradada no rúmen
Elm = energia líquida de mantença
Ca = cálcio
Elg = energia líquida de crescimento
P = fósforo.

As exigências animais por energia, proteína e minerais são fornecidas por tabelas, como aquelas elaboradas pelo National Research Council (NRC). Um exemplo desta tabela adaptada é mostrado na Tabela 6.


A partir dessas informações básicas, pode-se então iniciar o cálculo de um suplemento, conforme a seqüência mostrada abaixo: .
1. Situação existente:
Pastagem de capim-marandu, época de seca
Novilho nelore de 400 quilos de peso vivo
Supor consumo diário de MS de pasto, equivalente a 1,8% do peso vivo
Meta a ser alcançada – ganho de 400 gramas/animal/dia
2. Composição do pasto (na seca):
Ver na Tabela 5, item pastagem na seca, a composição em termos de:
MS = 32,0            Ca = 0,24
PB = 5,3               P = 0,13
PDR = 3,4            NDT = 51,0
Devido a diversidade de situações de uma pastagem, e conseqüentemente diferenças no seu valor nutricional, o ideal seria fazer uma análise da mesma. Para isso, deveria ser feita uma coleta criteriosa da forragem disponível, usando a técnica da simulação de pastejo.
Esta amostra seria enviada para um laboratório, onde seriam solicitadas as seguintes análises: Proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO).
A partir da PB, pode-se calcular o PDR (taxa de degradabilidade no rúmen, que para as pastagens, de um modo geral, pode ser considerada igual a 70%). O potencial de consumo de MS pode ser estimado a partir do teor de FDN (Paterson, 2000), usando a seguinte fórmula:

CMS (em % do peso vivo) = 120 ÷ FDN%

Para esta equação ter valor prático, é necessário que a amostra da pastagem seja bem representativa e que a metodologia laboratorial usada para determinar a FDN seja confiável. Uma alternativa para esta equação, seria usar estimativas de consumo, como por exemplo, 1,8% do peso vivo para a seca e 2,4% do peso vivo para as águas. O valor energético (NDT) pode ser estimado a partir da DIVMO, usando a equação:

NDT = 0,99 x DIVMO

ou a partir da FDA, usando a equação:

NDT = [88,9 – (0,779 x FDA%)]   (Paterson, 2000)

3. Cálculo consumo diário de nutrientes via pasto:
MS = (400 x 1,8) ÷ 100 = 7,200 quilos/animal/dia
PB = (7,200 x 5,3) ÷ 100 = 382 gramas/animal/dia
PDR = (7,200 x 3,4) ÷ 100 = 245 gramas/animal/dia
Ca = (7,200 x 0,24) ÷ 100 = 17,3 gramas/animal/dia
P = (7,200 x 0,13) ÷ 100 = 9 gramas/animal/dia
NDT = (7,200 x 51,0) ÷ 100 = 3,672 quilos/animal/dia.
4. Exigências de um novilho de 400 quilos para um ganho diário de 400 gramas, de acordo com a Tabela 6 (adaptado do NRC, 1984): 
Consumo diário de
MS = 8,2 kg
PB = 700 g
Ca = 20 g
P = 16 g
NDT = 4,610 kg e
PDR = 553 g.
Neste caso o valor de PDR foi calculado como sendo equivalente a 12% da ingestão total de NDT, de acordo com o NRC (1996). Este balanço protéico/energético no rúmen é fundamental para se maximizar a produção de proteína microbiana.
5. Cálculo do déficit nutricional:
A base de cálculo consiste em se efetuar a diferença entre as necessidades do animal (item 4) e a oferta da pastagem (item 3), para os nutrientes PB, NDT, PDR, Ca e P: PB = -318 gramas/animal/dia (700 – 382) NDT = -938 gramas/animal/dia (4,610 – 3,672) PDR = -308 gramas/animal/dia (553 – 245) Ca = -2,7 gramas/animal/dia (20 – 17,3) P = -7 gramas/animal/dia (16 – 9).
6. Escolha dos ingredientes que irão compor o suplemento: 
Essa escolha deveria ser feita em função do custo unitário do nutriente a ser suplementado, conforme discutido anteriormente. Supor que foram selecionados os seguintes ingredientes: grão de milho moído, farelo de soja, mistura uréia (85%) + sulfato de amônio (15%), calcário calcítico, mistura mineral, e Rumensin (aditivo). A composição dos mesmos encontra-se na Tabela 5, exceção para a mistura mineral e Rumensin.
7.Formulação do suplemento: 
Deve-se iniciar com a PDR, por ser este um nutriente essencial para o bom desempenho das bactérias ruminais e eficiência no processo de utilização da MS.
Do total de PDR necessário para fazer frente a ingestão de NDT (12% conforme calculado acima), no caso, 553 gramas/animal/dia, usar-se-á 30% na forma de nitrogênio não protéico (NNP), através da mistura uréia + sulfato de amônio.
Portanto, (553 x 30) ÷ 100 = 166 gramas/animal/dia de PDR na forma de NNP. Na Tabela 5, o valor de PDR da mistura uréia + sulfato de amônio é de 208%.
Para transformar 166 gramas de PDR no produto uréia + sulfato de amônio, divide-se (166 ÷ 208) x 100 = 79,8 gramas.
Este é o primeiro valor quantitativo que será usado para a formulação do suplemento. Portanto, do déficit determinado de 308 gramas de PDR, 166 gramas serão fornecidos através de NNP. A diferença de 142 gramas/animal/dia de PDR (308 – 166 = 142 gramas), será fornecida na forma de farelo de soja. 
Entretanto, o componente energético a ser usado neste suplemento, grão de milho, também apresenta uma certa quantidade de PDR (no caso, 4,3%, ver Tabela 5) e isto precisa ser levado em consideração nos cálculos.
A diferença no teor de PDR entre farelo de soja e milho é bastante alta, 29,9% e 4,3%, respectivamente. Já com respeito ao NDT, esta diferença é extremamente pequena (82% e 85% de NDT para o farelo de soja e milho, respectivamente). 
Portanto, o teor de NDT será o critério para cálculo do suplemento por meio dos seguintes passos:
Usar o valor médio de NDT destes dois ingredientes, que é 83,5% (85 (milho) + 82 (farelo de soja) ÷ 2). Isto significa que o suprimento do déficit já determinado de NDT, que é de 938 gramas/animal/dia, com uma mistura de milho e farelo de soja com valor médio de NDT = 83,5%, vai ser equivalente a 1.123,4 gramas/animal/dia desta mistura ((938 ÷ 83,5) x 100);
Também já se sabe que esta quantidade de mistura (milho + farelo de soja) deve fornecer 142 gramas de PDR/animal/dia; conseqüentemente, seu teor de PDR será igual a 12,64% ((142 ÷ 1.123,4) x 100);
A partir deste ponto, calcula-se as proporções de milho e farelo de soja na mistura. Para isto, pode-se usar o Quadrado de Pearson, o qual permite a determinação das proporções de dois componentes em uma mistura, no caso, milho e farelo de soja, com um nível de nutriente desejado, no caso, 12,64% de PDR.
Farelo de soja = 29,9 8,34 = 32,8% 17,26 = 67,42%
Milho = 4,3 12,64 Totais 25,60 = 100,00% .
Portanto, as quantidades de milho e farelo de soja a serem utilizadas no suplemento em formulação, serão iguais a 757,4 gramas/animal/dia ((1.123,4 x 67,42) ÷ 100) e 366 gramas/animal/dia ((1.123,4 x 32,58) ÷ 100), respectivamente.
Os demais elementos serão adicionados ao suplemento, segundo os seguintes critérios:
Calcário calcítico - fornecido na base de 50 gramas/animal/dia. Sua função é corrigir pH ruminal, além de adicionar cálcio para manter relação Ca:P próxima de 2:1.
Mistura mineral – fornecida na quantidade de 60 gramas/animal/dia, para atender todas as necessidades de macro e microminerais.
Rumensin – atender as recomendações do produto, isto é, 2 gramas/ animal/dia.
Com estas informações em mãos, pode-se agora formular o suplemento, expressando os valores em percentuais relativos à matéria seca (CMS, base para estimativa de consumo de nutrientes) e matéria natural (CMN, base de pesagem dos componentes da mistura), conforme Tabela 7.


Para se calcular o valor de PDR e NDT do suplemento, é só expressar o total de cada um destes nutrientes na MS total. Exemplo: Teor de PDR = (308,0 ÷ 1315,2) x 100 = 23,4%; Teor de NDT = (943,8 ÷ 1315,2) x 100 = 71,8%.
Portanto, para se alcançar um ganho de peso vivo próximo a 400 gramas/ animal/dia, em novilhos nelores de 400 quilos de peso vivo, em pastagem de B. brizantha durante a seca, com boa disponibilidade e condições qualitativas próximas às apresentadas na Tabela 5, o mesmo deveria receber um suplemento com 23,4% de PDR e 71,8% de NDT, oferecido na base de 1,460 quilo/ animal/dia.
Observações:
O valor PDR foi considerado no balanceamento do suplemento, de forma a manter um equilíbrio frente a ingestão de NDT, no caso, 12%. Do total de PDR, 30% foi oferecido na forma de NNP. 
Como a mistura mineral estará sendo consumida na base de 60 gramas/animal/dia, o consumo de todos os minerais deveria estar adequado. O que pode ser verificado é a relação Ca:P, que deveria ficar entre 2:1 e 4:1. Para isto, é só calcular a ingestão total de Ca e de P (tanto pela pastagem, como pelo concentrado), seguindo os passos já demonstrados para PDR e NDT.

No caso do suplemento formulado (supor uma mistura mineral com 6% de P e 7,2% de Ca), esta relação ficou em 3:1.
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