O maior problema no período da seca é o baixo desempenho
dos bovinos em pastejo, resultado de uma pastagem de baixo valor nutricional.
As vacas de cria não recuperam a condição corporal necessária para manter o
ciclo reprodutivo e as demais categorias animais apresentam baixas taxas de
ganho de peso.
O baixo teor de proteína é o fator limitante das
pastagens nessa época do ano, e sua correção, normalmente, resulta em aumento
no consumo e digestibilidade da pastagem (Cochran et
al., 1998). Isto porque as bactérias celulolíticas, responsáveis
pela digestão da fibra, necessitam para o seu crescimento, de amônia (que pode
ser fornecida pela uréia), mas também de esqueletos carbônicos (fornecido pelo
carboidratos e proteína verdadeira).
A fração protéica utilizada no rúmen é denominada de
Proteína Degradada no Rúmen (PDR) e sua exigência está relacionada diretamente
com os microorganismos do rúmen e não com o animal.
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Suplementação na seca – vacas de cria
Objetivo da suplementação - melhorar
o desempenho animal, melhorando a utilização da pastagem disponível.
Meta - aumentar a taxa de natalidade de vacas de cria e a taxa de reconcepção de
primíparas.
Estratégia - fornecer
uma pequena quantidade de nutrientes que favoreçam os microorganismos do rúmen,
e conseqüente aumento no consumo e digestibilidade do pasto.
Tipo de suplemento - que
contenha teores de proteína bruta acima de 40%.
Além da
fonte protéica e mineral, a adição de uma fonte energética pode contribuir para
melhorar o consumo do suplemento e contribuir para aumentar a oferta no rúmen
de esqueletos carbônicos. Nessa situação, o uso da uréia acima de 30% do PDR
total é aceitável.
Entretanto,
suplementos protéicos apenas com uréia e mistura mineral não têm resultado em
desempenhos consistentes. O esperado, em termos de desempenho animal, seria
reduzir perdas do peso vivo (casos extremos em locais de longa estiagem) ou
alcançar a mantença ou leve ganho de peso.
Nível de fornecimento - mistura mineral/uréia, com ou sem
palatabilizante - à vontade; sal protéico - aproximadamente 1 g/kg de peso
vivo/animal/dia.
Mistura
mineral/uréia – baixo
consumo resulta em desempenhos aquém do desejado. Uso específico para regiões
de seca bem caracterizada onde haja disponibilidade de macega de baixa
qualidade. Pode reverter uma situação de perda de peso vivo acentuada para
moderada ou até mantença, dependendo da oferta de pasto e taxa de lotação
animal.
Mistura
mineral/uréia + palatabilizante – o consumo mais constante pode resultar em desempenhos mais consistentes,
como citados na situação anterior.
Sal protéico ou proteinado – consumo controlado com o uso do sal branco,
dentro de valores próximos a 1 g/kg de peso vivo (vaca de 400 kg deveria
consumir 400 g de sal protéico/dia). O controle do consumo do suplemento com o
sal branco não é absoluto, havendo necessidade de se fazerem avaliações frequentes
do mesmo, na fase inicial de sua oferta. Alterações na quantidade do sal branco
para mais ou para menos, compensando com a substituição do milho, talvez sejam
necessárias. Uma vez estabilizado o consumo, o abastecimento do cocho com o sal
protéico deveria ser por períodos intercalados de três a quatro dias. Respeitar
um espaço linear de cocho de 20 cm/vaca. É uma forma econômica de
suplementação, com o objetivo de reduzir taxas de perdas de peso vivo, manter
peso vivo ou, até mesmo, alcançar ganhos moderados de cerca de 200 g por
vaca/dia, dependendo do pasto. Animais recebendo suplementos com sal comum para
controlar consumo precisam ter livre acesso à água.
Suplementação na seca – animais em recria
Objetivo da suplementação - melhorar o desempenho animal pelo fornecimento adicional de nutrientes.
Meta - reduzir a idade de abate e/ou idade de primeira cria e/ou reduzir taxas
de perda de peso vivo.
Estratégia - fornecer um suplemento para aumentar o consumo total de proteína (sal
protéico) ou proteína/energia (concentrado). No último caso, dentro de limites
capazes de minimizar seu efeito sobre o consumo da pastagem.
Tipo de suplemento - as características do sal protéico são idênticas às já discutidas. O
concentrado deve apresentar um teor de proteína bruta acima de 20%, teores
médios de energia (entre 70% a 76% de NDT), minerais e ionóforo (Rumensin,
Taurotec e outros). A substituição do PDR total pela uréia não deveria
ultrapassar 30%.
Nível de fornecimento - sal protéico – 1 g/kg de peso vivo/animal/dia; concentrado - entre 2,5 a
5 g/kg de peso vivo/animal/dia.
Sal protéico – é uma forma econômica de manter o peso do rebanho ou ganhos moderados
de até 200 g/animal/dia, dependendo do pasto. O consumo deveria ficar em,
aproximadamente, 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Ajustar o percentual de sal
branco no suplemento para alcançar o consumo programado. Animais recebendo
suplementos com sal comum para controlar consumo precisam ter livre acesso à
água.
Concentrado – na situação em que o consumo do suplemento pode alcançar até 5 g/kg de
peso vivo/animal/dia, é fundamental que o mesmo seja o mais uniforme possível,
para se evitarem diferenças no ganho de peso. Para isso, é importante que se
respeite espaço de cocho para todos os animais, ficando entre 40 a 50 cm
lineares/animal. Uma boa distribuição dos cochos no pasto também
vai contribuir
para que haja uma separação natural dos diversos grupos sociais, reduzindo o
estresse. A hora de abastecer os cochos não deve interferir no regime natural
de pastejo do animal, e isto pode melhorar a eficiência alimentar. O fornecimento diário do suplemento entre 11h e 14h
seria o mais aconselhado. Os cálculos do concentrado, na Tabela 2, foram
baseados supondo-se o consumo de 1 kg/animal/dia do suplemento, por um animal
de 300 kg de peso vivo.
Precocidade e produção na escassez. https://www.bahiaredsindhi.com/ |
Suplementação na seca – animais em
engorda (semiconfinamento)
Objetivo da suplementação - melhorar o desempenho animal pelo fornecimento
adicional de nutrientes.
Meta - garantir peso de abate e acabamento até o final da
seca.
Estratégia - fornecer um suplemento para aumentar o consumo
total de energia, mesmo ocorrendo substituição parcial no consumo do pasto.
Tipo de suplemento - que contenha um teor médio de 20% de proteína bruta
e alta densidade energética (valor médio de 80% de NDT).
Os suplementos sugeridos na Tabela 3 são rações
completas, formuladas em função da oferta diária. Para os cálculos, foi
considerado um consumo total de matéria seca igual a 2,2% do peso vivo,
composição química da pastagem igual a 5% de proteína bruta e 51% de NDT, e
necessidade de proteína degradável no rúmen equivalente a 11,814% do NDT
consumido. Para reduzir custos com o suplemento, sugere-se iniciar com uma
oferta de 8 g/kg de PV, pois as pastagens ainda oferecem um certo grau de
qualidade e disponibilidade (junho). À medida que a seca for avançando e o pasto sendo
consumido, 16 Suplementação de bovinos em pastejo aumentar, gradativamente, os
níveis de oferta do suplemento, até alcançar o limite máximo de 12 g/kg de PV,
em função da necessidade de atender a meta de abate ao final do período de
suplementação. Níveis de suplementação acima de 12 g/kg de peso
vivo podem ser usados em casos extremos ou em situações temporárias de
oportunidades de mercado, tais como redução no custo do suplemento e/ou aumento
no preço do boi gordo. Para prevenir riscos de distúrbios metabólicos
(acidose), adaptar os animais ao concentrado (ofertas intercaladas de três dias
para cada nível de 25%, 50% e 75% do total do concentrado a ser oferecido), bem
como oferecer o suplemento duas vezes ao dia, quando a oferta diária do
concentrado alcançar os 3 kg/animal. Os cálculos dos concentrados, na Tabela 3,
foram baseados supondo-se um animal de 400 kg de peso vivo.
CÁLCULO DE UM SUPLEMENTO
Para se calcular um suplemento é necessário o conhecimento prévio de quatro fatores:
a) Composição nutricional da pastagem
b) Consumo da pastagem
c) Identificação das deficiências nutricionais do
animal
d) Composição nutricional dos ingredientes do
suplemento
A composição da pastagem é determinada em material coletado de
forma a simular pastejo. A representatividade da mesma é fundamental para se
alcançar melhores resultados com a suplementação. A compra dos ingredientes a
serem utilizados no suplemento, deve ser realizada, em função do custo unitário
do nutriente que o mesmo estará fornecendo. Isto se alcança com o seguinte
cálculo:
Custo unitário do nutriente
(CUN) = A ÷ (B÷100 x C÷100)
sendo:
A = preço de 1 quilo do ingrediente;
B = porcentagem de MS do ingrediente;
C = porcentagem do nutriente na MS do
ingrediente
Exemplo: cálculo do custo da
proteína bruta do farelo de soja. Preço/kg = R$0,35; Teor de matéria seca do
farelo de soja = 89%; Teor de proteína bruta do farelo de soja = 46%.
Portanto, CUN = [0,35 ÷ (89÷100 x 46÷100)] = R$
0,85/kg de PB.
Este valor deveria ser comparado com os valores
calculados com outras fontes de PB, tais como, farelo de amendoim, de algodão,
de girassol etc.
A composição nutricional de alguns alimentos mais
comuns encontra-se na Tabela 5.
TABELA 5
INGRENDIENTES | MS | NDT | EM | Elm | Elg | PB | Degr.PB | PDR | Ca | P |
Algodão, caroço | 91 | 0,9 | 3,258 | 2,242 | 1,551 | 0,21 | 0,139 | 0,66 | 0,17 | 0,62 |
Algodão, farelo | 91 | 0,685 | 2,48 | 1,589 | 0,987 | 0,31 | 0,174 | 0,56 | 0,22 | 0,76 |
Amendoim, farelo | 89 | 0,77 | 2,787 | 1,854 | 1,22 | 0,52 | 0,338 | 0,65 | 0,14 | 0,79 |
Arroz, farelo desengordurado | 90 | 0,6 | 2,172 | 1,312 | 0,738 | 0,18 | 0,11 | 0,61 | 0,12 | 1,4 |
Arroz, farelo integral | 89 | 0,67 | 2,425 | 1,541 | 0,945 | 0,145 | 0,094 | 0,65 | 0,08 | 1,55 |
Arroz, grão | 89 | 0,75 | 2,715 | 1,792 | 1,167 | 0,08 | 0,052 | 0,65 | 0,04 | 0,25 |
Aveia, feno | 90 | 0,55 | 1,991 | 1,143 | 0,584 | 0,1 | 0,068 | 0,68 | 0,32 | 0,25 |
Aveia, grão | 89 | 0,75 | 2,715 | 1,792 | 1,167 | 0,13 | 0,088 | 0,68 | 0,07 | 0,38 |
Bagaço cana hidrolizado | 45 | 0,5 | 1,81 | 0,97 | 0,423 | 0,016 | 0,003 | 0,2 | 0,04 | 0,03 |
Bagaço cana in natura | 50 | 0,33 | 1,195 | 0,338 | -0,181 | 0,016 | 0,005 | 0,31 | 0,04 | 0,03 |
Calcário calcícito | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 37,7 | 0,21 |
Cana-de-açúcar | 26 | 0,63 | 2,281 | 1,411 | 0,828 | 0,04 | 0,026 | 0,65 | 0,23 | 0,06 |
Capim-elefante, 60 dias | 20 | 0,58 | 2,1 | 1,245 | 0,677 | 0,085 | 0,064 | 0,75 | 0,6 | 0,2 |
Girassol, farelo | 90 | 0,68 | 2,462 | 1,573 | 0,973 | 0,46 | 0,322 | 0,7 | 0,45 | 0,96 |
Levedura seca | 89 | 0,8 | 2,896 | 1,945 | 1,299 | 0,34 | 0,18 | 0,53 | 0,12 | 0,83 |
Levedura úmida | 23 | 0,8 | 2,896 | 1,945 | 1,299 | 0,34 | 0,197 | 0,58 | 0,12 | 0,83 |
Mandioca, raspa | 90 | 0,8 | 2,896 | 1,945 | 1,299 | 0,04 | 0,022 | 0,55 | 0,15 | 0,07 |
Melaço | 74 | 0,75 | 2,715 | 1,792 | 1,167 | 0,055 | 0,047 | 0,85 | 1 | 0,11 |
Melaço em pó | 94 | 0,72 | 2,606 | 1,699 | 1,085 | 0,1 | 0,08 | 0,8 | 1,1 | 0,15 |
Milho, farelo de gérmen | 88 | 0,86 | 3,113 | 2,124 | 1,452 | 0,6 | 0,252 | 0,42 | 0,07 | 0,5 |
Milho, gérmen (Refinazil) | 88 | 0,75 | 2,715 | 1,792 | 1,167 | 0,23 | 0,161 | 0,7 | 0,3 | 0,7 |
Milho, grão | 88 | 0,85 | 3,077 | 2,95 | 1,427 | 0,095 | 0,043 | 0,45 | 0,03 | 0,3 |
Milho, resíduo (quebradinho) | 87 | 0,82 | 2,968 | 2,005 | 1,351 | 0,1 | 0,046 | 0,46 | 0,03 | 0,3 |
Milho, rolão (MDPS) | 88 | 0,77 | 2,787 | 1,854 | 1,22 | 0,085 | 0,043 | 0,5 | 0,06 | 0,23 |
Milho, silagem | 33 | 0,63 | 2,281 | 1,411 | 0,828 | 0,072 | 0,054 | 0,75 | 0,31 | 0,22 |
Mistural mineral (4% de P | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 5,1 | 4 |
Mistura mineral (6% de P) | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 7,7 | 6 |
Mistural mineral (8% de P) | 100 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 10,2 | 8 |
Pastagem boa (nov./dez./jan.) | 20 | 0,63 | 2,281 | 1,411 | 0,828 | 0,115 | 0,081 | 0,7 | 0,3 | 0,17 |
Pastagem média (fev./mar./abr) | 30 | 0,59 | 2,136 | 1,279 | 0,708 | 0,09 | 0,063 | 0,7 | 0,3 | 0,15 |
Pastagem ruim (maio/jun./jul.) | 40 | 0,55 | 1,991 | 1,143 | 0,584 | 0,065 | 0,044 | 0,68 | 0,3 | 0,13 |
Past. muito ruim (ago./set./out.) | 50 | 0,51 | 1,846 | 1,005 | 0,455 | 0,04 | 0,026 | 0,65 | 0,3 | 0,11 |
Polpa cítrica | 91 | 0,79 | 2,86 | 1,915 | 1,273 | 0,065 | 0,042 | 0,65 | 1,9 | 0,12 |
Polpa cítrica úmida | 28 | 0,81 | 2,932 | 1,975 | 1,325 | 0,07 | 0,046 | 0,65 | 1,9 | 0,13 |
Resíduo cervejaria | 21 | 0,66 | 2,389 | 1,509 | 0,916 | 0,23 | 0,12 | 0,52 | 0,29 | 0,54 |
Soja, casca | 88 | 0,78 | 2,824 | 1,884 | 1,247 | 0,12 | 0,06 | 0,5 | 0,5 | 0,17 |
Soja, farelo | 90 | 0,82 | 2,968 | 2,005 | 1,351 | 0,46 | 0,299 | 0,65 | 0,4 | 0,71 |
Soja, grão | 89 | 0,91 | 3,294 | 2,271 | 1,576 | 0,38 | 0,266 | 0,7 | 0,25 | 0,55 |
Sorgo, grão | 88 | 0,82 | 2,968 | 2,005 | 1,351 | 0,106 | 0,053 | 0,5 | 0,03 | 0,3 |
Sorgo, silagem | 30 | 0,6 | 2,172 | 1,312 | 0,738 | 0,08 | 0,06 | 0,75 | 0,4 | 0,22 |
Sulfato de amônio | 99 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1,25 | 1 | 0,8 | 0 | 0 |
Trigo, farelo | 88 | 0,71 | 2,57 | 1,668 | 1,057 | 0,17 | 0,124 | 0,73 | 0,13 | 1,2 |
Triguilho | 89 | 0,79 | 2,86 | 1,915 | 1,273 | 0,17 | 0,124 | 0,73 | 0,07 | 0,38 |
Triticale | 88 | 0,84 | 3,041 | 2,065 | 1,402 | 0,175 | 0,124 | 0,71 | 0,06 | 0,33 |
Tyfton, feno médio | 87 | 0,56 | 2,027 | 1,178 | 0,615 | 0,106 | 0,074 | 0,7 | 0,4 | 0,18 |
Tyfton, feno bom | 87 | 0,52 | 1,882 | 1,04 | 0,488 | 0,078 | 0,055 | 0,7 | 0,4 | 0,2 |
Uréia (45% de nitrogênio) | 99 | 0 | 0 | 0 | 0 | 2,81 | 2,248 | 0,8 | 0 | 0 |
Uréia + sulfato de amônio | 99 | 0 | 0 | 0 | 0 | 2,6 | 2,08 | 0,8 | 0 | 0 |
1Mistura de 85%
de uréia + 15% de sulfato de amônio
MS = matéria
seca
|
PB = proteína
bruta
|
NDT =
nutrientes digestíveis totais
|
Degr. PB =
degradação de proteína bruta
|
EM = energia
metabolizável
|
PDR = proteína
degradada no rúmen
|
Elm = energia
líquida de mantença
|
Ca = cálcio
|
Elg = energia
líquida de crescimento
|
P = fósforo.
|
A partir dessas informações básicas, pode-se então
iniciar o cálculo de um suplemento, conforme a seqüência mostrada abaixo: .
1. Situação existente:
Pastagem de capim-marandu, época de seca
Novilho nelore de 400 quilos de peso vivo
Supor consumo diário de MS de pasto, equivalente a 1,8%
do peso vivo
Meta a ser alcançada – ganho de 400 gramas/animal/dia
2. Composição do pasto (na seca):
Ver na Tabela 5, item pastagem na seca, a composição em
termos de:
MS = 32,0 Ca
= 0,24
PB = 5,3 P
= 0,13
PDR = 3,4 NDT
= 51,0
Devido a diversidade de situações de uma pastagem, e
conseqüentemente diferenças no seu valor nutricional, o ideal seria fazer uma
análise da mesma. Para isso, deveria ser feita uma coleta criteriosa da
forragem disponível, usando a técnica da simulação de pastejo.
Esta amostra seria enviada para um laboratório, onde
seriam solicitadas as seguintes análises: Proteína bruta (PB), fibra detergente
neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da
matéria orgânica (DIVMO).
A partir da PB, pode-se calcular o PDR (taxa de
degradabilidade no rúmen, que para as pastagens, de um modo geral, pode ser
considerada igual a 70%). O potencial de consumo de MS pode ser estimado a partir
do teor de FDN (Paterson, 2000), usando a seguinte fórmula:
CMS (em % do peso vivo) = 120 ÷ FDN%
Para esta equação ter valor prático, é necessário que a amostra da pastagem seja bem representativa e que a metodologia laboratorial usada para determinar a FDN seja confiável. Uma alternativa para esta equação, seria usar estimativas de consumo, como por exemplo, 1,8% do peso vivo para a seca e 2,4% do peso vivo para as águas. O valor energético (NDT) pode ser estimado a partir da DIVMO, usando a equação:
Para esta equação ter valor prático, é necessário que a amostra da pastagem seja bem representativa e que a metodologia laboratorial usada para determinar a FDN seja confiável. Uma alternativa para esta equação, seria usar estimativas de consumo, como por exemplo, 1,8% do peso vivo para a seca e 2,4% do peso vivo para as águas. O valor energético (NDT) pode ser estimado a partir da DIVMO, usando a equação:
NDT = 0,99 x DIVMO
ou a partir da FDA, usando a equação:
NDT = [88,9 –
(0,779 x FDA%)] (Paterson, 2000)
3. Cálculo consumo diário de nutrientes via pasto:
MS = (400 x 1,8) ÷ 100 = 7,200 quilos/animal/dia
PB = (7,200 x 5,3) ÷ 100 = 382 gramas/animal/dia
PDR = (7,200 x 3,4) ÷ 100 = 245 gramas/animal/dia
Ca = (7,200 x 0,24) ÷ 100 = 17,3 gramas/animal/dia
P = (7,200 x 0,13) ÷ 100 = 9 gramas/animal/dia
NDT = (7,200 x 51,0) ÷ 100 = 3,672 quilos/animal/dia.
4. Exigências de um novilho de 400 quilos para um ganho
diário de 400 gramas, de acordo com a Tabela 6 (adaptado do NRC, 1984):
Consumo diário de
MS = 8,2 kg
PB = 700 g
Ca = 20 g
P = 16 g
NDT = 4,610 kg e
PDR = 553 g.
Neste caso o valor de PDR foi calculado como sendo
equivalente a 12% da ingestão total de NDT, de acordo com o NRC (1996). Este
balanço protéico/energético no rúmen é fundamental para se maximizar a produção
de proteína microbiana.
5. Cálculo do déficit nutricional:
A
base de cálculo consiste em se efetuar a diferença entre as necessidades do
animal (item 4) e a oferta da pastagem (item 3), para os nutrientes PB, NDT,
PDR, Ca e P: PB = -318 gramas/animal/dia (700 – 382) NDT = -938
gramas/animal/dia (4,610 – 3,672) PDR = -308 gramas/animal/dia (553 – 245) Ca =
-2,7 gramas/animal/dia (20 – 17,3) P = -7 gramas/animal/dia (16 – 9).
6.
Escolha dos ingredientes que irão compor o suplemento:
Essa
escolha deveria ser feita em função do custo unitário do nutriente a ser suplementado,
conforme discutido anteriormente. Supor que foram selecionados os seguintes
ingredientes: grão de milho moído, farelo de soja, mistura uréia (85%) +
sulfato de amônio (15%), calcário calcítico, mistura mineral, e Rumensin
(aditivo). A composição dos mesmos encontra-se na Tabela 5, exceção para a
mistura mineral e Rumensin.
7.Formulação
do suplemento:
Deve-se
iniciar com a PDR, por ser este um nutriente essencial para o bom desempenho
das bactérias ruminais e eficiência no processo de utilização da MS.
Do
total de PDR necessário para fazer frente a ingestão de NDT (12% conforme
calculado acima), no caso, 553 gramas/animal/dia, usar-se-á 30% na forma de
nitrogênio não protéico (NNP), através da mistura uréia + sulfato de amônio.
Portanto,
(553 x 30) ÷ 100 = 166 gramas/animal/dia de PDR na forma de NNP. Na Tabela 5, o
valor de PDR da mistura uréia + sulfato de amônio é de 208%.
Para
transformar 166 gramas de PDR no produto uréia + sulfato de amônio, divide-se
(166 ÷ 208) x 100 = 79,8 gramas.
Este
é o primeiro valor quantitativo que será usado para a formulação do suplemento.
Portanto, do déficit determinado de 308 gramas de PDR, 166 gramas serão
fornecidos através de NNP. A diferença de 142 gramas/animal/dia de PDR (308 –
166 = 142 gramas), será fornecida na forma de farelo de soja.
Entretanto,
o componente energético a ser usado neste suplemento, grão de milho, também
apresenta uma certa quantidade de PDR (no caso, 4,3%, ver Tabela 5) e isto
precisa ser levado em consideração nos cálculos.
A
diferença no teor de PDR entre farelo de soja e milho é bastante alta, 29,9% e
4,3%, respectivamente. Já com respeito ao NDT, esta diferença é extremamente
pequena (82% e 85% de NDT para o farelo de soja e milho, respectivamente).
Portanto,
o teor de NDT será o critério para cálculo do suplemento por meio dos seguintes
passos:
Usar
o valor médio de NDT destes dois ingredientes, que é 83,5% (85 (milho) + 82
(farelo de soja) ÷ 2). Isto significa que o suprimento do déficit já
determinado de NDT, que é de 938 gramas/animal/dia, com uma mistura de milho e
farelo de soja com valor médio de NDT = 83,5%, vai ser equivalente a 1.123,4
gramas/animal/dia desta mistura ((938 ÷ 83,5) x 100);
Também
já se sabe que esta quantidade de mistura (milho + farelo de soja) deve
fornecer 142 gramas de PDR/animal/dia; conseqüentemente, seu teor de PDR será
igual a 12,64% ((142 ÷ 1.123,4) x 100);
A
partir deste ponto, calcula-se as proporções de milho e farelo de soja na
mistura. Para isto, pode-se usar o Quadrado de Pearson, o qual permite a
determinação das proporções de dois componentes em uma mistura, no caso, milho
e farelo de soja, com um nível de nutriente desejado, no caso, 12,64% de PDR.
Farelo
de soja = 29,9 8,34 = 32,8% 17,26 = 67,42%
Milho
= 4,3 12,64 Totais 25,60 = 100,00% .
Portanto,
as quantidades de milho e farelo de soja a serem utilizadas no suplemento em
formulação, serão iguais a 757,4 gramas/animal/dia ((1.123,4 x 67,42) ÷ 100) e
366 gramas/animal/dia ((1.123,4 x 32,58) ÷ 100), respectivamente.
Os
demais elementos serão adicionados ao suplemento, segundo os seguintes
critérios:
Calcário
calcítico - fornecido na base de 50 gramas/animal/dia. Sua função é corrigir pH
ruminal, além de adicionar cálcio para manter relação Ca:P próxima de 2:1.
Mistura
mineral – fornecida na quantidade de 60 gramas/animal/dia, para atender todas
as necessidades de macro e microminerais.
Rumensin
– atender as recomendações do produto, isto é, 2 gramas/ animal/dia.
Com
estas informações em mãos, pode-se agora formular o suplemento, expressando os
valores em percentuais relativos à matéria seca (CMS, base para estimativa de
consumo de nutrientes) e matéria natural (CMN, base de pesagem dos componentes
da mistura), conforme Tabela 7.
Para
se calcular o valor de PDR e NDT do suplemento, é só expressar o total de cada
um destes nutrientes na MS total. Exemplo: Teor de PDR = (308,0 ÷ 1315,2) x 100
= 23,4%; Teor de NDT = (943,8 ÷ 1315,2) x 100 = 71,8%.
Portanto,
para se alcançar um ganho de peso vivo próximo a 400 gramas/ animal/dia, em
novilhos nelores de 400 quilos de peso vivo, em pastagem de B. brizantha
durante a seca, com boa disponibilidade e condições qualitativas próximas às
apresentadas na Tabela 5, o mesmo deveria receber um suplemento com 23,4% de
PDR e 71,8% de NDT, oferecido na base de 1,460 quilo/ animal/dia.
Observações:
O
valor PDR foi considerado no balanceamento do suplemento, de forma a manter um
equilíbrio frente a ingestão de NDT, no caso, 12%. Do total de PDR, 30% foi
oferecido na forma de NNP.
Como
a mistura mineral estará sendo consumida na base de 60 gramas/animal/dia, o
consumo de todos os minerais deveria estar adequado. O que pode ser verificado
é a relação Ca:P, que deveria ficar entre 2:1 e 4:1. Para isto, é só calcular a
ingestão total de Ca e de P (tanto pela pastagem, como pelo concentrado),
seguindo os passos já demonstrados para PDR e NDT.
No
caso do suplemento formulado (supor uma mistura mineral com 6% de P e 7,2% de
Ca), esta relação ficou em 3:1.
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