O
Núcleo Nordeste de Criadores de Sindi 52, participou de pesquisa promovida pela
Universidade Federal da Bahia realizada pelo Professor Doutor Gregório Miguel
Ferreira de Camargo, intitulada: " Produção de leite A2 com bovinos da
raça Sindi: promoção de renda no semiárido". Foram avaliados 200 animais
de diversos associados e o alto índice (entre 85 e 100%) de resultados para A2
A2, foi mais uma comprovação da excelência do Sindi como raça produtora de
leite.
Participaram
desse projeto, iniciado no 1° semestre de 2018 e concluída em setembro de 2018,
os planteis:
Aridus
- SE
Bahia
Red Sindi – BA
Barra dos Dantas - PB
Carnaúba – PB
Hybernon - PB
Karashi- BA
Barra dos Dantas - PB
Carnaúba – PB
Hybernon - PB
Karashi- BA
Professor Doutor Gregório Miguel
Ferreira de Camargo
Graduação:
Zootecnia (Unesp-Jaboticabal) Mestrado: Genética e Melhoramento Animal
(Unesp-Jaboticabal) Doutorado: Genética e Melhoramento Animal
(Unesp-Jaboticabal), doutorado sanduíche: Universidade de Queensland
(Austrália)
ADEUS, ALERGIA!
Produção
de leite sem proteína alérgica depende da seleção de zebuínos e ainda engatinha
no Brasil
Por
Diene Batista (Revista Safra)
Um
copo de leite pode ser um problemão para muita gente, seja pela falta da enzima
lactase, o que provoca a intolerância ao alimento, seja pela alergia à proteína
betacaseína tipo A1. A reação imunológica do corpo gera reflexos na pele, no
sistema respiratório, além de constipação e de dores abdominais. Mas a seleção
de animais que produzem leite A2 pode colocar fim nas alergias por causa da
bebida.
Os
zebuínos – como gir, sindi, guzerá e girolando – são os mais adequados |
Os
zebuínos – como gir, sindi, guzerá e girolando – são os mais adequados para
esse tipo de manejo, como explica o pesquisador da área de bioinformática e
melhoramento animal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
unidade Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa da Silva. Hoje, a instituição
faz a genotipagem do gado para seus programas de melhoramento. Os testes
genéticos verificam se os animais são homozigotos – com alelos (genes) A2A2 –
ou heterozigotos – A1A2.
Pesquisas
já comprovaram que nos zebuínos o gene A2 aparece em pelo menos 70% do rebanho.
Nos taurinos, o alelo está presente em apenas 30% da população. “Os taurinos da
raça holandesa, por exemplo, são maiores produtores de leite, mas a frequência
do alelo A1 é muito grande. O trabalho [de selecionar um rebanho A2] é muito
mais rápido e barato nas raças zebuínas”, compara.
Estância Silvânia, em São José dos Campos |
Rebanho
“lapidado”
Selecionar
o rebanho até que ele se torne completamente A2 pode levar anos. Mas a demora,
muitas vezes, é aliada do bolso do produtor, como explica o pesquisador da
Embrapa Gado de Leite. É que os custos, como o da compra de animais A2A2, são
diluídos ao longo do tempo. Para formar um rebanho com zebuínos com betacaseína
A2, dois caminhos podem ser tomados.
Primeiro,
o do descarte. Inicialmente, as vacas A1A1 são retiradas do plantel. Depois, os
animais A1A2 também saem, dando lugar aos A2A2. O outro processo é do
acasalamento: fêmeas A1A2 e A2A2 são juntadas com touros A2A2. “É um processo
demorado, mas que se torna mais barato para o produtor, porque o investimento
acontece ao longo do tempo”, frisa.
A
diretora do Gene/Genealógica, Helena Bicalho, explica que o produtor pode
também aproveitar as “características interessantes” dos animais com genes A1
por meio do acasalamento. “Uma vaca A1A2, com boas características, pode ser
acasalada com um touro A2A2. Em média, 50% dos produtos serão A2A2. Se o
produtor tiver que descartar, descarta o outro, que é A1A2”, exemplifica.
Segundo
Silva, a questão genética já não é mais um entrave para a produção de leite
não-alérgico. A principal dificuldade diz respeito à estrutura que a
comercialização do produto demanda. “Não adianta produzir o A2 e, quando o
caminhão da cooperativa chegar na propriedade, misturá-lo com o A1”,
exemplifica. O ideal é processar o leite A2 com uma estrutura do próprio
criador ou de cooperativas.
Pioneirismo
Essa é uma tendência mundial, que em algumas décadas será concretizada como uma mudança de condição dos animais produtores |
“Hoje,
só trabalhamos com o subproduto. A questão da industrialização do leite foi
aprovada há pouco tempo e estamos prestes a concretizá-la. Queremos fazer um
produto até mesmo visualmente diferenciado, que será industrializado dentro da
propriedade e sairá pronto para o comércio. Para isso, estamos aguardando a
construção de uma granja leiteira”, adianta, prevendo que até o final deste ano
o leite deve chegar ao mercado.
O
trabalho pioneiro foi iniciado há cerca de oito anos, quando soube, por meio de
um nutrólogo, sobre o leite com a betacaseína A2. Além do produto não alérgico,
ele investe ainda na qualidade do rebanho: o gado é criado a pasto, sem uso de
hormônios. “Os produtores já estão inteirados dessa questão [da genotipagem].
Acredito no trabalho da classe médica para esclarecer a população sobre os
benefícios do leite A2. Essa é uma tendência mundial, que em algumas décadas será
concretizada como uma mudança de condição dos animais produtores”, analisa.
A
Estância Silvânia tem 250 animais da raça gir leiteiro produzindo A2. A meta de
Falcão é obter 60 vacas em produção, com mil litros diários. Hoje, são 40
animais, com 700 litros. “O maior desafio é chegar ao consumidor. Embora a
gente tenha um produto de excelente qualidade, ainda há entraves de legislação
e é tudo muito moroso, mas estamos trabalhando para melhorar isso”, detalha
ele, que também é diretor da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ),
se referindo ao diálogo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para a criação de normas sobre a industrialização do leite A2.
Projeto-piloto
no RS
No
Rio Grande do Sul, o Sindicato da
Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), trabalha para a criação de um projeto-piloto para a produção de leite A2. O secretário-executivo da entidade, Darlan Palharini, explica que a iniciativa está em fase inicial. O objetivo é conhecer a forma de produção e verificar se o mercado vai remunerar o produto de maneira diferenciada.
Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), trabalha para a criação de um projeto-piloto para a produção de leite A2. O secretário-executivo da entidade, Darlan Palharini, explica que a iniciativa está em fase inicial. O objetivo é conhecer a forma de produção e verificar se o mercado vai remunerar o produto de maneira diferenciada.
Em
julho, amostras dos animais foram colhidas e enviadas para a análise em
laboratório. A ideia é trazer novidades sobre o trabalho já no próximo fórum da
entidade, em outubro. Para tanto, o Sindilat firmou parceria com a Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Na fazenda da
instituição, há um rebanho com 110 animais, cerca de 40 deles destinados à
produção leiteira. Esse plantel fará parte do projeto para o leite A2.
A
propriedade da universidade é de tamanho semelhante ao perfil das propriedades
do Sul do Brasil, explica ele, avaliando que o nicho do alimento sem a
betacaseína A1 pode não interessar às médias e grandes propriedades, por não
ter um volume compatível com esses empreendimentos.
Intolerância
e alergia
Existem
dois tipos de reações provocadas pelo leite: alergia e intolerância. A reação
alérgica é uma resposta imunológica do organismo. Ao entrar em contato com as
células, o leite A1 e seus derivados consumidos são reconhecidos pelo corpo
como um inimigo. O sistema imunológico, então, ataca o leite, provocando
reações como alergias na pele, reações respiratórios, constipação, dores
abdominais e diarreia, náusea e vomito.
No
caso da intolerância à lactose, o organismo é totalmente ou parcialmente
incapaz de digerir o açúcar do leite e de derivados, pois não há a enzima
lactase. Assim, o açúcar permanece no organismo, fica acumulado no intestino e
é fermentado por bactérias. A reação pode ser leve, moderada ou grave,
provocando sintomas como dores abdominais, gases, diarreia, náusea e inchaço.
No Brasil, cerca de 25% das pessoas tem algum grau de deficit ligado à enzima.
Presença
no mercado mundial
The a2 milk company |
O
produtor Eduardo Falcão, da Estância Silvânia, pioneiro na produção de
derivados do leite A2, confirma a tendência de que o “valor agregado” reflita
no preço no Brasil. “É um produto diferenciado, com pouca oferta e uma procura
relativamente grande. Então, a gente tem uma agregação de valor, sim”, explica.
Além
do leite fresco, a a2 milk comercializa leite em pó, sorvete e outros lácteos
sem A1. A a2 milk já chegou ao mercado chinês, onde comercializa fórmulas
infantis. A companhia entrou no Reino Unido, em 2012, e expandiu para os
Estados Unidos no ano passado.
Quando
o leite “faz mal”
Alergia:
–
O organismo enxerga o leite A1 e seus derivados como “inimigo”
–
O sistema imunológico ataca e provoca reações: alergias na pele, reações
respiratórios, constipação, dores abdominais e diarreia, náusea e vomito.
Intolerância:
–
Como não há a enzima lactase, o organismo é totalmente ou parcialmente incapaz
de digerir o açúcar do leite e de derivados
–
Esse açúcar permanece no organismo, fica acumulado no intestino e é fermentado
por bactérias
–
A reação pode ser leve, moderada ou grave: dores abdominais, gases, diarreia,
náusea e inchaço.
Rebanho
A2
Por
meio de testes genéticos, é possível montar um plantel com animais A2, que
produzem leite não-alérgico
–
Genotipagem mapeia quais vacas são A1A1, A1A2 e A2A2
Caminho
1: Descarte
–
Animais A1A1 saem do plantel, em um primeiro momento
–
Vacas A1A2 dão lugar às A2A2
Caminho
2: Acasalamento
–
Animais A1A1 saem do plantel, em um primeiro momento
–
Vacas A1A2 são cruzadas com touros A2A2
Zebuínos:
70% do rebanho é A2
Taurinos:
30% do rebanho é A2
Fonte:
Embrapa Gado de Leite
Reportagem
publicada na edição de setembro da Revista Safra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário