25 de dez. de 2011

PUROS OU CRUZADOS? EIS A QUESTÃO!

Por: Kepler Euclides Filho




Vaca Nelore com bezerro 1/2 sange Sindi (Mundo Novo-Ba).
     A necessidade de se tomar decisões, de fazer escolhas faz parte de nosso cotidiano. No entanto, muitas vezes, a escolha por uma das opções com as quais nos confrontamos não exclui, necessariamente, as demais. O fiel da balança nem sempre pende obrigatoriamente para um dos lados. Apesar do ser humano ser movido por uma mescla de sentimentos que percorrem o espaço entre a razão e a paixão, não raro, há necessidade de se analisar as situações a luz de informações mais amplas e completas. Assim, na busca de uma resposta à pergunta colocada em epígrafe é necessário ter em mente que ela não será única por ser dependente de um contexto particular que, por sua vez, depende de vários fatores que influenciam a cadeia agroalimentar da carne bovina. Nesse caso, merecem destaque o sistema de produção e seus componentes como clima, solo, infraestrutura, pessoal, objetivos, metas e mercado a ser atendido.

      Com isso, a decisão não pode ser fundamentada somente em desejos ou tendências particulares. É preciso compreender que ela tem de ser tomada frente à consciência de que o objetivo do negócio deverá ser ditado pelo mercado e visar rentabilidade, mas que é, ao mesmo tempo, limitado pelo ambiente. Assim, o dilema apresentado não existe per se, pois a decisão não é, simplesmente, entre o animal puro e o cruzado. Ambos têm suas vantagens e desvantagens.


Meio sangue Sindi x Nelore (Mundo Novo - Ba)
     Os animais puros são a base para qualquer sistema de cruzamento que tenha como objetivo a produção eficiente. A seleção na população pura possibilita não só a melhoria das características sob seleção, mas também traz o reconhecimento a raça e contribui para a sua consolidação. Além disso, faz com que as vantagens de cada raça se constituam no padrão de escolha, isto é, no elemento decisivo para a escolha das raças a serem utilizadas em programas de cruzamentos. Vale ressaltar que para grande parte dos sistemas de produção de bovinos de corte no Brasil, as raças puras, especialmente as adaptadas, são mais interessantes se considerarmos que tais sistemas produtivos possuem deficiências gerenciais e administrativas, carecem de pessoal capacitado e qualificado, possuem baixa capacidade, ou mesmo incapacidade, para promover os investimentos necessários. Outro aspecto diz respeito às características particulares das várias regiões, onde as condições de clima e solo não permitem o incremento da qualidade ou quantidade das forrageiras.
     Por outro lado, ao se acasalar indivíduos de grupos genéticos diferentes, em programas de cruzamentos bem estruturados, têm-se animais que expressam, em geral, para muitas características de importância econômica, o

19 de dez. de 2011

CRUZAMENTO INDUSTRIAL NA PECUÁRIA DE CORTE BRASILEIRA


Já começaram a nascer os primeiros produtos Sindi X Nelore da Bahia Red Sindhi. Por oportuno, publicamos esta semana o artigo CRUZAMENTO INDUSTRIAL NA PECUÁRIA DE CORTE BRASILEIRA do zootecnista Rodolfo Almeida Bacci, anexando ao mesmo, fotos dos primeiros sindinelore nascidos em terras baianas (Mundo Novo-Ba), estes filhos de Calunga MU (Vutan E X Deusa MS).

CRUZAMENTO INDUSTRIAL NA PECUÁRIA DE CORTE BRASILEIRA

Por: Rodolfo Almeida Bacci - Zootecnia-UFLA
INTRODUÇÃO
Na última década o cruzamento industrial de bovinos tornou-se uma importante ferramenta estratégica para programar a produção de carne nos diferentes sistemas produtivos no Brasil. Isto em parte ocorreu em função, principalmente ao aumento da prática de inseminação artificial, e consequentemente pela possibilidade e acessibilidade a sêmen de touros de uma ampla variedade de raças.
A combinação ou o acasalamento de duas ou mais raças adaptadas para corte de diferentes tipos biológicos, que tem por objetivo melhorar eficiência na produção de carne, deve ser entendido como cruzamento industrial. O benefício gerado pela utilização do cruzamento industrial é poder explorar os efeitos da heterose ou vigor híbrido, que podem estar relacionados não só no aspecto produtivo (ganho de peso, peso de carcaça, fertilidade, precocidade, etc.), mas também no aspecto qualitativo da carcaça (como melhor acabamento, marmorização, e maciez). O cruzamento permite de forma mais rápida a obtenção de características desejáveis (carcaça, precocidade, etc.) em relação a seleção nas raças puras, efeito este também podendo ser chamado de complementaridade. Neste ponto deve ser esclarecido e enfatizado que o cruzamento de Zebuínos com raças adaptadas para leite, não são e, portanto não devem ser chamados de cruzamento industrial, por razões óbvias.
Na medida em que se ativa um programa de cruzamento industrial na propriedade, suas necessidades já exigem um sistema organizado de controle genético, de nutrição, de sanidade e de manejo. Os resultados obtidos no produto final compensam porque haverá maior produção, com mais qualidade, em menos tempo.
O cruzamento industrial é valido para todos os animais de corte (aves, suínos, ovinos e bovinos). Não existe mais raça, existe produção e produto. As raças são muitas com algumas delas ganhando destaque, mas nenhuma raça no mundo supera os resultados do cruzamento industrial.
Tipos de cruzamentos
1) Rotacionado: uso de apenas duas raças, segurando as fêmeas para reprodução, sendo estas acasaladas com animais da raça da mãe ou do pai (retrocruzamento);
2) Terminal: cruzamento entre duas raças, onde todos os produtos são destinados ao abate;
3) Rotacionado-terminal: usa-se duas raças para produzir o F1, e cruza-se as fêmeas F1 com uma terceira raça, onde os produtos, machos e fêmeas são destinados ao abate.
Podemos citar também

5 de dez. de 2011

O SINDI É O REI

Geraldo Caboclo
REVISTA DO SINDI 2004.

Entrevista com Geraldo Caboclo
Publicada na REVISTA DO SINDI 2004.
.


Empolgado com o sucesso do Sindi nos sertões e na Primeira Exposição Nacional, o juiz e diretor de Registro Genealógico, de total vivência no semi-árido, diz que o Sindi é a última conquista da História da Zootecnia brasileira, tendo um grande futuro à frente, principalmente quanto à chance de ser exportado para muitos países.

1) No julgamento, o Sr. disse que o Sindi é o rei do sertão. Como explicar isso?
Geraldo Caboclo - Pela experiência que tenho nos sertões do Nordeste e observando o comportamento do Sindi nos períodos de seca é fácil observar que ele é imbatível diante das condições do semi-árido. No momento crítico, o Sindi mostra rusticidade, longevidade, produtividade, tudo isso com a pouca alimentação existente. Isso indica uma alta taxa de conversão de alimentos típicos de região seca e pobre em carne e leite. É um patrimônio valioso para as regiões pobres do mundo inteiro.


2) Esse não é o papel reservado para os mestiços chamados de “Pé-Duros” que têm 500 anos de seleção natural no semi-árido?
Geraldo Caboclo - Ninguém nega o papel do gado Pé-Duro, pois todos crescemos ao lado dele, mas eu nunca vi nada igual ao Sindi que, além de tudo, é raça pura. Antes, eu tinha fé numa seleção preservacionista e até regeneradora do Pé-Duro, mas vi que o Sindi é muito mais resistente, produtivo e lucrativo - e já está pronto. O Sindi veio decretar o ponto-final da longa história do heróico Pé-Duro.

3) O que significa “rusticidade” no caso do Sindi?
Geraldo Caboclo - É fácil de notar, por dois motivos: primeiro, na fazenda do Dr. Manelito, na seca de 92-93, morreram mais ovinos e caprinos do que gado Sindi - isso é rusticidade pra ninguém botar defeito. Um bovino melhor que caprinos e ovinos! Segundo, basta ver a quantidade de gente vendendo o gado antigo e comprando Sindi. Isso é sinal de que essas
pessoas já viram a rusticidade e adequação do Sindi ao sertão, já aprovaram e estão se adequando a uma realidade mais promissora. Por isso, eu me arrisco a dizer tudo de bom sobre o gado Sindi. Não há hipótese de errar, pois a Ciência e a voz do povo estão com ele.
 
4) Quer dizer que o Sindi dá mais rendimento que caprinos e ovinos? 
Geraldo Caboclo - Dá, sim! É preciso respeitar cada coisa em seu lugar, pois ninguém irá desbancar o

27 de nov. de 2011

PLANTAS FORRAGEIRAS PARA O SEMIÁRIDO


Por: Francisco Beni de Sousa
Pesquisador da Embrapa Caprinos
 
Búfel, Urochloa, Icó e árvores nativas
A Pecuária do Nordeste depende, basicamente, da pastagem nativa que teve a capacidade de suporte reduzida em decorrência do manejo inadequado da vegetação apresentando consequentemente baixo desempenho. Contudo, o potencial para elevar a produção animal é amplo, principalmente através da manipulação da vegetação e/ou através do uso de pastagens cultivadas ou de pastagens com propósitos específicos (legumineiras, capineiras, cactáceas, etc.).
Búfel e Urochloa
Resultados obtidos por vários pesquisadores, mostraram que o uso racional de plantas forrageiras adaptadas e selecionadas é viável e que essas forrageiras combinadas com a pastagem nativa permitem aumentar a eficiência da produção animal no Nordeste brasileiro..
Existem várias forrageiras que são recomendadas e devem ser usadas na formação de pastagens cultivadas e com propósitos específicos para a alimentação animal, especialmente na região semi-árida.
Leucena
Para formação de pastagens cultivadas podem ser usadas as gramíneas dos gêneros Cenchrus, Cynodon, Andropogon e Urochloa. O capim-búfel (Cenchrus ciliaris) possui várias cultivares desenvolvidas na Austrália (Biloela, Gayndah, Molopo), e no Brasil (Áridus e CPATASA 7754) além de ecotipos existentes na Bahia e Norte de Minas Gerais.
Guandu
O capim-gramão (Cynodon dactylon) apresenta excelentes características agronômicas, sendo uma boa opção para a formação de pastagens
cultivadas, para o enriquecimento de pastagens nativas, e para a produção de feno. O capim-Andropogon (Andropogon gayanus) cv. Planaltina e o capim-Corrente (Urochloa mosambicensis) também se constituem como opções para a formação de pastagens cultivadas.
Milheto
Na formação de banco de proteína ou legumineira, a leucena é uma das forrageiras mais promissoras para a região semi-árida, principalmente pela capacidade de rebrota durante a época seca, pela adaptação as condições edafoclimáticas do Nordeste e pela excelente aceitação por caprinos, ovinos e bovinos.
Cunhã
O uso da leucena em banco de proteína  para pastejo direto ou para produção de forragem verde, para produção de feno e de silagem,  para o enriquecimento da pastagem nativa e da silagem  de  gramíneas,  e para a produção de sementes, mostra-se como uma alternativa viável para a agropecuária. Outras leguminosas, tais como o guandu (cultivar Taipeiro) e a cunhã também podem ser usadas na

20 de nov. de 2011

O TAMANHO DA VACA DE CORTE E A PRODUÇÃO DE BEZERROS


A utilização de fêmeas F1 para produção de bezerros tem se tornado prática cada vez mais comum nos sistemas de produção do país. As principais razões dessa tendência são as possibilidades de exploração da maior precocidade sexual e da heterose materna (bezerros mais pesados à desmama) que essas fêmeas podem apresentar.

Existem inúmeras raças para cruzamento industrial, e todas com características muito boas, porém muitas destas produzem animais de grande porte, conseqüentemente aumentando o peso adulto das fêmeas. Além do mais, por muitos anos, e ainda em algumas propriedades, têm sido selecionados animais de grande porte.

Porém, o aumento do peso adulto, segundo revisão feita por Olson (1994), levará a uma redução da eficiência reprodutiva. Neste contexto, Olson (1994) descreve dois trabalhos nos quais os objetivos foram avaliar diferentes pesos adultos (pequeno, médio e grande) no desempenho reprodutivo do rebanho.


Em um primeiro estudo, analisou o desempenho de raças compostas (Bos taurus) de diferentes raças, porém com peso adulto diferente, por três estações de monta, em 2 propriedades. Todas as novilhas foram inseminadas para primeira parição com cerca de 2 anos de idade, descartando as novilhas ou vacas que não concebiam. Os resultados são apresentados na tabela 1. Para os dois parâmetros reprodutivos estudados, percentagem de fêmeas ciclando e taxas de nascimentos, observou-se maiores valores para fêmeas de menor tamanho (P<0,05), tanto na 1a estação de monta (EM) / parição (novilhas), como nas demais (2a e 3a).
Tabela 1: crescimento e desempenho reprodutivo de fêmeas de diferentes tamanhos adultos

O autor relata que as diferenças foram mais pronunciadas no sistema onde a estação de nascimento era no outono, ou seja, em período de menor disponibilidade de alimentos. Neste caso, as vacas de maior tamanho adulto apresentaram taxas de nascimento e de ciclicidade 20% menor que os animais com tamanho adulto pequeno. Em situações adversas de alimentação, vacas de menor tamanho adulto teriam melhor desempenho, principalmente pelas menores exigências de mantença destes animais. Após três anos de observações, as relações entre as vacas que permaneceram no rebanho em relação

14 de nov. de 2011

O BOM CALOR TROPICAL

 Por: Manoel Dantas Vilar Filho (Dr Manelito)
Não temos um terço do tempo sob friagens radicais e neves espessas. O zootecnista inglês T. R. Preston (1977) num ensaio designado "Estratégia para produção de bovinos nos Trópicos", garantia que "... os trópicos oferecem possibilidade de rendimento por unidade de área e de viabilidade econômica, que superam em muito as perspectivas atuais e mesmo futuras dos países de clima temperado". Adiante, criticando: ".... as crenças ensinadas nos compêndios de Zootecnia sobre a especialização de bovinos para produzir leite ou carne", propõe que se confie"... sobretudo na função do rúmen" e não se ponham os animais a competir com o Homem pelo consumo de cereais e, por fim, afirma que "... já que necessitamos tanto de carne como de leite, a base de toda a estratégia pecuária racional é considerar as duas produções conjuntamente", fundamentando a genética de dupla aptidão.
A não ser para a pequena parte irrigável artificialmente, onde produzimos qualificadas frutas, existe um triste contraste entre as realidades - boas e más - da zona seca e os mecanismos institucionais de lidar com elas, desde o Ensino/Pesquisa até a política de produção e Assistência.
A chamada Civilização do Couro foi a fase mais próspera da economia nordestina. Técnicos argentinos, falando sobre o Chaco Seco de lá (1980) - que tem a mesma extensão que o nosso Polígono das Secas, afirmam: "... de acordo com nossa experiência, quanto mais seca a região, sempre que se disponha de pasto e água, tanto maior é a produção pecuária. E mais: "... estamos em condições de afirmar que todo plano puramente agrícola nestas regiões está, de antemão, condenado ao fracasso. O risco das colheitas é demasiado grande para ser a base da exploração". 
O Brasil, com o Nordeste seco bem incluído tem a vocação e o destino de ser, também, a grande nação agropecuária, sobretudo pecuária, do mundo. Basta neutralizar mentes coloniais e ter a dignidade de estabelecer uma política decente de financiamentos rurais, calcada em parâmetros tecnicamente corretos e ajustados para cada região fisiográfica. Tomando o Brasil como referência para pensar o Brasil e a peculiar semiaridez do Nordeste para o Nordeste.
O Nordeste é seco. O inverno é um pequeno intervalo de tempo entre dois estios que, às vezes, se emendam. A grande vocação das terras secas é pecuária de ruminantes e isso já começa a ser considerado, graças a Deus. Por mais óbvia que seja, quase sempre é preciso repetir uma mesma idéia até cansar! Há uma dramática não-decisão em relação à semi-aridez do Nordeste. Os moradores do semi-árido são credores do Brasil.
À medida que se está ideologicamente revogando a "filosofia da água", do "combate à seca" - a água passando a ser buscada para resolver o problema da sede, o uso primordial e sem alternativa que água tem e não o da fome, como "fator de produção" excludente, e vai clareando o caminho técnico-cultural-político de viver em sintonia com a Natureza desse mundo áspero, bonito, possível e mal tratado do sertão das águas desarrumadas, a pecuária de múltipla função, sobre vegetais perenes, integrada por bovinos, caprinos e ovinos, bem adaptados ao ambiente, recriará a civilização do couro em novas bases e o semi-árido poderá se transformar, também do ponto de vista da produção e da prosperidade, num belo pedaço do Brasil. A raça das plantas, como a raça dos animais, para cada latitude é um fator fundamental.
O semi-árido - Por uma perniciosa deformação cultural, em larga medida, brasileiros ainda se mantêm com o umbigo e a mente, presas do estrangeiro, como que cultiva um complexo de inferioridade, colonial, negativo, menor. Um estadista paraibano - João Suassuna - já escreveu num documento de Governo (1926): "somos um povo sugestionado pela política inferior do decalque". No trabalho na terra, essa anomalia se

6 de nov. de 2011

A MÁFIA APOCALÍPTICA DO CARBONO


 Quando se fala sobre o semi-árido logo vêm a nossa memória as reportagens sobre o efeito estufa, desertificação seqüestro de carbono entre outros presságios malignos que nos remetem ao apocalipse.
Parece que falar do fim do mundo como autopromoção é uma coisa nova  pois, assustar as pessoas e provocar pânico à sociedade desinformada é sempre motivo de chamar atenção. Na verdade, desde a época dos antigos egípcios feiticeiros e bruxas já faziam previsões de destruição. Vale lembrar as dez pragas do Egito, e olha que eles andavam a pé, seriam o efeito das emissões de gases das chaminés das pirâmides?
 Em quase todas as civilizações do mundo narrações apocalípticas sugerem uma origem comum e ancestral que foi sendo deturpada pela transmissão oral. Esta visão assume por vezes, um caráter ecológico, ao propor que a mensagem do apocalipse se refere à capacidade que o homem civilizado tem para destruir o mundo.
Sendo assim, a milhares de anos alguns privilegiados detinham informações que as utilizavam conforme a sua necessidade para amedrontar a grande turba de desinformados que, por muitas vezes pagavam  altos tributos através de sacrifícios e oferendas a seus sarcedotes para que estes aplacassem a ira dos deuses .Por esse motivo não me causa surpresa em ver muita gente hoje em dia utilizar-se desse expediente para ganhar destaque na mídia prevendo cataclismas desertificadores para o nosso nordeste.
Não duvido do poder do homem em piorar as coisas, mas também não posso duvidar da capacidade que o ser humano tem para se reerguer e vencer desafios. Conheço propriedades no semi-árido totalmente destruidas por uma má gestão e utilização de técnicas erradas e logo alí do outro lado da cerca seu vizinho tirando leite, fazendo queijo e ganhando dinheiro. A mesma terra o mesmo clima, e qual a diferença? Simplesmente conhecimento técnico específico.
Estudar o semi-árido respeitar as suas limitações. Investir em técnicas simples mas, de efeito. A idéia é unir todas as informações sobre o semi-árido em um só modelo. Especializar nossos agrônomos, zootecnistas e veterinários para resolver os  assuntos do sertão. Então o sertanejo ficará esperto  quando em algum site, jornal ou tv, um vidente moderno de paletó e gravata  sentado confortavelmente em seu apartamento de cobertura de frente para o mar, tentar se projetar na mídia rogando pragas e ameaças sobre o futuro do sertão. Em vez de se preocupar com a ira dos deuses apocalípticos é bem mais abençoado e saudável arregaçar as mangas e partir para a ação. E que deus nos proteja.

Cezar Mastrolorenzo
Fazenda Tombador – Itatim-Bahia
(Produtor Rural)

31 de out. de 2011

III Simpósio de Mudanças Climáticas e Desertificação no Semiárido Brasileiro

D. John Kimble - Estratégias
para sequestrar carbono no solo.

Aconteceu na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Campus de Juazeiro-Bahia) entre os dias 25 e 27 de outubro, o III Simpósio de Mudanças
Climáticas e Desertificação no Semiárido Brasileiro – “Experiências para Mitigação e Adaptação”.

Durante os três dias do simpósio foram realizadas conferências, mesas redondas e apresentação de posters. Foram discutidos temas como: Políticas públicas para redução da emissão de CO2; Ações de combate à desertificação; Potencialidades do bioma
Bruce E. Rittnann - Produção de combustivel
a partir de fotossíntese das bactérias.
Caatinga frente às mudanças climáticas; Manejo, Estoque e dinâmica no fluxo de carbono no Bioma Caatinga; Agricultura de baixo carbono e Tecnologias de adaptação às Mudanças Climáticas.
Uma das palestras mais interessantes do evento ficou por conta do Professor Carlos E. Lascano – Universidad Nacional de Colombia: Estratégias para redução da emissão de metano em ruminantes.
D. Carlo E. Lascano
Professor Carlos Lascano lembrou que os gases de efeito estufa mais importantes são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Estima-se que 18% das emissões anuais de GEE são provenientes de diferentes tipos de animais e que 37% do CH4, com maior potencial de aquecimento global (23 vezes) em relação ao CO2,
decorrem dos processos fermentativos dos ruminantes. Possivelmente, no futuro, os países produtores de carne e leite estarão sujeitos a proibições, caso os sistemas de bovinocultura não cumpram as medidas de redução de gases de efeito estufa. 
O especialista
em ecofisiologia vegetal Saulo Aidar (D)
prometeu trabalhar o Icó
(recurso forrageiro nativo do semiárido
baiano) em suas pesquisas.
D. Adriano (Ministério do
Meio Ambiente) divulgou o
Programa ABC. Programa do
Governo Federal que pretende
incentivar a Agricultura de
Baixo Carbono.
Há diversas alternativas disponíveis e em estudo para reduzir as emissões de CH4 entérica de bovinos, que vão desde a manipulação da composição da dieta, suplementação com aditivos (ionóforos, ácidos orgânicos, compostos halogênios, óleos) e seleção de plantas forrageiras de alta qualidade contendo metabólitos secundários (taninos e saponinas) ao melhoramento animal,
imunização e transformação genética dos microrganismos ruminais. Os resultados mostram que é possível a inibição da emissão entérica de CH4 utilizando-se ionóforos, ácidos orgânicos e óleos.
D. Patricia Menezes tratou dos
recursos forrageiros.
Ao concluir sua palestra o professor destacou que, na prática, a redução de emissões de GEE pelo rebanho depende principalmente da eficiência deste em converter forrageiras em produtos úteis ao homem.  Quanto mais eficiente o rebanho, menor será a quantidade de GEE emitidos por quilo de carne, leite, etc.
No contexto das estratégias de redução das emissões dos gases a efeito estufa, dois tipos de ações podem ser consideradas: a diminuição do nível de emissões e/ou
D. Salete Moraes defendeu os
sistemas agro-silvi-pastoris.
a transferência e estocagem dos GEE em outros compartimentos terrestres, tais como, o solo. Neste caso, os gases ficariam estabilizados na forma de biomassa, matéria orgânica do solo, etc. Esta segunda foi o tema da palestra do D. John Kimble
(Develop agricultural strategies to increase soil carbono sequestration and reducing greenhouse gases). Kimble salientou o potencial de sequestro de carbono da pastagem, que a depender de sua composição, solo, manejo e clima, podem representar uma alternativa viável para mitigar a acumulação de CO2 na atmosfera.

23 de out. de 2011

UNIDADES ANIMAL TROPICAIS (UAT)

 Fonte: http://www.fao.org/ag/againfo/programmes/pt/lead/toolbox/Mixed1/TLU.htm

O conceito de Unidade Animal Tropical (UAT) constitui um método conveniente para quantificar uma grande variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos de uma forma padronizada. 

Variedade de tipos e tamanhos de animais domésticos
O que são as UATs ?
Para um certo número de utilizações há a necessidade de usar uma unidade comum para descrever os efetivo de diferentes espécies com um único número que expresse a quantidade total de gado presente - independentemente da composição em espécies.
 Para fazer isto, desenvolveu-se o conceito de "Quociente de Troca", com o qual diferentes espécies de diferentes tamanhos médios podem ser comparadas e descritas em relação a uma unidade comum. Esta unidade é 1 Unidade Animal Tropical (UAT).
Têm sido usados vários métodos para obter os quocientes de troca entre espécies, mas nenhum satisfaz completamente.
Diferentes fórmulas para calcular UATs têm sido usadas em diferentes partes do mundo, dependendo das variedades de gado mais comuns (p.ex. 1 UAT = 1,0 camelos; Bovinos 0,7; Ovinos/Caprinos 0,1). 
Contudo uma só fórmula para calcular UATs desta maneira é incapaz de servir para diferentes variedades de gado - que podem variar consideravelmente em tamanho - e é, portanto necessária uma abordagem diferente.
Se o alimento consumido é razoavelmente semelhante para as duas espécies que estamos a comparar, o quociente de pesos metabólicos proporciona o melhor meio de comparação. Esta relação expressa o fato de que as espécies menores produzem mais calor e consomem mais alimento por unidade de tamanho corporal do que os animais maiores (Heady, 1975).

Em condições de pastoreio dependentes dos recursos, o consumo voluntário médio de alimento entre as espécies é notoriamente semelhante, cerca de 1,25 vezes as necessidades de manutenção (1 para manutenção, 0,25 para produção = crescimento, reprodução, leite, etc.). O peso metabólico é portanto considerado como a melhor unidade para agregação de animais de diferentes espécies, quer seja para calcular o alimento total consumido, o estrume produzido, ou a produção de produtos finais. 
UATs e Quocientes de Troca
O padrão utilizado para uma Unidade Animal Tropical é um bovino com 250 kg de peso corporal.
As caixas 1 a 3 apresentam os quocientes de troca para animais com diferentes pesos corporais em Unidades Animal Tropicais com base no peso metabólico. Mostram que 5 ovinos ou caprinos de 30 kg consumirão tanto como 1 vaca de 250 kg. Da mesma maneira, dois búfalos com cerca de 425 kg consumirão tanto como 3 bovino de 250 kg. No entanto, falando de forma estrita, estes só podem ser comparados quando as diferentes espécies consomem o mesmo alimento, o que não se verifica com frequência.
Quocientes de Troca para espécies pecuárias 
em Unidades Animal Tropicais com base no
Peso Metabólico Corporal
caixa 1

17 de out. de 2011

LEILÃO SINDI ESTRELAS 2011 - NOVO RECORDE DA RAÇA.

Em uma noite histórica para o Sindi durante o leilão Sindi Estrelas realizado no Tatterssal Sen.José Bezerra (Festa do Boi - Parnamirim - RN), a campeã do torneio leiteiro com 26kg,  Esperta do Guaporé, do criador Alexandre Maciel Oberlaender , atingiu o maior valor pago em uma fêmea Sindi até hoje em leilões. A campeã foi arrematada pelo criador Manoel Dantas Villar (Dr. Manelito) por um valor superior aos cem mil reais, conforme foto acima com  o último lance (R$ 5.200,00 em 20 parcelas).  Durante o evento houve grande procura por animais “fechados nordeste”, principalmente os que caregavam a marca EMEPA ou DANTAS VILLAR. Não temos números oficiais ainda do leilão mas, ficou claro que o Sindi cresce cada vez mais, mostrando força no nordeste brasileiro.



10 de out. de 2011

ANIMAIS E TRÓPICOS


A Bahia Red Sindhi agradece ao amigo e colaborador Sérgio Augusto Villas Bôas de Menezes que, gentilmente, nos cedeu este material.


Trechos extraídos do Relatório da Missão de Estudos a Espanha, Itália, Índia e Paquistão editado em novembro de 1968 pelos Professores: José Maria Couto Sampaio (′), Osvaldo Bastos de Menezes (″) e Fúlvio José Alice (‴).


Razões e motivos da missão de estudos


Por efeito mesmo dos ciclos sucessivos de civilização, grandes partes dos países localizados nos trópicos foram descobertos e colonizados por povos de climas temperados, que procuraram trasladar para novas colônias, como o Brasil, suas experiências. Nada mais natural ou lógico.

No caso de introdução de animais e plantas, aqui como alhures, a iniciativa só vingava ou só vingou, quando ela se adaptava ao clima. Especialmente, no caso dos animais domésticos, a experiência brasileira é mais do que afirmativa, pois prova dos dois lados o “fracasso” do gado europeu e o sucesso do indiano nos trópicos.

Alias, nesse episódio deve-se realçar que o Governo tem sido negligente, jamais importando diretamente animais para seus centros de pesquisa, e a vez que o realizou, na época da introdução do Red Sindhi, se deveu única e exclusivamente à obstinação de um homem, o Dr. Felisberto de Camargo que , já na índia, foi chamado de volta ao Brasil, e ameaçado até de demissão do serviço público. É certo que estes animais ai estão pelo Brasil a fora, e não trouxeram ou introduziram qualquer doença maior, como não trouxeram, também, as varias outras introduções dos particulares, que se somam, talvez em numero, superiores a trinta.

O que vimos nesses países é grande demais para ser diminuído, ou desprezado, e em nome do bem nacional, se reticências, por cima de ou dos grupos brasileiros, ou outros, é que vamos dizendo desde logo, nos umbrais deste documento, que o País se prepare, se organize, governos e particulares, para a importação correta de búfalos e zebus, já que essa é a grande controvérsia, que, de inicio , é preciso definir, e o fazemos já aqui, sem cerimônia, para darmos a tônica da nossa opinião.

A índia, por exemplo, e só para situar um aspecto que muita gente desconhece, possui um primoroso serviço de veterinária, com mais de 35.000 ajudantes veterinários diplomados em cursos objetivos de um ano, e um corpo técnico de mais de 12.000 médicos veterinários, milhares dos quais portadores de diplomas de pós-graduação em “Master od Science” e “Philosophy Doctor” conquistados na Europa, nos Estados Unidos, ou no País em suas 20 Faculdades de Veterinária (que diplomam mais de 1.000 médicos-veterinários por ano) ou nos Institutos Especializados, muitos estabelecidos nestes últimos anos.


 Zebuínos

Apreciação sobre o criatório oficial

Para a apreciação do zebu da índia e do Paquistão, tivemos oportunidade de conhecer não só o criatório particular, como também as mais importantes fazendas oficiais.

LIVESTOCK EXPERIMENT STATION MALIR – KARACHI – PAKISTAN

Está localizada a 12 milhas da cidade de Karachi, em zona árida e quente com apenas 7,85 polegadas de chuvas anuais. Foi fundada em 1921 pelo governo da Província de Sindicom com a finalidade de selecionar e preservar a raça Red-Sindhi. Em 1932 por deficiência de recursos financeiros foi fechada, sendo que parte do gado foi passado para Mirpurkhas Fruit Farm. Contudo o trabalho foi reiniciado ainda pelo governo de Sind em 1938, e no ano de 1950 foi definitivamente transferida para o governo do Paquistão. Em resumo, são perseguidos no momento os objetivos seguintes na seleção de raça:

a) Preservar a pureza racial;
b) Sentir a potencialidade como produtora de leite, eliminando inclusive a presença da cria durante a ordenha;
c) Eliminar defeitos, e como mais importantes, os úberes, conformação, patas e aprumos;
d) Reduzir a idade do 1º parto e o período seco;

c) Produzir touros superiores para melhoramento do gado local.

O rebanho de Malir tem 360 animais no seu total incluindo machos e fêmeas de diferentes idades, dos quais 120 vacas em lactação. A média de produção de leite por lactação é de 4.443 libras (2.039 quilos) com 4,5% de gordura em 274 dias. O dado mencionado é conseqüência do estudo de 305 lactações, que mostra as seguintes freqüências de acordo com as produções obtidas.

O período seco é de 160 dias em média, e o intervalo entre partos é de 434 dias. A idade para o 1º parto é de 40 (quarenta) meses. O Sind é gado de pequeno porte, pesando touros e vacas adultas em média 500 e 300 quilos vivos, respectivamente. São animais lindos na sua cor vermelha e embora de porte reduzido, são de uma robustez impressionante. Foi das raças vistas uma das que mais nos impressionam. Pelo seu porte reduzido e alta produção de leite, acreditamos ser bem econômica para áreas com menos disponibilidades de forragens. No rebanho de Malir, atualmente, a ordenha é feita sem bezerro,

Pensamento do mês