1 de dez. de 2018

Palma forrageira: aspecto do cultivo e desempenho animal


Por Maxwelder Santos Soares, Zootecnista,
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 
Itapetinga.E-mail:maxwelder10@hotmail.com

RESUMO

Objetivou-se avaliar o plantio, espaçamento, adubação e uso de palma forrageira na dieta de ruminantes. O semiárido do Nordeste Brasileiro é caracterizado pela escassez, irregularidade de chuvas, logo a palma forrageira torna-se um alimento estratégico para períodos com baixa disponibilidade de forragem. A procura por forrageiras adaptadas a essas condições climáticas é essencial para melhoria da produtividade da pecuária desta região. A composição química da palma varia conforme a espécie, a idade e a época do ano, sendo um alimento rico em carboidratos, principalmente não fibrosos, apresentam baixa porcentagem de constituintes da parede celular e alto coeficiente de digestibilidade de matéria seca. Portanto, recomenda-se a palma forrageira na alimentação de bovinos, ovinos e caprinos como um dos ingredientes da ração visando atender as exigências dos animais, porém para uma eficiente utilização da palma, é essencial o uso de volumoso de boa qualidade.

INTRODUÇÃO

A palma forrageira é originária do México e se adaptou bem na região semiárida do Brasil e do mundo pelas suas características anatômicas, morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, decorrente da adaptação aos rigores climáticos. Na região Nordeste do Brasil predomina o cultivo de espécies de palma dos gêneros Opuntia (variedades Redonda e Gigante) e Nopalea (palma miúda ou palma doce), ambos da família Cactácea. Segundo Marconato et al. (2008), o Brasil possui a maior área plantada
do mundo, aproximadamente 600 mil hectares, sendo a maioria cultivada a espécie Opuntia fícus-indica (L) Will, mais conhecida como “Palma Gigante.” Nessa busca por alimentos que possibilitem a produção animal nos períodos críticos do ano, a palma forrageira destaca-se por ser um alimento rico em carboidratos, principalmente não fibrosos, importante fonte de energia para os ruminantes (Van Soest, 1994), apresenta baixa porcentagem de constituintes da parede celular e alto coeficiente de digestibilidade de matéria seca e há várias décadas possibilita a produção animal nos períodos críticos do ano. Portanto, objetivou-se avaliar a palma forrageira do cultivo à utilização na dieta de ruminantes.
ESTABELECIMENTO DO PALMAL

Plantio

No processo de plantio recomenda-se que seja feita a seleção do material propagativo, pois o tamanho do cladódio exerce efeito importante quanto ao número e o tamanho das brotações no primeiro ano de crescimento da palma, bem como se recomenda deixá-los à sombra por pelo menos sete dias para que ocorra a cicatrização dos ferimentos provenientes do corte no processo de colheita. Cladódios com dois a três anos de idade são os mais indicados por emitirem brotações mais vigorosas por ocasião do plantio (Farias et al., 2005). No plantio da palma forrageira destaca-se o sistema manual com o plantio dos artículos realizado em covas, durante período seco é importante para evitar o apodrecimento das raquetes; plantio na estação chuvosa ocasiona uma maior contaminação por fungos e bactérias em virtude da umidade excessiva. Os cladódios que serão usados para o plantio devem ser retirados da parte intermediária da planta, vigorosos e livres de qualquer praga. Diante disso, deve-se levar em consideração para um bom desenvolvimento da palma forrageira, necessita realizar práticas de manejo como, análise de solo, aração, gradagem, adubação e se necessário, fazer a subsolagem da área. No entanto, por se tratar de uma cultura perene, Lopes et al. (2007) recomenda que o manejo seja mecanizado, e que seja utilizado solos de textura leve, preferencialmente os argilo-arenosos não sujeitos a encharcamento, com declividade de até 5%, resultando em um bom desenvolvimento vegetativo e produtivo (Almeida et al., 2012). Lopes et al. (2009) em pesquisa com a palma doce, plantada no espaçamento de 1,00 x 0,50 m, avaliaram três formas de plantio, P1 - cladódio plantado na vertical 90°; P2 - cladódio plantado com vértice para o leste, inclinação de 45º e P3 - cladódio plantado com vértice para o oeste, com inclinação de 45º. Estes observaram que as
formas de plantio, não foram influenciadas pela posição do cladódio. Peixoto (2009) conduziu experimento no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, onde os tratamentos avaliados foram plantas expostas ao sol ou sombreadas, posição de plantio do cladódio com ou sem adubação orgânica. Os mesmo verificaram que a adubação orgânica e o plantio sob o sol induzem a um melhor desempenho da palma forrageira (Opuntia ficus-indica (L.) Mill). Sendo que a posição no plantio Leste/Oeste ou Norte/Sul não influencia no desempenho da palma forrageira.

Espaçamento

O espaçamento de plantio da palma forrageira é utilizado como uma estratégia de manejo, pois é importante no estabelecimento do palmal. Varia de acordo com a fertilidade do solo, pluviosidade, finalidade de exploração e sua utilização ou não em consórcio com outras culturas. Além disso, o espaçamento deve ser escolhido de acordo com a preferência e a disponibilidade de capital do produtor. Ramos et al. (2011) com o objetivo de avaliação do rendimento em massa verde de palma forrageira (Opuntia fícus indica (L.) Mill), cv. Italiana, em função dos espaçamentos (1 x 1; 1 x 0,5; 2 x 1; 2 x 0,5 m ) aos 455 dias após o plantio, verificaram que a produção de fitomassa por área foram incrementadas com o adensamento, chegando a 130,06 Mg/ha-1 de massa verde (Tabela 1).   Alves et al. (2007) avaliaram dados de 19 anos de cultivo de palma forrageira (Opuntia ficus indica Mill), cv. Gigante no Agreste de Pernambuco, onde o solo é classificado como planossolo, em parcelas principais (28 x 16 m) foram constituídas pelos espaçamentos de 2 x 1; 3 x 1 x 0,5 e 7 x 1 x 0,5 m, Não verificaram diferença sobre a produtividade de biomassa, independentemente do espaçamento (Tabela 2). O espaçamento está diretamente associado à interceptação de luz pela planta. Portanto, plantios mais adensados promovem maior produtividade, devido à maior eficiência na interceptação da radiação luminosa (Farias et al., 2005).
Adubação

A palma forrageira é uma cultura que responde bem a adubação, independentemente da cultivar utilizada, promovendo incremento da área foliar e de matéria seca, refletindo no crescimento da planta e, consequentemente, na produtividade, o que acontece também para o plantio adensado e para a adubação orgânica associada à adubação química (Almeida et al., 2012). Entretanto, para maior eficiência e produtividade do palmal é necessário identificar os elementos minerais e os níveis ideais para obter maiores ganhos de biomassa (Araújo Filho, 2000). Avaliando, ao acaso, 50 clones de palma (49 da espécie Opuntia ficus indica (L) Mill e um da espécie Nopalea cochenillifera), Silva et al. (2010) utilizando adubação orgânica de esterco bovino equivalente a 30.000 kg/ha, no momento do plantio e após cada corte, verificaram a produção de 7,1 t matéria seca/ha/dois anos, em palma com 5 anos de idade. Provavelmente, a baixa produtividade obtida por estes autores foi devido à avaliação conjunta de várias plantas de genótipos distintos, algumas com alta produção, porém menos resistentes a cochonilha e outras resistentes ao inseto, mas como baixa capacidade produtiva. Em experimento conduzido na estação experimental de Caruaru-PE, Silva (2012b) utilizou como material forrageiro a palma Clone-IPA-20. Os tratamentos experimentais foram combinação de doses de adubação orgânica 20, 40 e 80 t de matéria de esterco bovino/ha/dois anos e diferentes densidades de plantio 20, 40, 80 e 160 mil plantas por hectare, obtidas pelos seguintes espaçamentos de plantio: 1,0 x 0,50 m; 1,0 x 0,25 m; 0,50 x 0,25 m e 0,50 x 0,125 m, respectivamente. O autor concluiu que a aplicação de 80 t de esterco promove maiores produtividades nas diferentes densidades de plantio com valores de 61,0; 90,0; 126; 117,0 e 139,0 t de biomassa esterco, e que a eficiência de adubação orgânica diminui com a elevação das doses de
adubo, sendo que a dose de 20 t de esterco bovino/ha/dois anos não atende as exigências nutricionais de plantas cultivadas sob densidade de plantio de 160.000 plantas/ha. Silva (2012a) avaliou o efeito de diferentes espaçamentos e adubação mineral sobre o crescimento e produção da palma forrageira, com três espaçamentos, 1,00 x 0,50 m; 2,00 x 0,25 m e 3,00 x 1,00 x 0,25 m e quatro adubação, 000-000-000; 200-150-100; 200-150-000 e 000-150-000 kg ha-1 de N-P2O5-K2O, respectivamente. Foi avaliado o crescimento entre 90 e 390 dias após o plantio (DAP) e produção e crescimento aos 620 DAP. Este autor verificou que não existem diferenças em produção de matéria seca em função das adubações NPK, NP, P e testemunha para os espaçamentos 2,00 x 0,25 m e 3,00 x 1,00 x 0,25 m. As adubações com NPK e NP, principalmente sob espaçamento de 1,00 x 0,50 m, conferem melhores respostas para as características de crescimento avaliadas e para produção de massa verde e matéria seca e, ainda as quantidades de nutrientes utilizados nas adubações promovem pequenas alterações na produção. Donato et al. (2014) avaliaram o rendimento de palma forrageira cv. Gigante aos 600 dias após plantio, cultivada em diferentes espaçamentos (1,0 x 0,5; 2,0 x 0,25; e 3,0 x 1,0 x 0,25 m) e doses de adubação orgânica com esterco bovino (0; 30; 60 e 90 t ha-1 ano-1). Os autores verificaram que as produções de matéria seca registradas nos espaçamentos foram 21,5; 18,6 e 14,7 t ha-1, sendo que a

15 de nov. de 2018

Atributos do solo-paisagem em áreas degradadas com malva-branca (Sida cordifolia L.) no semiárido paraibano

Rivaldo Vital dos Santos1 ; Girlânio Holanda da Silva2 ; 
Kely Dayane Silva do Ó2 ; Adriana de F. Meira Vital3 ; José Aminthas de Farias Jr.
Resumo: O desmatamento, com o intuito de obter madeira para fins energéticos, origina áreas degradadas com solo exposto ou com dominância de extrato herbáceo formado por várias espécies, destacando-se a malva (Herissantia crispa L.), a qual funciona como alternativa medicinal ou fitomassa para o rebanho nas épocas de estiagem prolongada. Pelo exposto o presente trabalho objetivou estabelecer o histórico das áreas com predominância de malva branca e diagnosticar os atributos morfológicos, físicos e químicos dos solos. O trabalho foi conduzido em cinco áreas com predominância de malva-branca, onde inicialmente realizou-se sua caracterização geral e o histórico de utilização agrícola. Em seguida fez-se a descrição do perfil, quando coletou-se amostras de solo (0- 20 cm) para análises granulométricas e químicas. Os resultados demonstraram que todas as áreas têm relevo suavemente ondulado e apresentavam, originalmente, cobertura de Caatinga densa e
atualmente são utilizadas para pastejo, têm erosão em sulco, afloramento rochoso e pedregosidade. A morfologia indicou solos rasos, com camadas cimentadas, estrutura granular e em blocos, consistência variável, textura areia franca no horizonte A e argilo-arenosa e areno-argilosa no horizonte B. Os atributos químicos revelaram solos ácidos, com concentrações de fósforo muito baixas e de potássio, cálcio e magnésio médias, com saturação por bases variando de 65 a 78%. Palavras-chave: Erosão; Manejo de Solo; Granulometria; Edafologia.
INTRODUÇÃO 
A região semiárida caracteriza-se por apresentar elevada temperatura e precipitação pluviométrica irregular e intensa. Seus solos apesar de apresentarem, em média, fertilidade química natural elevada são, na maioria rasos e pedregosos, exceto aqueles localizados em áreas de pedosedimentação, de origem aluvional ou não, denominados pelos produtores rurais solos de “baixio”, apresentando topografia plana, maior profundidade edevido sua textura mais argilosa, têm maior capacidade de retenção de água sendo os mais produtivos e de maior expressão econômica. Estes contrastam-se com os solos de “tabuleiros”, localizados nas áreas mais altas em relação ao relevo local, utilizados principalmente com agricultura de sequeiro, e frequentemente cobertos com a formação arbórea Caatinga. Dessa forma, o uso e manejo inadequado dos solos são apontados como as principais causas, de origem antrópica, relacionadas com a desertificação. O extrativismo vegetal e mineral,
assim como o superpastoreio das pastagens nativas ou cultivadas e o uso agrícola por culturas que expõem os solos aos agentes da erosão são as principais causas dos processos de desertificação (ACCIOLY, 2000). Neste contexto, a Caatinga é uma das regiões mais ameaçadas do globo pela exploração predatória, tendo como principais causas da degradação ambiental no bioma a caça, as queimadas e o desmatamento para retirada de lenha. Os estudos das modificações em diferentes ecossistemas devem avaliar a estreita relação entre a vegetação e o solo, em que primeiramente influencia as propriedades e a dinâmica dos solos, quer diretamente, pelo suprimento de matéria orgânica, ou indiretamente, na estruturação, capacidade de retenção de cátions, aeração, fornecimento de nutrientes, e o comportamento hídrico, que consequentemente influencia sobre o tipo de comunidade vegetal local (LONGO et al., 1999). No semiárido da Paraíba é muito comum, após a retirada da vegetação nativa, ocorrer a ocupação da área, especialmente na época das chuvas, com a espécie herbácea malva-branca (Sida cordifolia). A Sida cordifolia é uma espécie herbácea, perene, pertencente à família Malvacea, conhecida também como guaxumabranco ou guaxuma. Caracteriza-se como uma planta nociva e infestante em culturas e pastagens diversas. A espécie é considerada uma invasora (BIANCO et al.,2008; MENEZES et al., 2009) e ocorre com mais frequência em áreas em fase de degradação. Sida cordifolia, é uma planta nativa da América tropical (KISSMANN & GROTH,2000). Atualmente a espécie apresenta larga distribuição no Brasil ocorrendo nos estados do Amazonas, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e diversos estados do Nordeste. De acordo Bianco et al., (2008) a planta tolera solos pouco férteis e ácidos e pode ser

hospedeira de um microplasma, que causa a doença conhecida como “virose das malváceas”. O objetivo do presente trabalho é descrever um histórico e diagnosticar os atributos morfológicos, físicos e químicos dos solos das áreas com predominância de malva branca (Sida cordifolia) em ecossistema de Caatinga no semiárido da Paraíba. MATERIAL E MÉTODOS 

O trabalho consistiu inicialmente na identificação de cinco áreas com dominância de malva branca localizadas entre os municípios de Patos, São Mamede e Passagem, na região semiárida da Paraíba: Fazenda Nupeárido/UFCG Núcleo da Embrapa/Patos-PB, Fazenda Santa Gertrudes, Fazenda São Mamede e Sítio Cacimba de Pedra, onde foram realizadas a caracterização geral e o histórico de utilização das áreas. A etapa seguinte consistiu da avaliação de atributos morfológicos (profundidade, textura, estrutura e consistência), e químicos do solo. Os atributos morfológicos foram obtidos através de descrição de perfil. Para as análises granulométrica (percentagens de areia, silte e argila) e química, o delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Neste caso os tratamentos consistiram nas cinco áreas amostradas. Cada área foi dividida em cinco subáreas, nas quais foram coletadas aleatoriamente amostras simples na camada de 0-20 cm de solo. As amostras simples depois de misturadas entre si e homogeneizadas constituíram as cinco amostras compostas correspondentes às cinco repetições de cada tratamento. Após o solo ser seco ao ar e passado em peneira de 2 mm, foram determinados nas amostras compostas o pH em CaCl2 a 0,01 mol L-1 , Ca+2, Mg+2, H+ + Al+3, Na+ , K + trocáveis e P disponíveis (EMBRAPA 1997). Os teores de H+ + Al+3 foram estimados pelo método da solução tamponada SMP. Os teores trocáveis de Ca+2 e Mg+2 foram obtidos por complexação com EDTA, enquanto os teores de Na+ e K+ foram determinados por fotometria de chamas. Os teores de fósforo foram determinados colorimetricamente pelo método do azul do molibdênio (EMBRAPA, 1997). Para cada amostra composta foram calculados os valores de soma de bases (SB) capacidade de troca de cátions (CTC) e saturação por bases (V%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Histórico e utilização O histórico das áreas revela que todas apresentavam há três décadas cobertura de Caatinga arbórea, sendo desmatadas para cultivo de
algodão arbóreo e consórcio milho-feijão. Atualmente apresentam como cobertura vegetal dominante a malva-branca, sendo utilizadas como áreas de pastejo dos rebanhos caprino, ovino e bovino. Em algumas áreas essa espécie encontra-se associada com escassas espécies arbóreas, principalmente a jurema-preta, como constatou-se na área do núcleo da Embrapa e na Fazenda Santa Gertrudes. Essa diferenciação na cobertura vegetal está associada ao tipo de manejo animal empregado na área, por exemplo, o pastejo caprino e ovino não permitem o crescimento de espécies arbóreas, diferentemente do bovino. Identificou-se que as áreas estão em relevo suave ondulado têm erosão em sulco e forte pedregosidade. No período da seca, com a queda das folhas da malva-branca, tais áreas ficam desprotegidas sofrendo forte processo erosivo, originando afloramentos rochosos, como verificou-se nas Fazendas Nupeárido e Santa Gertrudes (Tabela 1).


Atributos morfológicos e granulometria 
A morfologia

17 de out. de 2018

CONTRIBUIÇÃO DO NORDESTE PARA A RAÇA SINDI

Por: Paulo Roberto de Miranda Leite  
Paulo Roberto de Miranda Leite
A raça Sindi vem crescendo em todas as regiões brasileiras, e nossa Associação em expansão permanente. As demandas por novas ações, desde provas zootécnicas, novas pesquisas e experimentos, além da necessidade de promoção e divulgação, criando-se novos mercados e em consequência a incorporação de novos criadores, traz a necessidade de trabalharmos mais e de mãos dadas pela raça. Sabemos que o Sindi é para o semiárido brasileiro um precioso instrumento zootécnico ou biológico de rara qualidade, que veio como redenção para tornar a pecuária bovina do Nordeste em algo sustentável e econômico. A raça Sindi através de séculos de seleção nas terras áridas da Ásia, transformou-se na raça bovina mais apta para nosso semiárido. Aqui ela vem desenvolvendo e testando todas suas qualidades: rusticidade e adaptabilidade as inclemências edafoclimáticas da região, conversão alimentar extra, fertilidade, dupla aptidão e potencial como material para cruzamentos. O Nordeste toma-se de esperança com a expansão desse extraordinário Gado Vermelho, novo patrimônio dos criadores brasileiros e da ABCSindi. Com a incorporação de novos criadores de Sindi e suas demandas em todo o vasto território pátrio, precisamos incorporar novos mecanismos de atendimento e cooperação entre criadores e regiões, facilitando e apoiando as ações da ABCSindi. Como parte de imenso pais, o Nordeste se caracteriza especialmente pela predominância da grande
área semiárida, as chamadas áreas de sequeiros, tradicionalmente aproveitadas para uma pecuária de
sobrevivência (caprinos, ovinos e bovinos) e aproveitamento de outros produtos silvestres. Também temos várzeas no litoral da cana de açúcar e vales de boas terras agricultáveis no interior da região, onde são produzidas frutas e outras culturas através da irrigação.   Mas é com foco nas extensas áreas de sequeiros, onde predominam as baixas e incertas precipitações pluviométricas, é neste ambiente hostil à agricultura tradicional, que se descortina a possibilidade de uma pecuária bovina sustentável que poderá e será viabilizada através de raças zootecnicamente superiores para essas condições. Essa raça bovina eleita e aprovada para cumprir essa missão, foi a “raça Sindi” pelo seu desempenho e avaliação em 38 anos de testes nos currais das fazendas do semiárido e nas Instituições Oficiais de Ensino e Pesquisas inseridas na região e que avaliam e comprovam as qualidades zootécnicas superiores da raça para regiões tropicais semiáridas. Estamos hoje em pleno funcionamento institucional dos dois escritórios sedes da ABCSindi no Brasil, Uberaba-MG e João Pessoa-PB. Além desses escritórios, temos agregados aos interesses da raça na região, dois importantes Núcleos: - Núcleo Nordeste de Criadores de Sindi, que desde 2015 tem sede no Estado da Bahia; - Núcleo de Criadores de Sindi do Rio Grande do Norte, sediada em Parnamirim-RN. Essas estruturas são complementadas pelas instituições oficiais da região que dão suporte técnico e didático para a raça Sindi.  O Sindi é a raça zebuína mais bem avaliada pelas organizações de pesquisas internacionais e também no
nosso país na atualidade. São inúmeros rebanhos de instituições oficiais e privadas em avaliação, gerando publicações técnicas e acadêmicas. A raça está fadada a ser uma das bem mais avaliadas do mundo, e com o entusiasmo como está sendo conduzida e criada (selecionada) em nosso país, breve capitalizaremos importantes dividendos zootécnicos.  Em Pernambuco: -EMBRAPA SEMIARIDO, localizada em PetrolinaPE, que vem preservando e multiplicando os descendestes da importação do Paquistão de 1952, e avaliando condicionantes climáticas que comprovem a extraordinária rusticidade da raça. É um núcleo de elevado valor genético estratégico. Na Paraíba: Estão duas instituições oficiais de ensino e pesquisa que mantem rebanhos da raça Sindi em avaliações permanentes, além de disponibilizarem seus produtos através de leilões públicos anuais, que são: - Universidade Federal de Campina Grande- Campus de Patos/PB; - Empresa Estadual de Pesquisa


Agropecuária da Paraíba SA (EMEPA-PB), com um núcleo de elite da raça Sindi, sendo avaliado na Estação Experimental de Alagoinha-PB. No Rio Grande do Norte: A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (EMPARN), mantem um rebanho da raça Sindi em avaliações permanentes, realizando um leilão anual de seus produtos. São quatro instituições oficiais integradas as demandas da região e que elegeram a raça Sindi como prioridade de pesquisas zootécnicas, envolvendo dezenas de pesquisadores.
Complementando essas ações oficiais, os governos dos Estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Sergipe, com a participação do setor privado representado por dezenas de criadores e selecionadores, criaram mecanismos de promoção e divulgação da raça Sindi em escala ascendente. Após esses 38 anos de atividades em prol da raça a ABCSindi, os núcleos e criadores unidos transformaram a região na terra do gado vermelho. Em 2018, são pródigos os eventos pela raça na região, com destaque especial para o “Dia D”, da Fazenda Carnaúba em Taperoá-PB, hoje o maior e mais importante evento do agronegócio nacional dedicado a pecuária das regiões semiáridas, que tem a raça Sindi como produtora de leite, sua principal estrela entre os bovinos. São dezenas de raças de ovinos, caprinos, bovinos e aves; de tecnologias e produtos derivados e agregados aos sistemas de produção da região. Uma iniciativa da família Dantas Vilar com o apoio de órgãos e intuições públicas e privadas.  As exposições estaduais tornaram-se referências para raça Sindi a nível nacional. Este ano já foi realizada a 5ª Exposição Nordestina da Raça Sindi, durante a 52ª Paraíba Agronegócios, com dois leilões da raça: o 3º Leilão Sindi Pompeu Borba e o Leilão Anual da EMEPAPB.  Foi também palco de uma grande homenagem ao insigne criador POMPEU GOUVEIA BORBA, falecido este ano e que contou com a presença do presidente da ABCSindi, Ronaldo Bichuette, do diretor da CNA, Mario Borba, do Secretário da Agricultura da Paraíba, Romulo Montenegro e dezenas de convidados, familiares e amigos. No Rio Grande do Norte: -Iremos ter durante a Festa do Boi, em Parnamirim-RN, a realização da XVI Exposição Nacional
da Raça Sindi, com centenas de animais expostos e dois leilões da raça. A tempos que a Festa do Boi é considerada o maior evento da raça Sindi do mundo, a maior concentração de bovinos dessa raça vermelha em julgamento e exposição. Breve, a Festa do Boi se transformará em um evento Internacional da raça. Na Bahia, Piauí e Ceará: - Aconteceram as exposições com presença marcante da raça Sindi.  Breve teremos em Recife-PE a Exposição Nordestina de Animais e Produtos Derivados, com forte presença da raça Sindi. Compartilhando com tudo isso estão centenas de criadores dessa raça na região, grandes e tradicionais selecionadores, médios e até pequenos criadores, que entusiasmados pelas qualidades da raça, participam de palestras e reuniões e são permanentes adquirentes desses animais. A raça Sindi no Nordeste vem se constituindo em um produto de integração social. Podemos afirmar que nestes últimos 38 anos, o Nordeste contribuiu para expandir e divulgar a raça Sindi, oferecendo genética diferenciada e participando do entusiasmo e grande poder de multiplicação do Sindi, nas grandes regiões criatórias do Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, onde hoje se localizam as grandes fazendas de seleção e de cruzamentos industriais que se integram    e passam a participar da cadeia produtiva da pecuária de corte nacional com sucessivos avanços zootécnicos e comercias. Essa é nossa missão, como criadores dessa joia zootécnica, que tem o nome de “RAÇA SINDI”. 


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1 de out. de 2018

Rebanhos do Núcleo Nordeste de Criadores de Sindi 52 avaliados para leite A2


O Núcleo Nordeste de Criadores de Sindi 52, participou de pesquisa promovida pela Universidade Federal da Bahia realizada pelo Professor Doutor Gregório Miguel Ferreira de Camargo, intitulada: " Produção de leite A2 com bovinos da raça Sindi: promoção de renda no semiárido". Foram avaliados 200 animais de diversos associados e o alto índice (entre 85 e 100%) de resultados para A2 A2, foi mais uma comprovação da excelência do Sindi como raça produtora de leite.

Participaram desse projeto, iniciado no 1° semestre de 2018 e concluída em setembro de 2018, os planteis:

Aridus - SE
Bahia Red  Sindi – BA
Barra dos Dantas - PB
Carnaúba – PB
Hybernon - PB
Karashi- BA

Professor Doutor Gregório Miguel Ferreira de Camargo
Graduação: Zootecnia (Unesp-Jaboticabal) Mestrado: Genética e Melhoramento Animal (Unesp-Jaboticabal) Doutorado: Genética e Melhoramento Animal (Unesp-Jaboticabal), doutorado sanduíche: Universidade de Queensland (Austrália)



ADEUS, ALERGIA!
Produção de leite sem proteína alérgica depende da seleção de zebuínos e ainda engatinha no Brasil
Por Diene Batista (Revista Safra)
Um copo de leite pode ser um problemão para muita gente, seja pela falta da enzima lactase, o que provoca a intolerância ao alimento, seja pela alergia à proteína betacaseína tipo A1. A reação imunológica do corpo gera reflexos na pele, no sistema respiratório, além de constipação e de dores abdominais. Mas a seleção de animais que produzem leite A2 pode colocar fim nas alergias por causa da bebida.
Os zebuínos – como gir, sindi, guzerá 
e girolando – são os mais adequados
Os zebuínos – como gir, sindi, guzerá e girolando – são os mais adequados para esse tipo de manejo, como explica o pesquisador da área de bioinformática e melhoramento animal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), unidade Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa da Silva. Hoje, a instituição faz a genotipagem do gado para seus programas de melhoramento. Os testes genéticos verificam se os animais são homozigotos – com alelos (genes) A2A2 – ou heterozigotos – A1A2.
Pesquisas já comprovaram que nos zebuínos o gene A2 aparece em pelo menos 70% do rebanho. Nos taurinos, o alelo está presente em apenas 30% da população. “Os taurinos da raça holandesa, por exemplo, são maiores produtores de leite, mas a frequência do alelo A1 é muito grande. O trabalho [de selecionar um rebanho A2] é muito mais rápido e barato nas raças zebuínas”, compara.
Estância Silvânia, em São José dos Campos
A genotipagem dos zebuínos também chama a atenção de laboratórios como o mineiro Gene/Genealógica, de Belo Horizonte, que desenvolveu uma nova metodologia focada no baixo custo. O valor da checagem pelo lote de animais gira em torno de R$ 35 e são analisadas amostras dos pelos dos zebuínos. “Os produtores de leite estão se empenhando na melhora da qualidade. O mercado está mais exigente o que, sem dúvida, vai proporcionar produtos mais saudáveis feitos com leite A2”, analisa a diretora do laboratório, Helena Bicalho.
Rebanho “lapidado”
Selecionar o rebanho até que ele se torne completamente A2 pode levar anos. Mas a demora, muitas vezes, é aliada do bolso do produtor, como explica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite. É que os custos, como o da compra de animais A2A2, são diluídos ao longo do tempo. Para formar um rebanho com zebuínos com betacaseína A2, dois caminhos podem ser tomados.
Primeiro, o do descarte. Inicialmente, as vacas A1A1 são retiradas do plantel. Depois, os animais A1A2 também saem, dando lugar aos A2A2. O outro processo é do acasalamento: fêmeas A1A2 e A2A2 são juntadas com touros A2A2. “É um processo demorado, mas que se torna mais barato para o produtor, porque o investimento acontece ao longo do tempo”, frisa.
A diretora do Gene/Genealógica, Helena Bicalho, explica que o produtor pode também aproveitar as “características interessantes” dos animais com genes A1 por meio do acasalamento. “Uma vaca A1A2, com boas características, pode ser acasalada com um touro A2A2. Em média, 50% dos produtos serão A2A2. Se o produtor tiver que descartar, descarta o outro, que é A1A2”, exemplifica.
Segundo Silva, a questão genética já não é mais um entrave para a produção de leite não-alérgico. A principal dificuldade diz respeito à estrutura que a comercialização do produto demanda. “Não adianta produzir o A2 e, quando o caminhão da cooperativa chegar na propriedade, misturá-lo com o A1”, exemplifica. O ideal é processar o leite A2 com uma estrutura do próprio criador ou de cooperativas.
Pioneirismo
Essa é uma tendência mundial, que em algumas
décadas será concretizada como uma mudança
de condição dos animais produtores
Foi exatamente o que fez o produtor e médico-veterinário Eduardo Falcão, da Estância Silvânia, em São José dos Campos, na região do Vale Paranaíba, em São Paulo. Em novembro do ano passado, lançou o primeiro produto A2 brasileiro. No laticínio que ele arrendou, são produzidos queijos, iogurtes e manteigas com leite de animais da raça gir leiteiro, com a qual sua família trabalha há mais de 55 anos.
“Hoje, só trabalhamos com o subproduto. A questão da industrialização do leite foi aprovada há pouco tempo e estamos prestes a concretizá-la. Queremos fazer um produto até mesmo visualmente diferenciado, que será industrializado dentro da propriedade e sairá pronto para o comércio. Para isso, estamos aguardando a construção de uma granja leiteira”, adianta, prevendo que até o final deste ano o leite deve chegar ao mercado.
O trabalho pioneiro foi iniciado há cerca de oito anos, quando soube, por meio de um nutrólogo, sobre o leite com a betacaseína A2. Além do produto não alérgico, ele investe ainda na qualidade do rebanho: o gado é criado a pasto, sem uso de hormônios. “Os produtores já estão inteirados dessa questão [da genotipagem]. Acredito no trabalho da classe médica para esclarecer a população sobre os benefícios do leite A2. Essa é uma tendência mundial, que em algumas décadas será concretizada como uma mudança de condição dos animais produtores”, analisa.
A Estância Silvânia tem 250 animais da raça gir leiteiro produzindo A2. A meta de Falcão é obter 60 vacas em produção, com mil litros diários. Hoje, são 40 animais, com 700 litros. “O maior desafio é chegar ao consumidor. Embora a gente tenha um produto de excelente qualidade, ainda há entraves de legislação e é tudo muito moroso, mas estamos trabalhando para melhorar isso”, detalha ele, que também é diretor da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), se referindo ao diálogo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a criação de normas sobre a industrialização do leite A2.
Projeto-piloto no RS
No Rio Grande do Sul, o Sindicato da

7 de set. de 2018

5 perigos da desertificação no Semiárido brasileiro

Por Letras AmbientaiFonte: http://www.letrasambientais.com.br/posts/5-perigos-da-desertificacao-no-semiarido-brasileiro

Dona Marilene é uma agricultura que vive nos Cariris paraibanos, uma das microrregiões mais secas do Brasil, cujas terras já se encontram em avançado processo de desertificação. Junto com seu esposo Manoel e seus dois filhos, ela já viveu dias felizes e de fartura naquele lugar. Porém, nos últimos cinco anos, a família amargou as consequências de uma devastadora seca. As dificuldades para conseguir água a longas distâncias, a carestia no preço dos alimentos, a falta de chuvas e de terras férteis para produzir e criar animais fez com que seu Manoel partisse para São Paulo. Em busca de alguma fonte de renda para garantir o sustento da família, lá não demorou a encontrar uma ocupação de ajudante de pedreiro. Este ano, com a volta das chuvas aos Cariris, ele já se prepara para regressar à sua terra, trazer de volta a alegria da família reunida e retomar suas plantações, embora saiba que seu pedaço de terra já não é tão produtivo como antigamente.
Terra improdutiva, falta de água, de animais e de vegetação. Essa realidade é comum às áreas que se encontram em processo de desertificação. É o caso do local onde vive a família de dona Marilene, situado no Semiárido brasileiro. Com mais de um milhão de quilômetros quadrados de extensão, a região é considerada uma das maiores áreas do mundo suscetível ao processo. A desertificação é provocada pela degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, em função de fatores naturais e também pela ação humana (desmatamento e uso intensivo da terra para cultivo e pastagens sem técnicas de conservação adequadas). 
No último dia 15 de abril, foi celebrado no Brasil o Dia Nacional da Conservação do Solo. Porém, temos poucos motivos para comemorar, sobretudo por estamos diante de um alerta relacionado às sérias ameaças do processo de desertificação. 
Segundo um Relatório da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO, sigla do inglês), publicado em 2016, atualmente, 33% dos solos do mundo estão comprometidos pela degradação, atingindo a vida de mais de 2,5 milhões de pessoas. Além disso, em algum nível, a desertificação afeta a economia e a população de um sexto da população do Planeta, que representa mais de 1 bilhão de pessoas.
Os especialistas também chamaram atenção para a situação da América Latina, onde cerca de 50% dos solos estão sofrendo algum tipo de degradação (erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação). No Brasil, os principais problemas encontrados são erosão, perda de carbono orgânico e desequilíbrio de nutrientes, além de salinização, poluição e acidificação. Entre outros prejuízos, como perda de fertilidade, os solos degradados captam menos carbono da atmosfera, interferindo nas mudanças climáticas. A degradação dos solos, de forma intensiva, tem levado ao avanço da desertificação, um grave risco socioambiental, cujo processo é difícil de se reverter, sendo fundamental combater diretamente suas causas.
Desertificação: um processo irreversível?
Você sabe como uma área se torna gravemente deteriorada ou em processo de desertificação? Tudo começa pelo desmatamento ou a retirada da cobertura vegetal, que expõe os solos às diversas intempéries da natureza, a exemplo da forte insolação ou das chuvas concentradas, aumentando a erosão do solo e a perda da matéria orgânica que alimenta as plantas. O desmatamento descontrolado também reduz as chuvas e a retenção da umidade, contribuindo para transformar áreas produtivas em inférteis. Como consequência, muitas espécies nativas são perdidas e ainda acontece a migração da população rural para centros urbanos.
Os principais vetores do processo de desertificação no Semiárido brasileiro são: extração da biomassa florestal para atender à demanda da matriz energética, que responde por 30% da energia regional; atividades de mineração, cerâmica, agricultura e pecuária sem critérios de manejo sustentável, na maioria das vezes, desenvolvidas com técnicas inadequadas; e projetos de irrigação sem manejo adequado, que degradam e salinizam os solos.
No Brasil, as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD’s) compreendem cerca de 1.340.863 Km2 (16% do território brasileiro), abrangendo 1.488 municípios (27% do total), incluindo territórios dos nove estados do Nordeste, e de dois do Sudeste (parte de Minas Gerais e do Espírito Santo). Mais de 30 milhões de pessoas (17% da população brasileira) são atingidas pelo processo. O processo ocorre nas áreas Semiáridas, Subúmidas Secas e em Áreas do Entorno, nas quais a razão entre a precipitação anual e evapotranspiração potencial está compreendida entre 0,05 e 0,65.
As áreas mais críticas estão nos Núcleos de Desertificação, cujos solos já estão degradados de forma extremamente grave, um processo de desertificação praticamente irreversível.
São eles: Gilbués (PI), Seridó (RN/PB), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE), Cariris Velhos (PB) e Sertão do São Francisco (BA). Em visita à dona Marilene, que vive nos Cariris paraibanos, um dos Núcleos de
Desertificação no Semiárido. 
Fonte: Lápis.
Desertificação do Semiárido, pudemos observar a complexidade do problema, que atinge milhares de outras famílias na região. No livro
“Um século de secas: por que as políticas hídricas não transformaram o Semiárido brasileiro?”, os autores abordaram o problema da desertificação no Semiárido brasileiro, tendo validado a pesquisa sobre políticas para a seca nas microrregiões dos Cariris paraibanos.
Desertificação: monitoramento e políticas
Apesar da importância e urgência de ações para minimizar os impactos da seca, bem como conter os principais vetores da desertificação, existe uma lacuna muito grande de conhecimentos e dados confiáveis a respeito do assunto. Uma das principais fontes de referência encontradas foram os dados de monitoramento por satélite sistematizados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). O levantamento indica que os níveis de degradação em relação às áreas totais dos estados do Semiárido estão distribuídos da seguinte forma: Alagoas (32,8%), Paraíba (27,7%), Rio Grande do Norte (27,6%), Pernambuco (20,8%), Bahia (16,3%), Sergipe (14,8%), Ceará (5,3%), Minas Gerais (2,0%) e Piauí (1,8%).
Ainda não existe um projeto consistente de combate à desertificação no Brasil, não obstante a gravidade do problema. Em 2004, foi elaborado o Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (Pan-Brasil), com envolvimento da população atingida e dos estados, visando definir soluções para prevenir e amenizar os impactos do processo. Além disso, o País é signatário da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). Todavia, embora a maioria dos estados com territórios degradados tenha elaborado seu plano de ação, pouco foi feito efetivamente para conter o avanço do processo.
Recentemente, foi instituída uma Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (Lei nº 13.153/2015), prevendo várias providências relacionadas à questão.
Dentre os objetivos da recente legislação, estão: prevenir e combater a desertificação e recuperar as áreas em processo de degradação da terra, em todo o território nacional; prevenir, adaptar e mitigar os efeitos da seca; instituir mecanismos de proteção, preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais; estimular pesquisas científicas e tecnológicas; promover a educação socioambiental dos atores sociais envolvidos na temática do combate à desertificação.

A instituição dessa Política representou um avanço nas diretrizes para tratar do problema da desertificação e da convivência com a seca no Brasil. No entanto, a legislação continua sem regulamentação, de modo que pouco tem sido feito para se evitar o aumento da degradação dos solos nas áreas suscetíveis à desertificação. Os projetos de desenvolvimento sustentável para o Semiárido brasileiro deveriam

1 de ago. de 2018

NA TEORIA É UMA COISA, NA PRÁTICA, É A MESMA COISA!!!


POR RODRIGO GREGÓRIO
DA SILVA (16/11/2006)
Neste pequeno manuscrito, iniciamos uma discussão que, a nosso ver, vem sendo realizada de forma equivocada, displicente ou mesmo irresponsável. O conhecimento, em especial o científico, é fundamental para todos aqueles que desejam desenvolver uma atividade cuja maior virtude, por exemplo, é o saber. Ou seja, saber usar a informações, o conhecimento, como forma de melhor desenvolver seus projetos. Nesse contexto procuramos relatar um fato que já há algum tempo vem nos incomodando. Não vamos procurar aqui ser partidários, mas sim justos. Quem nunca presenciou alguém do alto de sua sabedoria expressar a ideia que 'na teoria é uma coisa, mas na prática é bem diferente'?

Acreditamos que essa ideia não seja bem acertada, que o conhecimento científico, aplicado na forma de tecnologias, não seja portador de condições que lhes capacite a resultar em melhorias, em incrementos, em aumento da eficiência dos sistemas nos quais serão usados. É bem verdade que várias tecnologias disponibilizadas pelos mais variados autores e/ou centros de produções não sejam capazes de resultar em melhorias em sistemas de produção aos quais se destinam. Mas acreditamos que os maiores responsáveis por esses acontecimentos são: os 'inventores dos conhecimentos milagrosos de má índole', seus repassadores inocentes, ou não, e os incríveis e sábios aplicadores, conhecedores na prática de tudo.
 "Mas acreditamos que os maiores responsáveis 
por esses acontecimentos são: os 'inventores 
dos conhecimentos milagrosos de má índole', seus 
repassadores inocentes, ou não, e os incríveis e 
sábios aplicadores, conhecedores na prática de tudo".
Ao se permitir e fortalecer esse pensamento, estamos criando uma falsa ideia de que os resultados gerados nas ciências e em especial nas agrárias não possuem capacidade de repetição além dos muros dos centros de desenvolvimento científico. E assim abrimos as portas para a velha afirmativa acima questionada, abrimos as portas para aqueles que se vangloriam dos incríveis resultados obtidos por meio das proezas práticas resultantes das cópias. Se em outras áreas a auto-medicação é um problema, nas agrárias parece ser a solução, ao menos é o quem vêm sendo revelado pelos atos de muitos técnicos desinformados ou de 'sábios' produtores. Planejar um negócio, definir seus objetivos, traçar suas metas, realizar avaliações e tomar decisões são bem mais que copiar um espaçamento entre aspersores ou linhas de cultivo, em importar uma nova variedade de planta ou raça milagrosa, em decidir se compra uma mula preta ou um cavalo alazão.
A falsa ideia de que o conhecimento prático é tudo em um sistema de produção é no mínimo ingenuidade. O abandono ou negação dos conhecimentos técnico-científicos em detrimento ao conhecimento prático é o principal responsável pelo atraso tecnológico verificado na grande maioria das unidades de produção, melhor, de extração ou de coleta de produtos oriundos da terra. As verdadeiras unidades de produção, com perfil de empresa moderna, que busca eficiência no processo produtivo objetivando aumentos nos seus lucros, acompanham de perto o desenvolvimento científico, utilizando as recém desenvolvidas tecnologias, conseguindo incrementos significativos nos seus lucros, permanecendo competitivas num ambiente de mercado aberto, onde os eficientes permanecerão.
"Se em outras áreas a auto-medicação é um problema, nas agrárias
parece ser a solução, ao menos é o quem vêm sendo revelado pelos
atos de muitos técnicos desinformados ou de 'sábios' produtores".
Finalizamos afirmando que na teoria é uma coisa e na prática é a mesma coisa, basta ter a capacidade de entender as tecnologias, de saber como, onde e quando aplicá-las, basta ter a capacidade necessária para realizar um diálogo de saberes onde a teoria e a prática caminham juntas, de mãos dadas, buscando a obtenção de melhorias sejam elas técnicas, financeiras, ambientais e sociais. Mas que fique claro, a teoria é a descrição do que ocorre na prática e a prática é a aplicação do que diz a teoria. E guardados os ajustes inerentes aos processos, são iguais!



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As ilustrações não são do autor.

4 de jun. de 2018

AS MAIS BELAS FOTOGRAFIAS DE UM REBANHO


Fonte: Qualitas Melhoramento Genético

https://qualitas.agr.br/

Autor

Sou realmente fã de fotografias dos rebanhos dos nossos parceiros, principalmente quando elas são feitas por profissionais e não por amadores como eu. É o caso da foto acima, tirada pelo José Maria, que consegue captar momentos realmente espetaculares dos animais. A beleza própria dos animais e, especialmente no caso desta foto, o movimento que ficou congelado, é algo realmente fascinante e que me remete às exigências do grande artista do século XVI, Leonardo da Vinci. Para trabalhar suas pinturas, Leonardo foi um profundo estudioso das regras de perspectiva e contraste entre luz e sombras e, antes de pintar um ser vivo, estudava a sua anatomia profundamente, dissecando cadáveres de seres humanos e animais com a mesma minúcia de um estudioso de medicina cirúrgica. Além disso, para ele era imprescindível transmitir os movimentos de seus modelos com perfeição, a ponto do observador da pintura se sentir incomodado sem saber se o modelo representado está ou não sorrindo. Vocês já repararam isso na Monalisa?

Garrotes da Faz. Capivara – Piacatu – SP – foto JMMatos Produções

Agora, acordando dos meus devaneios artísticos e voltando para a realidade da pecuária de corte, gostaria de mostrar algumas fotografias que pouquíssimos pecuaristas têm de seus rebanhos, mas são capazes de apresentar a verdadeira beleza ou, infelizmente, a “feiura” do gado. Estas fotografias são os pilares da seleção dos animais e a garantia de que os animais selecionados são realmente melhoradores. Estou falando do gráfico que representa a distribuição normal, que é considerada a mais importante distribuição estatística, considerando a questão prática e teórica. A distribuição normal é apresentada em formato de sino, unimodal e simétrico em relação a sua média, distribuindo a frequência das ocorrências acima e abaixo da média. Considerando a probabilidade de ocorrência, a área sob a curva soma 100% da amostra.m No caso específico deste texto iremos apresentar os gráficos para três características dos machos nascidos na safra de 2016 da Faz. Capivara de Piacatu – SP, parceira do Qualitas desde 1994. É a mesma fazenda da bela foto acima. Apresentaremos as distribuições normais do peso ajustado aos 210 dias, ganho de peso dos 210 dias até os 450 dias e o perímetro escrotal aos 450 dias de idade. Foram 466 machos desmamados sem receber fornecimento de creep-feeding, ou seja, somente à pasto. Todos os pesos foram ajustados para os 7 meses de idade (210 dias). O ajuste dos pesos é necessário para se comparar corretamente os bezerros, uma vez que eles nasceram em meses distintos (agosto a dezembro de 2016). O peso médio ajustado foi de 226 Kg. E essa é primeira diferença nas fotografias entre os rebanhos dos pecuaristas que fazem melhoramento genético e os que não fazem. O pecuarista que não faz se vangloria em dizer que desmama bezerros acima de 200 Kg mas, geralmente essa desmama ocorre aos 8 ou 9 meses. Com os bezerros da Faz. Capivara, o peso à desmama subiria para 253 Kg, se o ajuste fosse feito para os 8 meses de idade!

Gráfico 1 – Distribuição normal dos pesos ajustados aos 210 dias

– machos nascidos em 2016 – Faz. Capivara – Piacatu – SP.

No eixo X estão as quantidades de bezerros e no eixo Y os pesos

Por meio deste gráfico conseguimos realmente ver como foram os bezerros desmamados da fazenda. A parte feia da foto, são os bezerros desmamados abaixo de 180 Kg. Que neste caso significaram 22 bezerros ou 4,7% do total desmamado. Opa! Mas e na sua fazenda, quantos bezerros são desmamados abaixo de 180 Kg? Do ponto de vista de seleção, podemos classificar os animais acima e abaixo da média, com base em outro fator estatístico, o desvio padrão. Ele mostra a dispersão da população em relação à média. No caso do peso de desmama, o desvio padrão foi de 29 Kg. Quanto maior o desvio padrão, maior a variabilidade dos animais em relação à média. A classificação em elite, superior, regular e inferior é em função do desvio padrão. Animais com até um desvio padrão acima da média são os superiores. E os com até um desvio padrão abaixo da média são os regulares. Estas duas classes representam 72% dos animais. Os animais elites, que apresentam mais de um desvio padrão acima da média, foram os bezerros acima de 255 Kg até 304 Kg. E os inferiores, os que pesaram abaixo de 197 Kg. Essas duas classes representam, cada uma, cerca de 14% dos bezerros. A aplicação prática disso em seleção é a seguinte: elimine a genética dos animais inferiores do rebanho (vacas, bezerros e bezerras), selecione para reprodução as fêmeas e machos superiores e elite. Assim, você estará garantindo o progresso genético no seu rebanho.

Gráfico 2 – Distribuição normal do ganho de peso dos 210 aos 450 dias

– machos nascidos em 2016 – Faz. Capivara – Piacatu – SP.

Da mesma maneira, temos a fotografia dos animais para ganho de peso após a desmama até aos 15 meses de idade. Do ponto de vista de seleção, os animais que interessam são os que ganharam acima 108 Kg ou 0,450 Kg por dia. E quando unimos o peso médio de desmama 226 Kg + o ganho de peso, 108 Kg, temos um peso médio aos 15 meses de 334 Kg. O mais formidável é identificar animais que ganharam até 0,750 Kg/dia, ou 67% a mais que a média, nas mesmas condições! E que os melhores animais estavam acima de 400 Kg aos 15 meses de idade.

Gráfico 3 – Distribuição normal do perímetro escrotal ajustado aos 450 dias

– machos nascidos em 2016 – Faz. Capivara – Piacatu – SP.

A fotografia para perímetro escrotal aos 15 meses mostra uma média excelente de 27,8 cm com animais variando de 20,8 até 35,7 cm. Vejam que a variação é enorme e é isso que viabiliza a seleção e o progresso genético. O desafio é ir aumentando a média para cada característica selecionada, a fim de aumentar as medidas dos animais regulares e inferiores para que, no futuro, estes tenham as medidas dos superiores e elites de hoje. E os animais realmente “TOP”, quem são? Ora, agora que temos as fotografias mais importantes do rebanho conseguimos identificar os animais que são realmente os melhores indivíduos, que combinam peso de desmama, ganho de peso após a desmama e perímetro escrotal. Estes dois machos apresentaram as seguintes medidas:

Eles foram os animais mais pesados aos 450 dias e apresentaram os maiores perímetros escrotais da safra 2016 na fazenda. Agora, o mais importante, os dois são filhos de primíparas que emprenharam aos 14 meses. E desmamaram “bezerrinhos” de 236 e 260 kg, respectivamente. Mas o que isso realmente mostra de importante em termos de seleção? Que a Fazenda Capivara está fazendo o que deve ser feito, descartar os animais inferiores e multiplicar os superiores. E isso faz com que a genética dos animais mais jovens seja superior à dos animais mais velhos. Isso se comprova na próxima tabela:

Os números mostram que, apesar de desmamarem mais leves, os bezerros não só alcançaram, mas ultrapassaram, o peso aos 15 meses dos bezerros filhos das vacas mais velhas, mostrando que o processo utilizado para identificar a melhor genética, privilegiando o ganho após à desmama, realmente está garantindo o progresso genético e, por consequência, aumentando a lucratividade da fazenda. Parabéns e obrigado à Faz. Capivara por nos permitir acompanhar a evolução deste rebanho que é realmente um espetáculo na foto! E a fotografia do seu rebanho, como está? Grande abraço e inté!

Pensamento do mês