12 de dez. de 2019

Aspectos metereológicos do semiárido brasileiro

Magna Soelma Beserra de Moura
José Espínola Sobrinho
Thieres George Freire da Silva
1 INTRODUÇÃO
Conhecer a atmosfera do planeta Terra é uma das aspirações que vêm sendo perseguidas pela humanidade desde os tempos mais remotos. A partir do momento em que o homem tomou consciência da interdependência das condições climáticas e daquelas resultantes de sua deliberada intervenção no meio natural, como necessidade para o desenvolvimento social, ele passou a produzir e registrar o conhecimento sobre os componentes da natureza (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007). A agricultura é uma das atividades econômicas mais dependentes das condições climáticas. Os elementos meteorológicos afetam não só os processos metabólicos das plantas, diretamente relacionados à produção vegetal, como também as mais diversas atividades no campo. Cerca de 80% da variabilidade da produção agrícola no mundo devem-se às oscilações das condições meteorológicas durante o ciclo de cultivo, especialmente, para as culturas de sequeiro, já que os agricultores não podem exercer controle sobre tais fenômenos naturais ( , 2009). A Agrometeorologia ou Meteorologia Agrícola é a área das Ciências Naturais que realiza o estudo das condições atmosféricas e suas interferências no meio rural, resultando em aplicação direta no planejamento e na tomada de decisões na agropecuária. De um modo geral, as variáveis meteorológicas que afetam o
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crescimento, o desenvolvimento e a produtividade das espécies, principalmente das culturas agrícolas, são chuva, temperatura do ar, radiação solar, fotoperíodo, umidade do ar e do solo e velocidade e direção do vento (MONTEIRO, 2009). O Semiárido brasileiro é caracterizado por um conjunto de períodos com balanços hídricos negativos, resultantes da precipitação média anual inferior a 800 mm, insolação média de 2.800 horas por ano e umidade relativa anual média em torno de 50% (MOURA et al., 2007). Neste ambiente, onde o clima é uma das principais características, a ocorrência de secas e a precipitação concentrada em quatro meses do ano são determinantes para a sobrevivência das famílias, da produção agrícola e dos rebanhos. Dessa forma, este capítulo aborda os principais sistemas meteorológicos que ocasionam as precipitações no Semiárido brasileiro e traz um resumo dos mapas climáticos de chuva, evaporação, temperatura e umidade relativa do ar desse ambiente único no Brasil.
2 SISTEMAS METEOROLÓGICOS RESPONSÁVEIS PELAS CHUVAS NO NORDESTE BRASILEIRO
O clima de qualquer região é determinado em grande parte pela circulação geral da atmosfera. Essa circulação resulta do aquecimento diferencial do globo pela radiação solar, da distribuição assimétrica de oceanos e continente e também características topográficas sobre este último. Padrões de circulação gerados na atmosfera redistribuem calor, umidade e momentum (quantidade de movimento) por todo o globo. No entanto, essa redistribuição não é homogênea, agindo algumas vezes no sentido de diminuir as variações regionais dos elementos climáticos, tais como, temperatura e precipitação, as quais têm enorme influencia nas atividades humanas (FERREIRA; MELLO, 2005). Do ponto de vista climático, a maior porção da região Nordeste do Brasil (NEB) é considerada semiárida por apresentar substanciais variações temporais e espaciais da precipitação pluviométrica e elevadas temperaturas ao longo do ano (AZEVEDO, 1998). Apesar das elevadas temperaturas registradas, as amplitudes térmicas máximas oscilam em torno de 6°C. Devido à localização no extremo leste da América do Sul tropical, a NEB está submetido a influencia de fenômenos meteorológicos que lhe conferem características climáticas peculiares, que a diferencia das demais regiões semiáridas de todo o mundo (MOLION; BERNARDO, 2000). A grande variabilidade no regime pluviométrico do Nordeste do Brasil é, em parte explicada em função dos diversos fenômenos que influenciam a região. Segundo Uvo e Berndtsson (1996), quatro mecanismos governam o regime de chuva da região NEB: 

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que atua sobre o oceano Atlântico é responsável pelas precipitações que ocorrem no centro norte da região no período de fevereiro a maio. Os Sistemas Frontais ou Frentes Frias (FF), que provocam chuva no centro sul do NEB, atuam nos meses de novembro a janeiro. Já os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) que ocorrem na primavera, verão e outono (de setembro a abril), normalmente são mais frequentes no mês de janeiro. Por sua vez, os eventos El Niño/La Niña/Oscilação Sul (ENOS), que são resultantes de alterações nos valores da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Atlântico (Dipolos), os Ventos Alísios e a Pressão ao Nível do Mar (PNM) exercem influência nos padrões re chuva no NEB com maior ou menor intensidade a depender da localização dos estados na região. Além desses mecanismos, podem-se destacar, também, as ondas de leste, que são responsáveis pelas chuvas no leste do NEB entre maio e agosto; a atuação das Linhas de Instabilidade (LI), dos Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) (FERREIRA; MELLO, 2005), e o efeito das brisas marítima e terrestre na precipitação. Em função destes fenômenos que influenciam a origem e a formação das precipitações pluviométricas na Região pode-se afirmar que o Nordeste Brasileiro possui pelo menos cinco regimes pluviométricos diferentes, conforme descritos abaixo e apresentados na Figura 2: 
Regime pluviométrico de Quixeramobim: onde as maiores precipitações ocorrem nos meses de março e abril e se originam, principalmente, pelo posicionamento da Zona de Convergência Intertropical; 
Regime pluviométrico de Salvador: as maiores precipitações se verificam em abril e maio r são originadas das Ondas de Leste; 
Regime pluviométrico de Olinda: as maiores precipitações ocorrem em maio e junho e, como no regime de Salvador, dependem das Ondas de Leste; 
Regime pluviométrico de Caetité: as maiores precipitações ocorrem em novembro e dezembro e são resultantes das Frentes Frias vindas dos Polos; 
Regime pluviométrico de Remanso: as maiores precipitações ocorrem em dezembro e janeiro e podem ser originadas por vários mecanismos como: as Frentes Frias vindas dos Polos e os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN).
Os principais sistemas que originam e influenciam as chuvas no Nordeste brasileiro são descritos a seguir: 
- Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) 
É considerado o sistema gerador mais importante de precipitação sobre a região equatorial dos oceanos Atlântico, Pacifico e Índico, assim como sobre áreas continentais adjacentes. Esse sistema é visualizado em imagens de satélite como uma banda de nuvens convectivas que circunda a faixa equatorial do Globo Terrestre, formada principalmente pela confluência dos ventos alísios dos hemisférios Norte e Sul (CAVALCANTI et al., 2009). De maneira simplista, pode-se dizer que a convergência dos ventos faz com que o ar quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera ocorrendo a formação das nuvens. A ZCIT é o sistema meteorológico mais importante na determinação de quanto serão abundantes ou deficientes as chuvas no setor norte do NEB. Normalmente, a ZCIT migra sazonalmente de sua posição mais ao norte, aproximadamente 14ºN em agosto-setembro para posições mais ao sul, aproximadamente 4°S em março-abril. A ZCIT é mais significativa sobre os oceanos e por isso, a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) é um dos fatores determinante na sua posição e intensidade. Eventos significativos de chuvas no Nordeste brasileiro ocorrem com mais frequência em anos em que a ZCIT atinge posições extremas ao sul do Equador, por isso diz-se que a ZCIT é o principal mecanismo responsável pelas chuvas que ocorrem no norte do NEB, durante sua estação chuvosa principal, entre fevereiro e maio (FERREIRA; MELLO, 2005). 
- Sistemas Frontais ou Frentes Frias 
É outro importante mecanismo causador de chuvas no NEB que está ligado à penetração de Frentes Frias vindas do polo sul (FF) e que chegam a atingir até as latitudes tropicais entre os meses de novembro e janeiro. As frentes frias são bandas de nuvens organizadas que se formam na região de confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) e uma massa de ar quente (menos densa). As FF são facilmente identificadas nas imagens de satélite e geralmente se deslocam de sudoeste para nordeste sobre o continente e oceano Atlântico adjacente. Algumas vezes, estas alcançam latitudes muito baixas sobre o oeste da Amazônia e também ao longo da costa NEB, interagindo com o ar quente e úmido tropical, produzindo chuvas fortes sobre o continente, no litoral NEB (CAVALCANTI et al., 2009). 
- Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) 
Os VCAN que atingem a região NEB são sistemas meteorológicos caracterizados por centros de pressão relativamente baixa que se originam na alta troposfera e se estendem até os níveis médios, dependendo da instabilidade atmosférica (CAVALCANTI et al., 2009). Formam-se no oceano Atlântico, entre os meses de outubro e março, e sua trajetória normalmente é de leste para oeste, com maior frequência entre os

27 de nov. de 2019

SUPLEMENTAÇÃO NA SECA

O maior problema no período da seca é o baixo desempenho dos bovinos em pastejo, resultado de uma pastagem de baixo valor nutricional. As vacas de cria não recuperam a condição corporal necessária para manter o ciclo reprodutivo e as demais categorias animais apresentam baixas taxas de ganho de peso. 
O baixo teor de proteína é o fator limitante das pastagens nessa época do ano, e sua correção, normalmente, resulta em aumento no consumo e digestibilidade da pastagem (Cochran et al., 1998). Isto porque as bactérias celulolíticas, responsáveis pela digestão da fibra, necessitam para o seu crescimento, de amônia (que pode ser fornecida pela uréia), mas também de esqueletos carbônicos (fornecido pelo carboidratos e proteína verdadeira). 
A fração protéica utilizada no rúmen é denominada de Proteína Degradada no Rúmen (PDR) e sua exigência está relacionada diretamente com os microorganismos do rúmen e não com o animal. 
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Essa exigência aumenta proporcionalmente à oferta de energia (NDT) ao animal, e pode ser estimada usando-se a equação: PDR, g/animal/dia = NDT, kg/animal/dia x 0,13 (NRC, 1996) 12 Suplementação de bovinos em pastejo É aconselhável que no suplemento protéico, a proporção de PDR com origem na uréia, não ultrapasse 30% do PDR total. 

Suplementação na seca – vacas de cria 
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal, melhorando a utilização da pastagem disponível. 
Meta - aumentar a taxa de natalidade de vacas de cria e a taxa de reconcepção de primíparas. 
Estratégiafornecer uma pequena quantidade de nutrientes que favoreçam os microorganismos do rúmen, e conseqüente aumento no consumo e digestibilidade do pasto. 
Tipo de suplementoque contenha teores de proteína bruta acima de 40%. 
Além da fonte protéica e mineral, a adição de uma fonte energética pode contribuir para melhorar o consumo do suplemento e contribuir para aumentar a oferta no rúmen de esqueletos carbônicos. Nessa situação, o uso da uréia acima de 30% do PDR total é aceitável. 
Entretanto, suplementos protéicos apenas com uréia e mistura mineral não têm resultado em desempenhos consistentes. O esperado, em termos de desempenho animal, seria reduzir perdas do peso vivo (casos extremos em locais de longa estiagem) ou alcançar a mantença ou leve ganho de peso.
Nível de fornecimento - mistura mineral/uréia, com ou sem palatabilizante - à vontade; sal protéico - aproximadamente 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. 
Mistura mineral/uréia – baixo consumo resulta em desempenhos aquém do desejado. Uso específico para regiões de seca bem caracterizada onde haja disponibilidade de macega de baixa qualidade. Pode reverter uma situação de perda de peso vivo acentuada para moderada ou até mantença, dependendo da oferta de pasto e taxa de lotação animal. 
Mistura mineral/uréia + palatabilizante – o consumo mais constante pode resultar em desempenhos mais consistentes, como citados na situação anterior. 

Sal protéico ou proteinado – consumo controlado com o uso do sal branco, dentro de valores próximos a 1 g/kg de peso vivo (vaca de 400 kg deveria consumir 400 g de sal protéico/dia). O controle do consumo do suplemento com o sal branco não é absoluto, havendo necessidade de se fazerem avaliações frequentes do mesmo, na fase inicial de sua oferta. Alterações na quantidade do sal branco para mais ou para menos, compensando com a substituição do milho, talvez sejam necessárias. Uma vez estabilizado o consumo, o abastecimento do cocho com o sal protéico deveria ser por períodos intercalados de três a quatro dias. Respeitar um espaço linear de cocho de 20 cm/vaca. É uma forma econômica de suplementação, com o objetivo de reduzir taxas de perdas de peso vivo, manter peso vivo ou, até mesmo, alcançar ganhos moderados de cerca de 200 g por vaca/dia, dependendo do pasto. Animais recebendo suplementos com sal comum para controlar consumo precisam ter livre acesso à água. 



Suplementação na seca – animais em recria  
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal pelo fornecimento adicional de nutrientes. 
Metareduzir a idade de abate e/ou idade de primeira cria e/ou reduzir taxas de perda de peso vivo. 
Estratégiafornecer um suplemento para aumentar o consumo total de proteína (sal protéico) ou proteína/energia (concentrado). No último caso, dentro de limites capazes de minimizar seu efeito sobre o consumo da pastagem. 
Tipo de suplementoas características do sal protéico são idênticas às já discutidas. O concentrado deve apresentar um teor de proteína bruta acima de 20%, teores médios de energia (entre 70% a 76% de NDT), minerais e ionóforo (Rumensin, Taurotec e outros). A substituição do PDR total pela uréia não deveria ultrapassar 30%. 
Nível de fornecimentosal protéico – 1 g/kg de peso vivo/animal/dia; concentrado - entre 2,5 a 5 g/kg de peso vivo/animal/dia. 
Sal protéico – é uma forma econômica de manter o peso do rebanho ou ganhos moderados de até 200 g/animal/dia, dependendo do pasto. O consumo deveria ficar em, aproximadamente, 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Ajustar o percentual de sal branco no suplemento para alcançar o consumo programado. Animais recebendo suplementos com sal comum para controlar consumo precisam ter livre acesso à água. 
Concentrado – na situação em que o consumo do suplemento pode alcançar até 5 g/kg de peso vivo/animal/dia, é fundamental que o mesmo seja o mais uniforme possível, para se evitarem diferenças no ganho de peso. Para isso, é importante que se respeite espaço de cocho para todos os animais, ficando entre 40 a 50 cm lineares/animal. Uma boa distribuição dos cochos no pasto também
Precocidade e produção na escassez.
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vai contribuir para que haja uma separação natural dos diversos grupos sociais, reduzindo o estresse. A hora de abastecer os cochos não deve interferir no regime natural de pastejo do animal, e isto pode melhorar a eficiência alimentar.  
O fornecimento diário do suplemento entre 11h e 14h seria o mais aconselhado.  Os cálculos do concentrado, na Tabela 2, foram baseados supondo-se o consumo de 1 kg/animal/dia do suplemento, por um animal de 300 kg de peso vivo. 
Suplementação na seca – animais em engorda (semiconfinamento)  
Objetivo da suplementaçãomelhorar o desempenho animal pelo fornecimento adicional de nutrientes. 
Metagarantir peso de abate e acabamento até o final da seca. 
Estratégiafornecer um suplemento para aumentar o consumo total de energia, mesmo ocorrendo substituição parcial no consumo do pasto. 
Tipo de suplementoque contenha um teor médio de 20% de proteína bruta e alta densidade energética (valor médio de 80% de NDT). 
Nível de fornecimentode 8 a

9 de out. de 2019

Bom de leite e bom de carne é possível?


Vânia Maldini Penna e 
Maria Gabriela C. D. Peixoto
Alguns duvidam, talvez por pouca informação atualizada. De fato, nos ensinaram que não. E nós também já ensinamos que o mais eficiente era maximizar as produções em sistemas e raças especializados. Seguindo este paradigma, enormes avanços ocorreram na produção. Nos países desenvolvidos, a produção de leite aumentou em muitas raças num ritmo constante de 50 a 100kg/ano, por cerca de 50 anos.
Resultados indesejáveis das produções maximizadas
Entretanto, estes avanços na produção foram acompanhados por decréscimo na robustez e adaptabilidade dos animais. As vacas ficaram cada vez mais exigentes, menos férteis, “complicadas”, “difíceis de lidar”, segundo produtores. Nas fases iniciais, por volta dos anos 1980, os produtores e técnicos lidavam com o decréscimo na rusticidade adaptando o ambiente aos animais. Isto foi ficando cada vez mais difícil e caro. Vieram os estudos que mostraram

haver antagonismo genético entre nível de produção e aspectos funcionais (fertilidade, saúde, longevidade, etc.). Assim, os programas de melhoramento em todo o mundo passaram a dar especial atenção às chamadas características funcionais. Estas, usualmente apresentam alta variabilidade genética e são facilmente deterioráveis. Em geral são difíceis de serem selecionadas pelos métodos convencionais devido às baixas herdabilidades. Assim, apesar dos esforços, a situação foi piorando cada vez mais nas últimas décadas. Os avanços na produção absoluta não eram acompanhados de avanços na “produção real”, ou seja, nem sempre correspondiam a aumentos de produção na vida útil, muito menos na lucratividade. Mais referências em “Versatilidade e sustentabilidade no melhoramento do Guzerá” (Revista Guzerá, 2009) e “Problemas dos rebanhos leiteiros com genética de alta produção”, no site www.fernandomadalena.com/ indice_23.html. Vários problemas passaram a ocorrer com elevada frequência. Alta mortalidade, baixa fertilidade, problemas de cascos, mamites, susceptibilidade a parasitos e outras doenças. Exigência de altos níveis de concentrados, gastos muito elevados com insumos e medicamentos. Aumentos na quantidade de leite que não correspondiam a aumentos na qualidade remunerada pelo mercado (% de proteína, gordura, sólidos totais, contagem de células somáticas, etc.). Baixos valores de bezerros e vacas de descarte devido às “perdas na musculatura” decorrentes do foco exclusivo na seleção leiteira. E, ainda, o uso muito intenso de alguns reprodutores muito famosos reduziu a variabilidade genética, conduzindo a perigosos aumentos na consanguinidade, com efeitos drásticos na reprodução, no vigor e comprometendo o melhoramento em longo prazo. Hoje existe um sério problema de “endogamia globalizada”. Tudo isto precisava ser revertido. Atualmente, o objetivo primordial da maioria dos rebanhos e raças é a redução de custos, particularmente os decorrentes de baixa fertilidade e baixa rusticidade, fontes de descartes involuntários (por mortes, doenças, falhas reprodutivas, etc.) e custos extras. Nos EUA e na Europa muitos produtores se voltaram para a utilização de cruzamentos ou mesmo para utilização de outras raças para fazer face às perdas em saúde e rusticidade (Ducrocq, 2010). Tais perdas não ocorreram apenas no gado leiteiro, mas também no de corte e em outras espécies. Em geral, como consequência da seleção para maximização da produção com objetivos de lucro de curto prazo, sem considerar as restrições biológicas e os ganhos de longo prazo. Com os novos conhecimentos adquiridos pela ciência e com as mudanças do cenário mundial, os antigos paradigmas foram reavaliados. Muitos mudaram e até se inverteram. Muito do que aprendemos e ensinamos como “certo” agora temos que ensinar que “hoje é errado” e vice-versa. Coisas da ciência que está em constante reavaliação. E necessitamos evoluir com ela. Como estas mudanças são razoavelmente recentes, é natural que o conhecimento de muitos esteja defasado e que continuem a acreditar em conceitos já ultrapassados. Compreensível, mas não justificável, particularmente no meio científico e técnico. Cabe a estes acompanhar e divulgar as mudanças de conceitos e de “verdades”.
Novos paradigmas
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As abordagens atuais são principalmente econômicas. O foco não está mais em “produzir muito”, mas em “produzir bem”, com lucro, qualidade e respeito ao meio ambiente e aos animais. Não apenas resultados imediatos são considerados, mas também os de médio e longo prazo. A “boa” vaca leiteira não precisa ter produções absolutas altíssimas, e sim eficientes e condizentes com o ambiente econômico de produção. Rusticidade, fertilidade, versatilidade e sustentabilidade são as novas palavras de ordem. A seleção visa hoje a obtenção de animais aptos a produzir economicamente nos sistemas em que irão lidar. Atualmente, a produção não se baseia em um único modelo. Existe uma gama muito maior de sistemas de produção do que no passado. Desde os especializados e intensivos aos não especializados, “naturais”, “orgânicos”, etc. Todos eles devidamente analisados pela pesquisa. Para se ter uma ideia, nas últimas reuniões da European Association for Animal Production, têm sido apresentados trabalhos sobre sistemas altamente tecnológicos, inimagináveis alguns anos atrás, mas também alternativas eficientes e econômicas bem mais simples. Entre estes, trabalhos sobre aspectos que em passado recente seriam considerados “atrasados e ineficientes”, como uso de apenas uma ordenha/dia em certos sistemas, produção com base em pastagens e redução de uso de concentrados, etc. Funcionalidade e lucro Nas condições mais atuais de mercado a lucratividade de uma empresa rural é altamente relacionada com redução de custos, versatilidade do sistema e qualidade dos produtos. Uma forma de reduzir os custos é melhorar características funcionais de importância econômica. Estas são principalmente relacionadas com adaptabilidade, sobrevivência e aspectos que reduzem a carga metabólica das vacas (Solkner et al 2000). Além das vantagens econômicas, a adaptabilidade ao ambiente e a rusticidade são importantes para aspectos cada vez mais demandados pelo consumidor, como segurança e qualidade alimentar (livre de pesticidas, antibióticos, hormônios, aditivos, etc.). Produtos para alimentação saudável, natural ou orgânica, que atendam aos requisitos de bem-estar animal, etc., são cada vez mais exigidos ou contam com sobre preços. Muitos países já têm várias exigências neste sentido, para importação de produtos de origem animal, as atualmente importantes “barreiras não sanitárias”. Salienta-se que o Brasil tem melhores condições de atendê-las do que muitos outros países (p.ex.: animais a pasto, ordenha na presença do bezerro, etc.), sendo importante considerá-las em nossos programas de seleção e cuidar de não perder estas vantagens já existentes. Versatilidade e lucro, “a carne do leite” A importância do aproveitamento da carne dos animais oriundos de rebanhos leiteiros tem ficado cada vez mais evidente para a sustentabilidade econômica destes sistemas e para o meio ambiente. A chamada “carne leiteira” (dairy beef) passou a ser “aproveitada” em todo o mundo. Tem sido recomendada como uma oportunidade de diversificar operações e aumentar a renda, principalmente quando a produção é com base em pastagens. Demonstrou-se que o “lucro secundário” da carne nos sistemas leiteiros costumava ser subestimado e que ele representa considerável aumento nos rendimentos e desempenha importante papel na cadeia alimentar. Por exemplo, 50% da carne consumida no Reino Unido é “leiteira” e a tendência é de aumento desta porcentagem. Nos EUA, Schaefer (2005) estimou que 2,35 milhões de bezerros Holstein são comercializados anualmente para carne. Estudos mais recentes indicam que 20% da carne consumida no país provêm de rebanhos leiteiros, cada vez com melhor qualidade, já que os produtores têm se preocupado mais com a qualidade da carne, da carcaça e do rendimento. Tanto na Europa quanto nos EUA existem hoje vários “programas de qualidade de carne oriunda de gado de leite” sendo conduzidos por universidades, associações e órgãos governamentais que contam com incentivos econômicos. Existe aumento no interesse de identificação de linhagens mais eficientes em velocidade de crescimento, conversão alimentar e que produzam melhor rendimento. Vale repetir para os que ainda insistem na “angulosidade” dos animais leiteiros, que ela hoje não é mais desejável; ao contrário, é punida com pesos negativos na maioria dos índices de seleção, inclusive no da Holstein Friesian Association, nos EUA. Esta mudança ocorreu após demonstração do antagonismo genético de fertilidade e saúde com a tão preconizada “forma leiteira” e com as altíssimas produções. Animais “descarnados” produziam muito em uma lactação, mas não em sua vida produtiva nem de forma mais lucrativa. Verificou-se que a seleção para animais “angulosos” diminuiu a fertilidade e o desempenho funcional e deveria ser revertida. Conforme Lee et al. (2010), particularmente em sistemas onde existem flutuações na qualidade da alimentação, a seleção para capacidade de acumular gordura nas novilhas pode ser usada para contrapor aos efeitos indesejáveis da seleção para maior produção nas reservas de energia das vacas. Estas reservas são fundamentais para manter a produtividade e fertilidade em períodos subótimos de alimentação, que ocorrem na produção a pasto devido às variações da qualidade do mesmo, no decorrer do ano. Ou seja, atualmente a vaca leiteira não precisa (nem deve!) ser descarnada. Os animais com mais músculos e capazes de armazenar gordura são capazes de compensar, com suas reservas corporais, os períodos de nutrição desbalanceada, apresentando melhor persistência, fertilidade e saúde. Estes aspectos são favoráveis à produção simultânea de carne e leite. Infelizmente, muitos não tomaram conhecimento disto e ainda se ouve por aí que a vaca leiteira deve ter “as três cunhas”! Hoje isto é mito. Dupla aptidão e lucro Neste novo cenário, as raças e sistemas de dupla aptidão que “andavam esquecidos” da ciência e da mídia, readquiriram importância e passaram a ser mais estudados, em particular na Europa. Diversos trabalhos demonstraram haver importante espaço a ser ocupado por eles na pecuária mundial. Popularmente é dito que permitem “aproveitar a vaca inteira”. Os altos preços dos bezerros de raças de dupla aptidão em relação aos das leiteiras são incentivo a produzir bons bezerros e menos leite (com menores custos de alimentação e manejo) por vaca, favorecendo-as (Graser e Averdunk, 1990). Enfim, hoje está bastante comprovado que não apenas é possível, mas, em muitos casos, desejável econômica e ecologicamente, produzir leite e carne de qualidade em um único sistema de produção. E que, junto da produção especializada de carne ou de leite (sempre haverá situações em que serão as mais adequadas), existe importante e crescente espaço para a dupla aptidão. Este pode ser preenchido pelo melhoramento da capacidade de produção de carne nas raças leiteiras, pelo de cruzamento destas com raças de corte ou de dupla aptidão ou pelo uso de raças melhoradas para dupla aptidão.
No Brasil e em outros países tropicais
Para os países tropicais, as vantagens da dupla aptidão podem ser mais acentuadas. Sua utilização é antiga e atualmente crescente. Estudos econômicos indicaram que a rentabilidade da pecuária leiteira

18 de set. de 2019

Ferramentas e Estratégias para o Melhoramento Genético de Bovinos de Corte

Por Fernando Flores Cardoso
Introdução
O melhoramento genético é um instrumento de grande importância para a pecuária de corte, através do qual os criadores podem aumentar a eficiência de produção e a lucratividade de seus rebanhos, por meio de princípios genéticos. A criação de animais geneticamente superiores permite utilizar de maneira mais eficiente os recursos disponíveis. A produção ou desempenho de um animal depende basicamente de dois fatores: da genética, ou seja, dos genes que o animal possui, e do ambiente de criação, incluindo alimentação, sanidade, manejo, etc. Assim temos que: 
P = G + A + G*A 
(P = produção; G = genética; A = ambiente, G*A = interação entre genética e ambiente). Considerando estes dois principais fatores que afetam o desempenho dos animais, podemos aumentar a produtividade melhorando a qualidade genética (G) e melhorando o ambiente (A) de criação. Ambos os fatores são igualmente importantes e devem ser trabalhados em conjunto. Por outro lado, a presença de interação G*A indica que os animais geneticamente superiores não serão necessariamente os mesmos em diferentes condições ambientais. Por exemplo, a melhor genética em ambientes adversos de criação está associada a fatores de adaptação e rusticidade, entretanto, animais com tais características não deverão ser os de melhor resposta nos ambientes mais favoráveis, que demandam genética altamente especializada e com grande potencial produtivo. Deve-se salientar que não adianta possuir animais geneticamente superiores se a alimentação é pobre ou ter bons recursos alimentares se os animais são inferiores, pois em nenhum dos casos o resultado será satisfatório. O melhoramento das condições ambientais pode produzir resultados mais expressivos em curto prazo, como, por exemplo, quando o produtor raciona um grupo de animais, mas, em geral, possui um custo mais elevado e não é permanente. Já o melhoramento genético, embora não tenha um ganho tão expressivo em um curto espaço de tempo, apresenta ganhos constantes, cumulativos e que não se perdem. Quando o criador melhora geneticamente seus animais o aumento de produtividade é
permanente. Um rebanho de desempenho e qualidade superiores é um patrimônio para o criador e pode ser formado pelo melhoramento genético sem custos elevados e em qualquer nível de alimentação. De forma geral, a estratégia mais sustentável é buscar animais com características genéticas compatíveis com o ambiente de criação que o criador possui, em vez de alterar o ambiente para atender as necessidades de animais não adaptados às condições locais. Para o melhoramento genético, os dois princípios mais importantes são a seleção e os sistemas de acasalamento. A seleção tem por objetivo que os melhores animais sejam aqueles que deixam um maior número de filhos na próxima geração. Por outro lado, através dos sistemas de acasalamento é possível determinar como serão combinadas as características dos animais selecionados e planejar cruzamentos para explorar a heterose ou “vigor híbrido” e a complementaridade entre raças com características diferentes. O objetivo deste texto é orientar os criadores de bovinos de corte para que, através da seleção e do acasalamento de seus animais, promovam o melhoramento genético de seus rebanhos e aumentem a produtividade de suas empresas rurais.
1 – Alguns conceitos básicos de genética
O objetivo desta seção é apresentar resumidamente alguns conceitos básicos de genética para facilitar o entendimento do texto subsequente. O leitor interessado em mais detalhes nesses conceitos poderá encontrá-los em livros de genética e melhoramento animal, como p. ex. Bourdon (2000), Falconer e Mackay (1996) e Lynch e Walsh (1998). 1.1. Gene, alelo, lócus, cromossomo e marcador genético: Os genes são as unidades fundamentais da hereditariedade, pois através destes são transmitidas as características de pais para filhos. Cada gene é formado por uma sequência específica de nucleotídeos do DNA (ácido desoxirribonucléico) que contém a informação para produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica. Por alelo entende-se as várias formas alternativas do mesmo gene, enquanto que lócus é o local fixo (posição) em um cromossomo onde está localizado determinado gene. Os cromossomos consistem de uma longa sequência de DNA, que contém vários genes, e outras sequências de nucleotídeos com funções específicas nas células dos seres vivos. Os cromossomos, assim como os genes, existem aos pares nos bovinos. Finalmente, marcador genético é uma porção de DNA que tem sequência e posição dentro do genoma conhecidas, possuindo ao menos dois alelos distintos (polimorfismo). Os marcadores genéticos são frequentemente usados para caracterizar a predisposição a doenças e os atributos produtivos e de qualidade dos animais. 1.2. Fenótipo e Genótipo: O fenótipo é a produção ou aparência de um animal. É a expressão observada ou aquilo que medimos nas várias características dos animais. O fenótipo ou produção de um animal é influenciado pelo ambiente e pelas informações genéticas que ele possui. Como exemplo, podemos dizer que o fenótipo de um touro para peso ao sobreano é de 300 kg aos 550 dias de idade. A palavra genótipo pode ser empregada de diferentes formas - veja Bourdon (2000). Quando se refere ao genótipo de um animal, representa o conjunto de todos os seus genes – o seu potencial ou mérito genético – do qual seus descendentes receberão uma amostra aleatória. De forma mais geral, genótipo pode ser usado para referir grupos de animais de composição genética semelhante ou do mesmo tipo biológico. Um exemplo é designar de "genótipos adaptados aos trópicos", aqueles grupos ou raças de animais que possuem combinações de genes favoráveis à tolerância ao calor, aos parasitas e à radiação solar. Finalmente, de forma muito mais específica, podemos referir como genótipo o par de alelos que o animal possui para um determinado gene, como veremos nos itens 1.3 e 1.4 a seguir. O genótipo é fixado no momento em que o animal é gerado e não se altera durante toda a sua vida. Do ponto de vista do melhoramento genético, o foco é no genótipo em vez do fenótipo, pois sua progênie será exatamente a mesma, independente de quão bem ou mal o animal for alimentado. Veja que um touro que pese 300 kg aos 550 dias pode possuir e passar aos descendentes genes que lhes permitam pesar 550 kg na mesma idade, se a alimentação destes não for restrita. 1.3. Dominância e recessividade Os alelos de um gene podem ser dominantes ou recessivos. Alelos dominantes se sobrepõem e mascaram os efeitos de alelos recessivos. Um exemplo de dominância ocorre na presença de chifres, e se acasalarmos um touro mocho da raça Angus com vacas aspadas, a progênie
será toda mocha. Neste caso, o caráter mocho é dominante e a presença de chifres é recessiva. Também em bovinos a pelagem preta é dominante sobre a pelagem vermelha. Em alguns casos não existe dominância entre os alelos e seus efeitos se somam, produzindo progênies intermediárias. Na raça Shorthorn, se acasalarmos um animal de pelagem vermelha com um de pelagem branca, a progênie será rosilha e, portanto, uma mescla das duas anteriores. Também a maior parte da variação genética em características quantitativas (pesos, ganhos de peso, perímetro escrotal, intervalo entre partos, etc.) é devida a efeitos aditivos de um grande número de genes. Um exemplo de dominância é apresentado na Figura 1, onde (B) e (b) são usados, respectivamente, para representar o alelo dominante preto e o alelo recessivo vermelho. Um macho homozigoto preto (BB) é acasalado com uma fêmea vermelha homozigota (bb) para produzir progênie heterozigota (Bb) que será fenotipicamente preta. O acasalamento entre estes heterozigotos produzirá progênies pretas e vermelhas na proporção de 3:1. 1.4. Homozigotos e heterozigotos Os animais podem ser homozigotos ou heterozigotos em relação ao par de alelos de um determinado gene. No exemplo da Figura 1, o macho preto (BB) e a fêmea vermelha (bb) são homozigotos em relação à pelagem, pois os alelos neste par são iguais. Por sua vez, a progênieé heterozigota (Bb), pois os alelos do par são diferentes. O acasalamento entre homozigotos produz progênie uniforme, já o acasalamento entre heterozigotos produz uma gama de genótipos e fenótipos. Usando o exemplo anterior, quando acasalamos entre homozigotos pretos (BB) ou vermelhos (bb) a progênie será toda uniforme, idêntica aos pais. Contudo, se homozigotos BB e bb são acasalados a progênie será toda heterozigota (Bb). O acasalamento entre heterozigotos pretos (Bb) produzirá animais pretos (BB - homozigotos e Bb - heterozigotos) e vermelhos (bb).

2 – Ferramentas para o melhoramento genético

2.1. Seleção A seleção é o processo de decidir quais animais serão os pais da próxima geração. Se os animais mantidos ou adquiridos para a reprodução possuírem um “valor genético” superior ao dos eliminados,

6 de ago. de 2019

EFEITO DO ESTRESSE TÉRMICO SOBRE A REPRODUÇÃO DE ANIMAIS NO SEMIÁRIDO


RESUMO
O clima é considerado, fator regulador ou mesmo limitador da exploração animal para fins econômicos, o estresse é acompanhado por um acréscimo na atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA) e por um decréscimo na função reprodutiva, ocorrendo uma possível relação com os hormônios do eixo hipotalâmico-hipofisáriogonadal (HHG). Os hormônios relacionados ao estresse podem influenciar a função sexual em três níveis do eixo HHG: no hipotálamo, por meio do CRH (hormônio liberador de corticotrofina), onde este inibe a secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e, consequentemente, na hipófise anterior, diminui a liberação de LH (hormônio luteinizante) e de FSH (hormônio folículo estimulante), assim,
prejudicando a reprodução animal. Dessa forma autores citam que encontraram uma variação de 20 e 30% na taxa de concepção quando compararam as estações quente e fria. Pesquisadores verificaram, ainda, um maior percentual de prenhez (55,5%) no período frio se comparado com o período quente (44,5%), consequentemente as perdas gestacionais no período frio foram menores (2,1%) quando comparadas com o período mais quente (12,3%). A elevada temperatura a que um embrião está exposto leva-o a tornar-se hipertérmico, podendo levá-lo à morte. Nos machos também foi observado que a temperatura ambiente é o fator de maior importância na espermatogênese dos machos de qualquer espécie e, quando muito elevada (da ordem de 34,5ºC), é prejudicial tanto às etapas de formação dos espermatozoides como àqueles elementos já formados e em trânsito pelo epidídimo. 
1. INTRODUÇÃO
O clima na região semiárida é o elemento da natureza que exerce efeito mais pronunciado sobre o bem-estar animal, produção e produtividade. É considerado, portanto, fator regulador ou mesmo limitador da exploração animal para fins econômicos (PEREIRA, 2005). Para Nóbrega (2011) os parâmetros climáticos ou ambientais são analisados através da coleta de dados, como: temperatura máxima e mínima, temperatura do bulbo seco e de bulbo úmido, temperatura do globo negro, umidade realtiva do ar, além do índice de temperatura (THI) e índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU), ambos obtidos através de equações. Segundo Silva (2000) na região tropical, durante boa parte do ano a temperatura do ar, juntamente com outros parâmetros ambientais, pode provocar estresse nos animais, que buscam se ajustar, aumentando a dissipação de calor por meio principalmente da termólise cutânea e da respiratória. Segundo Bacari Júnior (1990), as avaliações de adaptabilidade dos animais aos ambientes quentes podem ser realizadas por meio de testes de adaptabilidade fisiológica ou de tolerância ao calor. A temperatura retal e a frequência respiratória são consideradas as melhores variáveis fisiológicas para estimar a tolerância de animais ao calor, além da temperatura superficial. Para REECE (1996), a temperatura retal normal em caprinos oscila de 38,5 a 39,7°C, enquanto, segundo MEDEIROS et al. (2007), a temperatura corporal média em caprinos dita normal é de 39°C, observada comumente em zona de termoneutralidade. Silanikove (2000) cita que a taxa de respiração pode medir a severidade do estresse pelo calor, em que uma frequência de 40-60, 60- 80, 80-120 mov/min-1 caracteriza um estresse baixo, médio-alto e alto para

os ruminantes, respectivamente; e acima de 150 para bovinos e 200 para ovinos, o estresse é classificado como severo. Silanikove (2000) cita que a ativação do eixo hipotálamo-hipófise adrenal com consequente aumento das concentrações plasmáticas de cortisol é a resposta mais proeminente do animal a condições estressantes. Entre as mudanças endócrinas importantes por ocasião do estresse, pode-se destacar também, a diminuição na atividade do eixo hipotálamo-hipófisetireóide, com redução das concentrações de hormônios tireoideanos, tetraiodotironina ou tiroxina (T4) e 3-3, 5- triiodotironina (T3) (REECE, 1996). Desta forma, se faz necessário o conhecimento da tolerância e da capacidade das diversas espécies e raças como forma de suporte técnico para exploração animal na região semiárida, o objetivo desta revisão foi avaliar por meio de trabalhos de pesquisa encontrados na literatura vigente, a influência do ambiente sobre a reprodução animal no semiárido.

2. METODOLOGIA
O Trabalho constou do processo de revisão bibliográfica, buscando pelas principais fontes de pesquisas e autores que fizessem menção ao efeito do clima sob a reprodução e adaptação dos animais no semiárido. 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1 A influência do clima na Reprodução Animal 3.1.1 Efeitos sobre as Fêmeas Segundo Selye (1936) o estresse é acompanhado por um acréscimo na atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA) e por um decréscimo na função reprodutiva, ocorrendo uma possível relação com os hormônios do eixo hipotalâmicohipofisário-gonadal (HHG). Os hormônios relacionados ao estresse podem influenciar a função sexual em três níveis do eixo HHG: no hipotálamo, por meio do CRH (hormônio liberador de corticotrofina), onde este inibe a secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e, consequentemente, na hipófise anterior, diminui a liberação de LH (hormônio luteinizante) e de FSH (hormônio folículo estimulante), assim, prejudicando a reprodução animal. SILVA, et al. (2010), avaliando os efeitos das condições reprodutivas (pluríparas ou nulíparas) e
climáticas (período seco ou chuvoso) sobre o número e qualidade de embriões colhidos de cabras da raça Boer super ovuladas, verificaram que o número médio de estruturas e de embriões viáveis, classificados como G1, recuperados de doadoras nulíparas foi maior no período chuvoso que no período seco, não sendo observada diferença nas doadoras pluríparas. O fato observado com as pluríparas, segundo os autores, deve-se à adaptabilidade ao clima adquirida pelas fêmeas mais velhas. Segundo Rensis e Scaramuzzi, (2003) encontraram uma variação de 20 e 30% na taxa de concepção quando compararam as estações quente e fria. Os autores citam que no período quente, ocorre uma redução no apetite e no consumo de matéria seca, desta maneira, prolonga-se o período pós-parto de balanço energético negativo, diminuindo a taxa de concepção das matrizes. López-Gatius (2003), também encontrou um menor percentual de vacas cíclicas (73,6%) no período quente do ano quando comparado com 93,5% no período frio. Os percentuais de ovários inativos e císticos foram, respectivamente, de 1,2 e 2,4% para o período frio e de 12,9 e 12,3% para o período quente. García-Ispierto et al., (2006) correlacionando perdas gestacionais de fêmeas Holandesas com o índice de temperatura e umidade (ITU) observaram que, com o aumento do ITU a partir de 65, já ocorre um aumento também significativo de perdas de prenhez de 8%, passando para 12% quando este índice ultrapassa o valor de 69. Os autores verificaram, ainda, um maior percentual de prenhez (55,5%) no

período frio se comparado com o período quente (44,5%), consequentemente as perdas gestacionais no período frio foram menores (2,1%) quando comparadas com o período mais quente (12,3%). A elevada temperatura a que um embrião está exposto leva-o a tornarse hipertérmico, podendo levá-lo à morte. O efeito deletério no desenvolvimento embrionário depende do dia relativo à ovulação em que as vacas são submetidas ao estresse térmico (HANSEN, 2005). 3.1.2 Efeitos nos machos A temperatura ambiente é o fator de maior importância na espermatogênese dos machos de qualquer espécie e, quando muito elevada (da ordem de 34,5ºC), é prejudicial tanto às etapas de formação dos espermatozoides como àqueles elementos já formados e em trânsito pelo epidídimo (MIES FILHO, 1987). A testosterona é o hormônio que regula a espermatogênese, a expressão dos caracteres sexuais secundários e o comportamento sexual (TODINI et al., 2007). SALLES (2010) relatou aumento nos níveis de testosterona no período do ano de maior desconforto térmico. Porém, COELHO et al. (2008) mostraram que bodes submetidos ao estresse térmico não tiveram variação na concentração de testosterona. Portanto ainda há poucas informações sobre alterações na testosterona provenientes de estresse térmico. Salles (2010) mostrou que os elementos climáticos tiveram influência sobre os parâmetros reprodutivos de machos caprinos, principalmente no período seco, no qual a temperatura ambiente mais elevada diminuiu a qualidade seminal, decorrente de uma redução da porcentagem de espermatozoides móveis e do aumento das patologias espermáticas. As características do sêmen não são imediatamente alteradas por mudanças na temperatura testicular porque as células espermatogênicas danificadas só entram no ejaculado algum tempo após o estresse. No touro, por exemplo, em que a espermatogênese leva cerca de 60 dias, as alterações no sêmen ocorrem, aproximadamente, duas semanas após o estresse térmico e não voltar ao normal até oito semanas após o final do estresse (MULLER, 1983). A bipartição do

1 de jul. de 2019

CERCA ELÉTRICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA - ENG 460 - ELETRIFICAÇÃO RURAL
Júlio César Ferreira de Melo Júnior
Matr.: 33637
1.      Introdução

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Em tempos bastante remotos o homem já se defrontava com o problema de "pastorear" os animais. Nos primórdios da civilização o próprio homem conduzia seu rebanho nas pastagens naturais, sendo depois auxiliado por cães amestrados. Através dos tempos, o conceito da cerca surgiu a partir da existência natural de barreiras físicas como valas, rios, córregos e marcos de pedra. Com o conseqüente crescimento populacional e aumento dos rebanhos surgiu a necessidade de limitar o espaço através da demarcação de terras e sua posterior divisão em áreas de cultura e pastagens. Passou-se, então, a utilizar de forma mais racional os recursos naturais existentes como cercas de pedras, cercas vivas, cercas de madeira e valos. Com o aparecimento do fio metálico, Joseph Glidden inventou e patenteou, em 1867, nos Estados Unidos, o arame farpado, que, produzido em larga escala, permitiu ao homem dividir de forma racional as pastagens, contribuindo desta maneira para facilitar o manejo dos rebanhos. Para as propriedades de menor porte, o surgimento da cerca eletrificada, nos últimos anos, trouxe um novo conceito de cerca, seja pelo seu menor custo como pela sua praticidade de manejo, com a vantagem de não provocar danos físicos aos animais com ela manejados, ao contrário da cerca de arame farpado (AGGELER, K. E.).As primeiras cercas eletrificadas surgiram em 1920. Entretanto, foi a Partir de 1930 que realmente foram fabricados os primeiros aparelhos eletrificadores de cercas eficientes, tanto no choque como na segurança em relação a vida humana. A cerca elétrica é uma solução totalmente eficaz e de baixo custo para realizar subdivisões em campo nativo ou pastagens cultivadas. Sua utilização é maior como: piquetes temporários, cercar fazendas, utilizada para coroar culturas, bastante prática em regiões acidentadas e em planas. Também servem como reforço de cercas velhas pela sua fácil instalação em qualquer parte da fazenda (MACIEL; MARTINS).

1.      Objetivos
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O objetivo deste trabalho é mostrar aos estudantes de eletrificação rural, a importância da cerca elétrica para o produtor rural; mostrar o princípio de funcionamento da cerca, bem como os princípios que são utilizados na construção dos eletrificadores; comparar pelo estudo da análise econômica se há vantagem econômica em relação às cercas convencionais; mostrar as vantagens e desvantagens da cerca elétrica em relação às cercas convencionais; e mostrar as partes constituintes, sua construção, sua manutenção e cuidados que devem ser tomados com o sistema.
2.      Princípios utilizados na construção dos eletrificadores, utilizado no funcionamento da cerca elétrica e do sistema3.1 Princípios utilizados na construção dos eletrificadores.
Na construção destes eletrificadores são utilizados vários princípios que variam com a marca do
aparelho, neste trabalho mencionaremos dois destes princípios:Quando dá-se o contato em (C), passa uma corrente gerada pelo acumulador (B) para (T1), imantando o núcleo de ferro (N), que atrai a armadura (A), com isto se abre o circuito em (C) e então é interrompido a passagem de corrente. O pêndulo (P), preso a armadura faz retornar o contato repetindo a operação anterior. O pêndulo é regulado de tal modo que só produz uma interrupção por segundo. Estando fechado o circuito durante a décima parte do tempo.
As correntes induzidas no secundário alcançam uma tensão de 5.000 Volts (MACIEL; MARTINS). As lâmpadas de neon (G), se acendem com a tensão da linha, fechando o circuito e passando uma corrente pelo primário do transformador (T). A resistência (R) origina em seguida uma queda de tensão suficiente para impedir o funcionamento das lâmpadas de Neon (G), que ao se apagarem interrompem o circuito, novamente volta a tensão normal, acendem as lâmpadas e assim sucessivamente. O circuito está ligado ao primário do transformador, o terminal do secundário é
ligado na cerca e o terceiro à terra. O condensador (C) contribui com sua carga para o acendimento das lâmpadas. O Condensador e a resistência são variáveis para adaptar o aparelho às distintas condições: comprimento da cerca, sensibilidade maior ou menor das espécies de animais a que se destina, condutividade do terreno, etc (MACIEL; MARTINS). 
3.2. Princípio de Funcionamento 
Por meio de uma fonte de energia (pilhas, bateria 12V, corrente elétrica ou energia solar), os eletrificadores geram impulsos de curta duração de corrente (milésimos de segundo) e de alta voltagem, mas de muito baixa amperagem.Isto assegura que não exista perigo nem para o homem, nem para o animal. A freqüência de golpes por minuto é regulada de acordo com cada fabricante, no entanto, as normas internacionais estabelecem um máximo de 2 pulsos por segundo.Como toda corrente elétrica, esses pulsos necessitam de dois condutores para circular: um é o arame da cerca e o outro é o "terra"; ambos unidos ao eletrificador, o primeiro diretamente, o segundo através de
aterramento. Como vemos, trata-se de um circuito aberto que se fecha ao se produzir o contato entre o arame e a terra, por intermédio do animal. No momento de se produzir este contato, o pulso gerado
pelo eletrificador sai pelo arame; atravessa o animal chegando a terra através de seu corpo; dirige-se através da mesma até o aterramento e ai novamente ao aparelho, completando o circuito e provocando o choque elétrico (figura 01).As plantas que tocam o arame eletrificado (vivo) produzem o mesmo efeito, provocando uma perda de energia que afeta a todo o sistema (curto-circuito) (figura 02). Para realizar a subdivisões de potreiros grandes utilizando cercas elétricas permanentes e para superar os curto circuitos ocasionados por plantas ou por outros fatores, surgiram os eletrificadores de ALTO PODER. O eletrificador de cercas de alto poder, envia pulsos ao arame com grande quantidade de energia, mas de muito breve duração (milésimos de segundo). Isto permite eletrificar com eficiência grandes extensões, superando os curtos-circuitos que, com a tecnologia tradicional, ocasionavam uma grande diminuição do pulso (TERKO). 
3.3 Princípio do Sistema 
O conceito de cerca elétrica é totalmente oposto ao conceito de cerca
convencional. Trata-se de

13 de jun. de 2019

Densidade radicular da palma forrageira em diferentes espaçamentos

Por: Francisco Tomaz Oliveira, Jacob Silva Souto, Patrícia Carneiro Souto, Albimah Medeiros de Araújo, Oscar Mariano Hafle, Ednaldo Barbosa Pereira Junior 
A palma forrageira é uma planta detentora de grande potencial forrageiro, capaz de contribuir positivamente na sustentabilidade da pecuária do Nordeste brasileiro. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento radicular desta cultura sob diferentes doses de superfosfato simples e espaçamentos entre plantas. O experimento foi instalado e Ponduzido na fazenda experimental Nupeárido (Núcleo de Pesquisas para o Semiárido) pertencente à Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB. A variedade de palma forrageira plantada foi a “Gigante” (Opuntia fícus-indica Mill). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
Completos casualizados, com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 4 x 4, com três repetições. O primeiro fator constituído de quatro espaçamentos entre plantas (10; 15; 20 e 25 cm) e o segundo por quatro doses de superfosfato simples (10; 15; 20 e 25 g SS planta-1)
INTRODUÇÃO
A pecuária, especialmente a criação de ruminantes, é uma atividade econômica de grande importância para o Nordeste brasileiro, em razão da estabilidade financeira que oferece aos agricultores, devido em anos de seca, suas perdas serem inferiores às verificadas na exploração agrícola (Nóbrega et al., 2011). Viabilizar esta atividade é um desafio que depende da produção de forragens, pois na região ocorrem períodos de disponibilidade elevada de alimentos de boa qualidade, seguidos de outros de extrema escassez (Silva et al., 2013). Os sistemas de exploração da palma forrageira são influenciados por vários fatores de produção, dentre eles espaçamento de plantio e adubação do solo.
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Estes, quando manejados racionalmente conduzem o palmal ao alcance de elevada produtividade, evidenciando a importância e a potencialidade desta cactácea como garantia da segurança alimentar dos rebanhos. O espaçamento de plantio da palma forrageira, como estratégia de manejo, é um fator importante no estabelecimento do palmal por definir a população de plantas, variando de acordo com a fertilidade do solo, quantidade de chuvas, finalidade de exploração e com o consórcio a ser utilizado (Ramos et al., 2011). Várias estudos sobre este tema são observados na literatura, com destaque para Farias et al. (2000), Dubeux Júnior et al. (2006), Alves et al. (2007), Ruiz-Espinoza et al. (2008), Oliveira Júnior et al. (2009), Ramos et al. (2011) e Silva et al. (2013). No entanto, verifica-se que as pesquisas sobre este fator de produção priorizam o crescimento vegetativo e a composição bromatológica da palma forrageira, sendo pouco estudada a sua relação com o desenvolvimento radicular da cultura em destaque. A baixa disponibilidade de fósforo, comum na maioria dos solos das regiões tropicais, transforma esse elemento em objeto de frequentes pesquisas (Soares et al., 2007). Em diversas culturas tem sido demonstrado que o fósforo exerce grande influência sob o crescimento radicular, no entanto, na cultura da palma forrageira os estudos são, praticamente, inexistentes. A racionalização do processo de produção agrícola remete a um detalhamento das
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variáveis envolvidas no sistema produtivo. Sendo assim, as informações sobre raízes de qualquer planta são 
indispensáveis no planejamento de sistemas de manejo que otimizem a produtividade agrícola (Boni et al., 2008). O valor deste conhecimento decorre da função que as raízes desempenham no processo de absorção de água e nutrientes, elementos vitais para o desenvolvimento da planta (Zúñiga-Tarango et al., 2009). Deste modo, considerando a importância do sistema radicular, a existência de poucos estudos nesta área, em virtude da utilização de métodos trabalhosos e caros e o potencial significativo que tem a palma forrageira para contribuir com a pecuária do Nordeste brasileiro, este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento radicular da palma forrageira cultivada sob diferentes doses de superfosfato simples e espaçamentos entre plantas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido na fazenda experimental Nupeárido (Núcleo de Pesquisas para o Semiárido) pertencente à Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB (07°05’10” N; 37°15’43” O e 242 m de altitude) no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2012. O solo da área experimental classificado como Luvissolo Planossólico (Embrapa, 2006) tinha textura arenosa, cujas características químicas, na profundidade de 0-0,20 m, antes da instalação do experimento foram: pH (água 1:2,5) = 5,70; P = 9,00 mg dm-3; K = 0,26 cmolc dm-3; Ca = 0,90 cmolc dm-3; Mg = 0,60 cmolc dm-3; Na = 0,13 cmolc dm-3; Al = 0,00 cmolc dm-3; H+AL = 2,0 cmolc dm-3; SB = 1,89 cmolc dm-3; CTC = 3,89 cmolc dm-3; V = 48,59% e M.O = 5,97 g kg-1. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados, com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 4 x 4, com três repetições. O primeiro fator constituído de quatro espaçamentos entre plantas (10; 15; 20 e 25 cm) e o segundo por quatro doses de superfosfato simples (10; 15; 20 e 25 g SS planta-1). Cada parcela experimental teve uma área total de 42,50 m2 (8,50 m x 5,00 m), com parcela útil de 15,30 m2 (5,10 m x 3,00 m). Cinco fileiras ou linhas de plantio foram dispostas transversalmente em cada parcela, espaçadas entre si de 1,70 m. Uma semana antes do plantio, os sulcos com profundidade de 0,30 m, receberam adubação orgânica com esterco bovino curtido no total de 5 kg m-1 linear (Dubeux Júnior & Santos, 2005) e adubação mineral com superfosfato simples nas quantidades pré-estabelecidas de acordo com os tratamentos. A variedade de palma forrageira plantada foi a “Gigante” (Opuntia fícus-indica Mill), com cladódios provenientes de plantas sadias e vigorosas com massa aproximada
de 1,0 kg e colhidas no terço médio da planta. Após o corte e seleção no campo as mudas foram colocadas em repouso, à sombra, pelo período de quinze dias, para cicatrização dos ferimentos feitos no processo de colheita. No ato do plantio, os cladódios foram colocados dentro dos sulcos, na posição vertical, dispostos um após o outro no sentido leste-oeste, com 50% do seu comprimento abaixo do solo e distanciadas conforme o espaçamento definido para cada tratamento. Durante o desenvolvimento do experimento, três adubações nitrogenadas foram feitas durante o período das chuvas com intervalos de 20 dias. Em cada adubação, foi aplicado 37 g uréia m-1 linear, totalizando 220 kg ha-1(Santos & Lira, 1998). Os tratos culturais feitos com a finalidade de manter o palmal livre de plantas invasoras constaram de três capinas sendo a primeira manual e as outras químicas, onde se usou o herbicida glifosato (100 ml pulverizador-1 de 20 litros) na entrelinha de plantio e complementadas com capina manual na linha.
O experimento foi avaliado quanto à característica densidade de raízes, aos 120; 180 e 360 dias após o plantio (DAP). Para tanto, amostras de solo foram coletadas, aleatoriamente, com o trado cilíndrico (3,6 cm x 20,0 cm), com capacidade de extrair amostras indeformáveis até a profundidade de 0,20 m. Em cada parcela, na área útil, duas amostras de solo foram coletadas na linha de plantio, nas profundidades de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, em ordem para avaliação do sistema radicular, totalizando em cada época de coleta 192 amostras retiradas da área experimental. As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e armazenadas sob refrigeração a -18ºC. Por ocasião das avaliações, cada amostra era colocada em copo Becker de 1000 ml, submersa em água por alguns minutos, agitada com bastão de vidro, passada em peneira com malha de 1,0 mm e lavada em água corrente até a completa separação das raízes do solo. Posteriormente, foi efetuada a estimativa do comprimento das raízes, utilizando-se do método das quadrículas proposto Tennant (1975), usando-se uma folha de papel quadriculada com grades de 1,0 cm. Para tal, as raízes foram dispostas ao acaso em placas-de-petri para contagem do número de interseções, estas representadas pelos pontos de cruzamento entre uma raiz e as linhas que formam as grades. O valor foi aplicado na fórmula CR = 11/14. N. G, onde: CR = Comprimento das raízes em cm; N = Número de interseções; G = Tamanho da grade (1,0 cm). Os comprimentos estimados divididos pelo volume das amostras de solo (101,74 cm3) forneceram os resultados de densidade das raízes (DR) com valores expressos em cm cm-3. Os resultados foram submetidos à análise de variância (Teste F) aos níveis de 0,01 e 0,05 de significância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, através do programa computacional - SISVAR (Ferreira, 2008). Para efeito dos fatores foi realizada análise de regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Interação não significativa entre os fatores espaçamentos entre plantas e doses de superfosfato simples foi observada para a característica densidade de raízes na profundidade de 0 - 10 cm, aos 120, 240 e 360 dias após o plantio e na profundidade de 10 – 20 cm aos 360 dias após o plantio. Esses resultados demonstram que os fatores tratamentos tiveram comportamento independente na característica avaliada (Tabela1).
A densidade radicular da

Pensamento do mês